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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não dá para levar a sério - O Estado de São Paulo.


Não se deve levar a sério quem não leva a sério a si mesmo. Diante das nuvens que ameaçam carregar de sombras o cenário eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abrir a caixa de ferramentas e "partir para cima" de quem ou o que quer que seja que represente risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.

Tem aproveitado todas as oportunidades para exercitar sua conhecida e inexcedível desfaçatez. Na noite de sábado passado, em entrevista à TV portuguesa, chegou ao cúmulo, ao interromper a entrevistadora que queria saber o nível de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e sair-se com uma inacreditável novidade: "Não se trata de gente de minha confiança".

Então está tudo explicado. E toda a Nação tem a obrigação de reconhecer que o ex-presidente falava a verdade em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão estourou: "Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas". O fato de as pessoas (a "gente") a que Lula se referia serem o seu então ministro-chefe da Casa Civil - na verdade, um primeiro-ministro ad hoc -, o presidente nacional e o tesoureiro de seu partido tinha então toda a importância, a ponto de o presidente se sentir traído.

Mas, em 2006, surfando no prestígio popular garantido pelo sucesso de seus projetos sociais, Lula reelegeu-se presidente e, cheio de si, subestimando como de hábito o discernimento das pessoas, começou a, digamos, mudar de ideia sobre o mensalão.

Afinal, se estava tão bem na foto, por que posar de vítima?

Em novembro de 2009, já na pré-campanha eleitoral do ano seguinte, passou uma borracha nas declarações anteriores e proclamou diante das câmeras de televisão: "Foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo".

Exatamente um ano depois, já comemorando a eleição da sucessora que havia escolhido a dedo, anunciou, onipotente, sua primeira proeza tão logo deixasse o governo: "Vou desmontar a farsa do mensalão".

Os fatos acabaram demonstrando que Lula não estava com essa bola toda. Provavelmente até hoje ele não entendeu direito como é que um colegiado de 11 ministros, dos quais 8 - esmagadora maioria - foram escolhidos por ele próprio e por sua sucessora, foi capaz de armar uma falseta dessas contra "nós".

Mas Lula nunca foi de dar bola para os fatos. Quando não gosta deles, simplesmente os descarta. Prefere criar suas próprias versões.

Uma dessas criativas versões, novidade no repertório do grande palanqueiro pela precisão quase científica que aparenta conter, foi revelada nessa entrevista televisiva que concedeu em Lisboa, durante sua estada em Portugal para as comemorações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. E bota criatividade nisso: "O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica". Quer dizer: a Suprema Corte de Justiça do País tornou-se politicamente cúmplice da "maior armação já feita contra o governo".

A entrevistadora da TV portuguesa estranhou a esdrúxula divisão, mas o ilustre personagem não hesitou em, novamente, sacrificar a lógica e a coerência em benefício de sua cruzada contra o Mal. E encerrou o assunto: "O que eu acho é que não houve mensalão".

Pelo menos ele está "achando" - não tem a categórica certeza que demonstrou quando garantiu, na prematura apoteose do pré-sal, que o Brasil se tornara "autossuficiente" em petróleo.

Outra pérola do pensamento lulista foi oferecida aos telespectadores quando a entrevistadora provocou o entrevistado sobre o fato de sua popularidade manter-se incólume enquanto a de sua sucessora despenca. Ato falho ou exacerbação do ego, Lula sentenciou: "O povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam".

De resto, o fato de, certamente julgando a partir de seu próprio exemplo, entender que a "esperteza" é uma grande virtude do povo brasileiro, Lula dá a exata medida dos valores éticos que cultiva, na hipótese generosa de que cultive algum.

Levá-lo a sério é cada vez mais difícil.

Lula em seu labirinto - Por Merval Pereira, O Globo


Talvez não seja coincidência que Lula, neste momento de extrema pressão sobre si, tenha sido diagnosticado com labirintite no hospital Sírio-Libanês, em SP. Em psicanálise, o labirinto é um modo de circular, andar, expressar-se sem finalidade marcada. Mas de não perder a cinética, o movimento, sair da apatia.

Lula em seu labirinto talvez seja uma imagem perfeita para explicar a situação atual do ex-presidente, pressionado para assumir o lugar de Dilma na campanha presidencial, mas resistindo com receio de colocar em risco sua lenda.

Na estranha entrevista que deu em Portugal, disse que o julgamento do mensalão foi 80% político, numa peculiar dosimetria que já foi classificada pelo ministro Marco Aurélio Mello de “coisa de doido”.

Não haveria grandes novidades nessa fala, a não ser a medição do que foi política e do que foi jurídico na opinião de Lula. Mas o ex-presidente mostrou mesmo o desencontro de seus pensamentos quando, confrontado com o fato de que as pessoas condenadas eram líderes do PT, disse ao entrevistador que eram pessoas que não mereciam a sua confiança.

Não é possível deixar de ser solidário a José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e José Genoino neste momento em que, mais uma vez, Lula tenta tirar o corpo fora dos malfeitos em que seu partido vem se metendo.

Dias antes dessa entrevista, ele se escusou de comentar o escândalo da Petrobras, alegando para os jornalistas estar “por fora”. Como ficou muito feio dizer que estava “por fora” da compra polêmica da refinaria de Pasadena realizada no seu governo, Lula consertou a declaração dizendo, como sempre, que a culpa era da imprensa, os jornalistas entenderam errado. Ele dissera, na verdade, que estava fora (do país) e por isso não falaria sobre o assunto.

Mas dias depois aceitou falar mal do STF para uma televisão portuguesa? Qual a coerência? Na mesma entrevista, Lula exercitou sua incoerência, uma hora dizendo que não estava ali para criticar o Supremo, e em seguida dizer que o julgamento fora político. Exigir coerência de Lula parece ser demais.

terça-feira, 29 de abril de 2014

'El País': Brasil é um país de alto risco, segundo a Alemanha.

Ministério de Assuntos Exteriores divulgou relatório alertando para a intensa violência no país

O jornal espanhol El País publicou uma matéria neste sábado (26) chamando a atenção para o relatório divulgado pelo ministério de Assuntos Exteriores da Alemanha, que alerta sobre a segurança oferecida pelo Brasil para os milhares de turistas que chegarão à nação para a Copa do Mundo.

De acordo com a publicação, a declaração alemã ofereceu uma imagem desoladora do Brasil como um país onde as leis não são respeitadas e onde o turista pode ser vítima de ladrões, sequestradores ou simplesmente de se envolver em confrontos entre a polícia e grupos criminosos.

A reportagem afirma que o Ministério recomendou que os turistas alemães não usem roupas chamativas e joias quando passearem pelas ruas, que não levem grandes quantidades de dinheiro, que escondam artigos eletrônicos, como celulares e computadores, que evitem as ruas do Centro do Rio nos finais de semana e que, em caso de assalto, não reajam.

Desqualificação da Corte é fato grave e merece repúdio' - Diz Barbosa



Presidente do Supremo repudia críticas de Lula ao mensalão; em entrevista a uma rede de TV portuguesa, ex-presidente da República disse que julgamento foi 80% político e 20% jurídico

Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, repudiou as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao julgamento do mensalão. "Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte de Justiça do País", disse.

Lula: Decisão 'foi 80% política e 20% jurídica'Janot rebate Lula: julgamento joi 'jurídico'Barbosa rejeita crítica de Lula ao processo do mensalãoCollor comemora absolvição na tribuna do SenadoLula sobre mensalão: 'massacre era apoteótico'

Para o ministro, "a desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça".

Relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa disse que a tramitação do processo foi "absolutamente transparente". "Pela primeira vez na história do tribunal, todas as partes de um processo criminal puderam ter acesso simultaneamente aos autos, a partir de qualquer ponto do território nacional uma vez que toda a documentação fora digitalizada e estava disponível na rede."

O ministro acrescentou que as cerca de 60 sessões consumidas com o julgamento foram públicas, com transmissão ao vivo pela TV Justiça. "Os advogados dos réus acompanharam, desde o primeiro dia, todos os passos do andamento do processo e puderam requerer todas as diligências e provas indispensáveis ao exercício do direito de defesa."

Joaquim Barbosa disse ainda que todos os réus e o Ministério Público puderam indicar testemunhas. "Foram indicadas, no total, cerca de 600." O presidente do STF afirmou que a acusação e a defesa tiveram mais de quatro anos para trazer ao STF as provas de seus interesses. "Além da prova testemunhal, foram feitas inúmeras perícias, muitas delas realizadas por órgãos e entidades situadas na esfera de mando e influência do presidente da República, tais como Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, Polícia Federal, Coaf."

"Portanto, o juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade de compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome." 

Lula não tem compromisso com o que diz - Por Ricardo Noblat


No segundo semestre de 2005, Lula foi à tv, na condição de presidente da República, e pediu perdão aos brasileiros . Seu governo e o PT haviam sido atropelados pela denúncia de pagamento de propina mensal a deputados federais.

Na semana passada, em Lisboa, durante entrevista a um canal de TV português, Lula afirmou que o julgamento do mensalão teve “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. Sobre os condenados, esquivou-se: “Não se trata de gente da minha confiança”.

Lula não tem compromisso com o que diz. Diz o que lhe parece mais conveniente. A levá-lo a sério, seria de estranhar a afirmação de que condenados como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha não são gente da confiança dele.

Dirceu coordenou a campanha de Lula a presidente em 2002. Depois foi promovido a ministro-chefe da Casa Civil. José Genoino presidia o PT quando estourou o escândalo do mensalão. João Paulo Cunha presidia a Câmara dos Deputados.

O Supremo Tribunal Federal, que condenou os mensaleiros e, agora, é alvo de críticas de Lula, foi montado em grande parte de acordo com o gosto do ex-presidente. Lula nomeou seis dos 11 ministros. 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Próximo ao totalitarismo (Editorial), O Globo


É lamentável que, nos governos do PT, o Brasil, líder da América Latina, tenha perdido a capacidade crítica em relação ao chavismo. Isto se deu pela adoção da “diplomacia companheira”, relacionamento pautado mais por afinidade ideológica do que pelas tradicionais linhas da política externa brasileira. Não que estas devam ser imutáveis, mas a mudança foi para pior.

Em nome de uma frente ideológica comum e da retomada de superados conceitos e bandeiras da esquerda, o governo brasileiro passou a considerar “democrático” o regime chavista, que mantém apenas algumas características formais desse sistema de governo, mas, no essencial, se aproxima muito mais do velho caudilhismo e do totalitarismo.

A Venezuela e discípulos — Bolívia, Equador, Nicarágua — mantêm instituições análogas aos poderes Legislativo e Judiciário. Só que esvaziadas de suas prerrogativas republicanas. Isto se deve à adoção por Hugo Chávez e seguidores do “kit bolivariano”, um conjunto de ações capaz de criar um regime sob medida para o Poder Executivo.

Os chavistas dizem que o caráter democrático é atestado pela realização de eleições. Mas não mencionam que o primeiro item do tal kit é a adoção de um forte discurso nacional-populista, capaz de angariar votos para vencer o referendo, que é o segundo item do kit. Através dele, se aprova a instalação de uma constituinte capaz de transformar as instituições democráticas, que as tinha a Venezuela, em organismos submissos ao Executivo. Instaura-se o cesarismo. 

‘Vargas vai para cima’, editorial do Estadão


O deputado petista André Vargas, que se viu compelido a deixar a vice-presidência da Câmara ao emergirem os seus negócios com o grão-doleiro Alberto Youssef – o que levou o Conselho de Ética da Casa a abrir contra ele processo por quebra de decoro parlamentar –, deve se achar um guerreiro. Não tem, é claro, a movimentada biografia de um José Dirceu, o ex-presidente do PT, ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil que cumpre pena na Papuda como capo do mensalão, a quem os companheiros assim reverenciam, acrescentando, para rimar, “do povo brasileiro”.

Mas, para quem ignorasse os métodos, não propriamente solares, graças aos quais André Luiz Vargas Ilário fez carreira no PT de Londrina – começando por dirigir o Albergue Noturno local até chegar ao comando da sigla no Paraná em 1998 e ao Congresso Nacional em 2006 –, foi na esteira do encarceramento de Dirceu que ele apareceu na mídia nacional. O robusto parlamentar valeu-se da circunstância de estar ao lado do presidente do STF, Joaquim Barbosa, na abertura do atual ano legislativo, para erguer o punho esquerdo em solidariedade aos mensaleiros condenados, vítimas, segundo ele, de um julgamento injusto.

Na entrevista a um canal da TV portuguesa, Lula insinua que não sabe quem é José Genoino e conhece José Dirceu só de vista


“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse o ex-presidente Lula na entrevista concedida à RTP, publicada neste domingo no site da emissora de televisão portuguesa. “Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte”, tratou de desdizer-se na frase seguinte. E mudou de ideia na continuação: “Eu só acho que essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.

A hipótese é tentadora para o país que presta. Se a história fosse recontada como se deve, não ficaria sem castigo o chefe supremo do esquema criminoso que produziu o maior escândalo político-policial desde o Descobrimento. Mais: se a verdade prevalecesse, seria restaurada a decisão original do Supremo Tribunal Federal, desfigurada pela nomeação de Teori Zavaschi e Roberto Barroso. Ao tornar majoritária a bancada dos ministros da defesa de culpados, a dupla ajudou a parir a obscenidade segundo a qual  um bando de quadrilheiros é diferente de uma quadrilha.

O camelô de empreiteira não parece preocupado com o destino dos condenados, revelou o melhor dos piores momentos da conversa. Quando a entrevistadora lembrou que estão na cadeia alguns velhos parceiros do entrevistado, Lula admitiu a existência de “companheiros do PT presos”, estacionou numa vírgula e despejou a ressalva abjeta: “Não se trata de gente da minha confiança”.

Nem a turma da cela S13?, decerto perguntaria a jornalista se tivesse mais intimidade com os casos de polícia hospedados na Papuda. Portugueses e brasileiros então descobririam que Lula não sabe direito quem é José Genoino, acha que Delúbio é nome de rio e conhece José Dirceu só de vista.

Ubiraci Oliveira - Presidente da Central Geral dos Trabalhadores.


A liturgia do poder diz que algo anda errado quando um visitante, convidado ao palácio, não poupa de críticas seu anfitrião. Pior quando os áulicos presentes ao salão não escondem sua satisfação com o desconforto do chefe.

Pois tal cena se deu em pleno Palácio do Planalto, durante recente reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, que reúne governo, empresários e sindicalistas para debater os rumos do país.

Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci Oliveira, para surpresa dos presentes, disparou críticas ao governo.

Protestou contra promessas não cumpridas de verbas para mobilidade urbana. "O governo foi à TV em junho passado e apresentou um investimento de R$ 50 bilhões. Mas o que estou observando é que, de lá para cá, a situação pirou muito, seu governo faliu o Brasil. 

Disse mais. "Enquanto isso, corte no Orçamento para fazer superavit, taxa de juros nas alturas e exorbitantes transferências de recursos ao exterior para pagamento de juros aos bancos estrangeiros."

Dilma, na mesa principal, ouvia a tudo de semblante carregado. Na plateia, ministros e assessores faziam, protegidos dos olhares da chefe, gestos de concordância. Teve quem sorrisse de satisfação. Talvez nem tanto pelo conteúdo, mas pela coragem do convidado.

Ao final, Ubiraci foi efusivamente cumprimentado por colegas do Conselhão. Um empresário disse: "Mandou bem". Da anfitriã, ganhou um aperto de mão seco.

O sindicalista lavou a alma de muito assessor que já não aguenta mais as descomposturas da chefe e de empresários que se cansaram do jeito sabe tudo de Dilma.

Enfim, o estilo irascível da petista só joga contra ela própria. Leva ao isolamento - tem ministro que hoje prefere evitar o Planalto- e sufoca a criatividade de sua equipe. Algo que não combina nem um pouco com a boa governança. 

A gestora não geriu; a faxineira não limpou, diz Campos sobre Dilma - Fernando Gallo e Veríssia Nunes, Estadão


No discurso em que fez críticas ao fisiologismo no Brasil, o pré-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos afirmou que os institutos de pesquisa mostram que 70% já decidiram pela mudança. "Vai mudar porque o governo não cumpriu aquilo para que foi eleito. A presidenta que foi apresentada como gestora, não geriu. A presidenta que foi apresentada como faxineira, não limpou o que tinha que limpar", disse

Em visita a Belém (PA), Campos afirmou que a presidente Dilma Rousseff "chocou a todos no Brasil que apostaram nela nos primeiros momentos de seu governo" ao trazer para "muito próximo" dela "os mesmos que cercaram Fernando Henrique Cardoso e Lula" e que inicialmente "parecia que ela ia afastar".

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Políticos assustam papa, que deixa a missa.


O papa Francisco deixou inesperadamente a Igreja de Santo Inácio de Loyola, no centro de Roma, na noite desta quinta-feira, 24, após celebrar missa em ação de graças pela canonização do Padre Anchieta, cancelando uma cerimônia de beija-mão, na qual seria cumprimentado por 50 convidados, numa sala ao lado do altar.

Na interpretação dos organizadores da cerimônia, Francisco ficou assustado com o assédio de políticos brasileiros que tentavam se aproximar quando ele falava com o vice-presidente da República, Michel Temer, que veio a Roma representando a presidente Dilma Roussef.

Feitiço contra o feiticeiro - Por Merval Pereira, O Globo

Graças a um erro estratégico da presidente Dilma, o governismo, de maneira geral, abrangendo mesmo aqueles que não gostariam de ter que apoiar a reeleição da presidente, está tendo dificuldades para enfrentar os problemas políticos decorrentes do “mau negócio” que a Petrobras realizou comprando a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Digo erro estratégico porque até pouco tempo atrás todos os envolvidos na transação, inclusive a própria presidente, tinham a mesma versão de que a compra fora um bom negócio, justificável pelo plano estratégico da empresa.

Mesmo que hoje se saiba que essa explicação não corresponde à verdade, foi graças à irritabilidade da presidente Dilma que ficamos sabendo disso, e com detalhes como as cláusulas omitidas no resumo técnico levado ao Conselho da Petrobras.

Muitos se espantaram com minhas críticas ao “sincericídio” de Dilma, como se estivesse criticando-a por ter falado a verdade.

Minha crítica é mais extensa: acho que a presidente Dilma não tem condições políticas para esclarecer o caso, e tentou, com sua nota oficial de próprio punho, livrar sua responsabilidade no caso, como acentuou o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli.

Tanto é verdade que ainda presidente do Conselho, mas já sabendo que as negociações para a compra de Pasadena haviam sido omitidas, aceitou que o diretor responsável pelo relatório “falho técnica e juridicamente” fosse transferido para outra diretoria da Petrobras Distribuidora, com elogios formais do Conselho por sua atuação. E em nenhum momento fez críticas à atuação da diretoria da Petrobras.

STF determina instalação imediata da CPI exclusiva da Petrobrás.


Brasília - A ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber atendeu na noite desta quarta-feira, 23, a oposição e concedeu uma liminar que determina a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito com foco apenas em suspeitas sobre a Petrobrás. A decisão compromete a estratégia do governo de incluir na comissão apurações sobre o cartel de trens em São Paulo, o que atingiria o PSDB de Aécio Neves, e obras do Porto de Suape em Pernambuco, o que fustigaria o PSB de Eduardo Campos.

Decisões anteriores fortalecem liminar de Rosa Weber Comissão da Câmara convida Gabrielli a dar explicações sobre refinariaComissão externa da Petrobrás quer fiscalizar empresa de planilha de ex-diretorDeputados criticam falta de acesso a dadosCronologia: A compra da refinaria de Pasadena

A ministra afirmou que o direito garantido à minoria de criar CPIs para investigar irregularidades não pode ser submetido ao crivo da maioria, como propôs o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - ele pediu que o plenário da Casa analisasse a possibilidade de instalar a CPI ampliada. Assim, até que o mérito da causa seja julgado por todos os ministros do STF, Renan não pode submeter o assunto aos senadores.

Os governistas devem recorrer da decisão, o que levará a liminar a ser julgada pelo STF em prazo incerto. O recurso pode ser usado como argumento político pelos governistas a fim de retardar a instalação da CPI. Pela decisão de Rosa Weber, porém, os membros da comissão, assim como seu presidente e seu relator, já podem ser indicados pelos partidos.

Os partidos oposicionistas querem uma investigação restrita à administração da Petrobrás no governo petista, especialmente a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. A negociação teve o aval da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. A presidente justificou sua decisão dizendo que a decisão foi tomada com base em um resumo executivo "falho".

Com as assinaturas necessárias coletadas pelos partidos de oposição, os governistas buscaram alternativas para diluir possíveis prejuízos eleitorais para Dilma, que tentará reeleição.

Daí surgiu a tática de incluir na apuração o cartel e as obras do porto pernambucano. Renan comandou a operação - o peemedebista está atualmente de licença da Presidência do Senado porque vai participar da missa em ação de graças pela canonização de São José de Anchieta, a ser celebrada nesta quinta pelo papa Francisco na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma.

Bancada do PMDB pede reunião do Diretório Nacional para discutir apoio - Paulo Celso Pereira, O Globo

A bancada do PMDB na Câmara protocolou nesta quarta-feira pedido para que o Diretório Nacional da legenda seja convocado para discutir a situação das alianças para 2014. O pedido foi assinado por 52 dos 73 deputados federais da legenda e deve ocorrer na primeira semana de maio.

As discussões sobre a convocação do diretório começaram há duas semanas, após o vice-presidente Michel Temer não comparecer a um encontro dos deputados. O pedido de convocação do diretório é, na prática, mais uma forma de pressão do partido sobre a presidente Dilma Rousseff. O Diretório Nacional é a mais alta instância da legenda antes da Convenção, que por lei é quem define as alianças. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Problemas às pencas - Por Merval Pereira, O Globo

Nos últimos dias, o PT anda às voltas com problemas que afetam sua imagem, faltando poucos meses para a eleição presidencial. Alguns deles poderiam ser evitados, outros, não.

Cada notícia sobre os atrasos das obras para a Copa, especialmente os estádios de futebol, é mais um ponto negativo na avaliação da capacidade de gestão do governo. Poderia ter sido evitado se o governo, desde que foi anunciada a decisão da Fifa, em 2007, tivesse trabalhado com seriedade.

Mas, por um bom tempo, pareceu que a propaganda seria o suficiente para aumentar a popularidade do governo. A realidade tratou de colocar as coisas nos devidos trilhos, e o gasto excessivo (que seria bancado pelo setor privado, lembram-se da promessa?) acabou explicitando as verdadeiras necessidades da população: hospitais e escolas “padrão Fifa”, e não estádios de futebol.

A crise da Petrobras poderia ter sido evitada se a presidente Dilma não tivesse furado, com seu “sincericídio”, a bolha de mentiras que protegia o mau negócio da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Uma reação correta, mas atrasada, que parece estava martelando a cabeça da presidente — que evitou estourar a bolha antes para não atrapalhar a eleição do presidente Lula em 2006.

Estávamos lidando com os escândalos do mensalão, e seria demais surgir outro escândalo, e logo na Petrobras. Foi nessa campanha, aliás, que o governo jogou todas as suas fichas na demonização das privatizações, e deu certo, para espanto do próprio marqueteiro João Santana — que, mais tarde, admitiu em entrevista que ficara surpreso com a falta de reação do PSDB em defesa da privatização da telefonia, por exemplo, que levara os celulares para a classe média e até para os trabalhadores.

Como presidente do conselho, a presidente Dilma lutou contra a compra da outra metade de Pasadena, mas, como agora, não tinha condições de ir mais fundo na apuração. Hoje, ela bate boca em público com o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, mas não tem condições de ir adiante, pois exporá ao cidadão as transações ocorridas na gestão da Petrobras durante o governo Lula.

Dilma vê apoio de governadores reduzir 46% nos estados, O Globo


A dois meses e meio do início das campanhas eleitorais, os principais candidatos à Presidência da República estão em fase final de montagem de seus palanques nos estados. Hoje, 24 dos 27 governadores já deixaram claro publicamente quem devem apoiar, e uma comparação do cenário atual com o de 2010 mostra que a presidente Dilma Rousseff perdeu espaço entre os chefes dos Executivos locais.

Há quatro anos, Dilma contou com apoio de 19 dos 27 mandatários, em estados que reúnem 75,3 milhões de eleitores. Este ano, até agora, a presidente tem assegurado o apoio de 13 governadores que governam 55,7 milhões de votantes - uma redução de 46% - numa queda de influência sobre quase 20 milhões de votos. 

Petrobras é campeã mundial — de queda em ações na bolsa


Entre as dez maiores empresas de energia do mundo, estatal é a que teve o pior desempenho na bolsa desde a crise financeira; de lá pra cá, todas cresceram — menos a brasileira

A conjuntura externa tem sido a desculpa predileta do governo para explicar todos os males que se abatem sobre a economia brasileira. O argumento se aplica desde a alta da inflação até a oscilação do dólar, passando pelo próprio resultado fiscal do Brasil. Os estímulos econômicos que vêm dilacerando as contas públicas brasileiras são resposta à crise internacional, disse o ministro Guido Mantega em inúmeras ocasiões. No caso da Petrobras, não poderia ser diferente. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto a atual chefe da estatal, Graça Foster, alegaram fatores externos como causas da queda do valor de mercado da companhia na bolsa. Até mesmo o ex-presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, arriscou dizer em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a crise internacional foi a causa dos males da empresa durante sua gestão, digamos, "exemplar".

Contudo, os números mostram que o impacto da crise no desempenho da Petrobras na bolsa não foi tão pernicioso assim — e que as coisas pioraram mesmo com a queda da confiança do mercado em relação à empresa e ao Brasil. Entre as dez maiores companhias de energia do mundo, segundo o ranking mais recente da consultoria IHS, apenas a Petrobras acumula queda de valor de mercado entre 2009, quando o mundo sofria o impacto agudo da crise, e 2014. As demais conseguiram trafegar pelos anos difíceis e se reerguer, como mostra o gráfico. A americana Chevron, por exemplo, saiu da terceira posição no ranking das maiores empresas em dezembro de 2008 para a primeira posição em 2014. Curiosamente, em maio de 2008, antes da eclosão da crise, a Petrobras havia conseguido ultrapassar a Microsoft, o Walmart e a própria Chevron em valor de mercado, tornando-se a terceira maior empresa do continente americano, atrás apenas da Exxon e da General Electric. À época, o valor da estatal estava próximo de 500 bilhões de reais. Hoje, está em 200 bilhões.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Símbolo atingido - Por Merval Pereira, O Globo


A Petrobras continua no centro do debate político desde que a presidente Dilma Rousseff cometeu o “sincericídio” de admitir que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi um mau negócio feito com base em relatório “técnica e juridicamente falho”.

Assumiu assim, às vésperas da campanha eleitoral, uma atitude crítica às administrações anteriores à sua gestão, que tiveram um cunho marcadamente político nos dois mandatos do ex-presidente Lula, primeiro com José Eduardo Dutra e depois com José Sergio Gabrielli.

Como não pode ir adiante nas críticas, a presidente ficou paralisada numa ação política de alto risco, que a expôs ao mau humor de seus adversários internos no PT. “Ela não pode fugir às suas responsabilidades”, retrucou Gabrielli em entrevista, colocando Dilma como coautora da decisão da compra, já que presidia o Conselho da companhia.

Além de afetar sua imagem de boa gestora, a esta altura totalmente desacreditada, a queda de valor da Petrobras no mercado de ações afeta diretamente milhares de eleitores que usaram o Fundo de Garantia para comprar suas ações, e também um símbolo nacional que já serviu de base para campanhas petistas e hoje se tornou uma carga pesada.

Não é um debate promissor para quem começa a ter dificuldades na corrida presidencial, com queda de popularidade e aprovação do governo que a coloca em rota de redução de possibilidades de se reeleger.

O recorte da pesquisa Datafolha que analisa a preferência dos 17% que conhecem igualmente os três candidatos à Presidência da República a coloca em pé de igualdade com os adversários Eduardo Campos e Aécio Neves, o que implica deduzir que quando todos forem igualmente conhecidos, o favoritismo de Dilma se esvairá.

Júlio Delgado conclui parecer do processo contra André Vargas.


O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) concluiu hoje o relatório preliminar do processo aberto contra o deputado André Vargas (PT-PR) por quebra de decoro parlamentar.

Ele pedirá que o Conselho de Ética da Câmara aprove a admissibilidade do parecer – dando continuidade à investigação contra Vargas, acusado de ser sócio informal do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato e indiciado pela Polícia Federal.

"O relatório está pronto. Faltam apenas ajustes de redação", contou ao Blog do Noblat.

Criticado por aliados de Vargas, Delgado prevê muito debate na reunião marcada para esta terça-feira (22). Os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e José Mentor (PT-SP) querem a troca do relator.

O relator rebate as críticas de que teria antecipado seu voto: “Não fui eu quem subiu à Tribuna da Câmara para falar que não era amigo (do Youssef)”.

“Disseram-me que o PT quer a cabeça dele”, acrescentou.

E é no Comitê de Ética do PT onde Vargas pode sofrer seu maior revés. Isso porque ele prometeu renunciar ao mandato de deputado federal.

Havia um acordo: o partido não iria expulsá-lo se ele renunciasse. Como não o fez, a Executiva Nacional do PT decidiu levar o caso, nesta semana, ao seu Comitê de Ética.

Apesar de defender a continuidade do processo, Delgado diz que não vem trabalhando para conseguir os votos dos 21 deputados do Conselho de Ética.

“Estou muito focado no relatório. Se está havendo um trabalho para aprovar a admissibilidade, não é de minha parte”, disse.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CPI neles! - Por Ricardo Noblat

E continua a troca indireta de chumbo entre Dilma e Lula.

Ligada a Dilma, Graça Foster, presidente da Petrobras, reconheceu que foi um mau negócio para a empresa a compra em 2006 da refinaria Pasadena, no Texas. Deixou um rombo de meio bilhão de dólares.

Ligado a Lula, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, replicou que Dilma não pode “fugir de sua responsabilidade” na compra da refinaria.

Era Lula o presidente do Brasil quando Pasadena foi comprada.

De princípio, apenas pela metade da refinaria, a Petrobras pagou praticamente o que o grupo belga Astra Oil havia pagado por ela inteira.

Quando o negócio foi fechado, era Dilma a ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

“Não posso fugir da minha responsabilidade do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho”, disse Gabrielli em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

E completou, dando mais uma estocada em Dilma: “Nós somos responsáveis pelas nossas decisões”.

É grande o desconforto de Lula e de Dilma com a exposição pública de mazelas da Petrobras.

De Lula porque foi nos oito anos de governo dele que avançou o processo de loteamento político de cargos na Petrobras – e tudo isso está vindo à luz agora. De Dilma porque o Caso Pasadena atingiu em cheio sua imagem de gestora notável.

Lula saiu do governo com 80% de aprovação. Nega que pretenda voltar já – talvez daqui a quatro anos. Está pronto, contudo, para entrar em campo se Dilma teimar em perder cada vez mais pontos nas pesquisas sobre intenção de voto.

O sonho de Dilma é o de se reeleger. Lula e Fernando Henrique Cardoso se reelegeram. Por que ela, não?

Dilma como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento foi uma invenção de Lula. Como uma espécie de primeira-ministra foi uma invenção de Lula. E como melhor administradora do que ele foi uma invenção de Lula.

Vote na mulher de Lula – eis a poderosa sugestão da propaganda que empurrou Dilma ladeira acima.

Pasadena empurra Dilma ladeira abaixo.

Onde se viu transação bilionária ser tratada de maneira tão descuidada e apressada como foi a de Pasadena?

Ao longo de seis anos, a Petrobras desembolsou algo como U$ 1,2 bilhão pela refinaria cujo valor atual de mercado é de U$ 200 milhões.

Gestão temerária? Para dizer o mínimo. A conferir.

Vejam só: num dia, os membros do Conselho de Administração da Petrobras receberam o resumo técnico de uma página e meia da documentação completa de mais de 400 páginas referente ao negócio.

No dia seguinte, aprovaram o negócio. A documentação completa esteve à disposição deles. Por que não a consultaram? Sabe-se lá...

Sabe-se que, ouvida recentemente pelo O Estado de S. Paulo, Dilma alegou que se baseara num resumo técnico “falho e incompleto” para aprovar a compra da refinaria.

O que aconteceu com o autor do resumo? Foi elogiado e transferido para outro cargo onde passou a lidar com mais dinheiro. Só há pouco perdeu o cargo. Que tal?

A ministra Rosa Weber, do STF, decidirá, esta semana, se concede liminar para instalação de CPI exclusiva da Petrobras. O mais provável é que conceda, sim.

CPI é direito da minoria. Uma vez que exista fato determinado e que tenham sido cumpridas as regras para criação da CPI, manda a jurisprudência do tribunal que ela seja instalada.

E pronto.

Tem gente ‘escondendo a verdade’ sobre o Brasil - Eduardo Camapos


Do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, no lançamento nesta segunda-feira (14), no Hotel Nacional, em Brasília, da pré-candidatura dele à Presidência da República pelo PSB e da ex-senadora Marina Silva como sua vice, pela Rede Sustentabilidade:

O novo pacto social, com inclusão social e melhoria das políticas públicas inclusivas, foi estancado em 2010. Naquele ano, o povo brasileiro foi submetido na pré-campanha eleitoral a uma polarização. Era tudo ou nada. Eu presto tudo, você não presta nada. Esse debate fez com que o Brasil vivesse, em 2010, quase que a anulação do debate político.

O Brasil perdeu o rumo estratégico. Dizia que ia para um lado e ia para o outro. Foi perdendo seus fundamentos macroeconômicos, na inclusão social. E a gente viu que esse processo nos conduziu ao cabo de três anos a um diagnóstico que é voz corrente: o Brasil parou, o povo perdeu a fé. E nós não podemos deixar o povo brasileiro desanimar da nossa luta.

Em 2013, nos colocamos solidários quando foi rejeitada a criação da Rede Sustentabilidade. Queríamos que o partido estivesse pronto, não só do ponto de vista formal, mas programático. Não pensamos na conta miúda de que teríamos mais uma alternativa disputando. Pensamos que era possível apresentar novas alternativas à sociedade brasileira.

Ao meu lado, você (Marina) não estará só na campanha, mas estará no governo pelo povo brasileiro. Esse não foi o caminho mais cômodo para trilharmos. Esse é o caminho mais desafiador, o caminho mais duro. Mas esse é o caminho pelo Brasil.

Esse país é muito maior do que todos os partidos que existem nele. Há um novo pacto político no seio da sociedade. É hora de afirmar a política, mas não a política que está nos levando para trás. É hora de afirmar a política que vai nos levar para frente.

O Brasil tem um encontro marcado com os que quiserem investir no país. Não podemos continuar crescendo a 1%.

Precisamos pensar na fronteira do desenvolvimento, da biotecnologia, da nanotecnologia. Em 2013, a indústria de transformação brasileira voltou a ter a mesma expressão no PIB (Produto Interno Bruto) de quando Juscelino Kubitschek chegou à Presidência há 50 anos, 13%.

Precisamos olhar as políticas sociais para ampliá-las e para torná-las mais efetivas. Uma mãe que recebe Bolsa Família precisa receber outros programas de inclusão. É preciso que o SUS funcione e devemos inserir no programa milhões de brasileiros que não têm acesso.

Que os programas cheguem às famílias não como um favor, mas como um direito. Temos que acabar com o terrorismo de que aquele ou outro governo vai acabar com o programa. Precisamos fortalecer a educação e a escola integral.

A Eletrobrás foi sucateada. Não vamos permitir que a Eletrobrás seja desmontada como sistema.

O país não pode ver uma empresa como a Petrobras, que valia R$ 458 bilhões, chegar a valer hoje R$ 185 bilhões. Precisamos levar uma palavra de confiança. Nós vamos fazer a diferença na Petrobras e na área de energia renovável. Vamos discutir novos investimentos.

A nossa disposição é de ouvir a sociedade, falar a verdade ao povo. Tem muita gente escondendo a verdade. Tem muita gente colocando para debaixo do tapete um bocado de problema. Só com a verdade se constrói a boa edificação.

Tem muita gente que acha que conhece tudo, que sabe de tudo. Outro dia anotei uma frase de Luís Fernando Veríssimo. Ele dizia: ‘Quando você pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas’. A vida veio e mudou todas as perguntas e tem muita gente sem saber qual é a resposta.

Estamos animados em fazer uma luta sem ódio e sem medo, mas de ouvir o povo brasileiro e de fazer o que o povo brasileiro quer que nós façamos. O povo brasileiro quer que façamos as mudanças. Uma parte fez nas manifestações. Outra parte fará em outubro, nas urnas. Essa é a hora de olhar para o Brasil e para o seu povo. Vamos unir o Brasil e vamos unir para melhor.

Não se pode é deixar passar esta história em branco, quanto mais não seja porque é preciso defender um padrão aceitável de moralidade na condução dos negócios públicos, como estabelece a Constituição.

Petrobrás, bactérias e antibióticos - Por Ruy Fabiano

Sem argumentos convincentes – simplesmente porque não os há -, o governo tenta transformar a CPI da Petrobras em ataque impatriótico contra a empresa.

Atribui à oposição um delito que, até prova em contrário – se é que é possível, já que ele mesmo, governo, admitiu que a compra da refinaria de Pasadena “foi um mau negócio” -, é seu mesmo.

Se há ataque à Petrobras, esse é o que praticaram os que a fizeram adquirir por mais de 1 bilhão de dólares uma refinaria em estado de sucata, que valia dez vezes menos. Isso, claro, sem falar na refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco, onde se constata que as perdas e os desvios foram bem maiores.

E não apenas: há muito se sabe que a Petrobrás é uma caixa preta de “maus negócios”, gerida por predadores que a fizeram descer da 12ª para a 120ª colocação entre as maiores empresas mundiais. Os números falam por si e dispensam explicações.

Outro fenômeno interessante – e intimamente relacionado - é o fato de as ações da empresa terem subido mediante a expectativa da CPI. Se a iniciativa parlamentar fosse contra a empresa, tal não ocorreria. Se os acionistas celebraram a perspectiva de investigação, é porque sabem que, enquanto se mantiver intocável a caixa preta, continuarão a ter perdas.

Portanto, nenhuma iniciativa é mais favorável à Petrobrás que a devassa que se pretende, e o governo tenta evitar a qualquer custo.

Os discursos patéticos de Graça Forster e Dilma Roussef em “defesa da empresa” são apenas sinais de desespero, de quem sabe que defende o indefensável. Equivalem a uma confissão antecipada de delito. Não é a primeira vez que isso acontece.

sábado, 19 de abril de 2014

A FRAUDE PRÉ-SAL - Revista Veja.


Os Geólogos denunciam.

A Petrobrás perdeu 208 bilhões de dólares. O Pré-sal foi descoberto em 1974, no governo Geisel Foi mapeado no governo Itamar Franco. Foi declarado, no governo Fernando Henrique, como exploração inviável. No mundo inteiro não há tecnologia para extrair petróleo do Pré-sal.

 Lula, com o governo em queda, resolveu enganar o povo, dizendo que descobriu o Pré-sal e que os problemas do Brasil estariam resolvidos.

O que surpreende é que os políticos  e governadores "aliados", brigam por sua "divisão". Divisão de quê? O governo Distribuiu dinheiro da Petrobrás à rodo para Petistas e aliados, Cut, Sem-terra. Une, etc, na compra de votos.

O povo não sabe nem quer saber. A ignorância é geral. O importante é o PT, LULA E Dilma. O dinheiro acabou. A petrobras faliu, Agora importa gasolina, oleo, alcool de milho, etc.

Pré-sal - A grande cartada Fraudulenta de LULA.

Carta  à Revista Veja - São Paulo

Caro Diretor de Redação

Surpreende-me que somente agora, depois do estrago feito, a revista Veja venha revelar aos incautos o engodo que foi o pré-sal, uma fantasia eleitoreira gestada na cabeça do Exu de Nove Dedos com o intuito de enganar trouxas e ganhar eleições,como de fato enganou e ganhou. Sua reeleição à presidência deve algo ao pré-sal, além da ignorância coletiva das massas estúpidas de eleitores brasileiros.

A única coisa que eu entendo de petróleo é que se trata da mais importante fonte de matérias primas, além de ser a principal fonte de energia do planeta.. Isto me bastou para nunca ter acreditado nas mentiras de Lula a respeito do pré-sal, que não é uma novidade brasileira, mas existe em várias partes do planeta. A diferença é que nas diversas partes do planeta onde o pré-sal também existe, inexistem governantes sem escrúpulos e nenhum caráter dispostos a enganar empresários trouxas e eleitores idiotas com tal balela.

Quem se der ao trabalho de correr os olhos pelas páginas do site da Statoil, empresa norueguesa que detém a melhor e mais avançada tecnologia de prospecção e extração de petróleo em águas profundas, vai verificar que extrair petróleo do pré-sal é como retirar diamantes de Marte, ou seja, é inviável por diversos motivos:

a) falta de tecnologia adequada;

b) falta de segurança numa operação de tal envergadura e,

c) falta de viabilidade econômica: mesmo que fosse possível extrair petróleo do pré-sal atualmente, seu preço seria cinco vezes mais alto que o do petróleo extraído em

á­guas profundas da Bacia de Campos.


Versões contraditórias - Por Merval Pereira, O Globo


O governo petista não tem sido feliz nas duas frentes em que luta para se livrar de crises políticas à beira da eleição presidencial. O ainda deputado federal André Vargas, ex-diretor de Comunicação do PT, desistiu de renunciar, mas continua sob pressão partidária para fazê-lo. É provável que acabe capitulando.

E, cada vez que uma nova versão sobre a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, vem a público, fica mais claro que é preciso investigá-la em profundidade.

Ontem, foi o momento do ex-diretor da área internacional da empresa Nestor Cerveró, acusado tanto pela presidente Dilma quanto pela presidente da Petrobras de ser o grande culpado por induzir a erro o conselho da Petrobras.

Para começo de conversa, o fato de ter omitido no resumo técnico a cláusula de saída, que obrigava uma das partes a comprar a outra em caso de litígio, e a Marlim, que garantia um rendimento básico de 6,9% à belga Astra Oil, parece a Dilma, a Graça Foster e aos empresários Jorge Gerdau e Fabio Barbosa, que também faziam parte do conselho, um pecado capital.

Já Cerveró ironizou sutilmente essa preocupação, dizendo que simplesmente não colocou as cláusulas no resumo porque elas são corriqueiras no mundo dos negócios.

Ou ele é um mentiroso que teve objetivo escuso ao omitir as cláusulas, ou todos os demais não entendem nada de negócios e estão utilizando essa desculpa esfarrapada para se livrarem da responsabilidade de terem autorizado um “mau negócio”. Não há alternativa, e somente uma investigação independente do Congresso pode definir as responsabilidades de cada um.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

CPI necessário - Por Merval Pereira, O Globo

O depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, serviu para reforçar a necessidade da CPI pedida pela oposição, em vez de desanuviar o ambiente político, como pretendia o Palácio do Planalto. Ela confirmou que um mau negócio foi autorizado pelo conselho da empresa sem que seus membros tivessem os dados completos para analisar.

Ao admitir que o prejuízo da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, foi de US$ 500 milhões, Graça só complementou com números o sincericídio da presidente Dilma, que havia admitido semanas antes que desconhecia duas cláusulas contratuais que considerou danosas aos interesses da Petrobras: a que obrigava uma das partes a comprar os demais 50% da companhia em caso de litígio, e a que garantia à vendedora um rendimento fixo ao ano próximo a 7%, independentemente dos resultados.

Não foi à toa que as ações da Petrobras começaram a cair na Bolsa de SP durante o depoimento no Senado. É preciso saber por que um mau negócio foi feito com documentos falhos, e a quem interessou no momento levar o conselho da Petrobras a tomar decisão errada.

É preciso esclarecer também por que diretores nomeados por pressões políticas foram responsáveis por decisões tão delicadas. O governo Dilma tenta se livrar de culpa, mas leva à suspeição de que pelo menos em gestões anteriores, no governo Lula, a política dominou as ações dentro da Petrobras.

Graça garantiu que em sua gestão não há diretores nomeados por critérios políticos, que todos são técnicos reconhecidos na empresa e no mercado profissional. Que assim seja. Mas é preciso que a CPI investigue desde quando, e até quando, as decisões políticas prevaleceram na empresa, e suas consequências.

MILICIANO DO PT - Augusto Nunes


O miliciano do PT que insultou Joaquim Barbosa culpa VEJA por ter acabado de perder o emprego e a pose de valentão

O site do Correio Braziliense divulgou há pouco uma boa notícia: O assessor parlamentar da deputada federal Érika Kokay que hostilizou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na saída de um bar na Asa Sul, Rodrigo Grassi pediu exoneração do cargo. Ao Correio, ele contou que tomou a decisão após o vídeo que ele postou na internet ter sido usado como forma eleitoreira nas redes sociais para prejudicar a deputada. Pilha, como é conhecido, vai se dedicar à militância e pode ainda abandonar o Partido dos Trabalhadores, ao qual é filiado desde a adolescência, para militar com isenção.

Confira a abertura e o primeiro tópico da nota produzida por Grassi para explicar a opção involuntária pelo desemprego. O colunista faz dois apartes entre parênteses e em negrito.

“Em atenção à notícia mentirosa e covarde veiculada pela revista Veja em 10/04/14 e propagada pela imprensa e redes sociais sobre a minha participação em ato de protesto contra o ministro Joaquim Barbosa, informo: (A notícia foi veiculada pelo site de VEJA.  Como atesta o vídeo que ilustrou o post, o que se vê não é um ato de protesto. É uma sequência de agressões verbais promovidas aos berros por um grupelho de boçais filiados ao PT)

1) Jamais fui procurado pelo repórter da Veja para falar a minha versão sobre tal manifestação, nem antes e nem após a matéria ser publicada; (Não foi necessário ouvir o meliante. Dias antes do berreiro insultuoso na rua de Brasília, o adorador de Dirceu tratou de incriminar-se em outro vídeo. Disse o suficiente para virar criminoso confesso)

Nos itens seguintes, a verdade, a lógica e a sensatez são submetidas a uma selvagem sessão de tortura. No fecho de duas linhas, o besteirol é besuntado com um pensamento de diário de debutante e uma bravata de soldado de videogame:

Não se volta quando a meta é a estrela!

Prefiro o risco e a dignidade da luta!

Com frequência, leitores da coluna afirmam que “tá tudo dominado”. Só estaria se a resistência democrática e o jornalismo independente tivessem capitulado. Há dias, uma reportagem de VEJA transferiu o deputado André Vargas para o noticiário policial, obrigou-o a renunciar à vice-presidência da Câmara e convidou-o a escolher entre a renúncia e a cassação. Agora, um fora da lei que se julgava condenado à impunidade perdeu o emprego e a pose de valentão por ter tropeçado no site de VEJA

O berreiro ambulante vai ficar longe das madrugadas de Brasília por algum tempo. O Brasil decente foi dormir um pouco melhor.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O PT paga pela sua ‘compreensão’ - Por Elio Gaspari, O Globo

André Vargas deveria ter sido isolado pelo PT no ano passado, quando atacou o ex-governador gaúcho Olívio Dutra, que defendera a renúncia do deputado José Genoino depois de sua condenação no processo do mensalão. Na ocasião, disse o seguinte:

“Quando ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. Para quem teve a compreensão do conjunto do partido em um momento difícil, ele está sendo pouco compreensivo. Ele já passou por muitos problemas, né?”

Olívio Dutra nunca fora condenado em qualquer instância judicial. Genoino acabava de receber do Supremo Tribunal Federal uma sentença de seis anos e onze meses de prisão. Olívio passou pelo governo e continuou morando no pequeno apartamento que comprou como funcionário do Banrisul.

Em apenas dez anos, entre sua eleição para vereador em Londrina e sua última eleição para a Câmara, André Vargas decuplicou seu patrimônio. Teve um doleiro amigo, redirecionou R$ 836 mil de doações legais para companheiros e chegou à primeira vice-presidência da Câmara dos Deputados. Certamente foi um militante compreensivo. Felizmente, faltou-lhe a compreensão do comissariado.

A reeleição da doutora Dilma, bem como a sua possível substituição por Lula, está ameaçada pelo exercício do que André Vargas chamou de “compreensão”. Esse sentimento, amplo, geral e irrestrito, prevaleceu no PT em 2005 quando ele optou pela blindagem dos mensaleiros.

Os partidos têm horror a cortar a própria carne. O PSDB manteve Eduardo Azeredo na sua presidência depois da exposição do mensalão mineiro. Fingiu-se de surdo por quase dez anos diante das sucessivas provas de que funcionara em São Paulo um cartel de fornecedores de equipamentos pesados, liderado pela Alstom.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Polícia Federal apresenta relatório final da Operação Lava Jato.


A Polícia Federal concluiu nesta terça-feira (15) o relatório final da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de lavagem de dinheiro chefiado pelo doleiro Alberto Youssef, preso há três semanas no Paraná. O esquema movimentou ilegalmente R$ 10 bilhões.

Além de Youssef, foram presas 14 pessoas envolvidas no esquema. Outro detido na operação é o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A investigação diz que ele ajudou uma empresa de fachada de Youssef a fechar um contrato milionário com a estatal.

Quatro relatórios foram entregues à Justiça Federal do Paraná. A PF indiciou 46 pessoas pelos crimes de formação de organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, entre outros.

No total, foram cumpridos 105 mandados de busca e apreensão, 19 de prisão preventiva e 12 de prisão temporária. E dois doleiros foram indiciados por financiamento ao tráfico de drogas.

Ainda de acordo com a PF, foram apreendidos R$ 6 milhões em dinheiro e 25 carros com valor de mercado superior a R$ 100 mil cada.

Na fase de investigação, a Polícia Federal descobriu a estreita relação entre Youssef e o deputado André Vargas (PT-PR).

Vargas é considerado sócio informal do doleiro. Pressionado, ele chegou a dizer que renunciaria ao mandato nesta terça. Acabou recuando. Disse que está “reestudando” o caso.

Ainda poderão ser apresentados complementos aos relatórios finais a partir do estudo do material apreendido e não analisado.

Chapa de oposição - Por Merval Pereira, O Globo


A definição de que a chapa PSB e Rede é uma resposta ao autoritarismo do governo petista, que tentou inviabilizá-la de todas as maneiras, é uma postura de combate do ex-governador Eduardo Campos e mostra bem a linha de atuação que ele e a ex-senadora Marina Silva terão durante a campanha eleitoral.

Com o lançamento da chapa Campos-Marina, fica definido um dos principais postulantes pela oposição à sucessão da presidente Dilma, acabando a especulação de que Marina não aceitaria um posto inferior na chapa, ela que estaria em 2º lugar na corrida presidencial se fosse candidata isolada.

Marina aceitou ser vice de Campos, mas não se considera em plano inferior politicamente, tanto que disse que caminhará “lado a lado” com ele. Essa visão, antes de ser um complicador para a composição da chapa, é uma solução para que os eleitores “marinistas” não se sintam desprestigiados e possam trabalhar para a transferência de votos de Marina para a chapa que o ex-governador de Pernambuco encabeça.

Campos, em entrevista prévia ao lançamento da chapa “pura” — Marina filiou-se ao PSB depois de ter sido negado o registro da Rede e repetiu ontem as críticas ao governo por tentar inviabilizá-la —, teve uma boa saída para explicar sua dissidência, depois de ter participado dos dois governos Lula e dos primeiros anos do de Dilma: “Esse governo decepcionou não só a mim, mas a muitos dos outros milhões que nele votaram”.

A outra postura que marcará a campanha da dupla foi definida pelo economista Eduardo Gianetti: essa chapa é a terceira via, uma alternativa para os eleitores que já estariam cansados da polarização entre PT e PSDB que vem marcando as disputas para a Presidência desde 1994. Seguindo a linha de seus líderes, Gianetti disse que os avanços construídos tanto por FHC quanto Lula não foram seguidos por Dilma, frustrando assim o eleitorado.  

CPI já - Por Ricardo Noblat


Por que Lula aconselhou Dilma a impedir por todos os meios possíveis a instalação da CPI da Petrobras?

Porque a série de escândalos que enlameia a imagem da Petrobras data da época em que o presidente da República era ele, Lula. Um dos escândalos foi a compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos, por um preço absurdo.

Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil – disse há pouco, em depoimento no Senado, Graça Foster, presidente da Petrobras.

Foster repetiu também que Dilma informou ao jornal O Estado de S. Paulo: o Conselho de Administração da estatal aprovou a compra de Pasadena sem saber de cláusulas importantes do contrato.

A presidente do Conselho de Administração era Dilma. No mínimo, ela e os demais conselheiros foram imprudentes ao aprovarem às pressas um negócio de tal porte.

O depoimento da Foster, ainda em curso, não contribui para tornar desnecessária a CPI da Petrobras – antes pelo contrário.


Uma autópsia do aparelhamento do Estado (Editorial), O Globo


Numa dessas trapaças do destino, a rede da Operação Lava-Jato, investigação da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro, capturou o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, mancomunado com o doleiro Alberto Youssef, tudo em meio à grande repercussão do reconhecimento formal pela presidente Dilma de que, na condição de responsável pelo Conselho de Administração da estatal, em 2006, fora mal assessorada ao aprovar a compra de uma refinaria no Texas, por um preço na estratosfera. Negócio do qual Paulo Roberto Costa participara.

A trapaça ficaria ainda maior quando o destemido deputado petista André Vargas (PR), vice-presidente da Câmara, surgiu nas investigações da PF com ligações muito próximas ao conterrâneo Youssef, também com impressões digitais em outros escândalos.

Este script tragicômico, quase tema para um samba-enredo no estilo do “Crioulo doido”, de Sérgio Porto, expõe, na verdade, os malefícios do aparelhamento do Estado por interesses privados, uma faceta histórica do patrimonialismo brasileiro, mas radicalizado pelo lulopetismo na execução do seu projeto de hegemonia política.

Informações que a imprensa tem publicado, levantadas nesta fase de apuração de delitos pela PF, mostram indícios fortes da montagem de um esquema ardiloso, e extenso, de dragagem de dinheiro público (da Petrobras) junto a empreiteiras e outros prestadores de serviços à empresa, gerado pelo superfaturamento de contratos.

Coincidência ou não, o estouro exponencial de gastos tem sido a norma na Petrobras, ou pelo menos foi na fase em que o sindicalismo petista e o fisiologismo do Planalto mais atuaram na empresa.

O caso de Paulo Roberto Costa parece emblemático: funcionário de carreira, obteve apoio do PP e do PMDB (sem o PT também não iria longe) na ascensão como diretor. É impossível, pela lógica, não se estabelecer relação entre este suporte e a atuação deletéria do diretor. A PF precisará provar esta ligação. Talvez não consiga, e Paulo Roberto chegue aos tribunais apenas como mais um finório interessado em fazer a “independência financeira”, termo usado em correspondência eletrônica entre o doleiro e o petista André Vargas. Mas ficará registrada a descoberta de uma usina de processamento de dinheiro ilícito por meio de “consultorias”, empresas laranjas e o trânsito de numerário pelo mercado negro de divisas.

A oportunidade para se fazer uma autópsia do aparelhamento do Estado é especial. Mas, como tudo está contaminado pela campanha eleitoral, talvez não seja possível acionar o melhor instrumento para isto, a CPI exclusiva. Restará, então, confiar na ação dos instrumentos de Estado (MP, PF, Justiça).

terça-feira, 15 de abril de 2014

Campos anuncia Marina como vice na disputa presidencial


O PSB anunciou nesta segunda-feira o nome da ex-senadora Marina Silva como candidata à vice-presidente de Eduardo Campos. O anúncio, embora previsto desde que a ex-senadora se filiou ao PSB em outubro de 2013, é interpretado pelos socialistas como a largada para que ela transfira de vez o capital político para o ex-governador de Pernambuco. 

Estacionado nas pesquisas de intenção de votos com 9% dos eleitores, conforme pesquisas Datafolha, Campos espera que parte dos quase 20 milhões de votos que Marina obteve nas eleições de 2010 sejam transferidos para ele e o permitam desbancar o tucano Aécio Neves e disputar o segundo turno contra Dilma Rousseff. A aliança oficial entre Campos e Marina será homologada em junho, na Convenção Nacional do PSB.

As mentiras do discurso de Dilma sobre a Petrobras.


Governante tem o direito de mentir?

Governantes têm o direito de mentir? A resposta é “não”. Nem que seja sob o pretexto de “salvar a nação”. Na vida pública, não existe mentira virtuosa. Quando muito, pode existir a omissão prudente. Dou um exemplo: se o ministro Guido Mantega vislumbrar pela frente uma escalada inflacionária, se indagado a respeito, ele não tem de confirmar nem de se estender a respeito, ou haverá o efeito óbvio: como a economia se move, em parte, por expectativas, ele poderia piorar a situação se dissesse a verdade. Poderia, no discurso, omitir esse vislumbre para não piorar o que já seria ruim. Mas é certo que não poderia afirmar o contrário dos fatos. A mentira, na vida pública, é trapaça contra o interesse coletivo.

Nesta segunda, a presidente Dilma participou da inauguração de navios petroleiros no porto de Suape, em Pernambuco, terra de um de seus futuros adversários na disputa presidencial, Eduardo Campos. E resolveu deitar falação sobre a Petrobras, segundo leio na Folha. Afirmou: “Não hesitarei em combater o malfeito, a ação criminosa, corrupção ou ilícito de qualquer espécie. Mas também não ouvirei calada a campanha negativa, por proveito político, em ferir a imagem dessa empresa que o povo construiu com suor e lágrimas”.

Há duas verdades ai e duas mentiras. Primeira verdade: a Petrobras está eivada de malfeitos, ações criminosas, corrupções e ilícitos. Segunda verdade: a empresa foi construída com o suor e lágrimas dos brasileiros. Ainda que Dilma esteja plagiando Churchill, isso é verdade. Primeira mentira: a presidente hesitou, sim, em defender a Petrobras, tanto que deixou de apurar a compra da refinaria de Pasadena e ainda deu emprego para o executivo que, segundo ela própria, foi o responsável pela operação. Segunda mentira, não existe campanha nenhuma contra a empresa. Campanha contra a Petrobras fazem os larápios que lá estão incrustados.

Mas Dilma foi mais longe na impostura. Disse ainda: “Desde o inicio da empresa, teve gente sendo contra, dizendo que não havia petróleo no Brasil. Depois, mudaram o discurso, e chegaram a dizer que havia petróleo demais para ser controlado por uma empresa pública. Era uma forma sorrateira que prepararam para a Petrobras parar em mãos privadas. Foi um processo tão requintado, que foi interrompido pela pressão externa, que chegaram a fazer a troca do nome da empresa. Queriam chamar ela de ‘Petrobrax’, sonegando a sílaba que é nossa identidade. Bras, de Brasil”.

É a mentira mais escandalosa de todas. Desafio Dilma e o PT a apresentar uma miserável evidência de que se tentou privatizar a Petrobras. Privatizada ela está hoje: transformou-se numa soma de feudos, distribuídos entre partidos políticos: PT, PP, PMDB, PTB… Eles vão usando a estatal para cuidar de seus próprios interesses. Em sua fala, Dilma sugeriu que as sem-vergonhices na estatal são ações isoladas, coisas deste ou daquele. Mentira também! O PT está afundando a Petrobras porque usa a estatal para distribuir prebendas políticas e para manter unidos os partidos da base aliada.

Venham cá: por que vocês acham que um partido político quer tanto ter direções de áreas técnicas de estatais? Como é que isso poderia ajudar a legenda? A resposta é simples: essa diretoria, fatalmente, terá de comprar coisas, de construir obras, de contratar serviços e consultorias. O dinheiro sai da corretagem.

Privatizada, no sentido mais vagabundo da palavra, que é o único que o PT conhece — já que execra o virtuoso —, a Petrobras está hoje. Ela precisa voltar a ser uma empresa pública.

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cheiro de coisa ruim - Por Zuenir Ventura, O Globo

Brasília tem fornecido à apreciação nacional um festival de “malfeitos”, que é a expressão consagrada pela presidente Dilma para definir deslizes e desvios cometidos por políticos e servidores públicos.

O eufemismo acabou facilitando a vida dos jornalistas, que assim podem denunciar escândalos sem serem processados pelos envolvidos, desde que não chamem de ladrão quem roubou, e sim de autor de malfeito. Bons tempos aqueles em que se dava nome aos bois sem medo e sem meias palavras: “Ademar rouba, mas faz.”.

Nestas últimas semanas, os malfeitos foram ilustrados com exemplos que vão da promiscuidade entre um vice-presidente da Câmara e um traficante de dólares até os descaminhos da Petrobras com ameaça de CPI, passando pela manobra sorrateira de oferecer às operadoras de planos de saúde um perdão de multas de R$ 2 bilhões.

O caso mais rumoroso foi o do petista André Vargas, amigo do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, de quem usou emprestado o jatinho para viajar de férias com a família.

Uma das gravações mostra que o deputado ajudava o fora da lei a negociar contratos suspeitos do Ministério da Saúde e que este chega a garantir ao parceiro que a negociata seria a “independência financeira dos dois” — palavra de quem comandava um esquema de lavagem de dinheiro estimado em R$ 10 bilhões em operações nebulosas.

Apanhado em contradições e mentiras, Vargas, cujo patrimônio cresceu 50 vezes em dez anos, encalacrou-se tanto que, pressionado pelo próprio partido, Lula à frente, teve que se licenciar e renunciar à vice-presidência da Câmara. Mas já prometeu voltar de “cabeça erguida”, o que não é vantagem numa casa em que muitos de colegas costumam andar de cabeça baixa.

Enquanto isso, prosseguia a novela de nossa maior produtora de petróleo, que agora produz também discutíveis transações comerciais. A oposição recorreu ao STF para tentar instalar a CPI exclusiva, e o Planalto tenta ampliá-la para incluir denúncias contra governos de oposição. A esperta alegação é que é preciso apurar tudo, ou seja, não apurar nada.

Correndo por fora, há a medida com cheiro de coisa ruim para beneficiar os planos de saúde, segundo a qual uma multa que hoje seria de R$ 4 milhões cairia, com a nova regra, para R$ 160 mil. O perdão seria de R$ 2 bilhões para as operadoras. Um detalhe: a proposta infiltrou-se sub-repticiamente numa medida provisória aprovada na Câmara e que não tinha nada a ver com o caso.

A iniciativa é tão absurda que dever ser barrada no meio do caminho, mas já mostrou sua generosa intenção de impedir que 50 milhões de usuários continuem explorando os indefesos planos de saúde, coitados.

Como se vê, em Brasília há malfeitos para todos os gostos.

domingo, 13 de abril de 2014

O feitiço contra o feiticeiro - Por Ruy Fabiano


Imagine-se o quadro atual às avessas: o escândalo da refinaria de Pasadena protagonizado pelo PSDB, com o PT na oposição. Alguém tem dúvida de que os petistas estariam mobilizando suas milícias país afora em prol de uma CPI; que estariam pedindo o impeachment do presidente da República?

As sucessivas campanhas eleitorais mostram que o PT se nutre do escândalo – não dos seus, mas dos alheios. Não havendo um, trata de inventá-lo. Para tanto, o partido montou uma usina de dossiês e a pôs para funcionar em todas as eleições da era da redemocratização. A usina, registre-se, continua na ativa.

Na eleição passada, violou o sigilo fiscal de José Serra e de sua filha, em busca de uma falcatrua. Não a encontrando, tratou de providenciá-la, sem se dar conta de que o efetivo escândalo era justamente a violação de dados sigilosos da Receita Federal.

Descobriu-se, na sequência, que os funcionários que executaram o crime eram militantes de carteirinha.

Nas eleições de 2006, houve o escândalo dos aloprados. Petistas próximos a Lula, incluindo um assessor direto do hoje ministro Aloizio Mercadante, que então disputava o governo de São Paulo, foram flagrados e presos com uma bolsa cheia de dinheiro – R$ 1 milhão e quebrados - para comprar um falso dossiê contra Serra, que também disputava o governo paulista.

Não deu certo, Serra foi eleito, a farsa desmascarada, mas o partido não se mostrou - jamais se mostra – constrangido diante de flagrantes. Faz como a adúltera de Nélson Rodrigues: nega tanto que chega a ter dúvidas sobre o delito que praticou.

Pode haver declaração mais hilária que a de José Dirceu, ao garantir, em relação ao Mensalão, que “estou cada vez mais convencido de minha inocência”? O deputado Vicentinho, do PT, acaba de ouvi-la, nos mesmos termos, de André Vargas. Não deixa de ser um interessante exercício de autoconvencimento: iludir-se antes de tentar iludir o público.

O samba de Morengueira e o deputado do PT - Por Vitor Hugo Soares

No antológico samba de breque “Olha o Padilha!”, sucesso implacável e bem humorado - do tempo em que se combatia com música a malandragem no Rio de Janeiro e no País -, o cantor Moreira da Silva faz uma advertência que atravessou décadas e agora se encaixa, com perfeição, neste abril de 2014, no Brasil: “Pra se topar uma encrenca/ basta andar distraído/ que ela um dia aparece. Não adianta fazer prece”.

Na mosca, saudoso e profético Morengueira. Mais atual, impossível!

Vejam o caso do deputado licenciado André Vargas, do PT do Paraná. Um exemplo acabado de desastrado personagem da política e do poder neste “tempo temerário”, para ficar com a expressão consagrada que dá título ao romance histórico do mestre da Faculdade de Direito da UFBA e constitucionalista baiano, Nestor Duarte.

O livro (esta é uma dica à parte) reeditado pela Assembleia Legislativa da Bahia, depois de décadas de seu lançamento, merece uma leitura atenta. Ou releitura, no mínimo a título de ajuda recolhida no passado, para entender fatos, figuras e comportamentos do presente na política, nos postos legislativos e de mando e em outros ambientes da sociedade e das ruas do país.

À semelhança do malandro carioca da composição de Morengueira, alcançado pelo braço pesado do delegado Padilha, na saída de uma gafieira carioca, Vargas, bem ou mal comparando, em suas atribulações com a Polícia Federal e a opinião pública nacional, é protótipo singular de uma casta gestada no governo Collor, mas cevada nos desvãos da política e da administração pública e empresarial, a partir de mais ou menos uma década para cá de aparelhamentos.

Vazio de pensamento ou projeto cuja perspectiva alcance um centímetro além do próprio umbigo, falastrão metido a “esperto” e valentão, o deputado petista acabou enredado na enorme encrenca que provocou, mas, provavelmente, não esperava nem queria.

No caso do samba, o malando do Rio caiu nas mãos do delegado Padilha, da Polícia Civil. Acabou com a cabeça raspada “por um barbeiro sorridente à sua espera”, e a calça transformada em calção, nas mãos, antes de ser mandado para o xilindró.

O doleiro dos oprimidos - Por Guilherme Fiuza, O Globo


O deputado André Vargas não fez nada de mais. Apenas cumpriu o primeiro mandamento para ascender no PT: siga o dinheiro. Ou, mais precisamente, siga e consiga o dinheiro. Sua intimidade com o doleiro Alberto Youssef, preso no centro de um esquema que teria movimentado 10 bilhões de reais, não deixa dúvidas: Vargas chegou lá. Quem não entendeu como o obscuro deputado curitibano saltou de secretário de comunicação do partido para vice-presidente da Câmara dos Deputados não entende nada de PT.

O despachante de André Vargas era o homem que operava o duto entre os cofres públicos e os políticos amigos do rei (rainha). Se alguém achar que isso se parece com a quadrilha do mensalão, esqueça. O ministro Luís Roberto Barroso já explicou que a quadrilha não existiu, e o STF assinou embaixo.

A parceria fértil entre o doleiro de Vargas e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, também preso, tem impressionante semelhança com a tabelinha entre Marcos Valério e o então diretor de abastecimento do PT no Banco do Brasil, Henrique Pizzolato — hoje embaixador da república mensaleira na Itália. Mas isso não é quadrilha, é estilo.

E pensar que antigamente o PT mandava Waldomiro Diniz pegar dinheiro com Carlinhos Cachoeira. Que coisa cafona. Mas isso foi uma década atrás, quando o partido ainda não tinha estudado direito a planta do Estado brasileiro.

Hoje está claro que a mensagem de André Vargas a Joaquim Barbosa, levantando o punho cerrado (símbolo da resistência mensaleira), era um aviso — como o de Raul Seixas sobre as moscas: se você mata uma, vem outra em seu lugar.

Os brasileiros, esses invejosos, já estão implicando com o Land Rover dado pelo doleiro ao diretor da Petrobras. Bobagem. Como ensinou Silvinho Pereira, o mais injustiçado e esquecido dos petistas, quem trabalha bem no setor petrolífero ganha Land Rover de graça. O Brasil está pensando pequeno.

sábado, 12 de abril de 2014

Uma entrevista para arquivar - Por Maria Helena RR de Sousa

Lula, tão econômico em entrevistas durante seus oito anos de governo, nesta terça-feira 8 de abril resolveu falar – não foi propriamente uma entrevista, foi mais um papo que durou 3h32m10s, segundo o You Tube.

Um bate-papo à la Lula, isto é, ele falando pelos cotovelos e se exibindo em toda a sua simpatia, atributo que é difícil de lhe ser negado: o Lula é muito simpático.

Pena que ele tenha feito uma entrevista en petit comité: eram nove blogueiros. Acho que esse foi o dado concreto menos democrático de todos: entrevista coletiva ou ação entre amigos?

Mas vamos à entrevista. O objetivo, mais do que claro, era defender o PT nestes tempos de pré-eleição. Aliás, como ele mesmo diz, “perseverar sempre”. Neste caso, perseverar na defesa dos seus dois governos e também, ainda que mais discretamente, na defesa do governo Dilma.

Num ligeiro e meio confuso mea culpa, Lula diz que o PT poderia ter se esforçado e se transformado num partido mais forte internacionalmente se tivesse tomado um banho de Caribe, assim meio samba, conga, rumba.

Onde isso nos levaria? Sei lá, mas como muitas de suas ideias têm certa graça, depois param no meio do caminho, ficamos sem saber o que ele quis dizer. Vai ver ele acha que o que aconteceu na Bolívia, segundo ele, é o máximo e é o que deveria ter acontecido com todos os nossos ritmos: a Bolívia está calminha há muito tempo, e por quê? Porque a oposição desapareceu! Lula dixit!

A defesa da Petrobras? Não fez. O que ele fez foi repetir o que todos sabemos: a Petrobras é uma senhora empresa, um gigante. Afirmou que não é contra a CPI mas foi veemente no recado: o governo tem que, com unhas e dentes, defender a Petrobras. Deu a entender que o melhor é evitar a CPI pois, às vezes, sabe como é... (a entrevista foi antes do advento da CPI Combo, mas eu, se fosse o Lula, insistiria no cuidado que o PT deve tomar...).

Sobre as manifestações de junho de 2013, veio com uma historieta que não é nem original, nem verdadeira. Que o povo, ao mesmo tempo que criticava o Governo, partia feroz para cima dos carros de reportagem e das grandes empresas, pois sabe muito bem quem o ama.

Queixa-se da Imprensa, lastima com voz triste o tratamento desrespeitoso que dá à Dilma, e aproveita para dizer que é imprescindível a Regulamentação dos Meios de Comunicação. Vai fundo no assunto? Explica o que quer dizer com isso? Regular como e quem seria o controlador da regulamentação? Isso ele não diz... Afinal, como ele mesmo disse mais de uma vez, o melhor é não falar nada sem pensar bem antes...

O que eu mais gostei foi do fecho. Quando um blogueiro disse: O senhor não devia ter dito que não era candidato. Deixa eles pensando (sic), o Lula respondeu: Não, foi bom e necessário.

Você entendeu? Nem eu.