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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 13 de abril de 2014

O doleiro dos oprimidos - Por Guilherme Fiuza, O Globo


O deputado André Vargas não fez nada de mais. Apenas cumpriu o primeiro mandamento para ascender no PT: siga o dinheiro. Ou, mais precisamente, siga e consiga o dinheiro. Sua intimidade com o doleiro Alberto Youssef, preso no centro de um esquema que teria movimentado 10 bilhões de reais, não deixa dúvidas: Vargas chegou lá. Quem não entendeu como o obscuro deputado curitibano saltou de secretário de comunicação do partido para vice-presidente da Câmara dos Deputados não entende nada de PT.

O despachante de André Vargas era o homem que operava o duto entre os cofres públicos e os políticos amigos do rei (rainha). Se alguém achar que isso se parece com a quadrilha do mensalão, esqueça. O ministro Luís Roberto Barroso já explicou que a quadrilha não existiu, e o STF assinou embaixo.

A parceria fértil entre o doleiro de Vargas e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, também preso, tem impressionante semelhança com a tabelinha entre Marcos Valério e o então diretor de abastecimento do PT no Banco do Brasil, Henrique Pizzolato — hoje embaixador da república mensaleira na Itália. Mas isso não é quadrilha, é estilo.

E pensar que antigamente o PT mandava Waldomiro Diniz pegar dinheiro com Carlinhos Cachoeira. Que coisa cafona. Mas isso foi uma década atrás, quando o partido ainda não tinha estudado direito a planta do Estado brasileiro.

Hoje está claro que a mensagem de André Vargas a Joaquim Barbosa, levantando o punho cerrado (símbolo da resistência mensaleira), era um aviso — como o de Raul Seixas sobre as moscas: se você mata uma, vem outra em seu lugar.

Os brasileiros, esses invejosos, já estão implicando com o Land Rover dado pelo doleiro ao diretor da Petrobras. Bobagem. Como ensinou Silvinho Pereira, o mais injustiçado e esquecido dos petistas, quem trabalha bem no setor petrolífero ganha Land Rover de graça. O Brasil está pensando pequeno.

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