"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
119 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
Saudade - Dr. Rogério Brandão.
Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias.
Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. — Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores...
Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)— É isso mesmo.— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: — E o que saudade significa para você, minha querida?— Saudade é o amor que fica!
118 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
0S MALES DA REELEIÇÃO - POR ANTONIO MORAIS
PAPO DE VARZEALEGRENSES - POR ANTONIO MORAIS
terça-feira, 30 de janeiro de 2024
117- O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
Estive nestes bailes com o meu colega do colégio, amigo e camarada Anario de Sá Cavalcante. Pedimos uma "cuba montilla" ao garçom "Fuin" servida sob o olhar desconfiado do Mário Frota dono do bar.
Naquele tempo de antanho estudante não tinha dinheiro.
116 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
115 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.
114 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.
Belíssima imagem localizada no antigo aeroporto na Chapada do Araripe em Crato. Construído em 1953, tendo sido desativado na década de 1970.
Foi palco de grandes acontecimentos políticos e sociais, como, por exemplo, os desembarques do Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco e a apoteótica chegada de Wanda Lúcia Gomes de Matos Medeiros, Miss Crato, após ser eleita Miss Ceará, em Fortaleza, Foto.
Esse bairrismo entre Crato e Juazeiro vem de longe. Por ocasião da criação do Aeroporto Regional do Cariri, Crato e Barbalho se uniram em defesa da construção do Aeroporto na faixa de terra denominada Santa Rosa, situada, precisamente, na divisa dos municípios.
Em decorrência da impossibilidade da instalação do Aeroporto no local pretendido por essas comunidades, surgiu a alternativa de se fazer na Serra do Araripe ou em qualquer outro lugar, menos em Juazeiro.
Diante do impasse, o Ministério da Aeronáutica designou uma comissão chefiada por um militar graduado, para verificar "in loco", a melhor situação geográfica. Chegando a Serra do Araripe, a comissão optou por Juazeiro.
Antes do retorno da comitiva, o Brigadeiro, chefe da Comissão, sentindo necessidade de urinar, afastou-se um pouco, e adentrou a mata. Nessa ocasião, Jenário Oliveira, juazeirense de fibra, convenientemente, aproximou-se do Brigadeiro para colocar mais uma inconveniência na preferência dos cratenses, advertindo-lhe: Brigadeiro, o Senhor não se afaste muito, não! Por aqui, está cheio de onças!
Não foram as onças que levaram o Aeroporto para Juazeiro, foi a falta de poder político das lideranças do Crato que se apequenam a cada dia que passa.
113 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2024
UM ANIMAL SAGRADO - POR ANTONIO MORAIS
RISO - Por Antônio Morais
02 - Às vezes você chora e ninguém vê as suas lágrimas. Às vezes você se entristece e ninguém percebe o seu abatimento. Às vezes você sorri e ninguém repara na beleza do seu sorriso. Agora...PEIDA, pra ver....
112 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
111 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
110 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
Uma mulher vocacionada
Madre Feitosa na ancianidade
Por Armando Rafael.
domingo, 28 de janeiro de 2024
Definição de avô - Postagem do Antonio Morais.
109 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
Edifício Caixeiral - Crato, CE.
Vicente Alves Bezerra, filho de José Raimundo do Sanharol - Várzea-Alegre se casou com Isabel Pereira de Brito, filha do Major Eufrasio Alves de Brito do Sitio Malhada em Crato.
Do casal nasceram dois filhos, José Bezerra de Brito, professor Zuza Bezerra e Antonio Bezerra de Brito que desde jovem foi para Fortaleza e não mais voltou para o Crato.
Em Fortaleza, Antonio, Toinho Bezerra foi presidente da Associação dos Empregados no Camercio. Enviou os estatutos para o irmão Zuza Bezerra em Crato que juntamente com o Perofessor Pedro Felício Cavalcante criaram a Associação dos Empregados no Comércio do Crato.
Sede da Escola Técnica de Comercio, no cruzamento das ruas Dr. João Pessoa com Coronel Luiz Teixeira, centro da cidade.
O suntuoso prédio escola pertence a "Associação do Comercio de Crato" idealizada pelo professor José Bezerra de Brito, Zuza Bizerra e edificada pelo empreendedorismo do professor Pedro Felício Cavalcante.
Desejo, espero e confio que não o levem ao chão como fizeram e fazem com tantos outros.
108 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
sábado, 27 de janeiro de 2024
Por onde andam? - Por Antonio Morais
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024
107 - Dona Fideralina, Negros e Cabras - Por Antônio Morais
O Tatu, sítio de sua propriedade e sob o seu comando, apesar de apresentar uma paisagem peculiar, era semelhante a tantas outras da região, regularmente organizadas, com a casa-grande, a capela, o engenho, o açude e os casebres dos moradores, formando a central administrativa da atividade corriqueira do meio: a agropecuária.
Entretanto, a referida capela, construção muito mais rara a época, nos sítios daquela zona, assim como a presença do negro, bem mais acentuada que nas demais propriedades, emprestavam ao Tatu um aspecto especial, configurando um latifúndio.
Em geral, nas conversações sobre Dona Fideralina, se lhe faz referência ao gosto ou costume de ter sempre muitos negros no Tatu. Esta particularidade da sua vida está comprovada, através so folclore poético da região. Velhas quadras populares, como estas:
Fazenda Tatu.
O Tatu pra criar negro,
Sobradim pra criação,
São Francisco pra fuxico,
Calabaço pra algodão,
Caraíba é prata fina,
Suçuarana, ouro em pó,
Xiquexique, mala veia
E o Tatu é negro só.
Cercado de negros e cabras as suas ordens, numa propriedade de ares latifundiários, detendo o poder supremo no seu município e influindo na política do Ceará, Dona Fideralina, descendente e ascendente de líderes políticos de reconhecido prestígio, transformou-se em símbolo do mandonismo sertanejo, numa das figuras de prol da história do coronelismo nordestino.
Essencialmente vocacionada para o mister político, dotada de superior capacidade de liderança e dominação, forte, autoritária e brava, não seria de estranhar que sua influência extrapolasse, como de fato extrapolou, as fronteiras do seu reduto e se fizesse exercer sobre a região e o Estado.
Essa abrangente ascendência de mandona de Lavras da Mangabeira não poderia deixar de ser evidenciada, como seus negros e cabras, pela inspiração dos bardos sertanejos, intérpretes fiéis do pensamento do povo, como no caso desta sextilha, atribuída ao repentista Zé Pinto – José Pinto de Sá Barreto:
O Belém manda no Crato,
Padre Ciço no Juazeiro,
em Missão Velha Antônio Rosa,
Barbalha é Neco Ribeiro,
Das Lavras Fideralina
Quer mandar no mundo inteiro.
Extraído do livro – Ensaios e Perfis – Joaryvar Macedo.
106 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
105 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
MZ - POR ANTONIO MORAIS
A bicha vivia no prego. O mecânico não tinha descanso. Certo dia, o dono da oficina perguntou: Zaqueu essa moto é novinha em folha? Sim, comprei na revenda de Iguatu. Qual a marca? Não sei. E esse MZ o que quer dizer?
Zaqueu pensou um pouco e não tardou a responder: não sei, mas só pode ser "Matou Zaqueu"!.
489 - Preciosidades Antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
Poucos conhecem a historia de Izidora. Embora ela tenha sido testemunha do nascimento de diversas gerações dos do Sanharol e circunvizinhanças. Vivia de casa em casa e muitas vezes era chamada em cima da hora. Recebeu esse nome de batismo de Antonio Alves de Morais, o conhecido Antonio Alves do Sanharol que pelo menos 12 vezes recebeu os seus prestimosos serviços. Quando a gestante dava sinal do parto corriam a casa do seu dono Pedro Alves de Morais, Pedrinho do Sanharol para buscá-la.
Izidora era feita de tabuas de pau darco e um couro curtido de boi, uma jerigonça cuja atribuição era desempenhar o papel de uma cama. Era a única daqueles tempos e o seu dono, sempre muito solicito, a emprestava a quem procurasse. Izidora era abençoada por São Raimundo Nonato, numa época em que não existiam pré-natal, cesariana, nem medicos, não houve noticia de óbitos por parto testemunhado por ela. Izidora, poucos conhecem sua historia para agradecer e ser grato por sua solidariedade e companhia.
488 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - POR ANTONIO MORAIS
Assinado o cessar fogo, Menininho tratou de abanar Manuel de Pedrinho e, nesse dia José Bastião não foi namorar, voltou para casa no sitio Canto.
487 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
O fato é que não se bajula por acaso, o bajulado é aquele cidadão que se destaca, tem prestigio e puder econômico e politico. O bajulador é geralmente aquele que se submete a ridicularidades diversas para demonstrar agrado.
Assim é que os três conterrâneos estarão presentes na historia com a numeração ordinal - Primeiro, Segundo e Terceiro.
Primeiro - aquele conterrâneo que teve a oportunidade de quando jovem sair para estudar noutros centros, se formou em medicina e o destino se encarregou de lhe dar oportunidades de servir a sua terra e sua gente. É um vitorioso de sucesso.
Segundo - aquele que apesar de reconhecer méritos e ter gratidão ao primeiro não chega a ponto de negar a si mesmo para agradar a outrem.
Terceiro - aquele bajulador inveterado que não se acanha de ser e causa raiva aos menos bajuladores.
O fato é que o Segundo e o Terceiro, como a grande maioria dos conterrâneos foram para São Paulo. Encontraram emprego, ganharam dinheiro, mas não esqueciam a terrinha. Na primeiro oportunidade, faziam viagens a sua terra natal. Matar saudades, rever parentes e amigos.
O Segundo tomando conhecimento que o Terceiro estava de viagem marcada procurou saber se era possível levar uma encomenda para o Primeiro. Sem antes deixar de explicar que se tratava de encomenda preciosa e fragil que precisa de cuidados especiais na condução. O portador se prontificou com a promessa de ter o merecido cuidado.
Então foi preparada e entregue a encomenda e o Terceiro que viajou de ônibus, de São Bernardo a Várzea-Alegre levando a caixa bastante pesada no colo. Sem desgrudar um minuto da atenção.
Chegando em Várzea-Alegre, antes mesmo de rever parentes e amigos, foi até a residencia do destinatario entregar a valiosa encomenda.
O agraciado, que já havia sido avisado pelo remetente abriu a caixa na presença do portador. Para surpresa deste, dentro da caixa estava uma pedra de calçamento de aproximadamente 10 quilos.
Isenção - Por Antônio Morais
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
486 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
Já escrevi alguns textos sobre João Francisco. Falei dos serviços prestados a comunidade de Várzea-Alegre como tabelião e hoje vou falar de um desafio que poucos atentaram para o fato. Por toda sua vida João Francisco foi partidário de uma tendência política local, a UDN, sucedida pela Arena e pelo PDS, sendo fiel aliado. Quando João decidiu disputar uma eleição se candidatou exatamente por outra legenda, contra os seus antigos correligionários, vencendo-os, fato inédito e nunca visto na historia. Elegeu-se prefeito de Várzea-Alegre e fez um mandato com independência, transparência, decência e de acordo com o que determina as leis.
Muitas pessoas estranharam o seu modo de administrar, a quebra dos velhos costumes e vícios na utilização do dinheiro publico, e, vários causos ficaram registrados no período em que esteve à frente do município. A seguir relatamos alguns causos:
01 – Uma senhora procurou o prefeito para solicitar do mesmo a pagamento de uma prestação da televisão que estava atrasada. Negado. A mulher se danou e disse: eu me enganei muito com o senhor! O João Francisco emendou – Não foi só você.
02 – Os professores em greve foram em comissão falar com o prefeito: Queremos que o senhor fique sabendo que se não melhorar o nosso salário nós vamos entrar em greve: Resposta: Saibam que fazem mais de 60 anos que deixei de estudar. Concedeu aumento de 1000% de acordo com as possibilidades da prefeitura e não pela pressão.
03 – Era costume ver animais soltos nas ruas centrais da cidade. Um dia um jumento montou, subiu noutro em plena praça. Um caboclo oposicionista para zuar com ele disse: isso é que é falta de um prefeito! Ele respondeu na maior calma: não, isso é falta de uma jumenta! No outro dia determinou a prisão de todo e qualquer animal que se encontrasse solto nas imediações da cidade.
Com esta determinação ganhou vários desafetos. Como observamos nos exemplos acima, João Francisco é símbolo de sinceridade, decisão e correção.
485 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
No café do João de Adélia, em Várzea-Alegre, onde se degustava o melhor café com bolo ligado e o melhor tijolo de leite com rapadura, estavam alguns amigos levando um lero.
Raimundo Leandro, fazendeiro, comerciante e criador de gado leiteiro, fazia de sua atividade principal a venda de leite bovino e seus derivados: nata, manteiga e queijos etc.
Inacinho era comerciante do ramo de tecidos e tinha a responsabilidade de anotar e informar para a “funceme” a quantidade de milímetros de cada chuva caída na localidade.
Neste dia choveu forte e todos estavam admirados com o volume das enchentes dos riachos do Feijão, do Machado, da Formiga e do Graviel.
Um deles falou: a chuva foi de 200 mm. Raimundo Leandro achou exagerado o tamanho da chuva e, perguntou: Quem falou que foram 200 mm? Outro respondeu de pronto: Foi Inacinho!
Raimundo Leandro sem perceber que o Inacinho havia chegado ao local disparou: O Inacinho bota água.
E, Inacinho sem se aborrecer com o que dissera o Raimundo Leandro encerrou a conversa sem tetubiar: Boto, mas não vendo.
104 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.
Quem via Dom Quintino vestido com sua indumentária de bispo – batina preta com faixa roxa à cintura, casas dos botões na mesma cor; cruz peitoral e anel, ambos de ouro – não podia imaginar que por dentro daquela imponência habitava uma pessoa pobre e de hábitos simples. Ele assim se vestia para cumprir as orientações da Igreja, àquela época. Na verdade, Dom Quintino nunca aspirou a ser bispo (chegou a rejeitar a nomeação para a Diocese de Teresina), mas levava a sério a altíssima dignidade desse cargo. Além do mais, sabia separar a função episcopal da sua pessoa. Tinha ciência de que a cruz peitoral e o anel episcopal não eram dele, enquanto pessoal, individual, e sim representavam símbolos da sacralidade da hierarquia, na Igreja Católica, da qual ele era um lídimo representante.
Sabemos que Dom Quintino era muito devoto de Santa Teresa de Jesus e se identificava com a espiritualidade carmelitana. Aí incluída a pobreza apostólica. No que consiste esta? Na imitação da pobreza de Cristo. Jesus foi pobre, desde o momento de sua concepção no seio da Virgem Maria. Depois, quis Ele nascer em Belém, na mais completa desnudez. E durante sua vida pública – conforme lemos nos Evangelhos – não tinha onde reclinar a cabeça, contentando-se, muitas vezes, com o dormir ao relento.
Todos os que escreveram sobre o primeiro bispo de Crato são unânimes em reconhecer em Dom Quintino uma pessoa desapegada dos bens materiais. Durante os quatorze anos, nos quais foi bispo, residiu numa casa alugada – pagava trinta mil réis mensais – a um rico proprietário de Crato, José Rodrigues Monteiro.
Padre Azarias Sobreira, no seu livro “O primeiro Bispo de Crato”, escreveu: “A muitos que só o conheceram superficialmente parecerá um paradoxo. Mas é fora de dúvida que Dom Quintino viveu pobre e morreu paupérrimo. Tirante os móveis de casa e as insígnias episcopais, o seu único legado foram os livros e um cavalo de estimação, que o vigário de Saboeiro, Padre José Francisco, lhe havia oferecido.
“Dinheiro? Nem quanto bastasse para as custas do seu enterro. Propriedades? Nem sequer uma casa de palha. No entanto, S.Exa. passou quinze anos regendo a melhor paróquia do Estado (à época, Crato e Juazeiro reunidos), e outros tantos anos no governo de uma diocese brasileira.
“Quando vigário de Crato, segundo teve ocasião de me dizer, mandou, diversas vezes, à casa do milionário José Rodrigues Monteiro, tomar de empréstimo o dinheiro necessário para a feira da semana (...) Vendo-o entrar na velhice sem ter feito a mais pequenina reserva pecuniária, tomei, um dia, a liberdade de aconselhá-lo a fazer seguro de vida. Deu-me a seguinte resposta o homem de Deus: “– Eu ainda não ouvi contar que um padre de boa vida morresse de fome. “E continuou a só pensar na sua querida diocese e nos alunos do seminário diocesano, esquecido de si mesmo e dos seus pelo sangue”.
Quando ocorreu a morte de Dom Quintino, a Cúria Diocesana não dispunha de dinheiro suficiente para seu sepultamento. Um cidadão cratense, José Gonçalves, abriu uma subscrição e saiu a percorrer residências e estabelecimentos comerciais angariando doações para o funeral do grande bispo. Graças a essa iniciativa, foram realizadas as exéquias daquele que, nos últimos quatorze anos, fora o homem mais importante do Cariri...
(*) Armando Lopes Rafael é historiador
103 - O Crato de Antigamente.
A foto resgata o maior evento religioso da Diocese do Crato desde sua criação.
Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, Peregrina Mundial, a sede da Diocese do Crato e às demais paróquias, ocorrida em 13 de Novembro de 1953, no ano do Jubileu de Ouro Sacerdotal de Dom Francisco de Assis Pires, segundo bispo diocesano do Crato, e, do centenário de elevação do Crato à categoria de cidade.
O primeiro da esquerda para direita Mons. Rubens Lóssio, seguido por Mons. Dermival da paróquia de Brejo Santo, o de batina preta não identificado, padre Demontiê, de óculos escuro que acompanhava a imagem na peregrinação, Audizio Brizeno, de terno branco, o último a direita, sócio proprietário do Posto Crato, a quem pertencia o automóvel que conduzia a Imagem Peregrina.
Sustenta a história que a imagem já estava na Sé Catedral e ainda tinha carros e gente a pé nas Guaribas.
102 - O Crato de Antigamente - Por Antonio Morais.
101 - O Crato de Antigamente - Postagem do Armando Rafael.
Texto do Manuel Patrício de Aquino.
Há alguns anos (não muitos) viveu em Crato um mendigo chamado Pedro Cabeção. Jamais se soube o seu completo nome de batismo. Ou jamais se quis sabê-lo...
Mas Pedro era popularíssimo. Mormente entre a criançada, a quem sempre fazia rir (em especial quando metia o dedo polegar na boca, ou o fura-bolo, comprimindo-o para, em seguida, puxa-lo de repente a fim de conseguir sons engraçados (estampidos) com que agradecia as esmolas recebidas, ou simplesmente cumprimentar as pessoas.
Pedro andava sempre só, apoiado num velho cajado de “frei–Jorge”. Caxingando. Gemendo... Mas passava a maior parte do tempo “estacionado” numa calçada qualquer do centro da cidade, de preferência perto das esquinas ou nas proximidades da casa de Seu Mário Limaverde. Forrava o local com velhos e rotos panos e com pedaços de papelão. Tinha um banquinho de madeira, de um palmo de altura, onde, às vezes, se sentava ou expunha a desbotada lata de manteiga: seu caça-níquéis.
Apresentava, além da macrocefalia, outras bem visíveis deformações anatômicas, as quais, no entanto, não despertava a mínima curiosidade de ninguém, pois o importante mesmo era a sua enorme cabeça, que lhe valera a alcunha.
Pois bem, meu caro leitor. O Ceará de hoje, mais do que nunca, lembra-me o miserável Pedro Cabeção. Estado pobre. Paupérrimo. Com sua enorme e disforme cabeça (Fortaleza e a Região Metropolitana) e aleijões pelo resto do sofrido corpo. Mendigando pela televisão. E o seu homem do campo caxingando, gemendo, chorando... morrendo.
Desde a promessa do último brilhante da coroa do Imperador Dom Pedro II, que seria vendido, se preciso, para que ninguém aqui passasse fome, pouca – muito pouca coisa –mudou.
Quanto ao Cariri, que ninguém se engane: inobstante algumas aparências e apesar da propaganda enganosa, está perdendo, e feio a corrida do progresso. Ah! velho Pedro Cabeção, faz pena! E dá vergonha!!!
(*) Manoel Patrício de Aquino, advogado, é Presidente do Instituto Cultural do Cariri
Paixão politica - Por Nelson Rodrigues.
Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão politica. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.
484 - Preciosidades antigas de Varzea-Alegre - Por Antonio Morais
Moravam no Sanharol. Numa época em que a velhice era inteiramente desassistida. Pobreza absoluta. Aqui e aculá um arranca rabo, mas, apesar de viverem em pé de guerra, nunca se podia comparar a um Iraque.
Jorvina terminou de arrumar a cozinha e disse: Ze, eu vou na casa de comadre Zefa do Sanharol. Colocou a dentadura, deu uma sugadinha e protestou: Covarde! comeu cocada e não trouxe pra mim.
483 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
482 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
481 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Mundim do Vale
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
A GANÂNCIA DO BICHO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.
Às vezes, dá vontade da gente se subtrair do Mundo.
É quando o homem, bicho escroto do Planeta, faz das maldades uma constante.
Sem remorso, toma o lugar dos outros. Ganância que provoca as malditas desigualdades.
Minoria asquerosa que deseja tudo pra si. Tira, dizendo que está dando.
Responsável por diagnósticos somente às portas da morte. Sem um mínimo de sutileza.
Um embaralhado de privações e provações. Só porque o bicho escroto egocêntrico acha que deve ser assim.
Sem área para refúgio, ficamos a um palmo de distância do inferno.
Somos tomados por uma sensação de inexistência.
Estou puto. Vade retro, bicho ruim, a fumaça do Cocó pra você.
Carajo!
480 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
479 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
Sete jovens senhoritas participando de animada recepção movida a saborosos petiscos. Foto dos anos 60. Alegria e descontração. A palavra com os fisionomistas.
478 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais
Certa feita, num período eleitoral, de passagem por Várzea-Alegre, com uns amigos no Bar do Alberto Siebra para tomar uma gelada.
Conversa vai, conversa vem, bom papo, atendimento excelente, eis que passa um carro de som fazendo a publicidade justamente do candidato adversário do Alberto. Propaganda política já é um saco e do adversário nem se fala.
O Alberto observou o carro, o motorista e por fim deu uma boa cubada num motor a diesel ligado a um gerador, na traseira do Fiat uno, zoando igual um avião a jato: Disparou então: “Eita motorzão bom para aguar arroz”.