Imploro, se possível de joelhos, que não levem essa prosa como uma narrativa de objetivos políticos.
Parei de escrever sobre esse Fla X Flu em que se transformou a política brasileira nos dias atuais.
Saquei a tempo que a insensatez, de todos os lados, estava ferindo de morte a verdade das coisas.
Sofrendo do mal da desilusão, resolvi dar um basta, recolhi as armas para uso futuro, quando o clima deixar de ser insalubre.
Esquerda, direita, centro isso e aquilo, tudo passou a ser para mim um tremendo simulacro.
Chega, estou fora, não me interessa mais! Mas, tem uma coisa engraçada que tem me divertido nos últimos dias: as entrevistas diárias do presidente
Bolsonaro, diante de uma platéia formada pela “claque do cercadinho”. Não quero, insisto, falar a respeito do governo, em seus erros e acertos. Nem, tampouco, da postura inadequada ou não do presidente.
Ao chegar, diante de um pequeno ajuntamento de apoio, onde também se esgueiram jornalistas, o presidente vai logo dizendo que “não tem pergunta e quem fala sou eu”. Mais inusitado, impossível.
No discurso feito, o presidente é, algumas vezes, interrompido, quando alguém grita: “Estadista” !
Quando fala sobre demissões, a claque reverbera: “Com a caneta BIC”!
A temperatura esquenta quando alguém cita a Globo e jornais que o presidente detesta.
Aí, Bolsonaro se irrita, tal qual o aquele sujeito que “pega corda” com apelido e desce o malho.
O brasileiro adora se divertir, “dando corda” nos que se incomodam com isso.
Sem chance, no entanto, falar que isso representa uma censura à imprensa ou posição velada contrária à liberdade de expressão.
Bolsonaro continua dizendo o que quer (inadequadamente ou não, problema dele) e a imprensa segue desenvolvendo o seu trabalho.
Cortem essa, de cerceamento ditatorial. Nos EUA, o Trump desfia um rosário impressionante de mentiras e tolices, e a democracia segue lépida e fagueira com a imprensa cumprindo o seu papel.
Juazeiro do Norte teve, na década de 50, um prefeito carismático, valente e que “pegava corda”, quando algo lhe desagradava: Dr. Conserva Feitosa”.
Na inauguração de um motor para ampliar a iluminação da cidade (a luz de Paulo Afonso não existia), Dr. Feitosa ordenava, em voz alta, para ser ouvido pela multidão:“Vira o motor”!
Queria, naturalmente, que o motor fosse ligado. Só que a distinta platéia, para parecer simpática e agradecida ao prefeito, respondia: “Viva o Dr.”!
Isso se repetiu tanto, que Dr. Feitosa, “pegando corda” e puto com aquilo, esbravejou: “Liguem essa porra”!
No caso da “claque do cercadinho”, mais parece o exército de Brancaleone, apupado por onde passava. Em Brasilia, invertem-se as coisas, sendo alvos de troça aqueles que incomodam o seu governante.
Acho divertido, num cenário de chatices. Só isso.