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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

433 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Zé de Priscila era um moreno que vivia perambulando em Várzea Alegre. Mas trabalhar que era bom ele nunca quis, nunca deu um murro numa broa. Mentia sem ser dia primeiro de abril e gostava mesmo era do alheio. Tirando de tocar repique de vez em quando, nunca fez nada de proveito. Por lanterna e isqueiro era igual a menino por buzina.

Certo dia um fiscal de algodão botou um isqueiro “ sete lapadas “ no balcão da loja de Zé Teixeira e Zé surrupiou.

Foi feita a queixa amparada por testemunhas oculares e o delegado abriu o inquérito policial. Remetido o inquérito para o promotor de justiça, Zé foi enquadrado no crime de furto.

A repercussão na cidade não foi igual o caso da merenda escolar em Fortaleza, mas não deixou de atingir a curiosidade popular enquanto o processo tramitava.

O denunciado pobre na forma da lei, não podendo constituir um advogado habilitado, teve a sua defesa patrocinada pelo Sr. João Vieira que foi nomeado "ha-doc" pelo juiz da comarca.

O promotor fez a acusação alegando que, quem furta um tostão pode furtar um milhão, no que ficava caracterizado o crime de furto. João Vieira defendia a tese de que sendo um objeto de pequeno valor não se justificaria a condenação.

Depois de três audiências o juiz proferiu a sentença na qual Zé foi condenado a seis meses de detenção.

Com a sentença homologada e o despacho de cumpra-se, João Vieira sentindo a sua carreira jurídica abalada, se dirigiu ao condenado e perguntou :
Zé tu fuma?
Não senhor.
E pra que diabo tu queria isqueiro?



6 comentários:

  1. Mundim.

    Conheci Priscila, Maria e Zé de Priscila. Moravam na casa de Tia Maria na rua do Juazeiro. José era meio malino. Esta é uma das boas historias suas, e, o desfecho muito interessante e engraçado. Bem feito, pra que diabo Zé queria um isqueira?

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  2. Como sempre Mundim nos traz o sorriso e o bom humor de volta.

    E tu, Mundim, tu masca? (risos)

    Abraço,

    Claude

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  3. KKKKKKKKKKK...
    Muito boa Mundin!!! Adorei.
    E o advogado nomeado até que se esforçou, defendendo a tese correta, arguindo o "princípio da insignificância"...
    Grande abraço.

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  4. Masco não Claude, mas fumo feito gente grande, no dia que eu deixar vou ficar mascando só cravo.

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  5. Claude.

    Mundim fuma igual uma caipora. Ele foi para o Sanharol e não levou cigarro para ver se ia esquecendo do vicio. Mas que nada, chegando lá se danou a pedir cigarros a Fernando Souza. Lá pras tantas eu disse: Mundim tu fuma demais, isso faz mal. Ele respondeu: Morais, eu fumo mas não TRAGO. Aí Fernando disse: pois de outra vez TRAGA que eu não vou lhe sustentar de cigarro não, viu.

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  6. Essa é muito boa, Moraes!
    O Zé devia ser do PT, era mania mesmo! 🤣🤣

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