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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 31 de dezembro de 2023

063 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Belchior Araújo, foi um iguatuense de família tradicional e abastada, que desviou-se da orientação familiar e quando em idade adulta passou a dar trabalho às autoridades de segurança.

Pelos conceitos  policiais ele não era tão valente como se dizia, mas, quando bebia criava confusões e não respondia pelos seus atos. Conta-se que quando estava "melado" e chegava num samba, saía tomando adereços  de homens e mulheres, embora, às vezes, no dia seguinte mandasse entregá-los aos donos. Segundo os do seu tempo, uma vez ele chegou num forró na localidade de Mata Fresca tomando óculos, cordões, relógios da matutada presente, até que chegando num jovem moreno, a conversa foi diferente :

Pare aí doutor, este relógio eu comprei com o meu dinheiro e não vou lhe entregar.
E ele olhando bem dentro dos olhos do matuto falou :
Até que enfim encontrei um homem disposto.

A partir daquela noite o rapaz ficou conhecido como Raimundo da Mata Fresca e passou a ser o lugar temente do arruaceiro.

Belchior, continuou assombrando os sambas e as viagens de trem que subiam para Fortaleza ou desciam  para o Cariri. No dia  em que resolveu ir de carro m para o Crato, o veiculo deu o prego nas proximidades de Barbalha.  Nisso passa um cidadão barbalhense de Jeep  e como este não concordou em ceder seu transporte para Belchior completar sua viagem,  levou um grande tapa na cara.

Recompondo-se o cidadão  foi até a cidade  e acionou a policia que saiu na direção da estrada para prender o agressor. Quando chegaram no local não mais o encontraram, então saíram em perseguição. Quando chegaram no São José avistaram novamente o veiculo parado em uma elevação próxima, mas, não fizeram abordagem porque foram recebido a bala. A patrulha respondeu a agressão  com tiros de fuzil e Belchior foi atingido por um deles. Depois que identificaram o morto, o cariri viveu dias de agitação. 

Conforme tradição do sertão, no  lugar onde morre um cristão  uma cruz deve ser colocada,  e ali erigiram uma. 

A localidade  passou a chamar-se "Cruz de Belchior".

433 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Zé de Priscila era um moreno que vivia perambulando em Várzea Alegre. Mas trabalhar que era bom ele nunca quis, nunca deu um murro numa broa. Mentia sem ser dia primeiro de abril e gostava mesmo era do alheio. Tirando de tocar repique de vez em quando, nunca fez nada de proveito. Por lanterna e isqueiro era igual a menino por buzina.

Certo dia um fiscal de algodão botou um isqueiro “ sete lapadas “ no balcão da loja de Zé Teixeira e Zé surrupiou.

Foi feita a queixa amparada por testemunhas oculares e o delegado abriu o inquérito policial. Remetido o inquérito para o promotor de justiça, Zé foi enquadrado no crime de furto.

A repercussão na cidade não foi igual o caso da merenda escolar em Fortaleza, mas não deixou de atingir a curiosidade popular enquanto o processo tramitava.

O denunciado pobre na forma da lei, não podendo constituir um advogado habilitado, teve a sua defesa patrocinada pelo Sr. João Vieira que foi nomeado "ha-doc" pelo juiz da comarca.

O promotor fez a acusação alegando que, quem furta um tostão pode furtar um milhão, no que ficava caracterizado o crime de furto. João Vieira defendia a tese de que sendo um objeto de pequeno valor não se justificaria a condenação.

Depois de três audiências o juiz proferiu a sentença na qual Zé foi condenado a seis meses de detenção.

Com a sentença homologada e o despacho de cumpra-se, João Vieira sentindo a sua carreira jurídica abalada, se dirigiu ao condenado e perguntou :
Zé tu fuma?
Não senhor.
E pra que diabo tu queria isqueiro?



432 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Não ria por nada. O homem era sério, sisudo, quase trombudo. Assim era o Mundim da Varjota. Nunca se viu  um riso, um gesto de simpatia, embora fosse educado e muito honesto na sua atividade e seus afazeres.

Certa feita, na locução de Valdefrance Correia anunciava-se no som do "Cine Odeon" o filme "O gordo e o magro".

Então, José Gatinha e Paulo de Dudu vislumbraram a oportunidade de  ver o homem rindo. Com muita luta convenceram o Mundim ver o filme.  Era impossível ver " O gordo e o Magro" e não ri, assim pensavam.

Mundim entrou pela primeira vez numa casa de diversão, sentou-se na filheira da frente, mirou os olhos na tela e cruzou os braços sobre o peito. Os amigos ficaram aguardando uma risada, uma gargalhada talvez. 

Mas que nada, terminado o filme, as luzes se acenderam  e o Mundim lascou : 

" Isso é que é ser dois cabras éguas ".


431 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais

Relação dos Padres com mandato na Paróquia de São Raimundo Nonato - Várzea-Alegre desde a  sua criação em 30.11.1963 pela lei 1.076 emanada de Dom Antônio dos Santos primeiro Bispo do Ceará.

Período, nome e naturalidade:

1864 a 1875 - Padre Benedito - Tauá

1875 a 1878 - Padre Vicente Ferrer Pontes - Assaré.

1878 a 1883 - José Alves Bezerra - Várzea-Alegre

1883 a 1904 - Padre Joaquim Manuel Sampaio - Barbalha.

1904 a 1917 - Padre José Gonçalves - Aurora.

1918 a 1923 - Padre José Alves de Lima - Crato

1923 a 1928 - Padre Raimundo Monteiro - Icó

1928 a 1932 - Padre José Ferreira Lobo - Missão Velha

1932 a 1969 - Padre Otávio - Aiuaba

1969 em diante - Padre José Mota Mendes - Assaré.

Fotos e curiosidades:


01 - Igreja antiga.  Dia de São Raimundo - 1918. Demolida em  1932 e substituída pelo atual templo. Mandato do Padre José Ferreira Lobo.


02 - Padre José Alves Bezerra, 1878 - 1883. Único padre  filho de Várzea-Alegre com mandato na paróquia local. Nenhum outro  sacerdote filho da terra conseguiu tamanha façanha.


03 - Padre José Gonçalves Ferreira,  1904 - 1917. fundador da  melhor banda de musica de Várzea-Alegre de todos os tempos. Faleceu em 03 de novembro de 1917 vitima de suicídio. Fato que pode ser considerado o maior trauma da comunidade católica  de Várzea-Alegre.


04 - Padre José Alves de Lima, 1918 - 1923. Vendeu o patrimônio de São Raimundo causando revolta na população católica e baixas na religiosidade  local. Surgiram os primeiros focos de protestantes com as famílias Camilo, Aniceto, Freitas e Souza dos sítios Fortuna,  Vacaria e Varzinha.


05 - Padre José Ferreira Lobo, 1928 - 1932. Demoliu em 1932  a igreja antiga e construiu a igreja matriz atual. Um  padre operoso, um templo muito  bonito..

430 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Esta história resgata  algumas personalidades prestimosas de nossa terra. Ladislau Camilo, residente  no sitio Vacaria, homem bom, conhecido de todos foi fazer uma consulta  com o médico Dr. José Iram Costa.

Aparentemente problemas de rins, bexiga e dificuldade de urinar. O médico achou prudente fazer uns exames de urina e recomendou Ladislau colher o material e procurar o Laboratório João Ednólio que dava expediente nas quarta-feiras em Várzea-Alegre.

No quebrar da barra do dia marcado, Ladislau encheu um litro do material e foi pegar o cavalo para fazer o percurso de 20 km do sitio para cidade.

O cavalo tinha saído da roça o que atrasou a viagem, e, quando Ladislau chegou na cidade o laboratório estava fechado.  

Ladislau pediu a um dos "Cunés" para guardar a garrafa com a urina enquanto o laboratório abria. 

A garrafa foi posta em cima do balcão junta e misturada às da aguardente.  O Cuné saiu para o almoço e deixou no local uma atendente. Nisso se achega do local José Terto e pede uma bicada. A atendente coloca dois dedos do material num copo e o Zé engole de uma vez.

Quando perguntou o preço a bodegueira respondeu - um real. José Terto entregou uma cédula de dois reais. A moça disse que não tinha troco e perguntou se o Zé aceitava outra bicada no lugar do troco.

Então,  José Terto,  ainda sentindo o sabor da primeira dose, respondeu solícito: não, me dê o troco de merda.

429 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Da direita para esquerda - Samuel, Dr. Nilo, Dra Ana, Aluísio e Dr. Menezes Filho.

Escarafunchando e rebuscando o tempo, são nos pequenos detalhes que encontramos as grandes lembranças da história. No carnaval de 1966/67, um pequeno grupo de foliões se apresentou no Recreio Social de forma inusitada. 

Ítalo, Homero e Marconi Proto, Iedo Mendes, Rubens e Kleber Diniz, Nilo Sérgio e outros chegaram no baile de "terno e gravata". Não há registro fotográfico nem vídeos, naqueles velhos tempos não existiam as facilidades de hoje. 

Testemunhas também são poucas, infelizmente, daquela turma alguns são falecidos. 

Mas, eu acredito que o Nilo Sérgio deve se lembra dessa proeza, até porque eu desconfio que a ideia foi dele. Pular carnaval de terno e gravata só para quem tem uma mente criativa e prodigiosa.
O fato  é que "bombaram".


428 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Na Fazenda tinha pra mais de 10 moradores. Dona Dinalva, esposa do encarregado vivia disseminando noticias as mais diversas. A língua ferina era considerada a Rede Globo do lugar.

Dela ninguém escapava : as meninas namoradeiras, homens que pulavam cercas, mulheres que faziam caridade, meninos que desmunhecavam, afinal dava conta de tudo que acontecia e podia inventar.

Um dia sua filha Imaculada apareceu com o bucho pela goela. Em dias de ter menino e, o pior, nem sabia quem era o pai.

Lavando roupa no riacho  Salomé falou : Aquilo foi a língua da mãe!

Madalena contraditou - Eu digo que foi outra coisa.



Deus é generoso comigo - Por Antônio Morais.

Tenho quatro netos. Dois casais. A mais velha Ana Thays, foto já uma mocinha colando grau em fisioterapia, 21 anos, prova  sua responsabilidade e dedicação aos estudos. Um doce de afeto e carinho.

O segundo, João Pedro, foto, 17 anos aprovado em medicina, com matricula efetivada e inicio do curso previsto para breve.

Aluísio, foto com o avô, sossegado daqueles que esperam o mar pegar fogo para  comer  peixe assado. Ligado a gastronomia, não bota defeito em comida. 

Outro dia, ouvir a mãe dele perguntar : Aluísio você  vai querer tapioca?

Sim.

Com ovo?

Com dois.

Flora a caçula. A aniversariante de hoje, 6 anos, vai ser financista. 

Informou  para a tia madrinha que queria de presente "mil reais". Por que já tinha  05 cédulas de 200,00 e queria completar as dez. 

Veja como são as coisas, o avô ainda não viu uma cédula de 200,00.

Parabéns Flora, feliz aniversario, saúde e paz.

CONFESSO QUE CANSEI - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

É preciso reconhecer que esse título é um plágio despudorado, em forma de “gancho”, de duas obras: “ Confesso que vivi” de Pablo Neruda e “Confesso que bebi”, de Jaguar.

Se você achar que não tem nada a ver, ninguém briga por isso, ok 

Já escrevi coisas piores.

Me acordo, olho as coisas em  redor e sinto que estou cansado.

Como, se estava dormindo e já entro no jogo cansado ?

Cansado dos que se vestem de falsa pureza nesse país com grande contigente de gente sem vergonha.

Cansado de ver que a rua está cheia, cada vez mais, de pessoas que um dia foram lúcidas e hoje deliram.

Cansado de ver pela telinha da TV, a corrida desesperada por um balão de oxigênio.

Quem é que não se cansa de ouvir a mentira, travestida de verdade, tornar mentiroso quem a escuta.

O cansaço provocado pela sensação de que tudo  passou a ser produzido por uma matéria diferente e defeituosa.

Cansa constatar que a calma viciada da utopia já tirou muita gente de tempo.

Estou cansado desse “piseiro” que não anuncia país nenhum;

“Tudo gira e a Lusitana roda” e fico cansando em procurar saber o que é que está certo.

Nem me avisaram que, para entrar num avião e bombardear as nuvens, é preciso tomar uma lapada de cana caiana.

Assim, não tem despreparo físico que agüente..

Tô morto!

sábado, 30 de dezembro de 2023

062 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


No dia 17 de Julho de 1971 eu fui admitido no Banco do Cariri S/A, instituição financeira pertencente a Diocese do Crato. 

Pedro Gonçalves de Norões era o diretor de contabilidade do Banco. Pedrinho como era chamado na intimidade, tinha um vizinho de propriedade  no Sitio Araçás que era metido a profeta de chuvas. 

O homem era analfabeto, mas tinha uma memória admirável, fazia suas previsões e ditava para uma filha escrever num caderno  para depois  Pedro Norões datilografar e confeccionar um livrinho conhecido a época como almanaque.

Certa feita, Pedrinho mudou a data de uma chuva para ver se o compadre prestava atenção mesmo nas suas previsões.

Marcava uma chuva de 80 mm para as 5 horas da tarde do dia  15 de Outubro daquele ano. Pedrinho mudou para o dia 16 de Outubro no mesmo horário e devolveu ao profeta.

A filha do profeta estava lendo, e, o pai chiou : epa, peraí, está errado, vou levar para compadre Pedro arrumar, esta chuva é no dia 15 e não 16 de outubro.

Quando o homem mostrou para seu Pedro o erro na data da chuva, Pedrinho saiu com esta : Compadre é que no dia 15 de Outubro eu faço planos de queimar minha broca e não dar certo com uma chuva dessa intensidade.

Falou sério, quase sisudo. Mas, terminou  por consertar as previsões do compadre, e, mudando por prevenção  a data da queima  da broca.

427 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Raimundo Lucas Bidinho , "Bidim", o grande poeta, de Várzea-Alegre, nasceu e se criou no Chico, localidade rural do município. Nos tempos de juventude amargou uma paixão condenada por uma prima conhecida por Maria. 

Um dia, num terço em ação de graças pelo  bom inverno, a sala empilhada de gente, Maria fez um movimento brusco, e, soltou um peido.

O poema a seguir, feito pelo Bidim, no momento do acidente, comprova o velho e conhecido ditado : Quando se quer bem, o sovaco não fede, não tem mal hálito nem se sente a inhaca do chulé.

Veja como Bidim declarou seu amor por Maria :

Eu estava ajoelhado,
Quando uma pobre moça.
Peidou com tanta força,
Que fiquei admirado.
O peido foi tão danado,
Que o vestido encheu.
De vergonha ela correu,
A pobrezinha tremendo.
Eu fiquei de cá dizendo,
Foi grande, mas não fedeu.


426 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Demontier Batista, preocupado com a saúde, ficou muito mais depois do infarto que levou seu amigo João Morais. Marcou consulta com um cardiologista fez uma bateria de exames, quando foi para retornar, o médico pediu para que ele fosse acompanhado da sua esposa Anésia.

O casal ficou até um tanto preocupado pensando ser alguma gravidade constatado nos exames. Chegaram no consultório e sentaram juntos, em frente ao médico. Dona Anésia pôs os cotovelos na mesa e as mãos em cada lado do rosto e encarou o médico sem piscar os olhos. O médico notou a expressão de preocupação dos dois e tratou logo de acalmá-los:

Bem. Pelos resultados dos exames, está tudo bem. Eu solicitei a presença da senhora aqui apenas porque eu tenho umas recomendações para fazer. E como é a esposa que sempre cuida da alimentação eu gostaria que a senhora ouvisse com atenção. Vou anotar também nas costas da receita para vocês levarem.

O médico foi falando ao mesmo tempo  que escrevia:
Examinar semanalmente a pressão arterial.
Fazer caminhadas três dias por semana.
Não se alimentar de comida muito gordurosa.
Não se alimentar de comidas com muito sal.

Então, Demontier interrompeu o médico perguntando:
Doutor. E uma cervejinha eu posso tomar?
O médico disse:
Claro!
Você pode tomar duas ou três cervejas num final de semana.
Nesse momento foi a vez da interferência da Dona Anésia:
Mas doutor se ele se acompanhar com Mundim de Chico Luiz, ele não toma só três. Ele toma logo é uma grade.
Sendo assim vamos colocar aqui. Não se acompanhar com Mundim.

Mundim do Vale.



425 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.



Quem conhece a parte territorial do município de Várzea-Alegre deve estranhar porque aquela ribeira iniciada no sitio Gamelas, passando pelo Capão, Amaro, Charneca, Unha de Gato e parte do Riacho do Meio, apenas a Charneca, a parte ao centro não pertence ao nosso município e sim a Cariús.

Fontes serias asseguram que nas décadas de 40 e 50 um cidadão conhecido por Emídio, agricultor e analfabeto, de uma hora para outra virou doutor. Em breve os caminhos e as veredas que levavam ao lugar estavam cheias de pessoas achegando-se ao local para se receitar. 

Por conhecimento ou adivinhando filas eram atendidas, Emídio fez fama e clientes é o que não lhe faltava. Pessoas das mais distantes localidades e de outros municípios acorriam em seu socorro e o homem receitava remédios que eram encontrados em quaisquer farmácias e de efeito positivo.

Várzea-Alegre sempre foi uma cidade adiante das demais circunvizinhas, e, nesta época já tinha medico, e, dizem, não sei se verdade, que este vivia na cola de um erro qualquer do Emídio para denunciá-lo e proibi-lo da pratica que já era um habito. 

Para fugir destas perseguições e das autoridades locais, Emídio se valeu do então Deputado Mário da Silva Leal que por meio de um decreto desmembrou aquela área do município para fugir as possíveis penalidades impostas ao Emídio. 

Assim a Charneca deixou de pertencer a Várzea-Alegre e se integrou ao município de Cariús. Há quem diga que Várzea-Alegre não perdeu nada.


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

COMPARAR NÃO É PECADO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Tal qual o idiota da objetividade conceituado por Nelson Rodrigues, estou condenado a repetir a abordagem sobre futebol sul-americano versus futebol europeu.

Bateu um cansaço, mas vamos lá. Na decisão do Mundial de Clubes, o Fluminense levou um vareio do Manchester City.

Levar um gol aos 40 segundos de jogo, numa decisão, é como ficar debaixo de um pássaro cheio de m.... Desorganiza o metabolismo.

Claro que não foi somente isso. O grilo está em incensar um bom time como o Fluminense, mas incapaz de cumprir uma empreitada de enorme tamanho.

Como diria o filósofo Mossoró, “deixa eu dizer pra tu" o seguinte: o futebol europeu tem clubes fortes porque tem ligas fortes.

Estão repetindo, hoje, o que venho dizendo há mais de "noventa" anos: "Os times europeus são verdadeiras seleções".

Basta afirmar isso. No mais, é manter discussões estéreis no preenchimento de assuntos nas tradicionais mesas redondas.

Quantas vezes  afirmamos, nos mesmos últimos "noventa" anos, que a grana do rico futebol europeu compra nossos artistas e nos impede de oferecer o espetáculo?

Temos que parar de fazer fumaça, de esconder a realidade da massa torcedora.

Quem ainda andou '"soluçando", diante do Liverpool, numa decisão de Mundial, foi o Flamengo. E perdeu.

Imaginem o Mundial de Clubes, com nova fórmula, alojando mais de 25 clubes.

424 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.



Por volta de 1959, o Quixará, atual Farias Brito, ousou desafiar Várzea-Alegre para uma partida de futebol. As maiores dificuldades diziam respeito á arbitragem. Depois de reuniões seguidas, as partes chegaram a um entendimento. O primeiro tempo seria arbitrado por um juiz do Quixará e a fase final por um arbitro de Várzea-Alegre.

No dia do jogo, por volta das 11 horas da manha, Valdizio Correia estacionou o velho "misto" na praça da igreja e os atletas foram se acomodando em seus devidos lugares. Seguiram por uma estrada carroçável que ligava os dois municípios via Cariútaba.

Pra encurtar a historia o primeiro tempo terminou com um escore de um a zero para o Quixará. Depois de trocarem o campo e o arbitro a contenda recomeçou. Aos 12 minutos os atacantes Raimundo de Bié e Nenên de Canuta já haviam convertido em gols duas das quatro penalidades máximas marcadas pelo arbitro José de Adalio, o saudoso Zé Gatinha.

O jogo seguia em banho Maria para tranquilidade do juiz que não precisou mostrar as suas prerrogativas de autoridade. Aos 42 minutos, quando ninguém acreditava numa reação do Quixará, o zagueiro cobrou um tiro de meta, um bicudo daqueles que a bola sobe, sobe e vai caindo maneira como um gavião peneirador que posa numa ninhada de pintos.

Um gaiato, na geral, usa um apito igual ao do arbitro. O beque de Várzea-Alegre, seu Toe de Cota se atrapalha com o apito e segura a bola com as duas mãos dentro da pequena área. Não houve jeito para o arbitro, o pênalti teve que ser marcado e a bola colocada na marca da cal.

Antes de autorizar a cobrança da penalidade, o arbitro foi até o goleiro Perna Santa e advertiu: Se deixar entrar vai voltar para Várzea-Alegre a pé. Por sorte a bola tinha um manchão estragado e com o impacto do chute explodiu. A câmara de ar se desprendeu "pruuuus "e como um foguete tomou rumo ignorado, a capa da bola entrou mansinha rente a trave esquerda enquanto o goleiro se esparramou para o outro lado da baliza.

Aliviado Zé Gatinha marcou "meio" gol, e, não podia ser diferente, só entrou a metade da bola. A partida foi encerrada dois minutos antes do tempo regulamentar com o histórico escore de “dois a hum e meio" pra Várzea-Alegre.


423 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Dr. José Bitu Moreno.

Éramos em oito filhos. Fui o quarto deles, nascido em casa, por parteira. Papai tinha uma loja de tecidos e de chapéus de feltro. Mamãe sempre teve uma paciência gigante e muita bondade no coração. O elemento dos dois era o homem, o homem e a vida de relações, o homem no coletivo, na comunidade: a amizade que valia mais que tudo, uma mão que lavava a outra, a palavra que selava um negócio, a fidelidade mesmo a um passado remoto, a hospitalidade como questão de honra...Coisas pouco usuais na vida de hoje.

Meus pais eram filhos de famílias tradicionais da região, na maioria pequenos agricultores, pecuaristas ou comerciantes, que cultivavam arroz, milho, algodão e criavam gado.
Houve no passado muito casamento eugênico, de modo que no tempo em que fui criança, toda a cidade parecia ser a minha própria casa, de tantos parentes. Era comum a descoberta casual de um parentesco entre pessoas que acabavam de se conhecer.

Nós fomos e somos grandes irmãos, até por necessidade, creio. De forma que um foi modelo para o outro, como em tantas outras grandes famílias da época, partilhando dos mesmos princípios morais e, no nosso caso, de uma desconcertante ingenuidade ao tratarmos de negócios.

Um herdou do outro o uniforme da escola e os livros. O guarda-roupa era coletivo (calças, camisas, meias e cuecas), até a idade em que cada pôde comprar a sua própria roupa, mas mesmo assim a barreira do privado foi sempre ultrapassada. Não nos acostumamos a festas em casa, por razões econômicas em parte, nem de Natal, sequer de aniversários, nessa ocasião o aniversariante era apenas lembrado e cumprimentado, e mamãe fazia um bolo em homenagem.

Os filhos homens começaram cedo, à partir dos 10 ou 12 anos, a ajudar o pai no comércio. Como éramos uma escadinha, com diferença de idade de no máximo 3 anos, sempre houve algum ajudando, na maior parte das vezes dois, em alguns momentos até quatro, nos dias de comércio mais intenso. E levando os estudos paralelamente ao trabalho, sete de nós nos formamos, com exceção do caçula, que já fazendo faculdade, decidiu abandoná-la. E essa foi uma história igual à de muitos brasileiros com diferença apenas de hora, intensidade e lugar, mas de significado e qualidade correspondentes.
Nas cantigas de roda éramos os pares, nos teatros de brincadeira formávamos o elenco, nosso ônibus de cadeiras estava sempre cheio, nosso quarto era repleto de redes, saíamos juntos, descobrimos muito juntos, formávamos um time no futebol, nas festas, no trabalho e na vida.

E quando falo em irmãos, incluo ainda os primos que moravam próximo e eram muitos. As nossas casas se confundiam, tios eram também pais, primos eram irmãos, além de companheiros na escola, nas presepadas, e na vida. Cada pedaço do que hoje nos tornamos, tem as digitais dessas tantas mãos.


422 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.



Mundola.

Há um velho ditado que diz: quem avisa amigo é. Fique atento. Não dê bobeira.

Quem não conhece Mundola em Várzea-Alegre? O nosso conterrâneo que nasceu no distrito de Calabaça, trabalhadorzinho danado, o maior tirador de goteiras da igreja de São Raimundo Nonato, o maior batedor de palmas dos comícios pro campanhas de Acelino Leandro etc, etc.

Pois bem, não vou apresentar todos os predicados do Mundola, estaria me apropriando da postagem do Mundim do Vale. Mas, vou contar a história da cabrinha como boa advertência aos amigos, pois você corre grande risco de apanhar do Mundola se perguntar pela cabra.

É que o Mundola estava fazendo um serviço com a cabrinha do vizinho, e, com a aproximação de uns transeuntes Mundola se avechou, puxou a bichinha pra detrás de uma moita e disse: Berre não cabrinha, berre não, que eu te dou um litro de milho. 

A cabrinha não berrou, mas a voz barelada do Mundola o denunciou, e, os transeuntes testemunharam o causo, e, o pior, - espalharam. Não fale em cabra perto de Mundola, pode acontecer uma tragédia.



421- Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


HISTÓRIAS DE TRANCOSO - Dedico a Antônio Morais e a Mundin do Vale

Era uma vez... Uma cidade chamada Várzea Alegre, que sempre se destacou no cenário cultural pela sua oralidade, ou seja, pela capacidade que o seu povo tem de contar histórias pitorescas e circunstanciais através das gerações. Com o aparecimento do contato virtual essa capacidade artística tornou-se mais descritiva e literária oferecendo às pessoas uma informação mais rápida e universalizada. Que maravilha...

Era uma vez... Um saudoso motorista de caminhão de verve humorística, chamado Zé Felipe, que divulgou as nossas histórias pelo Brasil afora e que se tornou o nosso representante maior nessa prática rotineira da nossa gente. Com o advento da imprensa, fomos representados, em 1933, por Pedro Tenente, o qual ditou dois livros abordando temas orais e que ainda hoje os utilizamos em nossas pesquisas históricas. Quanta ousadia...

Era uma vez... Uma infinidade de ferramentas eletrônicas, que fizeram surgir vários nomes, os quais transformaram a nossa tradição oral em prática virtual. Desses, podemos citar representando os demais, o Escritor e Historiador Antônio Alves de Morais e o Poeta e Contador de Casos Mundin do Vale. Duas figuras impolutas...

Era uma vez... Uma menininha que teve paralisia infantil e que, em hipótese alguma, podia se locomover. Então, uma fada rainha falou, que se ela se submetesse a uma cirurgia ortopédica e começasse a andar de bicicleta poderia reabilitar-se e ter uma vida saudável. E assim ela o fez aos doze anos de idade. E é eternamente feliz...

Era uma vez... Um menino com medo do escuro, que o seu pai, para encorajá-lo, mandava-lhe ao roçado, já à noite, levar os animais de montaria para o pasto. Certa vez, ele viu um padre sem cabeça carregando uma lamparina em uma das mãos...

Era uma vez... Uma moça imigrante, que casou com um rapaz de outra terra, a qual teve dois filhos. Na terceira gravidez, desentendeu-se com o marido por causa da irmã, que mantinha um caso amoroso com ele. Em 1926, Maria é assassinada por Bil, que foge para longe. O assassino aparece às Sextas-Feiras, Treze, em forma de lobisomem e a mártir faz milagres protegendo as mulheres sofredoras...

Era uma vez... Uma história chamada de trancoso ou do tempo da carochinha. Seus ditos eram retirados de histórias populares, fantasiosas, mentirosas e de assombrações, que habitavam o imaginário popular e que foram repassadas, através das gerações, por nossas bisavós, avós, mães e babás. O homem, mais dedicado ao trabalho fora do lar, era menos influente...

Era uma vez... Um escritor português, nascido e vivido no século XVI, chamado Gonçalo Fernandes Trancoso, que ao escrever Contos e Histórias de Proveito e Exemplo, deu ao mundo um desejo irresistível de valorizar o cotidiano e o simples. Foi contemporâneo de Cervantes, Montaigne, Shakespeare, Erasmo e Camões e era conhecido como um zeloso moralista e um religioso praticante. Teve por base a cultura popular, inseriu o conto português na grande corrente européia e foi possuidor de um estilo agradável marcado pela tradição oral. Que nem nós...

Porém, desta vez... Comparar Mundin do Vale e Antônio Morais ao genial Gonçalo Fernandes Trancoso é um fato real, pois os três são possuidores da mesma versatilidade. A capacidade de extrair pérolas do nosso cotidiano, transformando-as em estruturas virtuais instantâneas, foi o ponto decisivo para o surgimento dessa verdadeira analogia. Quanta alegria...

E, desta vez... A História não é de Trancoso.

Dr. Sávio Pinheiro.


420 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Terminei o curso ginasial em Dezembro de 1968 em Várzea-Alegre. Os meses seguintes vivi um período de muitas duvidas. Não sabia se ia fazer o colegial ou se ia ser um plantador de arroz nas várzeas verdejantes do Riacho do Machado em Várzea-Alegre. 

Faltando uns 10 dias para o inicio das aulas, o meu pai me botou no  ônibus de seu Totô e me mandou ao Crato. Trazia  no bolso uma cartinha solicitando ao  diretor  do Colégio Estadual  Manuel Batista Vieira, Vieirinha, minha matricula.

O encontrei na Livraria Católica, próximo a gloriosa Praça Siqueira Campos.  Ele recebeu o envelope, retirou a carta, leu, recolocou no envelope e escreveu em cima - A palavra mais expressiva de toda  minha vida - "Faça-se".
Fui me ter com a Zuleide no colégio.

Eu sou um saudosista inveterado. Viver uma vez já é uma dadiva divina e o que dizer de rebuscando o tempo viver mais uma vez? 

Rebuscar o passado me faz lembrar os velhos amigos dos meus tempos de meninice no colégio. Hoje, um punhado de homens e mulheres bem sucedidas, exemplares pais e mães de família, para quem posso juramentar o meu respeito e minha admiração. Sempre vi a todos com os olhos de um irmão..

Ontem de passagem pela rua Senador Pompeu, encontrei aquele que sempre admirei e respeitei, vendo nele figura distinta, pessoa diferente, a quem devo devotar o máximo de atenção e cortesia.

Anário de Sá Cavalcante, foto, me deu um dos meus melhores abraços dos últimos recebidos. Nos tempos do colégio poucos eram  tão sem vergonha e safado quanto ele, hoje nenhum outro é tão amigo, camarada  e admirado. 

Um colega sem chance de ser esquecido.



419 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Coronel Leovigildon Bizarria e as voltas que o mundo deu.

No inicio da década de 70 do século passado, um famoso fazendeiro das bandas de Várzea-Alegre, proveniente de famílias dos Inhamuís, trouxe uma filha para estudar  no Crato. Matriculou no melhor colégio da região naqueles tempos  e hospedou no melhor internato existente na cidade.

Em breve tempo, a turma da classe começou a observar as trocas de olhares, as atenções e a lhaneza no trato da menina moça para com um colega de sala.

O zum zum zum voou rápido e foi um pinote para chegar  na Rajalegue. O pai da moça veio ao Crato, a retirou do colégio e levou de volta, alegando que uma descendente de "Papai Raimundo" não podia namorar um frajola qualquer cujo nome  nem “marca de família" tinha.

Três décadas mais tarde, o famoso fazendeiro padecendo de uma doença grave, e, em fase terminal, veio ao cariri, desta feita, procurar atendimento médico no Hospital São Vicente, em Barbalha.

No terceiro dia, conversando com o médico que o atendia, com lhaneza no trato e atenção esmerada, procurou saber sobre sua origem, sua família, e, para surpresa, o médico era filho daquele de cuja descriminação, preconceito e censura  fora vitima. 

O mundo é um redemoinho, e, nas voltas que dar ficam muitos ensinamentos e lições de grande significado. A felicidade não está no fim da jornada, e, sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la.

Embora existam pessoas orgulhosas, arrogantes e de mente doentia que se imaginam superiores. O final é o mesmo : Debaixo de uma pedra fria com  as indefectíveis palavras : Aqui Jaz.


418 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.



É meio complicado sair por aí onde falam idiomas e línguas estrangeiras. No meado da década de 1980 do seculo passado eu era gerente do Bicbanco em Crato e fui convidado para a inauguração de uma agência em São Paulo.
Terminada a solenidade de inauguração da agência, o Dr. Antônio Pompeu de Araújo, diretor do banco, convidou a mim e outros para jantar em um restaurante espanhol. Ele se metia a falar espanhol.

Fomos recebidos por um garçom de finíssima educação e lhaneza no trato. Dr. Pompeu começou arranhando um espanhol muito bem arremedado pelo garçom. 

Lá pras tantas o Dr. Pompeu perguntou para o garçom: de que região você é lá na Espanha. O caboclo respondeu: eu não sou espanhol não, eu sou de Santana do Acaraú no Ceará.

Uma feliz coincidência Dr. Pompeu é de Santana do Acaraú, cidade localizada na zona norte do Estado do Ceará, eram conterrâneos.


417 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Em Várzea-Alegre, todos conhecem ou já ouviram falar no “Forró da Correia Mole”. Localizado na principal avenida da cidade, os eventos promovidos no local destinam-se ao bom gosto das pessoas da terceira idade. Horário, geralmente, entre oito da noite e terminando no mais tardar onze meia, nunca depois da meia noite.

Ordem e respeito de sobra, pois os freqüentadores fazem parte de uma geração formada nas décadas de 40 e 50 quando não havia as maledicências de hoje, se respeitavam às leis, as autoridades e o próximo.

O amigo Antônio Budu, outro dia, visitou para matar a curiosidade, e, terminou por se tornar o mais assíduo frequentador. “Segundo ele, os veínhos de sandália japonesa, chapéu na cabeça e bermudas, se agarram com as veinhas iguais umas abelhas de arapuá”. O conjunto é famoso: Chico Araújo faz a festa com sua  sanfona acompanhado por Tico do Pandeiro e Zé Cibito no Zabunba.

Uma pinga prus veinhos, uma zinebra pras veinhas e, no dia que  recebem a aposentaria - é cerveja  a granel. Musicas do Waldick Soriano, Lindomar Castilho, Roberto Muller, Barto Galeno e Genival Lacerda - Assim o tempo passa rápido, acaba a festa e espera-se pela próxima semana.

Outro dia, por volta das onze e meia da noite, Antônio Budu dançava com uma parceira do sitio Sanharol, já com mais de sete décadas nos costados e, ela pediu para acabar a dança porque já era hora de ir pra casa. Budu perguntou: Já está indo pra casa, tão cedo? Ela respondeu: já, minha avó num acha bom que eu fique na rua depois da meia noite não!

Isso é que é exemplo de criação!



O61 - O Crato de antigamente - Por Armando Lopes Rafael..


Nascido em Gelsenkirchen, Alemanha, no dia 26 de Janeiro de 1916, Padre Frederico Nierhoff foi figura proeminente na cidade de Crato. Quando assumiu a Paróquia de São Vicente Ferrer – em 1948 – como segundo vigário, a igreja-matriz tinha proporções pequenas e acanhadas. Nos 20 anos nos quais administrou aquela paróquia (1948-1968), Padre Frederico comprou imóveis vizinhos ao templo e ampliou a igreja. Remodelou e ampliou, também, a casa paroquial dotando-a de ampla área anexa, uma espécie de área de lazer, destinada às crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Construiu a Capela de São Miguel Arcanjo, hoje igreja-matriz da paróquia do mesmo nome.

Padre Frederico foi o oitavo filho de um casal profundamente católico: Hermann e Adolfina Nierhoff. Iniciou seus estudos teológicos em Oberhundem, transferindo-se depois para a cidade de Lebenhan Grave, na Holanda. Ainda estudante de Teologia – pertencente à Congregação dos Missionários da Sagrada Família – devido às incertezas da Segunda Guerra Mundial, deixou a Alemanha em sete de Março de 1938, com destino ao Brasil, onde deu continuidade aos seus estudos na cidade de Recife. Ali foi ordenado sacerdote no dia 1º de maio de 1941.

Antes de residir em Crato, exerceu atividades pastorais nas cidades de Picos e Pio IX (no Piauí), Saboeiro, Arneirós e Aiuaba (no Ceará). Em Crato, além de suas atividades no âmbito espiritual, construiu escolas, postos de saúde e capelas na zona rural na então vasta Paróquia de São Vicente Ferrer. Era um homem de grande dinamismo e enorme capacidade de trabalho. Deve-se ao Padre Frederico a construção de um conjunto de casas populares no sítio Malhada – que leva o nome da mãe daquele sacerdote, Adolfina Nierhoff – ainda hoje modelo de assentamento rural com geração de emprego e renda.

Nos anos 40 e 50 do século passado o Cariri cearense era conhecido no Brasil como um dos maiores focos de tracoma, infecção que afeta os olhos e, se não for tratada, pode causar cicatrizes nas pálpebras e cegueira. Padre Frederico selecionou voluntários da zona rural de sua paróquia para ajudar a "Campanha Federal Contra o Tracoma", iniciativa do Departamento Nacional de Saúde Pública. No início da década 60 essa moléstia tinha sido erradicada da zona rural do município de Crato.

Desgostoso com a redução da Paróquia de São Vicente Ferrer a um território de poucos quarteirões no centro de Crato, Padre Frederico desligou-se em 1969 da diocese de Crato e foi ser vigário de Custódia (Pernambuco) onde renovou a pintura interna e retelhou a cobertura da nave central da Igreja de São José, padroeiro daquela cidade. Apesar do pouco tempo em que ali foi pároco, ainda modificou e reformou a casa paroquial, comprou um prédio comercial e fundou o Lions Clube de Custódia. Dali saiu para ser pároco e vigário-geral da diocese de Floresta (PE), aonde no dia 31 de outubro de 1975 sofreu um enfarte enquanto dirigia um carro. Este, desgovernado, capotou ocasionando a morte do Padre Frederico.

Sua repentina e inesperada morte foi muito lamentada em Crato, onde o Padre Frederico trabalhou com dedicação e carinho juntos aos mais necessitados e onde possuía muitos amigos.

“Lula, um presidente reincidente” - O antagonista.

Ao longo do primeiro ano de seu terceiro mandato, petista reciclou programas, reaproveitou quadros antigos e repetiu os piores vícios do passado.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Sete dicas de São João Bosco aos pais e professores para orientar as crianças no caminho da virtude - Postagem do Antônio Morais.


01 - A punição deve ser o último recurso. Muitas vezes é fácil perder a paciência e ameaçar uma criança em vez de educá-la. Até São Paulo tinha essa tentação: ele se lamentava de como alguns convertidos à fé retornavam facilmente aos hábitos inveterados; no entanto, suportava esses desafios com paciência tão zelosa quanto admirável. Este é o tipo de paciência de que precisamos ao lidar com os mais jovens.

02 - O educador tem que se esforçar para ser amado pelos alunos caso deseje obter o seu respeito. O amor se mostra nas palavras e, mais ainda, nas ações, com todos os cuidados direcionados ao bem-estar espiritual e temporal dos alunos.

03 - Exceto em casos raríssimos, correções e punições não devem ser dadas em público. Somente casos graves de prevenção ou reparação de escândalos justificam correções ou punições públicas. Em todos os demais casos, deve-se preservar a privacidade. Afinal, trata-se de educar, não de humilhar.

04 - Violência? Castigos físicos? Devem ser absolutamente evitados. Em vez de educar, eles machucam não só fisicamente – além de rebaixarem a reputação e a respeitabilidade do suposto educador.

05 - As regras de disciplina, bem como as suas respectivas recompensas e punições, devem ficar bem claras para o educando, de modo que ele não possa alegar que não sabia. Em outras palavras, as crianças precisam de limites claros. Ninguém se sente seguro se estiver voando às cegas.

06 - Seja exigente nas questões de dever, firme na busca do bem, corajoso na prevenção do mal, mas sempre gentil e prudente. A impaciência expande o descontentamento até entre os melhores. A caridade triunfa onde a severidade encontra o fracasso. A caridade é a cura, embora possa parecer (e ser) lenta. Daí a necessidade, de novo e sempre, de paciência, paciência e paciência.

Não se trata de ser frouxo, leniente, conivente. Já foi dito que é preciso estabelecer regras e limites claros. A paciência não consiste em tolerar a indisciplina, mas em educar na disciplina com respeito, apesar da tentação de explodir e partir para os gritos, castigos e até para punições físicas.

07 - Para ser verdadeiros pais e mestres, não devemos permitir que a sombra da raiva escureça o nosso semblante. A serenidade deve brilhar em nossas mentes e nossa fronte, dispersando as nuvens da impaciência. O autocontrole deve governar todo o nosso ser: mente, coração, lábios, mãos… Se alguém está errado, esse alguém precisa de ajuda e acompanhamento.

Fundamental para acompanhar todos esses conselhos: A humilde oração a Deus é imprescindível e fará uma diferença notável, que edificará e iluminará!