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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 28 de outubro de 2024

502 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - POR ANTONIO MORAIS


O Inharé é uma localidade do distrito sede de Várzea-Alegre imprensada pelos sítios Sanharol, Gibão e Chico. Lugar de gente pacata, mansa e ordeira desde os primórdios. Habitavam-no, a principio, Seu Nelinho, Mestre Silvino, Gustavo, José Bitu Filho e outros mais. Na década de 30 do seculo passado José Bastião, filho de Raimundo Bastião e Mariquinha começou um namoro com Maria Júlia, filha de Gustavo. 

Numa tardinha José Bastião encontrou a namorada tristonha e chorosa. Procurou saber o que a transtornava. Ela respondeu: José, este namoro nosso não dar certo, sua tia Madalena Bitu disse que eu sou negra e que você devia procurar uma  moça da família para namorar, estou convencida que ela está certa. José Bastião respondeu em cima da bucha: e o que aquela barata descascada tem a ver com minha vida?

O desaforo de José Bastião chegou aos ouvidos de Frazo do Garrote e depois do mundo. Menininho Bitu, filho de Madalena, uma espécie de juiz de paz e conselheiro do lugar, que ninguém  tomava decisão sem ouvi-lo, tomou as dores da mãe e esperou por José Bastião na casa de Manuel de Pedrinho. Quando José Bastião  se aproximou ouviu a pergunta ameaçadora: Você chamou minha mãe de barata descascada?  Chamei sim! Com que direito? Quem mandou ela se meter na minha vida! 

Menininho mandou a mão e, José Bastião se desviou habilmente ao mesmo tempo que aparou com a outro mão o peduvido nocauteando o primo. È costume das pessoas tomarem o partido do mais forte, e assim ocorreu, Manuel de Pedrinho e os filhos Geraldo e Bilé abufelaram José Bastião e Menininho ficou a vontade, foi a cerca tirou uma vara de marmeleiro e desceu em direção do pé da lata de José Bastião, que num passo de magica se desviou e trouxe Manuel de Pedrinho para debaixo da vara, foi bater na marra do chocalho e o velho ir a nocaute também.  

Assinado o cessar fogo, Menininho tratou de abanar Manuel de Pedrinho e, nesse dia José Bastião não foi namorar, voltou  para casa no sitio Canto.

José Bastião e Maria Júlia se casaram, tiveram vários filhos e viveram mais de 70 anos casados. Certo o ditado: dar conta  da tua vida, deixa os outros cuidarem da deles. 

2 comentários:

  1. Muito engraçada esta briga dos dois primos.Quando Nego de Aninha fugiu com Rita de Mané, seu Menininho foi solidário com o compadre.Mané de Pedim era padrinho de Antão.

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  2. Prezado Geovane.

    Nestes tempos tudo era arrumado pelos outros. Como dizia Joaquim Bitu: Menininho se metia em tudo. A opinião própria não valia. Talvez por essa razão tudo desse certo. Hoje as pessoas não sabem o que querem e o vai e vem é constante.

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