Nosso
amado Mons. Sadoc de Araújo costumava dizer que querer já era 50%, ou
seja, a metade. A outra metade dependia de nós e dos outros, mas, a
metade primeira era de nossa responsabilidade. Fim de semana passado
duas cenas me comoveram e me fizeram refletir sobre isso. Em mensagem de
agradecimento de Dom Jeová Elias Ferreira, novo Bispo da histórica
Diocese de Goiás, após sua sagração episcopal. Natural de Sobral,
pertencente ao clero de Brasília, ele narrou sua trajetória desde o
Ceará à Capital do País, como verdadeiro migrante. Há quase 29 anos, aos
30 anos, ele era ordenado sacerdote naquela mesma Catedral. Dizia que
viveu uma perturbação como Maria, quando foi chamado ao episcopado, mas,
aos poucos, acalmou o coração e experimentou, mais uma vez, a alegria
de servir à Igreja.
Recordando sua trajetória marcada
com a proximidade com os que mais sofrem, Sua Excelência afirmava que
foi forçado a migrar do Ceará, “perambulando” por muitos locais,
chegando à Capital, levando saudades e esperanças. Seu primeiro trabalho
foi uma “grande escola de humanidade e de fé”, servente de pedreiros,
entre outras atividades que exerceu, como as de agricultor. Naquele dia,
o Senhor Jesus Cristo o premiou. Tornara-se Príncipe da Igreja e nós
vemos n’ele o exemplo de superação. Parabéns, Dom Jeová, por sua
simplicidade em dizer sua história pessoal em momento tão solene. Que
Deus o mantenha firme em seus propósitos na divulgação da mensagem
salvífica de Jesus Cristo.
No mesmo dia, em noticiário,
observei funcionário do Município de São Paulo que atendia a moradores
em situação de rua. Aquele foi um dos fins de semana mais frios da
principal metrópole brasileira. O trabalho do cidadão que não consegui
guardar o nome e, que talvez mesmo sabendo, não divulgasse aqui por
questões éticas, dizia que um dia também esteve nas ruas. Numa matéria
de poucos minutos não daria para se informar as causas, o que o levara a
tal situação. Mas, ele deu a volta por cima. Não se envergonhou e
voltou ali para convencer os cidadãos que ali estavam a irem para
abrigos, distribuía cobertores e sua ação me lembrou o Evangelho de
Mateus (25,31-46), “Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o
Reino que foi preparado para vós... porque eu tive fome e me deste de
comer; tive sede e me deste de beber; eu era estrangeiro e me
acolhestes”...
E quantos foram os gestos de fraternidade
e amor ao próximo que vimos nesse período de pandemia? Lembro-me aqui
das ações de Dom Orani Tempesta, no Rio de Janeiro. Em seu último
aniversário, em junho passado, a nossa amada Pontifícia Ordem Equestre
do Santo Sepulcro de Jerusalém presenteou a Sua Eminência com cobertores
que foram distribuídos com moradores em situação de rua. Ao agradecer,
dizia o Cardeal que aqueles cobertores estavam chegando em boa-hora,
pois, se aproximava o frio.
Nosso texto de hoje está
reflexivo e registra essas superações. Resta-nos agradecer a Deus pelos
benefícios que Ele nos concede e fazer a nossa parte, pois, lembrando
nosso imortal Mons. Sadoc, homem sábio que dedicou sua vida à educação e
à Igreja e se constitui exemplo em seu sacerdócio, querer já é a
metade.
Que o Senhor nosso Deus nos dê forças e nos premie com o fim dessa pandemia, mas, não esqueçamos de fazer a nossa parte!
(*) José Luís Lira é
advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
A igreja precisa ter mais zelo com a doutrina cristã. Observando bem os padres de antanho tinha um cuidado todo especial com os fiéis. Hoje em dia, existem desvios de conduta e vez por outra vemos a igreja sendo envolvida em rolos que não a dignificam.
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