Quando eu tinha de 13 para 15 anos de idade e alguns séculos de ignorância, vivia-se uma época em que o homem fugia de casa e deixava a filharada nas costas da esposa.
Naturalizava-se esse gesto de irresponsabilidade e ficava por isso.
Tive amigos de infância cujos pais se mandaram de casa, sumiram na buraqueira e a dura responsabilidade de criá-los ficou por conta da bravura da mãe.
Outra coisa: no regulamento dos machões, o casamento tinha que ser para sempre, independentemente do sofrimento imposto à mulher.
O homem era o bicho e tinha o “direito” de sair ileso na relação de culpas pelo desenlace.
Era tempo em que os homens fugiam com o circo, geralmente seduzidos pelos encantos de uma atriz ou trapezista da companhia.
Ah, tinha uma situação muito pior, quando o homem mandava a mulher ir embora sem temer nenhum tipo de sanção.
Muitas mulheres não tinham para onde ir.
Me ocorre, em “cima do lance”, uma frase de Antonio Maria, jornalista, compositor de “Ninguém me ama”: “Não se deve mandar a mulher embora. A gente é que vai, porque quem vai sabe o caminho de voltar”.
Minha impressão é de que não existia justiça na época para esses casos.
O tempo passou e felizmente a coisa mudou.
Hoje as mulheres também vão embora e não precisam de nenhum circo na cidade para fazer isso.
Vão embora por uma série de razões, entre as quais porque o casamento se desgastou e deixaram de ser felizes, evoluíram como pessoa e, profissionalmente falando, passaram a ver o mundo de outra forma.
Fazem com os homens o que eles fizeram com elas no passado, só que de forma mais civilizada e responsável.
Sabem, essa crônica começou quando li uma frase contida num poema: “Toda mulher tem um homem que se foi”.
Um tio avô meu, teve uma raiva medonha da mulher, arrumou os teréns e saiu dizendo que ia rodear o mar. Nunca mais se teve noticias de José de Mariana.
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