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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 13 de abril de 2014

O samba de Morengueira e o deputado do PT - Por Vitor Hugo Soares

No antológico samba de breque “Olha o Padilha!”, sucesso implacável e bem humorado - do tempo em que se combatia com música a malandragem no Rio de Janeiro e no País -, o cantor Moreira da Silva faz uma advertência que atravessou décadas e agora se encaixa, com perfeição, neste abril de 2014, no Brasil: “Pra se topar uma encrenca/ basta andar distraído/ que ela um dia aparece. Não adianta fazer prece”.

Na mosca, saudoso e profético Morengueira. Mais atual, impossível!

Vejam o caso do deputado licenciado André Vargas, do PT do Paraná. Um exemplo acabado de desastrado personagem da política e do poder neste “tempo temerário”, para ficar com a expressão consagrada que dá título ao romance histórico do mestre da Faculdade de Direito da UFBA e constitucionalista baiano, Nestor Duarte.

O livro (esta é uma dica à parte) reeditado pela Assembleia Legislativa da Bahia, depois de décadas de seu lançamento, merece uma leitura atenta. Ou releitura, no mínimo a título de ajuda recolhida no passado, para entender fatos, figuras e comportamentos do presente na política, nos postos legislativos e de mando e em outros ambientes da sociedade e das ruas do país.

À semelhança do malandro carioca da composição de Morengueira, alcançado pelo braço pesado do delegado Padilha, na saída de uma gafieira carioca, Vargas, bem ou mal comparando, em suas atribulações com a Polícia Federal e a opinião pública nacional, é protótipo singular de uma casta gestada no governo Collor, mas cevada nos desvãos da política e da administração pública e empresarial, a partir de mais ou menos uma década para cá de aparelhamentos.

Vazio de pensamento ou projeto cuja perspectiva alcance um centímetro além do próprio umbigo, falastrão metido a “esperto” e valentão, o deputado petista acabou enredado na enorme encrenca que provocou, mas, provavelmente, não esperava nem queria.

No caso do samba, o malando do Rio caiu nas mãos do delegado Padilha, da Polícia Civil. Acabou com a cabeça raspada “por um barbeiro sorridente à sua espera”, e a calça transformada em calção, nas mãos, antes de ser mandado para o xilindró.

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