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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 11 de julho de 2025

COBRA PARA NOS PICAR - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

O futebol brasileiro vende o artista e não o espetáculo. Tenho repetido isso.

Não somos capazes de exportar os nossos clubes. E não se diga que não há consumidores.

É certo: somos conhecidos e respeitados por causa da seleção brasileira. Além disso, o pé de obra que produzimos é de boa qualidade.

Agora, no Mundial de Clubes, o Fluminense ia bem na competição até chegar à semifinal contra o Chelsea.

Vai que aparece um centroavante brasileiro chamado João Pedro, para fulminá-lo com dois gols.

Nem todos sabiam se tratar de uma cria do próprio tricolor das laranjeiras. Bem melhor seria tê-lo do lado brasileiro.

É exatamente esse o ponto que nos coloca numa posição secundária diante do futebol europeu.

Nos falta o vil metal (só é vil quando falta) para sustentar no Brasil os craques revelados.

Enquanto isso, ficamos nas discussões estéreis sobre onde se pratica o melhor futebol do Mundo no momento. 

Eu digo que é num vetusto continente.

Debalde, quase debalde. - Por Antônio Morais.

 


"A criancinha que ia de banco em banco, estendendo a mãozinha e recebendo acenos negativos de não. Ela queria desejar paz a cada fiel e não estava pedindo esmola.

Enquanto estudei e vivi entre vocês, sempre, sempre estendia a mão, desatava a minha voz, dizia verdades para agrado de uns e desprazeres de outros.

Como a criancinha, a minha mão aberta era um pedido de esmola, minha voz ativa era uma blasfêmia. O silêncio era a indignação.

No silêncio de uma igreja era confundida a intensão da pequenina, mas no meio universitário estava tudo claro quando eu falava. 

Debalde. Quase debalde.

Sim, porque eu tenho certeza que muitos entenderam minhas palavras, minhas mensagens".

Os Macedos - Postagem do Antônio Morais.

Melito Sampaio Alencar e seus irmãos, Brigadeiro José Sampaio Macedo e Dr.Otacílio Macedo são responsáveis pelas melhores estórias do Crato.

Todos muito inteligentes, dotados de um humor irônico, sarcástico.O Melito contava suas piadas ou fazia suas presepadas extremamente sério. Não ria de forma nenhuma. Só interiormente!

Costumava fazer ponto na Praça Siqueira Campos pela manhã. Era produtor, dono de engenho.O Brigadeiro era reformado da Aeronáutica, tendo sido o primeiro comandante da Base Aérea de Fortaleza. Participou da Revolução de 32, como legalista, combatendo as forças paulistas com ataques aéreos.  

Em 1934 comandou uma tropa de 54 homens que tentou prender o famoso Lampião.

Chegou a travar tiroteio, sendo atingido no tornozelo, deixando-o com uma seqüela. Lembro-me, bem menino, tê-lo visto fazendo rasantes no Crato, dando “loops” e “parafusos”. Voava quase na vertical, parava o motor e o avião vinha caindo em parafuso. Era a chamada “folha seca”. 

Tudo isso em teco-teco! Aliás, o primeiro pouso de avião no Crato foi na década de trinta, pilotado pelo Brigadeiro.O avião ainda estava taxiando, quando populares correram para junto do avião.

Um deles, parente do Brigadeiro, foi degolado pelo avião. Outra façanha do Brigadeiro foi estabelecer as bases para a implantação do Correio Aéreo Nacional, juntamente com o Marechal Casimiro Montenegro Filho. 

Enquanto o, então, tenente Montenegro vinha estabelecendo as bases do sul para o Ceará, o Brigadeiro fazia o percurso contrário. Também era produtor, no Crato, dono de engenho.

O Dr. Otacílio foto era médico, excelente orador e jogador profissional de baralho. Mas a sua grande vocação mesmo era o jornalismo. Patrono da cadeira nº 13 do Instituto Cultural do Cariri. Ficou famosa a entrevista que ele conseguiu com o Lampião, quando esteve em Juazeiro do Norte. Foi a melhor entrevista concedida pelo famoso cangaceiro. Os irmãos Macedo tinham mesmo uma tendência a envolver-se com o Lampião...

Brigadeiro e Melito.

O interessante é que não se falavam entre si, mas não deixavam de participar das conversas, na praça. Com um detalhe: para se dirigirem um ao outro, precisavam de um “intérprete”. Caso o Brigadeiro quisesse dizer alguma coisa para o Melito, falava para o “intérprete”. 

Este repetia tudo, mesmo estando a uma distância de menos de meio metro um do outro. Em seguida o Melito respondia, e o “intérprete” repassava para o Brigadeiro. O Luís conviveu muito de perto com todos eles. Recorda-se com muito carinho das estórias dos Macedo.

O Brigadeiro José Macedo fez muita história no Crato. Era uma figura polêmica e não fazia questão de contemporizar. Não gostava nem um pouco do Padre Cícero. Por isso diziam que ele havia bombardeado o acampamento do Caldeirão, do Beato José Lourenço, apadrinhado do Padre Cícero.

Fonte: http://sonocrato.blogspot.com/

quarta-feira, 9 de julho de 2025

VOTORAN, FUTEBOL DE SALÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Primeira formação do Votoran do Crato, no início dos anos 1960. 

Em pé, da esquerda para direita:  Jurandir, Sílvio e Zé Vicente. Agachados: Vasco e Roberto. 

Quadra do Crato Tênis Clube. 

Evoluindo, o Votoran tornou-se um dos maiores times do futebol de salão do interior, ganhando jogadores de gabarito como Gilton (goleiro espetacular), Paulo César, Bosco e Gledson.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Felizes os discretos - Por Antonio Morais

Felizes os discretos.

Suas alegrias não precisam de plateia, seus erros são corrigidos sem espetáculos e os seus sonhos se realizam numa intimidade celebrada pelos mais chegados.

Uma vida assim não dá ibope, mas dá certo.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Trecho do livro de Pedro Tenente editado em 1933 - Passado no Presente - Postagem do Antonio Morais.

Antes de tudo o autor desse pequeno opúsculo, sente a necessidade irresistível de confessar seja: ”Chamam-no de Pedro Tenente, porém o seu verdadeiro nome com todos os ff e rr é Pedro Gonçalves de Morais contando atualmente 64 anos de idade, pois nascera aos 14 dias do mês de Março de 1869, é casado, agricultor, e analfabeto, porém provém de uma linguagem boa e os seu pais foram ricaços, mas a seca de 1877 a 1879, levou de águas abaixo tudo de bens e haveres que possuíam.

”Voltando ao passado com o livro, Passado e Presente do autor Pedro Tenente, editado em 1933 editora Ramos e Pouchain - Fortaleza – Ceará”.

Pedro Gonçalves de Morais, o Pedro Tenente, assim conhecido por ser filho do Tenente Antônio Gonçalves de Oliveira e Maria da Gloria de Morais, proprietários da fazenda onde hoje fica um dos bairros mais populosos de Várzea-Alegre – Alto do Tenente.

Poucos conterrâneos sabem e conhecem a razão do nome Alto do Tenente. Pedro Tenente deve ter sido o primeiro autor varzealegrense a editar um livro sobre nossa cultura, nossa historia e nossa genealogia - datado de 1933. Portanto há 92 anos.

domingo, 6 de julho de 2025

*PIOR PARA O FATOS* - Por Wilton Bezerra. comentarista generalista.

 


Digo que o futebol não gosta de profeta, com a pose de quem conhece a praia que frequenta.

No Mundial de Clubes que rola nos EUA, os fatos conspiraram contra o Fluminense.

Figurava o tricolor de Humberto Mendonça na lanterninha dos clubes brasileiros da competição.

E o que se viu, meus amigos? O tricolor contrariou todos os fatos e está nas semifinais do Mundial.

Se vivo fosse, Nelson Rodrigues diria: "Se os fatos estiveram contra o Fluminense, pior para os fatos".

O grande frasista, nosso Freud nos tempos passados, talvez, ainda arrematasse: "O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade. Tudo pode passar, só o tricolor não passará, jamais".

Vila de Ipueira - Parte final - Postado por Antônio Morais


Todos em armas - conta Dezinho Xavier - aguardando o primeiro tiro. De inicio tive a impressão de ser tropa do governo. Foi aí que perguntei: Quem vem lá? É a policia? A resposta foi um tiro dado por Tempero que vinha a frente do grupo. Sem perda de tempo respondi ao tiro, atingindo em cheio a altura de uma das orelhas de Tempero. Foi tiro e queda. Tempero caiu ali mesmo sem vida.

Lampião e seus cabras iniciaram um grande tiroteio, agora com mais rancor em vista da morte de um dos integrantes do grupo. Foram duas horas de fogo. Verdadeira guerra travada entre o meu povo e os cabras de Lampião.

No final do fogo, quando Lampião, reconhecendo a impossibilidade de enfrentar a superioridade numérica dos Xavier e por ser do seu habito recuar nestes casos, deu no pé, após algumas escaramuças de tigre contrariado nos seus impulsos e vontade.

Vila Ipueira - Parte II - Postado por Antônio Morais


Mesmo sem causar muitas desordens, a presença do grupo não foi muito simpática ao Cel. Pedro Xavier, apesar de Lampião considera-lo amigo e respeita-lo nos seus pagos.

Homem serio, decidido, cuja mentalidade formada na velha tempera de homem do sertão, avesso ao desrespeito a pessoa humana, não gostou das pilherias e gracejos de alguns cabras do grupo, dirigidos as senhoras e moças do lugar. Decorridos poucos dias da visita de Lampião , o Cel Pedro Xavier mandou-lhe um recado macho: Não volte a Ipueira, do contrario será recebido a bala. O chefe supremo dos bandoleiros nordestinos não se fez de rogado e mandou-lhe a resposta em cima da bucha: Quando passei por Ipueira, respeitei você e sua gente, agora, com seu recado atrevido, a coisa vai mudar, prepare-se porque vai ter choro.

Com o recado de Lampião, o Cel Pedro Xavier tratou de reunir filhos, parentes e amigos para o esperado encontro com os cabras de Virgulino. Recrutando homens e efetuando compras de armas e munições, em larga escala, a família Xavier passou dois longos e martirizastes anos de espera. Expectativa dura, afirma Dezinho, no seu dramático relato. Nenhuma noticia do grupo. Até pareceu, afirma Dezinho, que Lampião havia esquecido a promessa de voltar a Ipueira. Os homens aglutinados foram cuidar de outros afazeres, noutras terras, Pouca gente ficou, a não ser os filhos, os parentes mais próximos do Cel. Xavier.
Continua.

Vila de Ipueira: Parte I - Postado por Antônio Morais


A resistência heroica ao cerco de Lampião. Ali Virgulino Ferreira bateu em retirada diante da reação da família Xavier.

Em l973, estivemos na cidade pernambucana de Granito, para entrevistar José Saraiva Xavier, mais conhecido por Dezinho Xavier, o homem responsável pela morte de Tempero, um dos mais valentes cabras do grupo de Lampião. Conversamos bastante com Dezinho, naquela época com os seus 68 anos de idade. Ainda lúcido e forte, cabelos grisalhos e face rosada de sertanejo habituado ao sol causticante do nordeste. Dezinho Xavier contou para o repórter de Região todos os fatos que envolveram a pequenina Ipueiras, na sua reação heroica ao cerco do mais temível grupo de bandoleiros em ação no nordeste. Na época tentamos fotografar os locais da cerrada luta. As condições das estradas prejudicadas pelo inverno de l973, não permitiram, entretanto, a nossa ida a Ipueiras. Este ano, porem, passando pela pequenina vila, conseguimos o nosso intento, fotografar os locais onde atuou o grupo de Lampião e os prédios de onde mais de cem homens armados e bem municiados, sob a liderança do Cel Pedro Xavier, pai de Dezinho, resistiram, durante horas, ao cerco do temível rei do Cangaço.

A complementação que fazemos hoje da reportagem divulgada em 1973, se faz acompanhar dos trechos principais da referida matéria, por julgá-los imprescindíveis pelo tempo decorrido de sua publicação.

No ano de 1925 Lampião e seu grupo estiveram na localidade de Ipueiras, hoje município de Serrita. Naquela época, o velho Pedro Xavier de Souza era homem de muito prestigio no lugar, rico fazendeiro, politico de conceito, respeitado em toda região pelo seu caráter e pelas suas atitudes coerentes e corajosas. O Cel Pedro Xavier, nos idos de 1925, ocupava as funções de delegado de policia de Ipueiras, cargo, na época exercido somente por homens importantes e de prestigio publico. Tudo corria em paz na tranquila Ipueira dos Xavier, até que, numa certa manha, aquela tranquilidade foi quebrada com a inesperada visita de Lampião. Dado o conceito que a família Xavier desfrutava pela sua tradição e o respeito que todos tinham ao Cel Pedro Xavier, chefe do Clã, o grupo de Virgulino Ferreira não exagerou no seu comportamento belicoso. Apenas algumas arruaças caracterizavam a presença do grupo na bucólica localidade sertaneja.
Continua.

Nunca ninguém contou - Postagem do Antonio Morais..


Prédio da Refesa - Deste  local  para o cabaré da Glorinha era um  pulo.

Muito já se falou sobre "Glorinha", bordel famoso do Crato que em época passada segundo falavam, concorria com a hegemonia corporativista do município. "O reino da Glória" continha a parte social e turística. 
A sofisticação da Boite chegou a tal ponto, que as esposas dos abastados conterrâneos dela, não se incomodavam que os maridos comparecessem a sua festa de aniversário trajando smoking. E foi nesse clima eufórico que aconteceu o que hoje conto sobre o "reino".
Um casal caririense há muito radicado  no Rio de Janeiro (nomes preservados) passava férias no Crato e Glorinha estava em evidência. Só se falava na casa noturna, Aí, o casal resolveu visitar a "badalação"!
Chegaram no gesso, adentraram no recinto e foram bem recebidos. A ordem era receber todos bem desde que apresentassem um certo traquejo. O garçom todo maneiroso instalou os visitantes numa mesa bem em frente ao salão, onde alguns pares rodopiavam sobre os acordes na voz de Núbia Lafaete.
Tudo romântico e muito tranquilo, já tinha tomado uma cerveja quando Glorinha apareceu para dar as boas-vindas e depois de saber que moravam no Rio de Janeiro tornou-se ainda mais distinta.
Nós estamos só conhecendo!
Fiquem bem a vontade.
Mais uma cerveja e regresso a casa da família. 
Quando no dia seguinte eles revelaram o programa da noite a família ficou em situação aflitiva, no entanto para o casal tinha sido tudo normal. 
Aí, a irmã da turista quis saber os detalhes da visita ao antro: Não vi nada demais, alguns casais sentados bebendo, outros dançando. Alguns saiam educadamente e depois voltavam. 
Fomos embora porque o ambiente estava muito monótono.