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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 6 de maio de 2024

A CASA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.



Uma casa na praia era tudo que eu queria na vida. Com uma planta na mão, junto a alguns pedreiros amigos, construi uma no Icaraí.
Não era na beira da praia, como desejava, mas tinha até piscina.  
Ah, mas como serviu.
Lugar de ajuntamento de gente da família e de amigos para muitas festas regadas a cerveja e muito churrasco.
Lotação, às vezes completa, nos finais de semana.
Necessidade imperiosa me fez vendê-la.
13 anos depois, volto à casa que me pertenceu, para um chá de bebê de uma afilhada.
A princípio, um choque. O novo proprietário pôs abaixo um cajueiro e um frondoso pé de ingazeiras que ornavam o lugar.
Com pequenas alterações, a casa estava intacta, como no tempo das felizes celebrações.
Nostálgico, sou tomado por lembranças e, logo depois,  recordo um texto do escritor Rubem Alves sobre lugares:
"Se você amou muito um lugar, não faça a besteira de visitá-lo. Você não encontrará o seu tempo. Esse lugar não mais lhe pertence".
Ou ainda a poesia do compositor português Rui Veloso, em "Regras da Sensatez":
"Nunca voltes ao lugar onde fostes feliz. Por mais que o coração diga, não faças o que ele diz. Só encontrarás erva rasa por entre as lajes do chão".
Batidas no coração

2 comentários:

  1. Ah amigo Wilton. Nossas histórias são assemelhadas. Cada uma do seu jeito. A minha seria a "Fazenda". Muitos moradores, em torno de 12, meninos não se contavam, imagine o tanto de problemas. A melhor coisa que existia era o final de semana. Reunia a turma na alpendrada da casa e tome arizia. Foi lá que desaprendi o pouco do português que aprendi com o professor Vieirinha. Assimilei os prumode, modiquê da turma. Mandava matar uma criação, preparava o espinhaço, fussura, sarapatel, buchada, cuscus, farofa e servia a todos. No almoço colocavam as panelas numa mesa enorme de pau darco. Era minha vida. Nas férias mandava deixa a esposa e os filhos na praia e ia para fazenda. Um dia não deu mais. Vendi de porteira fechada. Nunca mais fui lá nem irei. Que a saudade me maltrate, mas eu não vou acender as brasas.

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