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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Alegrias e efemérides de novembro – José Luís Lira (*)


    Escrevi estas linhas enquanto me deslocava de Sobral a Fortaleza para de lá me deslocar a Baturité, onde participei de atividade relacionada à Causa de Beatificação e de Canonização da Serva de Deus Clemência Oliveira, a Irmã Clemência, filha da Caridade de São Vicente de Paulo, grande exemplo a ser seguido. Há algum tempo não fazia o percurso. Era quarta-feira, dia 11, primeiro ano de minha sobrinha-afilhada Anne Eloísa, filha de meus compadres Robério e Elisiane, que cresce linda e encantadora. 

    Observando a vegetação, pude contemplar as maravilhas que as primeiras chuvas desta estação que banharam nosso Estado do Ceará nos últimos dias nos trouxeram. A nós, cearenses, a estação mais esperada é a das chuvas. Independente de estarmos na serra, na praia ou sertão, na cidade ou no campo, o inverno é sempre bem-vindo. 

    E depois dessas primeiras chuvas se vê que a vegetação começa a mudar. Em meio ao seco da caatinga, além dos juazeiros, começamos a ver que as árvores estão florindo. Vez por outra, vemos um pau d'arco, um flamboyant e o escuro predominante vai se rompendo. 

    Contemplando o trabalho realizado pela Mãe Natureza, a mim é quase impossível observá-la, sem lembrar-me de minha saudosa madrinha Rachel de Queiroz. Ela amava esse tempo e mais ainda o inverno quando deixava o Rio de Janeiro e ia para a Fazenda Não Me Deixes, no Quixadá. Ali a escritora afamada e imortal da Academia Brasileira de Letras dava lugar à "fazendeira" Rachel de Queiroz. Um "personagem" não saía do outro, mas, era interessante observar. 

    E a lembrança dela se faz mais nítida porque no dia 17 de novembro, dia por Lei Estadual designado como o dia da Literatura Cearense em homenagem a ela, há 110 anos nascia a menina Rachel que mudou para sempre nossa Literatura, na antiga Rua da Amélia, atual Rua Senador Pompeu nº 86, no centro de Fortaleza, na casa de sua avó, dona Maria Luiza Saboia de Lima. Rachel de Queiroz é a prova da verdadeira imortalidade literária, pois, mais de 17 anos depois de seu falecimento, seus livros despertam o interesse e, continuamente, são indicados para vestibulares e concursos. À Rachel, nossa imorredoura homenagem. 

    Ainda nos próximos dias, dia 20 de novembro, celebraremos 82 anos de ordenação sacerdotal do Servo de Deus Joaquim Arnóbio de Andrade sobre quem tanto falamos, mas que nunca é suficiente para demonstrar sua grandeza e seu amor ao Coração de Jesus. Que ele, junto de Deus, interceda por nossas necessidades e pelo fim da pandemia. 

     Novembro se esvai e vai deixando a natureza preparada para as festas de fim de ano que estão chegando. Quando criança eu achava que a natureza se harmonizava para celebrar o nascimento de Deus-Menino. Não conseguia compreender a grandeza de Deus se humanizar e vir ao mundo em uma criança, com toda a ternura e a fragilidade que são características a um recém-nascido. Mas, sabia que o Natal do Senhor era tão importante que a própria natureza se unia à celebração.  O Natal deste ano penso que será mais família do que nunca em face da pandemia. Que a grande novidade do próximo ano seja a esperada libertação promovida com a descoberta de uma vacina que nos imunize contra a covid-19 que tantas vidas ceifou.    

      Oremos e esperemos! Deus nunca nos desampara.

  (*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais brasileiras.

Um comentário:

  1. E é assim minha paixão pela caatinga. Numa época de estiagem o cascudo amarelo mostra que ainda tem vida, assim florescem como um aviso que as Dádivas Divinas estão próximas, as chuvas caem e a paisagem muda. O jardim da caatinga se enche de um colorido perfeito.

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