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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 19 de maio de 2024

Ela queria desejar paz - Postagem do Antônio Morais


A criancinha que ia de banco em banco, estendendo a mãozinha e recebendo acenos  negativos de não. Ela queria desejar paz a cada fiel e não estava pedindo esmola. 

No momento  em que estou vivendo, passa-me pela cabeça essa historinha. Enquanto estudei e vivi entre vocês, sempre, estendia a mão, desatava minha voz, dizia verdades para agrado de uns e desprazeres de outros. Como a criancinha, minha mão aberta era um pedido de esmola:  minha voz ativa era  uma blasfêmia. O silêncio era a indignação.

No silêncio de uma igreja era confundida a intenção da pequerrucho, mas num meio em que eu me achava era tudo claro quando falava. Debalde. Quase Debalde.

Sim porque tenho certeza que muitos entenderam minhas palavras, minhas mensagens.

sábado, 18 de maio de 2024

Mons. Rubens Gondim Lóssio, um grande benfeitor de Crato – por Armando Lopes Rafael (*)

   Ele foi um homem notável. Um intelectual brilhante. Um sacerdote que deixou marcas por onde passou. Sua produção literária – original e profunda – atesta o seu valor.

   Rubens Gondim Lóssio nasceu na cidade de Jardim, Ceará, no dia 27 de maio de 1924, filho legítimo de Júlio Lóssio e Eleonor Gondim Lóssio. Fez o curso de humanidades no Seminário São José do Crato e o de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Ordenou-se Sacerdote Católico, no dia 20 de dezembro de 1947. Foi Cura da Sé Catedral de Crato e professor da Faculdade de Filosofia do Crato (embrião da atual Universidade Regional do Cariri–URCA) e de vários Colégios de Crato. Pertenceu ao Instituto Cultural do Cariri tendo sido o primeiro ocupante da Cadeira Dom Francisco de Assis Pires, naquela instituição.

Algumas realizações feitas na Catedral 

       Até o início da década 1950, a nossa vetusta catedral era um templo escuro e feio. Ao assumir a função de Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Penha e Cura da Catedral, Mons. Rubens Gondim Lóssio construiu os dois braços do prédio (o da direita e o da esquerda) ampliando o espaço interno daquela igreja. Também procedeu à reforma do altar-mor da catedral.. Comprou novos bancos para aquele templo e dotou nossa principal igreja do bonito aspecto que ela hoje possui.

   No curato do Mons. Rubens foram construídas:

– A capela de Nossa Senhora das Graças
    O altar desta capela foi confeccionado, em 1952 – por iniciativa do Monsenhor Rubens Gondim Lóssio – em marmorite na cor marfim, por encomenda junto à Marmoraria Raia, da cidade de Fortaleza. Já a imagem de Nossa Senhora das Graças, também foi adquirida por Mons. Rubens e está colocada sobre um suporte na parede, acima do altar. Sob a mesa do altar fica um desenho, em alto relevo, das duas faces da Medalha Milagrosa. 

– A capela de Nossa Senhora de Fátima   
   Também construída por monsenhor Rubens Gondim Lóssio, cujo altar é de mármore branco, tendo por base uma placa de mármore preto. Na base do altar foi colocado um desenho de bronze representando o Coração Imaculado de Maria, cercado de espinhos. Pontifica nessa capela uma belíssima imagem de madeira, de Nossa Senhora de Fátima, medindo cerca de um metro de altura. Esta escultura foi esculpida em Portugal, em 1954, por Guilherme Thedin, o mesmo escultor da imagem-peregrina da Virgem de Fátima, que percorreu os cinco continentes, na década de 1950. Para a confecção dessa imagem – ofertada à catedral pelo Sr. João Bacurau – Mons. Rubens mandou de Crato para Portugal um toro de cedro. Esta capela foi inaugurada, em 8 de dezembro de 1955.

– A capela de São José
   Outra construção, feita no curato do Monsenhor Rubens Gondim Lóssio foi a Capela de São José, inaugurada em 1962. Essa capela guarda semelhança com a de Nossa Senhora de Fátima. Também o altar dessa capela é de mármore branco, tendo por base uma placa de mármore preto. O mesmo material, com a mesma cor, foi utilizado no piso da capela. Uma belíssima imagem, em tamanho natural, de São José, adquirida por Mons. Rubens, ainda hoje pontifica sobre o altar.

– Os altares laterais da catedral construídos no curato de Mons. Rubens
      Nos corredores laterais da Sé de Crato foram construídos dois altares de alvenaria, com base de marmorite. O da esquerda é dedicado a Santa Teresinha do Menino Jesus, e o da direita, a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

O escritor
   Mons Rubens Gondim Lóssio escreveu e publicou os seguintes trabalhos: “O desafio da Universidade nova”, 1971; “A serviço da palavra sob o impacto da mudanças”, 1973; “UNICAP em resposta ao desafio do Nordeste”, 1973; “Caracterização geral dos candidatos ao vestibular unificado”, 1977; “Ensino superior em Pernambuco: sistema de acompanhamento”, 1970; “Nossa Senhora da Penha de França: padroeira do Crato”, 1961; “Renúncia à Catedral e Paróquia de N. S. da Penha”; 1969, e diversos outros trabalhos publicados em revistas científica, seminários, encontros e reuniões.
    Recebeu “Menções Honrosas”, Diplomas, Certificados e Medalhas pelos relevantes serviços prestados à educação e à sociedade dos Estados de Pernambuco e do Ceará.

Algumas de suas iniciativas na comunidade
    Mons. Rubens era um espírito dinâmico e empreendedor. Dotado de cultura invulgar foi um homem querido, admirado e respeitado pela comunidade cratense. Sua passagem entre nós deixou rastros inapagáveis. Deve-se a ele a mudança de alguns nomes dos atuais distritos do município de Crato. Citemos alguns: o então povoado Ipueiras foi denominado oficialmente  de Dom Quintino, em homenagem ao primeiro Bispo de Crato. A antiga vila Conceição recebeu o nome de Santa Fé. Já a localidade Passagem das Éguas teve sua denominação mudada para Monte Alverne. Todos são progressistas distritos de Crato. Na área citadina, o antigo bairro Rabo da Gata, graças a iniciativa do Mons. Rubens passou a ser chamado oficialmente de Alto da Penha.

Outras iniciativas
    Mons. Rubens adquiriu algumas casas (existentes no fundo da catedral) demoliu-as e lá construiu salas para reuniões e um amplo auditório, tudo incorporado ao edifício da Igreja-Mãe da Diocese de Crato. Este auditório, por iniciativa do penúltimo Cura da Catedral – Pe. Francisco Edmilson Neves Ferreira – (hoje Bispo de Tianguá-CE) recebeu o nome de “Auditório Mons. Rubens Gondim Lóssio”. Justa homenagem.

     Vale registrar que, ainda por iniciativa do Mons. Rubens, foi confeccionado – em 1954 – um belíssimo monumento de bronze, para assinalar a promulgação do Dogma de Assunção de Nossa Senhora, pelo Papa Pio XII, o qual foi colocado na Praça da Sé. No ano anterior – 1953 – Mons. Rubens havia mandado erigir outro pequeno monumento, este comemorativo à passagem da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em Crato. Este pequeno monumento encontra-se até hoje no jardim do lado direito da Catedral de Nossa Senhora da Penha.
 
     Ao tempo que foi Vigário e Cura da Catedral de Crato, Mons. Rubens manteve atualizado o "Livro de Tombo", lá escrevendo todos os registros da sua dinâmica administração, quer na área pastoral, quer na  social, bem como registrando suas pesquisas feitas  sobre a história religiosa de Crato.

 Sua saída de Crato
    Desgostoso com o desmembramento feito na Paróquia de Nossa Senhora da Penha, a qual ficou reduzida a poucos quarteirões no centro de Crato, em 1969, Mons. Rubens deixou a Diocese do Crato e fixou residência na cidade de Recife, Pernambuco, onde veio a ocupar o cargo de Magnífico Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, de janeiro de 1971 a janeiro de 1978.

     Sobre seus últimos dias, o cronista Antônio Morais escreveu, recentemente, que ele pediu dispensa do estado clerical e, depois de obtida essa permissão, casou no dia 22/12/1978 com a pernambucana Vitória Maria Leal. Do seu casamento nasceu, em 13 de maio de 1980, uma filha, registrada pelo nome  Delame Maria Leal de Lóssio. 

    Rubens Gondim Lóssio faleceu em Recife, em 04 abril de 2005, legando aos pósteros o exemplo de um cidadão honesto e inteligente, profundamente devotado ao serviço da comunidade. Ainda hoje seu nome é lembrado com profundo respeito pela comunidade cratense, a quem serviu com competência e idealismo, por várias décadas da sua profícua existência. (Texto e pesquisa de Armando Lopes Rafael)

(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro-Correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, de Salvador (BA).


Tua doença é maior do que a dele - Por Antonio Morais.

A pior coisa do mundo é ver o olhar triste de uma criança causada pela fome e miséria. Causada pelas guerras sem sentidos comandadas por homens rígidos e impiedosos que nunca percebem que a guerra só terá fim quando um dos lados desisti.

O tempo não apaga nada. Agente finge que esqueceu. Doe hoje e vai doer mais um pouquinho amanhã 

Pode ser que tempos depois melhore, pode ser que não. Mas, um dia passa, disso tenha certeza. Porque assim como a felicidade não é eterna, a tristeza também não há de ser.

Se você não sente a dor do teu irmão, a tua doença é maior do que a dele.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Maestro Azul (in memoriam) - Por Ana Lúcia Jamacaru.

Não podia ser outro o nome do maestro da banda da minha cidade. Nas madrugadas frias, os acordes quentes e festivos da banda de Azul era um café na cama requintado de notas musicais. 

Filtrando-se pelos telhados de nossas casas, “Violetas Imperiais” e “Rosas de Maio” desciam exalando cheiros e sons de clarinetes e saxofones. Amanhecíamos banhados de melodias azuis, sabendo que um de nossos vizinhos fazia anos de felicidade. Com certeza, esse seria um dia mais primaveril e, naturalmente, mais azul.

O maestro sempre foi o arauto das notícias boas. No seu uniforme com galas douradas, o rosto redondo, tinto de preto azulado fazia bonito o contraste. Comandando os seus “soldadinhos de chumbo” era a sua banda que acompanhava o pau da bandeira, abrindo a festa da padroeira, a visita ilustre, as inaugurações que beneficiariam o nosso município. 

Entre confetes, serpentinas e lança perfume, o som das marchinhas de carnaval eram azuladas por sua banda, arrastando-nos até a praça numa euforia que me fazem doer de saudade dos carnavais que já não voltam mais. “Alá, lá, lá, ô, ô, ô...”

Havia somente uma ocasião em que o maestro, ao invés da azul-alegria, convidava-nos musicalmente a vestir a nossa alma de luto. Seus dobrados, em tom fúnebre, cadenciados, tornavam-se solenes e lastimosos como os trajes roxos de Nossa Senhora acompanhando seu filho morto.

Ao despedir-se das solenidades, o maestro ia deixando no ar o seu rastro azul “... qual cisne brancos em noite de lua, vai navegando no mar azul...” e todos ficávamos sonhando em singrar com ele os mares do Norte a Sul. 

Quando criança, eu o seguia sem embaraço, tal qual os meninos do canto de fadas seguiam hipnotizados o tocador de flauta. Minha alma azulada ainda não tinha medo de sonhar, de alçar voos ao mundo da fantasia.

Hoje, embora ainda sinta a vontade de dar a mão a todos da cidade e sair cantando e dançando, mostrando o colorido do meu coração; fico no meu canto muda e só, só vendo “as bandas passarem tocando coisas de amor” e outras tantas melodias que não fazem eco no meu coração.

Onde você está Azul, só pode ser azul; eu te agradeço por ter “musipintado” a minha infância de sonhos e fantasias azuis.

Se você soubesse ? - Postagem do Antonio Morais.

"Se você soubesse a rapidez que vão te esquecer quando você morrer, você não deixaria de fazer o que gosta, preocupado com o que os outros vão pensar.

A vida é um eco. O que você envia, volta para você. O que você planta, você colhe. O que você dá, você recebe. O que você vê nos outros, existe em você. 

Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada e nunca nos visitamos tão pouco".

O BAFO É O SEGUINTE - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Quando a censura é permitida, agride toda cultura de um País.

Só os radicais defendem verdades absolutas.

O tom de voz é que leva as pessoas pra cima.

Que o calor dure sempre, mesmo que a luz vá se apagando aos poucos.

Os longos anos de vida mostram que sabemos pouco de nós mesmos.

As palavras de mãos dadas contam histórias.

Pressão é achar que a pátria está em jogo numa partida de futebol.

A cobrança de penâltis tem a mesma solenidade do minuto de silêncio.

Ao tempo devo meus saberes e minha ignorância.

Ideologicamente, o Brasil está de cabeça pra baixo.

O rádio foi a verdadeira graça na minha vida.

Precisamos ser o que falamos que somos.

Não volte - Postagem do Antonio Morais.

Não volte para onde um dia você foi feliz, é uma armadilha da melancolia, tudo terá mudado e nada será igual, nem mesmo você.

Não tente procurar as mesmas paisagens, nem as mesmas pessoas, elas não estarão, o tempo joga sujo, e terá se encarregado de destruir tudo o que um dia te fez feliz.

Não volte para o lugar onde um dia você foi feliz, mantenha-o sempre na sua memória, como era, mas não volte.

Não volte ao passado, você já o conhece, a vida continua e há novos caminhos para percorrer, novos lugares para visitar e outras pessoas que nos esperam.

Rubem Alves.

O MAIOR ANALISTA - Luiz Gonzaga da Silva


Se você notar que seu coração está cheio de impurezas, rancor, às vezes ódio, cobiça, egoísmo, maus pensamentos, idolatria, ofensas, falsidade e até blasfêmia...

Está precisando de um especialista, ou melhor, de um analista, porque você precisa de um desabafo: Deitar e tendo a impressão de que alguém está  ouvindo você. Então você fecha os olhos, deixa a mente no vazio e o seu subconsciente ouve: “Vem! Deite-se no divã ou sofá, que vou escutá-lo e depois darei a minha receita.” “Abra  seu coração! Coloque tudo o que o perturba, o incomoda, o magoa, lhe tira a paz, para fora.” “Liberte-se! Não tenha vergonha de se desnudar diante de MIM. EU sou o analista que pediu. Conheço até a essência do material de que foi criado.”

“EU tenho poder e capacidade de auxiliá-lo para que se liberte da opressão que as impurezas impõem.” “Vou fazer com você uma regressão, não somente até o ventre de sua mãe, mas até o princípio de sua história.” “Pronto! Você viajou muito! Eis o princípio: Observa a paisagem.

Sorri? Está admirado?

Pois isto é apenas uma pequena mostra do que o espera, quando do retorno, após o cumprimento de sua missão. É mais do que o quíntuplo de beleza, do que está diante de você.” “Diga-me agora: É ou não é ilusório, tudo isso que deixou dominar seu coração?”

“Quando retomar o caminho novamente, livre-se de tudo o que avilta e oprime, encha  seu coração de caridade, analise a abrangência do amor, faça-o arraigar-se no peito, deixa-o contaminar todo o seu ser.” “E se nuvens escuras tentarem toldar o sol da sua esperança, lembre-se de MIM e das coisas belas que viu.”

“Se  faltar forças para transpor um obstáculo, ME chame. Olhe bem firme nos MEUS olhos que EU o atenderei e o cumularei de bênçãos.”

“EU sou seu desejo de superação, a sua esperança, o seu escudo. Estou dentro de você”.

Descubra-me!

quarta-feira, 15 de maio de 2024

PARAR TUDO? - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

O futebol é um indústria que emprega 86 mil pessoas no Brasil. 

Como ordenar, de repente, que as máquinas dessa indústria sejam desligadas?

Seria uma espécie de "pandemia" do futebol, com efeitos difíceis de se mensurar.

Nos parece que os dirigentes ainda não abriram a cabeça

para as consequência de um ato dessa ordem.

Seria essa a única solução, diante da tragédia ocorrida com o Rio Grande do Sul? 

Não se ignora o aspecto humano que a tragédia climática traz.

Mas, não poderia se esticar o campeonato brasileiro até o próximo ano, dando-se tempo para que os times gaúchos normalizem suas atividades?

O problema é sério, de difícil solução, mas, parar o campeonato brasileiro nos parece a pior das medidas aventadas.

13 equipes da série A são favoráveis a paralisação.

terça-feira, 14 de maio de 2024

98 anos de Manuel Batista Vieira, Vieirinha - Dr. José Flávio Pinheiro Vieira.

O velho Vieira hoje faria 98 anos. Viveu até os 80 tangido por uma exemplar sabedoria de vida. Botou no sótão a ambição. Cumpriu seus deveres profissionais e familiares com extremo zelo. 

Sua trejetória foi simples, humilde e marcante. Como professor fez-se uma alma doce e afável, admirado por todos seus discípulos. Ensinou a Língua Portuguesa com dedicação e didática. Formou muitas gerações de professores. 

Como pai, formou os três filhos e fez-se um prodígios animador de netos  Extremamente bem humorado , plainou nas ondas da existência com a prancha da leveza. Soube dosar bem a balança de virtudes/defeitos. 

No crepúsculo da vida foi morar num sítio simples, isolado que, no início, nem energia e telefone possuía. Voltou a ser o ente telúrico de sua infância. Nascera no vestíbulo da primavera, ele que adorava , como bom cearense, a quadra invernosa. 

Trovão, relâmpago e enxurrada, para ele era Bom Tempo. Deixou uma imensa saudade quando partiu em 2005. 

À medida que o tempo vai ruindo tudo ao nosso redor, percebemos que as únicas coisas que permanecem ainda perenes são as marcas que conseguimos imprimir no coração das pessoas.

Dr. José Flavio Pinheiro Vieira.

CONTROLE REMOTO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Que formidável invento o controle remoto.

Graças a ele, nos livramos de ouvir vozes e declarações de gente idiota e cretina.

A situação está insuportável. Eles não param um escasso minuto para pensar.

Vejam como Nelson Rodrigues estava coberto de razão: "O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota".

Penso o que o "nosso divã" diria nos dias de hoje.

Nunca o terreno esteve tão fértil para a proliferação dos idiotas, como agora.

Certos governantes, falsamente compungidos, nos causam náusea.

São de provocar urticária as encenações rídículas e oportunistas.

Imagino como estaria o nosso estado auditivo, não fosse o controle remoto.

Ele funciona como um "pronto- atendimento" de nossa saúde mental.

Não nos salva de tudo, mas evita um mal maior.

Que invenção! Que invenção !

domingo, 12 de maio de 2024

Sociedade egocentrista - Por Antonio Morais.

"Egocentrismo é o comportamento voltado somente para si ou tudo que lhe diz respeito e lhe interessa".

Há poucos dias uma jovem senhorita que não conheço, não sei de qual região é, não sei qual a sua formação intelectual ou profissional, nem sei que atividade estava cumprindo em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, postou um vídeo onde declarou que a região é uma África em potencial.

Houve uma grande comoção das pessoas, um rebuliço danado, um alvoroço dos diabos, e, foi considerado  como um insulto inaceitável.

Certamente essa jovem visitou as favelas que proliferam na periferia destas cidades, locais que os prefeitos, vereadores e políticos não visitam, ou visitam apenas no período de campanha eleitoral.

Ali vivem os párias da "sociedade egocentrista", a míngua, sem nenhuma atenção ou assistência do puder público. Saneamento, saúde e educação zero. 

Quem duvidar faça como aquela jovem visite as periferias e comprove que naquelas localidades nem a limpeza é feita, nem o lixo é retirado. Essa é a realidade para quem vê a região pela razão e não pela emoção ou paixão. 

Para os que vivem no conforto da comodidade, o problema não existe, e, se existe não é deles.

sábado, 11 de maio de 2024

ENRASCADA DA TERRA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Achamos e a torcida do Flamengo, também, que o Planeta Terra está numa tremenda enrascada.

E esse enrosco é criado pelos seus inquilinos, que não prestam atenção no serviço.

Se o homem não agir para tirá-la da rota do abismo, vai sobrar pouca coisa. 

Ou melhor: não vai sobrar nem pensamento.

Guerras, tragédias climáticas e raros lampejos de humanidade compõem um triste cenário.

A destruição apavorante da mata é do tamanho da nossa negligência.

Daqui a pouco, não vamos reconhecer o valor de uma brisa.

Afora alguns relinchos, escreve-se sobre a sensação de impotência, embora a crueldade deixe vestígios.

Como disse um amigo meu, que não é analista de coisa nenhuma: "A ordem é normatizar os absurdos".

A Terra é a jóia do cosmo. Só existe vida nela.

O medo de hoje é marcado pelo esquecimento de amanhã.

O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Deus, o maior analista - Postagem do Antonio Morais.




Se você notar que seu coração está cheio de impurezas, rancor, às vezes ódio, cobiça, egoísmo, maus pensamentos, idolatria, ofensas, falsidade e até blasfêmia...

Está precisando de um especialista, ou melhor, de um analista, porque você precisa de um desabafo: Deitar e tendo a impressão de que alguém está  ouvindo você. Então você fecha os olhos, deixa a mente no vazio e o seu subconsciente ouve: “Vem! Deite-se no divã ou sofá, que vou escutá-lo e depois darei a minha receita.” “Abra  seu coração! Coloque tudo o que o perturba, o incomoda, o magoa, lhe tira a paz, para fora.” “Liberte-se! Não tenha vergonha de se desnudar diante de MIM. EU sou o analista que pediu. Conheço até a essência do material de que foi criado.”

“EU tenho poder e capacidade de auxiliá-lo para que se liberte da opressão que as impurezas impõem.” “Vou fazer com você uma regressão, não somente até o ventre de sua mãe, mas até o princípio de sua história.” “Pronto! Você viajou muito! Eis o princípio: Observa a paisagem.

Sorri? Está admirado?

Pois isto é apenas uma pequena mostra do que o espera, quando do retorno, após o cumprimento de sua missão. É mais do que o quíntuplo de beleza, do que está diante de você.” “Diga-me agora: É ou não é ilusório, tudo isso que deixou dominar seu coração?”

“Quando retomar o caminho novamente, livre-se de tudo o que avilta e oprime, encha  seu coração de caridade, analise a abrangência do amor, faça-o arraigar-se no peito, deixa-o contaminar todo o seu ser.” “E se nuvens escuras tentarem toldar o sol da sua esperança, lembre-se de MIM e das coisas belas que viu.”

“Se  faltar forças para transpor um obstáculo, ME chame. Olhe bem firme nos MEUS olhos que EU o atenderei e o cumularei de bênçãos.”

“EU sou seu desejo de superação, a sua esperança, o seu escudo. Estou dentro de você”.

Descubra-me!

Luiz Gonzaga da Silva.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

O QUE A VIDA NOS DEU - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Nem todo dia somos capazes de um texto interessante. Os assuntos podem sair em tom menor.

Mesmo porque a crônica nunca tem altas pretensões.

E é fundamental que o cronista escreva com o coração. Sobre si próprio, pois não.

Se elencarmos conquistas obtidas em nossa vida, acho que o tema estará de bom tamanho. 

Certos acontecimentos tiveram enorme significação em nossa caminhada.

O principal deles foi a construção de um porto seguro ancorado na família. 

Seguem-se fatos relacionados à atividade profissional, onde pontificam as realizações.

Conhecer países na cobertura de duas Copas do Mundo: a de 1986, no México, e a de 1990, na Itália.

Foram emoções a mais da conta. Um transbordar de felicidade.

Lançar livros sobre momentos divertidos da vida e reunir pessoas em torno desse acontecimento.

E, finalmente, receber um retorno carinhoso de ouvintes, leitores e amigos.

A arte está no fazer. O importante é o que foi feito.

Foi isso que pretendi dizer naquilo em que a leveza de uma crônica permite.

É mesmo assim - Por Antonio Morais.

 "Nunca se iluda, gente ruim não muda. Você espera que a pessoa amadureça e ela vai lá e apodrece.

Muitos irão gostar de você apenas enquanto puderem te usar, a lealdade termina quando os benefícios acabam. A ingratidão é o preço do favor não merecido.

Nada que eu posto é pessoal, muito menos direcionado a alguém. São simples mensagens, frases, imagens, piadas e brincadeiras, para fazer rir e passar o tempo.

Há tanta falsidade que a vida nos faz acreditar que caminhar sozinho nem sempre é o mal maior".

terça-feira, 7 de maio de 2024

Jesus é Deus? - Postagem do Antonio Morais.

Você já encontrou uma pessoa que é o centro das atenções onde quer que vá? Alguma característica misteriosa e indefinível o distingue de todas as outras pessoas. Pois foi isso que aconteceu dois mil anos atrás com Jesus Cristo. 

Porém não foi simplesmente a personalidade de Jesus que cativou aqueles que o ouviam. Aqueles que puderem ouvir suas palavras e observar sua vida nos dizem que existia algo em Jesus de Nazaré que era diferente de todas as outras pessoas.

A única credencial de Jesus era ele mesmo. Ele nunca escreveu um livro, comandou um exército, ocupou um cargo político ou teve uma propriedade. Normalmente ele viajava se afastando somente alguns quilômetros do seu vilarejo, atraindo multidões impressionadas com suas palavras provocativas e seus feitos impressionantes.

Ainda assim, a magnitude de Jesus era óbvia para todos aqueles que o viram e ouviram. E enquanto a maioria das grandes personalidades históricas desaparece nos livros, Jesus ainda é o foco de milhares de livros e controvérsias sem paralelos na mídia. 

Grande parte dessas controvérsias envolvem as afirmações radicais que Jesus fez sobre si mesmo, afirmações que espantaram tanto seus seguidores quanto seus adversários.

Foram principalmente as afirmações únicas de Jesus que fizeram com que ele fosse considerado uma ameaça pelas autoridades romanas e pela hierarquia judaica. Embora fosse um estranho sem credenciais ou força política, em apenas três anos Jesus foi capaz de mudar a história dos mais de 20 séculos seguintes. 

Outros líderes morais e religiosos influenciaram a história, mas não como o filho de um carpinteiro desconhecido de Nazaré.

Qual era a diferença de Jesus Cristo? Ele era apenas um homem de grande valor ou era algo mais?

Essas perguntas nos levam ao cerne do que Jesus realmente era. Alguns acreditam que ele era simplesmente um grande professor de moral, já outros pensam que ele foi simplesmente o líder da maior religião do mundo. 

Porém muitos acreditam em algo muito maior. Os cristãos acreditam que Deus nos visitou em forma humana, e acreditam que há evidências que provam isso.

Após analisar com cuidado a vida e as palavras de Jesus, C.S. Lewis, antigo cético e professor de Cambridge, chegou a uma espantosa conclusão, que alterou o rumo de sua vida. Então quem é Jesus de verdade? 

Muitos dirão que Jesus foi um grande professor de moral. Ao analisarmos mais cuidadosamente a história do homem que causa mais controvérsias em todo o mundo, primeiramente devemos perguntar: será que Jesus foi simplesmente um grande professor de moral?

E AÍ? - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Não foi nada disso que nos prometeram. E olha que ainda estamos lúcidos e nítidos.

O tempo vai passando e as pessoas não se emendam.

Onde já se viu saborear derrotas e crises e turbinar maus resultados?

Procuramos a racionalidade e damos de cara com um manicômio existencial.

Ligados no modo amnésia, nesse absurdo que chamamos de realidade.

O que acompanhamos é a descartabilidade das coisas e dos nossos semelhantes.

Das bobagens ditas e ouvidas, estamos cansados.

Quem que não está de bronca? Claro, que os mesmos beneficiários do desespero alheio.

Otimismo é falta de informação.

E aí? Tudo deve ser atribuído à antiga UDN ou o mais importante é saber que a capital de Honduras é Tegucigalpa?

Que as autoridades competentes organizem esse caos, que eu preciso dormir tranquilo.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

José de Paula Bantim, o pregoeiro - Por Antonio Morais.

Monsenhor Rubens Gondim Lóssio.

Década de 70 do século passado. Festa de Nossa Senhora da Penha. Noite dos bancários. Muita animação e um leilão concorrido sob a observação de Monssenhor Rubens Gondim Lossio. 

Um arrematava uma prenda e oferecia ao outro. Antônio Luiz Barbosa Filho arrematou uma galinha cheia e ofereceu ao colega Lázaro Fontinele.

O pregoeiro José de Paula Bantim, com o microfone em punho  gritou em alta voz:

Levanta Lázaro, caminha, 

Vem buscar tua galinha.

Foi uma algazarra só do publico presente. Até Monsenhor Rubens que era  bastante serio caiu na risada. 

A CASA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.



Uma casa na praia era tudo que eu queria na vida. Com uma planta na mão, junto a alguns pedreiros amigos, construi uma no Icaraí.
Não era na beira da praia, como desejava, mas tinha até piscina.  
Ah, mas como serviu.
Lugar de ajuntamento de gente da família e de amigos para muitas festas regadas a cerveja e muito churrasco.
Lotação, às vezes completa, nos finais de semana.
Necessidade imperiosa me fez vendê-la.
13 anos depois, volto à casa que me pertenceu, para um chá de bebê de uma afilhada.
A princípio, um choque. O novo proprietário pôs abaixo um cajueiro e um frondoso pé de ingazeiras que ornavam o lugar.
Com pequenas alterações, a casa estava intacta, como no tempo das felizes celebrações.
Nostálgico, sou tomado por lembranças e, logo depois,  recordo um texto do escritor Rubem Alves sobre lugares:
"Se você amou muito um lugar, não faça a besteira de visitá-lo. Você não encontrará o seu tempo. Esse lugar não mais lhe pertence".
Ou ainda a poesia do compositor português Rui Veloso, em "Regras da Sensatez":
"Nunca voltes ao lugar onde fostes feliz. Por mais que o coração diga, não faças o que ele diz. Só encontrarás erva rasa por entre as lajes do chão".
Batidas no coração

domingo, 5 de maio de 2024

70 anos da Escola José Correia Lima - Postagem do Antonio Morais.

É com muita honra e orgulho que faço essa postagem memorável sobre a Escola José Correia Lima, situada à rua Luiz Afonso Diniz em Várzea-Alegre. Recebi  da nobre professora Isabel Eliane a relação das diretoras desde sua fundação em 1958 até 2010. 

As cinco primeiras são falecidas e ilustram a postagem com suas fotografias. Postagem dedicada a todo aquele que, um dia, ocupou  os seus bancos escolares e  somou conhecimentos para vida.


1948 -1950 - Maria Ivone Alencar Lacerda Moreno


1950 -1953 - Maria Afonsina  Diniz Macêdo


1953 -1955 - Waldira (Marta) Correia Alcântara Silveira


1955 -1981 - Maria Dolores Menezes de Carvalho


1981 - Leonarda Bezerra do Vale (Dadá Piau)

1982 -1986 - Ana Ferreira Rolim (Dona Aniete)

1987 -1989 - Maria Aurinete de Freitas

1990 -2000 - Antônia Félix da Silva

2001 -2004  - Francisco Bastos Gomes (Ossian)

2004 -2008 - Tereza Régia de Carvalho Costa

2008 -2010 - Raimundo Alves Cândido

2010 - Carlos André Bezerra Marques

De primo para primo, uma crônica memorável - Postagem do Antonio Morais.

Jorge Siebra. 

O nosso carro ia rasgando o coração da noite na estrada sinuosa de Crato a Várzea Alegre.

O terreno, sempre acidentado, era atingido, em morros e recôncavos, pelo branco pincel da lua que, furando as nuvens, desenhava, na mata, labirintos de sombra e de luz.

Apenas quebrava o silêncio o estralejar da piçarra sacudida pelas rodas do automóvel.

O passar veloz das árvores e a fita branca da estrada a sumir-se, em nossa frente, na multiplicidade das suas curvas, traziam-me a mente a ideia da vida em seus três tempos, presente, passado e futuro.

O passado então dominou-me completamente, afogando-me num mergulho profundo.

E, entre os fatos de cada dia e de todos os instantes, eu vi, bem coloridos, os da existência daquele que, em tal momento, nos atraía, não para o convívio amigo de outrora, mas para um encontro cheio de pranto.

Eu via aquele Jorge Siebra da minha infância, cercado da garotada, nos prateados terreiros da Malhada, em noites de lua cheia, a todos divertindo com as suas palestras plenas de graça e de emoções.

O seu entusiasmo era contagiante, viva e ardente a sua imaginação, boa e jovial a sua alma, abnegado e desprendido o seu coração.

Esperava-se a sua chegada com ansiedade. A sua presença era estimada, a sua partida assistida com tristeza e a sua ausência era sentida com saudade.

Eu via aquele Jorge Siebra diariamente, na sala de sua farmácia, atendendo dezenas de matutos, recebendo-os com palavras de convívio e de conforto.

Eu via-o montado em sua burra carda, vencendo as distâncias, atravessando os tabuleiros, galgando íngremes ladeiras, sofrendo fome e sede, para salvar a vida dos desamparados, para curar os meninos desvalidos, para consolar os necessitados.

Eu via-o dominando as trevas e os caminhos da serra para ajudar a vir à luz as criancinhas, onde não podia chegar o médico nem a mão abençoada da parteira.

Eu via-o arrancando do bolso muitas vezes seus últimos tostões, ganhos com suor e sacrifício, para fazer caridade.

Eu via-o cercado de pobreza, sua maior amiga, em toda aquela zona sertaneja, a todos fazendo benefício.

Eu via-o enfrentando a sanha dos seus inimigos, indomável e intrépido, desafiando a fúria dos seus perseguidores, galopando sozinho por sombrios e perigosos caminhos.

Eu via-o indomável pelo sofrimento, sempre o mesmo homem, em todos os lugares e em todos os dias, amante dos pobres e bom pai de família.

E perdido nestas divagações, vejo ao longe uma luz que anuncia a nossa aproximação de Várzea Alegre.

A noite já ia na segunda metade e a cidade toda dormia.

Apenas aquela casa estava aberta e quatro velas bruxuleantes mostram estendido ali na sala, imóvel e sem vida, o corpo de Jorge Siebra.

Aquele bom amigo estava sem a sua vivacidade.

As feridas dos presentes se reabriram e os soluços e as lágrimas se multiplicaram.

Fitando-o senti que se havia feito um grande vazio no sertão e que tamanha dor brotara na pobreza daquela região.

Quantos casos resolveu com os seus poucos conhecimentos e quantas vidas salvou.

Como não teria sido muito mais avantajada a soma de benefícios se tivesse podido fazer o curso de medicina.

Infelizmente aqueles que tem verdadeira vocação para medicina são quase todos pobres e sempre gente dos sertões.

Jorge foi um dos muitos sacrificados que surgem por este Brasil afora, abnegados, inteligentes e perscrutadores, que, como médicos, muito fariam pelo povo, mas que vivem e morrem sem estudo somente porque os nossos governos jamais facilitaram meios aos filhos dos sertões.

Apesar de tudo, foi o médico da região, sempre procurado, sempre estimado, sempre respeitado.

A sua vida está gravada no coração do matuto e a sua imagem ficou entronizada na alma de todo sertanejo daquela região, num rico pedestal de reconhecimento e de saudade.

O seu nome será sempre pronunciado onde houver um casebre ou uma casa grande, naquela zona.

Assisti ao seu sepultamento em meio de grande povo e, logo depois, despedindo-me dos seus filhos e das suas irmãs ainda em pranto, voltei pensando no quanto pode a medicina quando em mãos de um homem de boa vontade, que sacrifica até a sua vida pela saúde do povo, no quanto pode realizar um médico, verdadeiro sacerdote de tão nobre e bela profissão.

Olhando para trás, Várzea Alegre havia desaparecido na volta do caminho e eu segui trazendo a saudade daquele que tantas vezes alegrou os dias da minha infância.

Crato-CE, março de 1955

José Siebra. 

sábado, 4 de maio de 2024

O varzealegrense - Postagem do Antônio Morais.

Foto do Dihelson Mendonça - Várzeas e arrozais do Machado.

O varzealegrense não é, na verdade, como o japonês: Feito na mesma forma! Seu tipo étnico, no entanto, em nada difere do clássico padrão nordestino. Por que seria diferente, mesmo sendo cabra da peste?

Moreno claro, pelo sol e pelo clima que o queimam, com um percentual ínfimo de negros. Fisionomia serena e simpática, sem refletir dramas ou amarguras. Olhos castanhos claros, dentes bem implantados - já agora, melhor cuidados. O cabelo é liso castanho.... pixaim é difícil encontrar, mesmo para remédio. Goza de boa saúde, o que lhe dá força e disposição nos trabalhos. Tem a mania de pensar que a Agua do Machado lhe traz cardiopatias... Apesar disto - ou por isto - tem, existência bem ampla, sendo comum, muito comum, mesmo, viver até morrer.

Das suas caracteristicas mais fortes, sem ser bairrismo de babar, permito-me referir a inteligencia. É de chamar a atenção. Posso garantir que é dos mais elevados o seu Q.I, pode ser analfabeto de pai e mãe, Como Zefelipe - mas a inteligencia implode. Aprende tudo, facilmente, e, com perfeição, tudo é capaz de fazer. Até, o que não presta. Não sei se, dos cearenses, foi o varzealegrense que de um bode tirou dois couros; mas, sei que ele é capaz disto e... mais do que isto.

Meu amigo e colega - Dr. João Suassuna Filho - dos mais afamados oto-rino-laringologista que conheço, homem lido e corrido pelos quatro cantos do mundo, me disse, certa vez: Entre cem brasileiros, espalhados no mundo, um, pelo menos, é de Várzea-Alegre. Resumindo, um informe que, talvez, a ninguém surpreenda: Ainda não produzimos, em Várzea-Alegre, bebês de proveta. Os métodos de confecção continuam os conhecidos e clássicos, o que, afinal de contas, não parece causar mal estar ou desgosto, entre os fabricantes.
Dr. José Correia Ferreira.

Sinceridade matuta - Por Coronel José Ronald Brito.


Açude Thomáz Osterne de Alencar - O Umari.

Na localidade do Umari,  perto da Catingueira, entre Ponta da Serra e Boqueirão, em Crato - Ceará, moravam duas descendências muito unidas, amizade essa já selada por um compadrio.

Numa delas existia um menino muito ativo, que as noticias de suas traquinagens já ultrapassavam os limites  do lugarejo.

Certo dia, a comadre querendo ajudar a mãe do diligente, advertindo-a, mais sem querer melindrá-la,

Saiu-se com esta : Comadre, esse seu menino é tão agoniado que não vai servir nem para ser doido!

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Não adianta - Roberto Carlos.

Grande sucesso de 1969. Melodia e letra bonitas. Vale a pena ouvir:

A Centelha -- por J.Flávio Vieira


     Um dia, ouvindo uma saudação minha a um ex-professor, ela confidenciou a amigos que gostaria que fosse  eu o escolhido par saudá-la em alguma solenidade. Achou, em meio a minhas palavras laicas, mas banhadas de poesia, que havia alguma coisa de sagrado nelas, afinal a poesia é sempre  um tipo de  prece, de oração .
O tempo passou, encontramo-nos tantas e tantas vezes, pelas ruelas da vida e, infelizmente, o momento da saudação nunca chegou.
Hoje, ela partiu e as palavras já não ressoam e já não parecem ter força ou sentido.

       A rigor, diante de uma vida tão longa e pródiga, nem deveríamos ter motivos para blues e tristezas, mas para celebração pela dádiva de uma existência tão fulgurante. Nossa madre foi uma criatura ímpar. Profundamente espiritualizada,  dirigiu os destinos de muitas gerações de caririenses, sem ranço, com profunda compreensão dos conflitos de idade, usando sempre o amor como mola mestra do educar.

      Soube acompanhar os tempos e suas mudanças,  vezes cataclísmicas e estonteantes, sem estardalhaço, com os pés fincados sempre no chão da sua religiosidade, mas com os olhos fitos no futuro.  Lembro que convidado para fazer uma palestra no seu colégio, sobre Gravidez na Adolescência, alguns professores preocuparam-se sobre a necessidade de apresentar imagens anatômicas e meios anticonceptivos, temendo mexer com sua susceptibilidade.

         Madre Feitosa assistiu a toda a apresentação com uma tranquilidade monástica, em nenhum instante demonstrou qualquer excessivo pudor ou mostrou-se incomodada  com as fotografias e as imagens projetadas. Sabia que, no fundo, o amoral reside na alma das pessoas e nas suas disformes relações com o mundo e não em frágeis palavras ou meras ilustrações.

           Sempre imaginei que a possibilidade de melhorarmos o planeta depende do nosso esforço em ampliar o sentido de família. Quando o homem conseguir entender que somos parte de uma imensa parentela, muito além do simples clã sanguíneo, e que nossa casa chama-se Terra, que somos todos irmãos, independentemente de cor, de raça, de reino, de religião, de condição social, a sobrevivência sustentável do planeta estará assegurada. Nossa Madre  não teve filhos biológicos, mas tornou-se uma invejável matrona bíblica, pelo simples fato de adotar  milhares de alunos como rebentos seus.

         Cuidou-os e orientou-os utilizando o mais poderoso instrumento pedagógico: a compreensão substituindo a punição; o diálogo aberto ao invés do autoritarismo; a força do exemplo  antepondo-se ao vazio das palavras. Não bastasse isso, nossa Madre Feitosa fez-se o esteio espiritual de muitos pais e amigos, orientando vidas, mostrando caminhos, confortando e amparando pessoas nas fases mais tenebrosas de suas trajetórias. Próximo dela tínhamos a certeza de que sua espiritualidade fluía das regiões mais abissais da sua alma. Não era um simples verniz, um mero adereço. Era uma pessoa de muitas certezas e poucas dúvidas.  A autoridade saltava do seu sorriso, das suas palavras doces, pausadas e medidas. E foi, certamente, esta centelha interior  que a manteve lépida, atuante, vívida por quase um século.

          Queria ter dito todas estas palavras antes da solenidade final a que todos um dia estaremos sujeitos. Mas teimo em encontrar no meio do desapontamento da perda, motivos de celebração e de regozijo. Turva-me a tristeza da impermanência, mas louvo e congratulo-me com vida por nos ter privilegiado por tanto tempo com sua presença. Destituídos da couraça material, sobrevivemos nas obras que edificamos.

        Alguns esculpem na lâmina das águas, poucos na dureza magmática das rochas. Madre Feitosa burilou almas, lavrou na seara do espírito. Seu sorriso e seu doce continuarão vivos , fulgurantes em todos aqueles que um dia dela se acercaram. A luz com que ela iluminou nossos caminhos era um mero reflexo da centelha do divino que dela se irradiava.

Crato, 28/12/2019

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Escola José Correia Lima, V.Alegre - Por Antônio Morais.

Considerada uma das pioneiras da educação no município a escola de ensino fundamental e médio José Correia Lima, comemora neste 30 de Novembro de 2024, os seus 77 anos de fundação. 

Foi no dia 30 de novembro de 1947, que a instituição passou a militar em Várzea Alegre e contribuir na vida estudantil de muitos varzealegrenses e na de outros filhos de municípios circunvizinhos.

Composta atualmente por cerca de 60 colaboradores, incluindo professores, auxiliar de serviços gerais, suporte pedagógico e servidores do setor administrativo, a escola abriga 780 alunos distribuídos nos três turnos, manhã, tarde e noite.

Escola José Correia Lima, situada à Rua Luiz Afonso Diniz em Várzea-Alegre. Obtida dos arquivos do Blog do Antonio Morais, trago a relação das diretoras desde sua fundação em 1947 até 2018.

1948 -1950 - Maria Ivone Alencar Lacerda Moreno

1950 -1953 - Maria Afonsina Diniz Macêdo

1953 -1955 - Waldira (Marta) Correia Alcântara Silveira

1955 -1981 - Maria Dolores Menezes de Carvalho

1981 - Leonarda Bezerra do Vale (Dadá Piau)

1982 -1986 - Ana Ferreira Rolim (Dona Aniete)

1987 -1989 - Maria Aurinete de Freitas

1990 -2000 - Antônia Félix da Silva

2001 -2004 - Francisco Bastos Gomes (Ossian)

2004 -2008 - Tereza Régia de Carvalho Costa

2008 -2010 - Raimundo Alves Cândido

2010 -2018 - Carlos André Bezerra Marques

2018 - Anderson Oliveira

Coronel José Correia Lima, terceiro filho de Clara Alves Bezerra, neto do Major Joaquim Alves. Em sua época era considerado por todos como o mais rico de Várzea-Alegre. Proprietário, exportador e pecuarista, foi um dos que muito contribuíram para o desenvolvimento de Várzea-Alegre. 

Um autêntico líder político, trabalhou durante toda sua vida, defendendo a causa dos seus parentes e correligionários, tendo sido, inclusive, o primeiro prefeito de Várzea-Alegre. 

Croniqueta - Por Antônio Morais.

Caminhava com o meu pai quando de repente ele  me perguntou : Além do cantar dos pássaros você está ouvindo mais alguma  coisa?

Sim. Estou ouvindo o barulho de uma carroça. Isso mesmo disse-me meu pai, é uma carroça vazia.

Vazia? 

Perguntei ao meu pai: Como sabe que a carroça está vazia se ainda não a vimos?

É muito facil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que ela faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando, no sentido de intimidar e tratando o próximo  com grossura, tenho a impreção de ouvir a voz do meu  pai, dizendo: "Quanto mais vazia a carroça mais barulho ela faz". 

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Croniqueta - Postagem do Antônio Morais.


MEU SENHOR.

"Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos débeis. Se me dás fortuna, não me tires a razão. Se me dás êxito, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade.

Ajuda-me a ver sempre a outra face da medalha, não me deixe culpar de traição a outrem por não pensar como eu. Ensina-me aos outros como a mim mesmo. Não me deixas cair no orgulho se triunfo, nem no desespero se fracasso. Mas antes recorda-me que o fracasso é a experiência que precede o triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza.

Se me tiras o êxito, deixe-me forças para aprender com o fracasso. Se eu ofender a alguém, dá-me energia para pedir desculpa, se alguém me ofender dá-me energia para perdoar".
Senhor... Se eu me esquecer de ti, nunca ti esqueças de mim.

Mahatma Gandhi

Uma preciosidade - Por Antônio Morais.

Dublê de santo -  Por Dr. José Flávio Pinheiro Vieira.

Não, definitivamente aquilo não poderia estar acontecendo! Era caié grande demais para uma paróquia só. Logo no dia da famosa procissão de São Lázaro, quando toda Matozinho se emperiquitava para acompanhar o santo milagroso, como diabos aquilo pode ocorrer? Padre Zeferino, desolado, ruminava tudo isto com os botões da sua puída batina, enquanto contemplava os fragmentos de gesso espalhados pelo chão da sacristia. 

O relojão de badalo marcava já três da tarde e a procissão deveria sair aí por volta das cinco, percorrendo todas as ruas da cidade, com grande acompanhamento, mantendo a tradição dos últimos trinta anos. Santa Genoveva adorava-se como padroeira, mas os matozenses tinham uma profunda veneração por São Lázaro. 

A razão encontrava-se na história não oficial da cidade. Aí pelos idos dos anos 20, a vila viu-se assaltada pela lepra e os casos, pouco a pouco, se foram avolumando, adquirindo ares de epidemia. Os pacientes mais graves iam, naturalmente, se isolando na Serra da Jurumenha, aguardando, resignadamente, entre companheiros de infortúnio, o fim inexorável e terrível. 

O local do leprosário ficou conhecido como “Serrinha do Pitoco”, uma referência popular a tantos e tantos mutilados. Nem médico, nem padre, nem sacristão tinha coragem de andar no “Pitoco”, só lá pisava quem sofria do mesmo mal. Contam os mais velhos que um belo dia por lá chegou um beato da barbona com uma imagem de São Lázaro e passou a viver e rezar com os lazarentos. Em pouco, a peste estava sanada , os casos foram desaparecendo e a “Serrinha do Pitoco” passou a ser apenas mais um acidente geográfico de Matozinho. A vila entendeu aquilo como um milagre e passou a ter São Lázaro como santo de devoção mais arraigada naqueles sertões.

Imaginem, pois, a sinuca de bico em que estava metido Padre Zeferino. Minutos atrás, o vigário pedira a “Meia Sola” para retirar São Lázaro do seu altar, limpando-o e preparando-o para a solenidade . De repente, a imagem escapuliu das mãos do coroinha e espatifou-se no chão. O que sobrara fora justamente aquilo: caco para tudo que é lado! E agora? Que fazer? Impossível cancelar a procissão quando todo o povo, piedosamente, se espremia na praça e na igreja, a banda de música já ensaiara seus primeiros dobrados e a sacristia já estava repleta de ex-votos. 

Como explicar uma tragédia daquelas ao povo? Corriam o risco de linchamento. “Meia Sola”, consciência pesada, pensou rápido e propôs uma saída. Existia um rato de Igreja ali chamado Valadão, um velho baixo, sanguíneo, careca, magricela e que poderia muito bem , posto no andor e devidamente fantasiado, fazer as vezes do milagroso S. Lázaro. O velho, com estas características físicas, tinha um apelido que o tirava do sério e que já o tinha metido em inúmeras emboanças : “Piroca” .

Zeferino achou esquisito, mas não havia tempo e não conseguiu pensar numa saída melhor. Rápido trouxeram Valadão e o explicaram a sua importante missão. Ninguém sabia, mas a imagem se quebrara e ele havia sido escolhido para desempenhar o santo papel de Lázaro na procissão daquele ano. Quem sabe não havia sido um desígnio dos céus? 

O homem, beato de carteirinha, não podia declinar de tamanha honraria. Pediram que tirasse a roupa, lhe cobriram apenas com uma manta transversal avermelhada improvisada de uma velha colcha de chenile. Com um pincel atômico lhe colocaram várias chagas por todo o corpo. Pediram ainda que ele trouxesse seu cachorro velho pé-duro apelidado de Cruvina. Estava tudo pronto: ator, cenário, figurino.

Zeferino, então, paramentou-se e resolveu celebrar uma missa com o fito de deixar a procissão para um pouco mais tarde, após o entardecer, utilizando, assim, os recursos da iluminação, usando assim cinematográficos efeitos especiais. Acomodaram Valadão no andor, tendo ao lado Cruvina e iniciaram a procissão. Nosso ator fez-se uma espécie de estátua de cera e não piscava o olho. Até Cruvina parecia entender perfeitamente o seu papel. O vigário respirou fundo, as coisas se iam desenvolvendo conforme o esperado. 

O primeiro atropelo, no entanto, aconteceu nas proximidades da “Botica de Janjão”. Juvenal Fogueteiro lá estava com duas dúzias de fogos e uma tição aceso, pronto a pagar promessa que fizera ao santo milagroso da sua devoção. Quando o primeiro foguete risco nos ares, Cruvina de cá já assuntou e esperneou. Valadão sem mexer um músculo, tentou segurá-lo, mas quando a bomba pipocou nas beiradas da orelha de Cruvina, este fez finca pé e saiu miúdo, rua abaixo, juntando perna e cabeça. 

O andor pendeu prum lado e pro outro e nosso santo, tentando se equilibrar, abriu o compasso das pernas . Umas velhinhas que vinham logo embaixo, olharam para cima e viram uma santa brecha, por entre a santa manta do santo. A velha Vitalina então, agoniada, sussurrou para as outras :

Oxente, Vije Santa! E santo tem piroca , meu senhor?

Quando ouviu aquilo que parecia ser a palavra mágica, o abre-te-sésamo do desaforo, Valadão não resistiu e imprecou: Piroca o quê, rapariga velha sem vergonha! Piroca é a puta que pariu!

Diante da santa baixaria, os carregadores derrubaram São Lázaro de cima do andor que caiu de mal jeito, com a focinheira no meio fio . Lá ficou grogue, meio inconsciente. 

Jojó Fubuia que vinha no séquito em seu estado normal de embriagues, aproximou-se do santo e com a voz engrolada, levantou o braço, como um Moisés em frente ao mar morto e gritou a todos pulmões: Lázaro, seu bunda mole lazarento, levanta-te e anda!