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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 30 de junho de 2009

Auditoria maternal.


Eu invento de escrever esses causos, mas é de teimoso que sou Pois sempre tive dificuldades com a gramática. Eu nunca aprendi redação, pontuação, acentuação e nem resumo de textos. Quando estudava no grupo escolar José Correia Lima (é o novo). Uma vez eu tentei confundir a professora Dolores Meneses de Carvalho. Foi assim: a professora ditava os textos para os alunos copiarem valendo como prova. “Quando eu tinha dúvida se a palavra cabia ou não o acento, eu usava de esperteza agindo assim: Na palavra século eu colocava um risco sobre a letra” e” mas bem apagado quase nada. Na palavra alicate eu fazia a mesma coisa no segundo “a”. A boa educadora recolhia os textos e já era certo me chamar lá na sua mesa. Raimundo venha aqui! A palavra século tem um acento no “e” e você não acentuou. Eu respondia: Acentuei sim! Olhe direito que eu botei. Ela colocava o texto mais perto e concordava com um balanço de cabeça. Continuava corrigindo, de repente gritava: Raimundo venha Aqui! A palavra alicate não tem acento e você colocou. Eu respondi: - claro que não tem. A senhora tá enganada eu não coloquei não. Ela disse: - botou sim, olhe aqui! Eu falei: - Não senhora isso aí foi quando eu puxei o travessão do “t” o lápis escapuliu e triscou sobre o “a” não tá vendo que ele tá um pouco apagado. A boa professora concordava balançando com a cabeça afirmativamente. O que eu não sabia era que aquela boa educadora munida da responsabilidade de educar, estava mostrando tudo a minha mãe que também era professora no mesmo grupo. Chegando a casa minha mãe disse que precisava fazer um reforço comigo sem dizer nada do assunto do grupo. Ela sentou do meu lado e mandou que eu escrevesse enquanto ela ia ditando. Só que os ditados tinham sido desenvolvidos com algumas das palavras do questionamento no grupo. Com essa auditoria maternal ficou explícita a minha malandragem. Sem explicação eu fiquei mais calado do que o ministro José Dirceu, depois do caso Waldomiro. Depois disto as minhas notas baixaram mais do que a popularidade do ex-prefeito Juraci Magalhães.
Mundim do Vale.

3 comentários:

  1. Raimundinho.

    Voce mecheu com a saudade. Voce sabia que Dona Dolores foi a primeira professora diplomada de Varzea-Alegre? Sim! Foi a primeira normalista de nossa terra. Voce foi muito feliz: aluno de Dona Dolores e filho de Dona Iracy. Eu não fui aluno de Dona Dolores, mas em compensação fui aluno e quase um filho de Dona Iracy. Quando menino descia do Sanharol com madrinha Zefa para a casa do Primo Pedro Piau. Muitas vezes para fazer uma simples carta. Lembro e tenho saudades do cenario Madrinha Zefa ditando e Dona Iracy escrevendo, era mais ou menos assim: uma santa escrevendo o que a outra santa dizia. Numa mesa ao lado Pedro Piau jogava buraco com uns amigos parceiros. Quando perdia umas duas seguidas se afobava, falava fino e o que era de menino saia de perto. Raimundinho: os seus textos eu os leio uma, duas vezes e não abuso. Eles são reais. Voce escreve não como Dona Dolores ensinou e sim como ouvia os personagens falarem. Voce escreve com o coração o que ouvia com os ouvidos.
    Parabens.

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  2. Mundinho! coisa mais linda de se lê! não sou maria vai com as outras, mais concordo com meu Padrinho Morais; seus textos são a verdadeira literatura feita de coração pra coração! não fui aluno de Dana Dolores: mais fui aluna de sua mãe,que vendo minhas dificuldades, literárias, e financeiras,insistia com muito jeitinho em me dar aulas particulares, em sua casa, sem cobrar um vintém! veja o quanto sua mãe era caridosa, pois suas aulas; vejo agora, eram verdadeiros atos sacerdotais pois eu me recusava determinantemente a estudar.Mestra igual a sua mãe, para mim, só mesmo Dona Eliza Correia! depois eu te passo a aula de Inglês que Ela me deu, e a homenagem que fiz pra ela. Com o coração arrebentando de saudades e gratidão, deixo um forte abraço pra sua irmã Geraldinha, que também foi minha professora de reforço: outro causo, que passarei em breve pra você. Abraço carinhoso e fraterno. Fátima

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  3. Fátima. obrigados pelos elogíos
    a minha mãe e irmã.
    É certo o dito popular que em casa de ferreiro o espeto é de pau.Eu tinha bons educadores dentro de casa mas não cheguei a concluir nem o antigo curso primário. a minha educação ficou apenas na disciplina que os meus pais me
    aplicaram.
    Para mim foi uma grande herança.
    Grato.
    Mundim

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