Na última terça-feira, dia 20, celebrou-se o 87° aniversário da chegada do Pe. Cícero Romão Batista no céu, sem presença, por conta da pandemia, de romeiros ou “amiguinhos” do Pe. Cícero espalhados pelo Brasil e que sempre se fazem representar em Juazeiro do Norte. A partida do Pe. Cícero desta vida terrena se deu no dia da amizade. Em 18 de outubro de 2016, eu me encontrava em Roma para assistir à canonização do querido São José Luís Sánchez del Río, quando recebi um comentário de Armando Lopes Rafael a uma publicação minha em rede social e surgiu uma amizade leal e sincera.
Citei Padre Cícero e amizade, pois, sendo Armando Rafael um intelectual de alta envergadura, historiador por formação, professor universitário, pensei que ele não fosse devoto do Padre Cícero como eu não fui uns tempos atrás. Invadido por contrainformações, eu tive uma visão distorcida do Padre Cícero. Inicialmente, fiquei receoso de falar isso a Dr. Armando, até que um dia toquei no assunto e foi uma felicidade em ver que ele também compartilha dessa visão. Chegamos a ir à estátua do Padre Cícero e fizemos fotos como romeiros.
Todavia, o tema de hoje é sobre um dos tantos contributos que Armando Rafael, amante da arte de Heródoto e monarquista, ofereceu à sua terra e sua região. A publicação foi feita pela Editora “A Província”, sediada no Crato, em 2020. Recebi exemplar autografado junto com cartão sempre personalizado do autor. Entre as tantas atividades obrigatórias, feitura de um livro e outras coisas, o livro, embora lido inicialmente, ficou aguardando uma manifestação o que faço não por dever, mas, por satisfação e justiça.
A(s) epígrafe(s) de um livro, recordando aulas dos Doutores Carlos Cozzi e Ricardo Machado, em Buenos Aires, diz ao que se propõe o trabalho e Armando Rafael vai a Honoré de Balzac: “Há duas histórias, a oficial, mentirosa, Ad Usum Delphini, e a secreta, em que estão as verdadeiras causas dos acontecimentos, História Vergonhosa”. E Armando parte para, digamos, uma terceira via, a História real, amparada em arquivos pessoais e enriquecida fontes biobibliográficas para fazer justiça a três caririenses de nascimento e dois por adoção.
Trata, em artigos organizadíssimos e delimitados no rigor científico, sobre: 1) o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, contrarrevolucionário de 1817, relacionado à Revolução Pernambucana de 1817, onde se destacaram figuras que depois estariam, também, na Confederação do Equador. 2) Joaquim Pinto Madeira, o caudilho que se relaciona com as duas revoltas citadas, fuzilado no Crato. 3) Dr. Leandro Bezerra Monteiro, o varão católico, advogado e político caririense, nome de destaque na questão religiosa do II Império. 4) Dom Francisco de Assis Pires que recebeu do Cardeal Leme o epíteto de violeta do episcopado brasileiro, por sua fidelidade, castidade e humildade. 5) Dom Newton Holanda Gurgel, quarto bispo de Crato, a quem, conforme o autor, Crato deve grande homenagem. Poder-se-ia dizer que são cinco ensaios biográficos num livro.
“Algumas Reminiscências do Cariri”, ilustrado com a Bandeira Imperial hasteada no cimo da chapada que abriga aquela região, é uma pequena/grande joia histórica e literária que deve ser lida e apreciada por nós, brasileiros e pelo mundo. Parabéns, mais uma vez, Dr. Armando.
(*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais brasileiras.
Prezado amigo Armando Rafael. Estávamos todos sentindo sua ausência, dos seus bem elaborados e fundamentados textos e crônicas. Agradecemos a sua valiosa, importante e sempre presente colaboração. História, memória, pesquisas e conhecimentos de mãos dadas. Parabéns.
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