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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Lula faz da festa do PT um palco de molecagens - Ricardo Noblat

A festa de 36 anos do PT foi um fracasso.

O partido alugou, no Rio, um espaço onde caberiam quatro mil pessoas bem acomodadas.

No seu melhor momento, a festa, animada pelo cantor Diogo Nogueira e a bateria da escola de samba Portela, só atraiu 1.500 pessoas, se tanto.

O PT esperava, pelo menos, três mil pessoas.

A assessoria de Diogo fez questão de informar que ele não tem vínculo com o PT. Para ele, o show foi como outro show qualquer.

Com medo de vaias, a presidente Dilma preferiu manter-se à distância. Estendeu sua visita oficial ao Chile.

Ouviu-se os gritos de sempre. A saber: “Dirceu/guerreiro/do povo brasileiro” – uma alusão ao ex-ministro José Dirceu, condenado pelo mensalão e preso novamente na Operação Lava Jato.

Também:  “Não vai ter golpe”. Ou ainda: “Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma.”

Naturalmente, a estrela da festa foi Lula. Que aproveitou a ocasião para bater na Justiça, a quem acusou de ser subordinada aos jornais; na mídia e nos seus adversários. Aproveitou para fazer molecagens.

Moleque, segundo o Dicionário do Aurélio, é sinônimo de canalha, patife e velhaco. Mas pode ser sinônimo de pilhérico, trocista e, jocoso.

Digamos que as molecagens de Lula foram as de um sujeito pilhérico, trocista e jocoso.

Ao falar pela primeira vez de público sobre o sítio de Atibaia frequentado regularmente só por ele e sua família, Lula disse que o recebeu de presente do amigo Jacó Bittar, ex-sindicalista, doente, a quem ele visitou às escondidas no último carnaval.

O filho de Bittar, que não tinha dinheiro sozinho para comprar o sítio, associou-se ao empresário Jonas Suassuna para fechar o negócio. O sítio está no nome dos dois.

Todo mundo aqui conhece o Jacó Bittar, meu companheiro. Ele inventou de comprar uma chácara, fez uma surpresa para mim. Jacó e meus companheiros quiseram comprar a chácara para me fazer surpresa – contou Lula.

Ele não comentou a reforma do sítio feita pela Odebrecht. Mas em petição ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Lula afirmou que a reforma foi feita por José Carlos Bumlai, preso pela Lava-Jato.

No final do ano passado, Lula negou que fosse amigo de Bumlai. Fotografias de Bumlai com Lula provaram a amizade.

Lula falou sobre o tríplex no Guarujá:

Eu digo que não tenho o apartamento. A empresa diz que não é meu. E um cidadão do Ministério Público, obedecendo ipsis literis o jornal 'O Globo' e a 'Rede Globo', costuma dizer que o tríplex é meu".

Ironizou o imóvel como "tríplex do Minha Casa Minha Vida, de 200 metros quadrados".



O Lula fanfarrão de sempre aproveitou o resto do seu discurso para dizer coisas do tipo:

 “O Lula paz e amor vai ser outra coisa daqui para  frente”;

 “Eu queria dizer para eles: vocês não vão me destruir, vamos sair mais fortes dessa luta";

"Se quiserem voltar ao poder, se preparem para 2018 e vamos disputar democraticamente. Sacanagem a gente não aceita";

"Temos um partido chamado Globo, um partido chamado Veja, um partido chamado Outros Jornais, que são a oposição desse país”;

"Os petistas não podem levar desaforo para casa toda vez que falarem merda da gente".

O discurso de Lula coincidiu com a divulgação dos resultados da mais nova pesquisa Datafolha. Ela apurou que:

1. Governo Dilma segue rejeitado por 64% dos brasileiros. Outros 60% querem que a Câmara dos Deputados aprove o impeachment de Dilma;

2. 33% dos brasileiros revelam ter votado em Lula sempre que tiveram a chance de fazê-lo de 1989 para cá. Desses, um terço descarta votar de novo em 2018;

3. 58% dos brasileiros acham que Lula foi beneficiado por empreiteiras no caso do triplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. E que Lula as beneficiou nos seus dois governos. O famoso toma-lá-me-dá-cá;

4. Mesmo entre simpatizantes do PT, um terço acha que Lula se beneficou de empreiteiras no caso do triplex e do sítio.

Ministro da Justiça decide deixar o cargo após críticas do PT à Polícia Federal.


José Eduardo Cardozo afirmou que o partido não entende que a instituição tem autonomia para fazer investigações.Alvo de críticas do PT desde o ano passado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decidiu que vai deixar o cargo nesta semana, segundo a edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo. A decisão foi tomada depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou, no último sábado, de estar sendo perseguido pela Polícia Federal, comandada por Cardozo.

Durante a festa de 36 anos do PT, realizada no dia 27, Lula reclamou que, a partir desta segunda-feira, seu sigilo bancário, telefônico e fiscal poderia ser quebrado e voltou a afirmar que é a pessoa "mais honesta" do Brasil.

No dia seguinte, no domingo, Cardozo disse a interlocutores que o partido não entende o seu papel como ministro quando critica a Polícia Federal. Segundo ele, a corporação tem autonomia para fazer investigações e ele só pode atuar quando há violação de direitos.


AI DE TI, BRASIL - Por Arnaldo Jabor

Ai de ti, Brasil, eu te mandei o sinal, e não recebeste. Eu te avisei e me ignoraste, displicente e conivente com teus malfeitos e erros. Ai de ti, eu te analisei com fervor romântico durante os últimos 20 anos, e riste de mim. Ai de ti, Brasil! Eu já vejo os sinais de tua perdição nos albores de uma tragédia anunciada para o presente do século XXI, que não terá mais futuro. Ai de ti, Brasil – já vejo também as sarças de fogo onde queimarás para sempre! Ai de ti, Brasil, que não fizeste reforma alguma e que deixaste os corruptos usarem a democracia para destruí-la. Malditos os laranjas e as firmas sem porta.

Ai de ti, Miami, para onde fogem os ladrões que nadam em vossas piscinas em forma de vagina e corcoveiam em “jet skis”, gargalhando de impunidade. Malditas as bermudas cor-de-rosa, barrigas arrogantes e carrões que valem o preço de uma escola. Maldita a cabeleira do Renan, os olhos cobiçosos de Cunha, malditos vós que ostentais cabelos acaju, gravatas de bolinhas e jaquetões cobertos de teflon, onde nada cola. Por que rezais em vossos templos, fariseus de Brasília? Acaso eu não conheço a multidão de vossos pecados???

Ai de vós, celebridades cafajestes, que viveis como se estivésseis na Corte de Luís XIV, entre bolsas Chanel, gargantilhas de pérola, tapetes de zebra e elefantes de prata. Portais em vosso peito diamantes em que se coagularam as lágrimas de mil meninas miseráveis. Ai de vós, pois os miseráveis se desentocarão, e seus trapos vão brilhar mais que vossos Rolex de ouro. Ai de ti, cascata de camarões!

Tu não viste o sinal, Brasil. Estás perdido e cego no meio da iniquidade dos partidos que te assolam e que contemplas com medo e tolerância?

Cingiram tua fronte com uma coroa de mentiras, e deste risadas ébrias e vãs no seio do Planalto. Ai de vós, intelectuais, porque tudo sabeis e nada denunciais, por medo ou vaidade. Ai de vós, acadêmicos que quereis manter a miséria “in vitro” para legitimar vossas teorias. Ai de vós, “bolivarianos” de galinheiro, que financiais países escrotos com juros baixos, mesmo sem grana para financiar reformas estruturais aqui dentro. Ai de ti, Brasil, porque os que se diziam a favor da moralidade desmancham hoje as tuas instituições, diante de nossos olhos impotentes. Ai de ti, que toleraste uma velha esquerda travestida de moderna. Malditos sejais, radicais de cervejaria, de enfermaria e de estrebaria – os bêbados, os loucos e os burros –, que vos queixais do país e tomais vossos chopinhos com “boa consciência”. Ai de vós, “amantes do povo” – malditos os que usam esse falso “amor” para justificar suas apropriações indébitas e seus desfalques “revolucionários”.

Ai de vós, que dizeis que nada vistes e nada sabeis, com os crimes explodindo em vossas caras.

Ai de ti, que ignoraste meus sinais de perigo e só agora descobriste que há cartéis de empresas que predam o dinheiro público, com a conivência do próprio poder. Malditas sejam as empresas-fantasma em terrenos baldios, que fazem viadutos no ar, pontes para o nada, esgotos a céu aberto e rapinam os mínimos picuás dos miseráveis.

Malditos os fundos de pensão intocáveis e intocados, com bilhões perdidos na Bolsa, de propósito, para ocultar seus esbulhos e defraudações. Malditos também empresários das sombras. Malditos também os que acham que, quanto pior, melhor.

A grande punição está a caminho. Ai de ti, Brasil, pois acreditaste no narcisismo deslumbrado de um demagogo que renegou tudo que falava antes, que destruiu a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises, para voltar um dia como “pai da pátria”. Maldito esse homem nefasto, que te fez andar de marcha à ré.

Ai de ti Brasil, porque sempre te achaste à beira do abismo ou que tua vaca fora para o brejo. Esse pessimismo endêmico é uma armadilha em que caíste e que te paralisa, como disse alguém: és um país “com anestesia, mas sem cirurgia”.

Ai de vós, advogados do diabo que conseguis liminares em chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões. Maldita seja a crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos. Malditos os compradiços juízes, repulsivos desembargadores, vendilhões de sentenças para proteger sórdidos interesses políticos. Malditos sejam os que levam dólares nas meias e nas cuecas e mais ainda aqueles que levam os dólares para as Bahamas. Ai de vós! A ira de Deus não vai tardar...

Sei que não adianta vos amaldiçoar, pois nunca mudareis a não ser pela morte, guerra ou catástrofe social que pode estar mais perto do que pensais. Mas, mesmo assim, vos amaldiçoo. Ai de ti, Brasil!

Já vejo as torres brancas de Brasília apontando sobre o mar de lama que inundará o Cerrado. Já vejo São Paulo invadida pelas periferias, que cobrarão pedágio sobre vossas Mercedes. Escondidos atrás de cercas elétricas ou fugindo para Paris, vereis então o que fizestes com o país, com vossa persistente falta de vergonha. Malditos sejais, ó mentirosos, vigaristas, intrujões, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente. Ai de ti, Brasil, o dia final se aproxima.

Se vossos canalhas prevalecerem, virá a hidra de sete cabeças e dez chifres em cada cabeça e voltará o dragão da Inflação. E a prostituta do Atraso virá montada nele, segurando uma taça cheia de abominações. E ela estará bêbada com o sangue dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país”. Ai de ti, Brasil! Canta tua última canção na boquinha da garrafa.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Dom Fernando Panico, um grande bispo – por Armando Lopes Rafael

"A ingratidão é sempre uma forma de fraqueza. Nunca vi homens hábeis serem ingratos." (Goethe) 

  Fiz os antigos cursos de Humanidade (ginasial) e o Cientifico, nos bancos do tradicional Colégio Diocesano de Crato. Do pouco que sou muito devo à formação recebida naquele educandário, à época dirigido por monsenhor Francisco Holanda Montenegro. Os mestres de antigamente não se limitavam a repassar, aos alunos, os informes da matéria de que eram titulares. Em meio à explanação das disciplinas, os professores faziam comentários visando à formação religiosa e cívica dos alunos. Nunca esqueci o que disse certa vez um excelente professor: “O pior dos defeitos é a ingratidão, que despreza hoje quem o beneficiou ontem”. Na verdade vim a saber depois que esta frase fora escrita por Torres Pastorino. Mas ele vem a calhar pelo fato que relato abaixo.

     Uma pessoa, que já recebeu, no passado, atenção e favores da parte de Dom Fernando Panico, fazia, outro dia – através do face book – críticas veladas ao trabalho deste bispo à frente da Diocese de Crato. Além do defeito da ingratidão, essa pessoa agia de forma malévola, fingindo desconhecer que o atual Bispo Diocesano de Crato foi o responsável pelo funcionamento de quatro instituições para recuperação de alcoólatras e dependentes de drogas que funcionam no Cariri. Além de duas casas existentes em Crato, temos outra em Barbalha (no sítio Riacho do Meio) e a Fazenda da Esperança, em Mauriti. Deve-se a Dom Fernando a construção dos dois grandes blocos que compõe a atual Cúria Diocesana de Crato, bem como o prédio do novo Seminário Propedêutico, localizado no bairro Grangeiro.

      Quando chegou a Crato, em 2001, Dom Fernando encontrou a Diocese com 42 paróquias. Criou mais 13 e outras 02 duas paróquias estão em processo de criação, o que significa um crescimento de 31,7%. Ordenou ele os primeiros Diáconos Permanentes da Diocese. Criou o Curso Superior de Teologia no Seminário São José de Crato, que hoje forma sacerdotes para cinco dioceses: Crato e Iguatu, no Ceará; Salgueiro e Petrolina, em Pernambuco, e Cajazeiras, na Paraíba. Dom Fernando ordenou 68 novos sacerdotes para a Diocese de Crato. O clero cratense é hoje formado, na maioria, por novos padres o que não aconteceu com outras dioceses brasileiras que tem a maioria na faixa etária da terceira idade.

        Ao assumir a Diocese de Crato, Dom Fernando encontrou o Hospital São Francisco de Assis, pertencente à Fundação Padre Ibiapina, em meio a várias crises, pois atuava com métodos e equipamentos ultrapassados. Entregou aquele hospital – em forma de comodato – à Ordem dos Camilianos, e aquele nosocômio vem experimentando sucessivas melhorias no seu funcionamento e é considerado hoje um “hospital-polo” no sul do Ceará. Quando vemos, diariamente – através dos noticiários da televisão – a falência da assistência médica no Brasil e comparamos com a assistência prestada pelo Hospital São Francisco, chegamos à conclusão do acerto da decisão do atual Bispo de Crato.

         Hoje, todos os 32 municípios que foram a Diocese possuem suas paróquias. Além disso, Dom Fernando criou quatro Santuários Diocesanos: o da Igreja-Matriz de Nossa Senhora das Dores de Juazeiro do Norte (posteriormente elevado pela Santa Sé à condição de Basílica Menor); o Santuário Eucarístico que funciona na igreja de São Vicente Férrer em Crato; o Santuário da Divina Misericórdia, na Igreja-Matriz de Santo Antônio, na cidade de Barro e o Santuário da Mãe do Belo Amor, localizado no planalto do sítio Páscoa, zona rural de Crato.

            A realização de maior impacto e repercussão feita por Dom Fernando foi o da reconciliação da Igreja Católica com a memória espiritual e a pastoral do Padre Cícero Romão Batista. Há a registrar também que se deve ao atual bispo de Crato o início ao Processo Diocesano pela Beatificação da Serva de Deus Benigna Cardoso da Silva. Este processo já se encontra em análise na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano.

             Haveria muitas e muitas outras ações a falar sobre o fecundo episcopado deste admirável e generoso Pastor Diocesano, nascido na Itália. O espaço é curto.  Aquela pessoa que hoje cospe no prato que a alimentou, bem que poderia refletir: a gratidão é um dos sentimentos mais nobres que existe. Ser grato é abrir o coração e deixar fluir este sentimento que envolve a nossa alma. Ser grato é reconhecer um benefício que recebemos e que nada nos custou, embora seja algo tão caro e tão relevante e traga tanto reflexo no presente e no futuro. No entanto, para ser grato é preciso ter um coração sempre aberto, ter sensibilidade, humildade, estar ao lado do bem...


PT, 36 anos - Rui Fabiano


O PT, fulminado por uma avalanche de escândalos que não consegue explicar – e que, a rigor, dispensam explicações, socorre-se num argumento único: é vítima de uma sórdida campanha da mídia para criminalizá-lo.


Ora, se há uma instância em que o partido, que celebra este fim de semana seus 36 anos, ainda encontra defensores é exatamente na mídia - impressa, falada, televisada e digitalizada (esta sustentada com dinheiro público).
A mídia não criminalizou o PT – e, sim, o PT criminalizou a política. Mais: indiferente às falcatruas fiscais do governo Dilma e às denúncias de que sua reeleição foi nutrida com dinheiro roubado da Petrobras, alega que a tentativa de depô-la, via impeachment ou via TSE – ou seja, dentro das normas do Estado democrático de direito -, tem como fundamento evitar a eleição de Lula em 2018.
O partido já foi mais inteligente em seus argumentos. Antes de mais nada, o Ibope acaba de constatar, em pesquisa, que confirma as anteriores, que 61% dos brasileiros asseguram que, em hipótese alguma, votariam em Lula. Ainda que todos os demais votassem – e não é o caso -, não teria como se eleger.
O panelaço de terça-feira, em que Lula falou em rede de TV, demonstra que o Ibope não errou – foi até moderado.
Nenhum partido e nenhum presidente da República foram mais festejados pela imprensa que PT e Lula, não obstante terem chegado ao poder não exatamente imaculados.
O prontuário começou bem antes da chegada ao Planalto, com o assassinato dos prefeitos Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT (Campinas), em setembro de 2001, e de Celso Daniel (Santo André), em janeiro de 2002, casos ainda hoje à espera de desfecho. Em ambos, são nítidas as digitais do PT.
Dois meses depois de Lula assumir a presidência da república, em março de 2003, estourou o escândalo Waldomiro Diniz. Era o subchefe da Casa Civil, homem de confiança de José Dirceu, que desempenhava a função de “articulador parlamentar”. Foi flagrado pedindo propina ao bicheiro Carlos Cachoeira.
Na sequência, vieram o Mensalão e o Petrolão, que, a rigor, compõem um só enredo: a rapina ao Estado, em parceria com um pool de empresários delinquentes. Corrupção sistêmica, algo inédito mesmo para os podres padrões da república brasileira.
Há ainda diversas caixas-pretas a serem abertas: Eletrobrás (que o STF tirou das mãos do juiz Sérgio Moro), BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, fundos de pensão etc.
Em cada uma dessas instâncias, o governo se move para impedir qualquer hipótese de investigação, o que já é em si uma confissão antecipada de que oculta falcatruas.
O PT inaugurou o roubo do bem. Seria diferente dos convencionais, pois teria destinação social. Se sobrou um troco para um tríplex ou um sítio, é bobagem, mera gorjeta para quem, afinal, colocou “30 milhões de pobres na classe média”. Pouco importa se eles - se é que lá estiveram - já fizeram a viagem de volta.
A depressão econômica está acabando com a própria classe média, mas a culpa, claro, é da crise internacional (que antes era apenas “uma marolinha”), não do governo.
Não só o povo não viaja mais de avião, mas também o personagem criado pelo PT, o burguês que “não gosta de sentar ao lado do povo”. Nisso, a crise é democrática: liquida a ambos.
Coerência é palavra ausente do glossário petista. Depois de arrombarem a Petrobras, indignam-se com os que a querem salvar. É o caso do projeto do senador José Serra, aprovado esta semana pelo Senado, que estabelece que, a critério do governo, a empresa se desobriga de participar das prospecções do pré-sal.
O projeto salva a Petrobras, mas os seus algozes, a pretexto de defendê-la, alegam o contrário, fazendo o papel do verdugo que se abraça ao cadáver que acabou de produzir.
Graças ao PT, a Petrobras deve mais do que vale e suas ações estão cotadas ao preço de um guaraná. Lula, às voltas com o Código Penal, acha, no entanto, que o país, hoje, “inspira mais confiança”. Os especialistas preveem que a Petrobras levará mais ou menos uma década para retornar ao lugar que já ocupou – ela e o país. E isso, claro, se o ambiente político mudar radicalmente.
Vai mudar, não há dúvida. O quer não se sabe é a que preço. A resistência do governo em reconhecer os estragos e, mais que isso, a ausência de remédios para os males que perpetrou, torna o processo mais penoso e preocupante.
A melhor saída seria a sugerida pelo ministro Marco Aurélio, do STF: renúncia dos presidentes da república, da Câmara e do Senado e convocação imediata de eleições. Mas falta grandeza aos protagonistas – ou coragem para responder judicialmente a seus erros sem o guarda-chuva do poder. Aguardemos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A prisão que apavora a Odebrecht - POR LAURO JARDIM


Que Benedicto Barbosa Junior que nada. Não foi a prisão de Junior, ou BJ, presidente da Construtora Norberto Odebrecht e segundo homem mais importante do grupo na segunda-feira, a que mais abalou a cúpula da empresa.

Foi a de Maria Lucia Tavares, a fiel secretária da empresa. Em princípio, uma secretária é sempre o elo fraco da corrente. Maria Lucia depõe hoje na PF, em Curitiba.

CID GOMES AFIRMA QUE LULA FOI CONIVENTE COM CORRUPÇÃO NA PETROBRAS.


O ex-ministro da Educação Cid Gomes (PDT), que deixou o governo em março do ano passado, acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi conivente com o esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. O pedetista, no entanto, saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff, a quem classificou como uma pessoa "séria, honrada e bem intencionada".

"O grande problema do Brasil é vir à tona um período do qual a Dilma não é copartícipe e, pelo contrário, trabalhou para desmontar, em que uma trupe de gente desonesta se apoderou muito, em função de pressões do PMDB e de boa parte desses eventuais ditos partidos que compõem a base, fisiológicos. E houve muita conivência do Lula em relação a isso", afirmou.

Para Cid, Dilma fez justamente o contrário. "Quem tirou a cúpula da roubalheira da Petrobras foi a Dilma e, oportunisticamente, tem sido criticada por uma coisa que ajudou a desfazer".

O ex-governador do Ceará participou nesta quarta-feira, 24, em Brasília, de solenidade de inauguração de sua foto na galeria de ex-ministros da Educação. Sua saída do governo no ano passado, depois de declarar que a Câmara dos Deputados tinha "de 300 a 400 achacadores", marcou o auge da crise entre o Planalto e o Congresso.

Em entrevista à imprensa após o evento, Cid voltou a criticar com veemência o trabalho legislativo. "É claro que tem pessoas sérias, honradas, de bem. Mas a grande maioria da composição da Câmara é de achacadores, chantagistas, sem o menor espírito público. E o Eduardo Cunha representa exatamente isso", disse.

E voltou sua artilharia para o PMDB que, para ele, o partido é o que mais contribui hoje para que as pessoas desacreditem na política brasileira. "O PMDB é um partido de oportunistas, de fisiológicos, como regra, e é o partido que mais faz mal à política brasileira", disparou.

Cid afirmou que Cunha é a "excrescência, a caricatura disso tudo". "Uma pessoa completamente desmoralizada no conceito popular, se mantém presidente de uma Casa e, pior do que isso, com o respaldo da maioria da Casa. O que só demonstra duas coisas: boa parte da Casa foi financiada por ele e outra parte é igual a ele."


Operação Acarajé: marqueteiro abusa da ironia e desdenha força-tarefa da Lava-Jato ao voltar ao Brasil - Por Redação Ucho.Info .


João Santana, marqueteiro oficial da cúpula petista, e Mônica Moura, mulher e sócia do publicitário, abusaram do deboche no momento em que se entregaram à Polícia Federal, mas nada como o efeito do cárcere para neutralizar essa soberba.

Santana e Moura desembarcaram na manhã desta terça-feira (23) no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (SP), provenientes da República Dominicana, e de forma concomitante foram presos por agentes da PF, que cumpriram mandados expedidos no escopo da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato.

O casal participava da campanha à reeleição do presidente dominicano, mas retornou ao Brasil sem celulares e notebooks, acessórios atualmente indispensáveis para pessoas que viajam a trabalho. O advogado Fábio Toufic, que adotou o mesmo tom arrogante e chicaneiro, disse, ao ser questionado por jornalistas, que a PF não autoriza o uso de celulares na carceragem. Se essa autorização for dada, ele apresentará os aparelhos telefônicos dos clientes.

No momento em que a Operação Acarajé tem provas de sobra contra Santana, o marqueteiro abusa do desdém ao tentar dificultar as investigações. Ele é acusado de receber em conta secreta no exterior US$ 7,5 milhões, dinheiro oriundo do esquema de corrupção que funcionou deliberadamente durante uma década na Petrobras, segundo as investigações.

Deputados vão discutir voto de Barroso em telão na Câmara - Por Severino Mota.



O grupo de trabalho da Câmara que vai analisar o voto de Luís Roberto Barroso sobre o impeachment promete montar um telão na Câmara.

Nele, os deputados pretendem exibir o voto de Barroso na íntegra e, numa espécie de audiência pública com a imprensa, questionar ponto a ponto de suas posições e apontar o que consideram omissões ou erros do ministro do Supremo Tribunal Federal.

Os 300 parlamentares que requereram a criação do grupo de trabalho dizem que Barroso não seguiu o mesmo rito usado no impeachment de Fernando Collor, em 1992, e interferiu em prerrogativas da Câmara.

O passado bate à porta do PT e vai arrombá-la - Por Reinaldo Azevedo

Note-se os depósitos em questão aconteceram durante a gestão Dilma. Por mais que a presidente ache que dá para voar nas asas da “mosquita”, ignorando o escândalo, este insiste em se agitar e em fazer barulho no armário.

O cerco está se fechando. O marqueteiro João Santana, consta, está voltando para o Brasil. Há algumas possibilidades para ele, a saber: a) demonstrar que a conta que recebeu US$ 7,5 milhões no exterior não é sua; b) evidenciar que as empresas que repassaram US$ 3 milhões desse total não têm vínculo nenhum com a Odebrecht; c) deixar claro que os outros US$ 4,5 milhões não saíram de contas do lobista e pagador de propina Zwi Skornick.

E, bem…, sempre há a possibilidade de admitir que é tudo verdade — a conta é mesmo sua e aquelas são as fontes pagadoras —, mas que nada se fez ao arrepio da lei. Afinal, ele teria efetivamente prestado serviço a essas empresas. Mas quais?

Santana é um portento da multiplicação da riqueza. Em 2004, o patrimônio declarado por ele e por sua mulher, Mônica, era de R$ 1 milhão. Dez anos depois, saltou para R$ 78,6 milhões. Isso é que é profissional bem pago! E olhem que ele não produziu nesse tempo um miserável parafuso — nem parafuso intelectual, diga-se. O que ele fez foi produzir narrativas para o petismo que levaram o eleitorado a acreditar uma vez em Lula e duas vezes em Dilma. Deu no que deu.

Sua fama atravessou fronteiras e serviu a outros políticos da América Latina, sempre afinados com o PT. Uma das saídas é tentar demonstrar que essa dinheirama toda que entrou em sua conta decorre desses trabalhos no exterior, mas aí é preciso saber por que são aquelas as fontes pagadoras.

Isso tudo já passou há muito do limite do tolerável. Os advogados busquem os caminhos que lhes facultar a lei para tentar suspender imediatamente a prisão provisória de Santana e sua mulher, Mônica, e para provar que o que parece não é. Mas eu insisto que há uma diferença entre a lógica da vida e a dos tribunais.

No comunicado em que renuncia à campanha eleitoral que coordenava na República Dominicana, ele denuncia a existência de um “clima de perseguição” no Brasil. Eu mesmo já apontei aqui medidas atrapalhadas ou mesmo atrabiliárias da Lava Jato. Quanto, no entanto, o marqueteiro de três campanhas petistas recebe US$ 7,5 milhões de duas fontes investigadas pela Lava Jato, ambas com contratos com a Petrobras, e quando não há nenhuma razão conhecida para que tais pagamentos tenham sido feitos, é de perseguição que se fala? A acusação, nesse caso, chega a ser ridícula.

Note-se: os depósitos em questão aconteceram durante a gestão Dilma. Por mais que a presidente ache que dá para voar nas asas da “mosquita”, ignorando o escândalo, este insiste em se agitar e em fazer barulho no armário. O passado bate à porta do PT.

Já aconselhei Dilma a renunciar ao mandato, saindo, de algum modo, menos lanhada dessa história toda com o peso nas costas das lambanças fiscais. Mas ela insiste em ficar. E os subterrâneos da campanha do petismo começam a ameaçá-la.

Nesta terça, Rui Falcão, gênio da raça petista, teve uma ideia: resolveu dizer que o PT já fez a sua prestação de contas e que não tem nada a ver com as finanças de João Santana.

Vai dar certo? Bem, é claro que não! O PT vai ter de responder por suas escolhas. O Brasil já não engole mais as suas falcatruas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Derna de quando? - Por Antônio Morais.

Em matéria de desviar recursos públicos nem os santos são respeitados. Quando  começaram a construir a estatua de Nossa Senhora de Fátima no Barro Branco em  Crato, papocaram denuncias de desvios de  recursos a torto e a direito.

Um dia eu estava em minha casa e recebi  a visita de três  membros  desses tribunais de  fiscalização. Os homens  queriam  que eu os levasse ao local da obra para um levantamento  no andamento dos serviços.

Já estava pronto a parte que serviria de suporte para colocar  a imagem em cima. Quando chegamos no local eu me apiei do carro e chegando como grão mestre a base construída encontrei um fogo numa trempe com uma panela cozinhando feijão e um cabrocha  feitado numa rede. 

O homem era baixinho, entroncado, calçava uma sandália dupé, vestia uma bermuda bastante encardida,  uma camisa com o resquício de uma foto do Lula e um boné da Dilma Roussef.  

Dirigindo-me ao suplicante disse com modos de autoridade: eu sou da policia federal e aqui estou para  apurar  os desvios de recursos e por os responsáveis na cadeia.

O caboclo  me deu uma olhada de soslaio e lascou: oxente, "derna" de quando tu é da Policia Federal? Tu num é filho de seu José André lá do Sanharol na Rajalegue! O moço morava na Rua Raimundo Sabino a menos de 200 metros da casa de minha mãe.

A imagem que ilustra  a postagem é do antigo Aeroporto Nossa Senhora de Fátima localizado na Chapada do Araripe, desativado há anos, porém, um resgate dos tempos em que os políticos não faziam da cueca cofre.

Do seriado “Coisas da República”: fala de Lula na TV provoca nova “panelaço” no Brasil nesta terça-feira (postado por Armando Lopes Rafael)


Mesmo sem contar com a participação da presidente Dilma Rousseff ou com representantes do atual governo, o programa partidário do PT na TV, exibido na noite desta terça-feira (23), não foi bem recebido pela população e  provocou mais um panelaço e buzinaço em 14 capitais de estado e outras  várias cidades do país. A propaganda do PT tentou apresentar Luiz Inácio Lula da Silva como uma vítima, ao alegar que há uma tentativa de “manchar a história” do ex-presidente.  Não colou. As manifestações foram mais intensas do que as registradas no pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em rede nacional no dia 3 de fevereiro, quando o tema era o combate ao zika vírus e as medidas para conter a expansão da microcefalia. Nas redes sociais, diversas pessoas comemoravam os protestos. Os panelaços foram exibidos também em matéria do Jornal Nacional e hoje pela manhã foram reprisados em todos os noticiários da televisão e foi matéria das manchetes dos  jornais desta quarta-feira (24)



Ah! Se houvesse mais juízes com coragem e inteligência neste decadente e caótico Brasil – por Armando Lopes Rafael


Deve fazer uns dois anos que saiu na “Folha de S. Paulo”, na coluna “Painel do Leitor” a carta abaixo, escrita pelo Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima, um desembargador  residente em Belo Horizonte (MG). A conferir:
 “Quando eu era juiz da infância e juventude em Montes Claros, norte de Minas Gerais, em 1993, não havia instituição adequada para acolher menores infratores. Havia uma quadrilha de três adolescentes praticando reiterados assaltos. A polícia prendia, eu tinha de soltá-los.
Depois da enésima reincidência, valendo-me de um precedente do Superior Tribunal de Justiça, determinei o recolhimento dos “pequenos” assaltantes à cadeia pública, em cela separada dos presos maiores. Recebi a visita de uma comitiva de defensores dos direitos humanos (por coincidência, três militantes). Exigiam que eu liberasse os menores.
Neguei.
Ameaçaram denunciar-me à imprensa nacional, à corregedoria de justiça e até à ONU. Eu retruquei para não irem tão longe, tinha solução. Chamei o escrivão e ordenei a lavratura de três termos de guarda: cada qual levaria um dos menores preso para casa, com toda a responsabilidade delegada pelo juiz.
Pernas para que te quero! Mal se despediram e saíram correndo do fórum. Não me denunciaram a entidade alguma, não ficaram com os menores, não me “honraram” mais com suas visitas e... os menores ficaram presos. É assim que funciona a “esquerda caviar”.
Tenho uma sugestão a  tantos admiráveis defensores dos direitos humanos no Brasil: Criemos o programa social "Adote um Preso". Cada cidadão aderente levaria para casa um preso carente de direitos humanos. Os benfeitores ficariam de bem com suas consciências e ajudariam, filantropicamente, a solucionar o problema carcerário do país. Sem desconto no Imposto de Renda".

Em posse, presidente da OAB critica Dilma e diz que país parece 'nau à deriva' - Por GABRIEL MASCARENHAS


O novo presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Claudio Lamachia, tomou posse nesta terça-feira, em Brasília, com discurso crítico à presidente Dilma Rousseff e ao governo.

"Em uma sanha tributária sem limites, o governo agora tenta recriar a CPMF. [Trata-se de] um absurdo próprio de quem vê o povo famélico e o manda comer brioches. Que riqueza é essa que a presidente República vê para tributar, em meio a uma das maiores recessões da história?", questionou Lamachia.

Em outro momento, os disparos foram endereçados à classe política, de um modo geral.

"A economia do país derrete, e a úncia coisa que se vê são autoridades tentando salvar seus próprios mandatos. Todos estão pensando em si mesmos, e ninguém pensa na nação, que mais parece uma nau à deriva", comparou.

Como já havia feito em outras ocasiões, ele pediu o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e classificou como "deboche" o retorno do senador Delcídio Amaral (PT-MS) ao Congresso, após três meses preso. Ambos são alvo da Operação Lava Jato.

"O 'Petrolão' está aí para nos mostrar. E a Zelotes? e o 'Eletrolão'? Quantos esquemas ainda há nesse país para se desvendar? E o Parlamento, por que não fiscaliza e reage? Porque algumas de suas lideranças estão marcadas pelo mal feito e a corrupção", disse, referindo-se a escândalos recentes.

Poucos congressistas foram vistos na cerimônia de posse da nova diretoria da OAB. Entre os chefes de Poder, apenas o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, esteve presente.

Compareceram ainda o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Francisco Falcão; os ministros do STF Gilmar Mendes, Luis Roberto Barroso e Teori Zavascki, além dos governadores Rodrigo Rolemberg (DF) e José Ivo Sartori (RS).

A nova diretoria, que tomou posse nesta terça, é formada pelo vice-presidente, Luis Cláudio da Silva Chaves; o secretário-geral, Felipe Sarmento Cordeiro; o secretário-geral adjunto Ibaneis Rocha Barros Junior; e o diretor tesoureiro Antonio Oneildo Ferreira. 


O piloto do naufrágio finge que a culpa é dos afogados - Por Augusto Nunes

Na missa negra celebrada nesta terça-feira, disfarçada de programa eleitoral do PT, Lula ensina que o naufrágio econômico só existe porque os afogados insistem em lamentar o que aconteceu. 

Como recita o Exterminador do Plural, os culpados pelo buraco em que o país se meteu são “as pessoas que falam em crise, crise, crise, repete (sic) isso todo santo dia”.

Essa conversa de 171 confirma que, na cabeça baldia do ex-presidente, qualquer problema desaparece se a palavra que o identifica deixar de ser pronunciada. 

Foi por isso que o restante do sermão não reservou uma única e escassa vírgula ao triplex do Guarujá, ao sítio em Atibaia ou à segunda-dama Rosemary Noronha. O pregador teima em acreditar que basta ignorar uma encrenca para que a encrenca suma.

O mestre e seus discípulos ainda não entenderam que as coisas mudaram depois da Lava Jato. Se espera que as delinquências que protagonizou sejam esquecidas, é bom esperar sentado. Bem mais sensato seria providenciar um esconderijo reformado por empreiteiros amigos - antes que chegue o Japonês da Federal.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Historias que ninguém conhece - Por Antônio Morais.

Foto - Pedro de Pinho Vieira.

Em meados da década de 50 do século passado, eu lá com os meus seis anos de idade acompanhei o meu avô ao Periperi dos Pinhos. 

O meu avô  Pedro André  foi levar sua égua para cruzar com o jumento de lote  de Pedro de Pinho. Desse cruzamento nascia  burro, e, aquela época quem tinha um burro era rico, não pelo burro mas, porque não devia um vintém a ninguém.

Lá os meus olhos  curiosos não tiravam as vistas do assédio do jumento com a égua e,  os ouvidos afiados  ouviam a conversa dos Pedros, o de Pinho e o André.

A historia era  sobre politica, os dois  haviam  sido vereadores  em legislatura anterior da câmara municipal. 

Pedro de Pinho contava admirado que Pedro André no dia da eleição  chegando a cidade  compareceu ao local de votação e votou  em Pedro Pinho. Ao sair do local foi procurado por Raimundo Otoni de Carvalho  para  preencher uma vaga de candidato a vereador  em substituição a um candidato desistente, a legislação permitia. 

A principio não aceitou, não fazia sentido, já havia votado e assim não contava nem com o voto dele. Com muita peleja do Raimundo Otoni, chefe da UDN terminou por aceitar para ajudar a legenda. 

Saiu em campanha. Falava com um aqui, outro ali e assim no final do dia, terminada a eleição  e a contagem dos votos Pedro André se elegeu e fez parte junto com Pedro de Pinho e outros  da composição da  Câmara de Vereadores daquela legislatura. 

Investigação sobre tríplex de Lula continua, decide conselho do MP.


Por unanimidade, o Conselho Nacional do Ministério Público deu aval nesta terça-feira à atuação do promotor de Justiça Cássio Conserino na investigação criminal sobre a propriedade de um tríplex em Guarujá (SP) reformado para o ex-presidente Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia. 

O promotor disse a VEJA que já tem indícios suficientes para denunciar Lula e a mulher por ocultação de patrimônio, caso típico de lavagem de dinheiro. Por catorze votos a zero, incluindo o do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o CNMP optou por manter o inquérito.

Nesta semana, VEJA revelou novos diálogos que mostram Lula e Marisa Letícia tratados como "o chefe e a madame" pela cúpula da empreiteira OAS, que assumiu a obra da cooperativa Bancoop, ligada ao PT, e reformou a cobertura para o ex-presidente na praia das Astúrias, litoral paulista.

O conselheiro Valter Shuenquener de Araújo havia suspendido o depoimento do casal no último dia 17, depois de o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) alegar irregularidades, como a antecipação de decisão, supostamente cometidas pelo promotor. O petista e o advogado de Lula, Cristiano Zanin, pediam a redistribuição do inquérito ao promotor natural do caso, José Carlos Blat, que desde 2007 atua na investigação sobre a Bancoop. Conserino, porém, foi designado pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa, para auxiliar Blat, no ano passado.

O conselheiro Shuenquener defendeu na sessão plenária desta terça a livre distribuição dos procedimentos investigatórios criminais (PICs) e a atuação do promotor natural dos casos, mas somente a partir da decisão desta terça, sem alterar a atual investigação contra Lula "por segurança jurídica". Ele reconheceu que Conserino atua no caso respaldado por decisão do procurador-geral de Justiça e votou pelo arquivamento do pedido para instauração de procedimento disciplinar contra o promotor.

Agora como dantes - Por Antônio Morais.

O município de Várzea-Alegre foi criado pela Lei Provincial, de 10 de Outubro de 1870. Desmembrado do município de Lavras da Mangabeira, instalado em 02 de Março de 1872 e extinto pelo Decreto 193 de 20 de março de 1931, quando o território ficou anexado ao município de Cedro. 

Restaurado pelo Decreto 1.156 de 04 de Dezembro de 1933, quando foi instituída a Câmara Municipal, o prefeito de Várzea-Alegre Coronel Antônio Correia Lima, 1912 a 1926, perguntou ao Dudau: "Pra que serve Verador"? Isto mesmo VERADOR. 

Dudau respondeu: para auxiliar o prefeito na administração, criando leis e fiscalizando o executivo. O Coronel, a seu modo, Observou: Ora mais tá, se eu preciso que ninguém me diga o que devo fazer!

Assim é que o Coronel escolheu um compadre do Mururipe, Distrito de Naraniú, para presidir a câmara municipal, mesmo depois de ouvir deste esta significativa expressão: Compadre, eu não sei falar, eu só sei aboiar.

Na década de 50 do século passado um rapaz foi preso por uma estripulia qualquer, a família revoltada o resgatou da cadeia e o delegado fez bunda de ema, o que foi considerado, à época, uma afronta a justiça, um tremendo desacato a autoridade constituída.

O governador nomeou outro delegado com a determinação de botar moral. O homem chegou poderoso, se instalou e partiu para a ação que lhe fora dada.

Otacílio Correia era o presidente da Camara municipal. Depois de uma reunião que nada discutiu, porque nada tinha a discutir, tudo já estava decidido, o presidente sugeriu que fossem  fazer uma visita de cortesia ao novo delegado. Assim se fez.

Na delegacia, encontrou-se um homem sisudo, poderoso, com ares de valentia, matando palavras cruzadas na falta de outra coisa para fazer. Otacílio o cumprimentou e acrescentou que ali estava uma representação da Câmara Municipal para lhe desejar boas vindas e bons trabalhos.

O delegado suspendeu o serviço ou seja a palavra cruzada e, disse: "Eu quero que vocês saibam que vereador e merda pra mim são a mesma coisa".

Dantes como agora, pouco evoluiu. Por conta dos eleitores que elegem legisladores que nada entendem ou conhecem da função. Outro dia ouvir pela rádio uma arenga, um arranca rabo entre dois vereadores sobre saúde pública. De um lado, um médico conhecedor dos males que afligem a sociedade, do outro se contrapondo, um desinformado que no minimo deveria ter a humildade de reconhecer sua insignificância para o tema, visto que como o velho do Mucuripe também só sabe aboiar. 

Foto Coronel Antônio Correia Lima - nasceu em 17.07.1846 e faleceu em 30.03.1939 no exercício de prefeito de Várzea-Alegre. Com ele não tinha queré-quequé, menino não fazia munganga, sua palavra era a última, os do seu tempo que o digam.

Santana leva Dilma para centro da Lava Jato - Por KENNEDY ALENCAR

Ao virar alvo da 23ª fase da Operação Lava Jato, o marqueteiro João Santana leva a presidente Dilma Rousseff para o centro das investigações. O Palácio do Planalto até hoje sempre achou que o PT e o ex-presidente Lula seriam os alvos principais da Lava Jato e que a presidente seria preservada.

A fase de hoje, a Acarajé, deixa claro que a presidente Dilma também é alvo, porque está sendo ressuscitada a suspeita de que as suas campanhas podem ter recebido recursos ilegais. A presidente e seus auxiliares sempre negaram o recebimento de recursos ilegais nas campanhas de 2010 e 2014, seja propina, seja caixa 2.

Mas a entrada em cena de João Santana na Acarajé se deve à suspeita dos investigadores da Lava Jato de que o marqueteiro teria recebido pagamento da Odebrecht no exterior a fim de quitar compromissos de campanha. Ou seja, teria havido uma doação ilegal feita no exterior para a campanha de Dilma.

Essa é a principal tese dos investigadores nesta nova fase da Lava Jato. É uma tese grave. Se comprovada, poderá fortalecer a possibilidade de impeachment ou de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).


Dilma, João Santana e Lula, o trio da desesperança.

Claro que se trata de um caminho tortuoso. Como Santana não tem foro privilegiado, o juiz Sérgio Moro pode investigar o marqueteiro da presidente. Moro não pode investigar Dilma, mas pode compartilhar provas com o TSE, o STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria Geral da República (PGR) se obtiver algo consistente. Dilma só pode ser investigada nos âmbitos da PGR e do STF.

Mas Moro faz uma investigação indireta sobre a presidente porque João Santana realizou as campanhas dilmistas à Presidência e é o principal marqueteiro do governo. Ele gravou o último pronunciamento oficial de Dilma, sobre o zika vírus, que foi feito no início deste mês. Faz reuniões frequentes com a presidente. É alguém que participa da intimidade política de Dilma e do PT.

Outro efeito é enfraquecer politicamente o governo numa hora em que há anúncio de medidas econômicas que dependem de negociação com o Congresso. A Lava Jato introduz ainda mais dificuldades políticas a um governo que já teria problemas suficientes sem essa investigação, dada a incapacidade da presidente de encontrar saídas para a crise.

Logo, é um agravante político para a presidente. Uma investigação da Lava Jato sobre recursos ilegais de campanha e um mandado prisão contra o marqueteiro presidencial dificultam bastante a tarefa de governar

E se Dilma entendesse? - POR MÍRIAM LEITÃO

A presidente Dilma Rousseff não tem muito a perder. Ela já sabe que não recuperará a popularidade porque o cristal se partiu. Não desconhece também que o PT tem outras lealdades e que a relação entre ela e o partido é circunstancial e volátil. E se diante disso ela entendesse que o melhor seria deixar um legado pelo qual fosse lembrada, ainda que perdesse a batalha?

Imagina se houvesse um plano de mudanças realmente importantes na economia e na sociedade brasileiras? Que Dilma pensasse realmente grande. Imagina se a presidente quisesse propor reformas voltadas para o futuro, para o Brasil no qual nossos netos viverão? Ela certamente seria derrotada no Congresso, mas poderia dizer que lutou um bonito combate. Dilma, no entanto, prefere continuar perdendo feio. Foi o que ela fez esta semana quando entrou numa refrega com o inqualificável Eduardo Cunha para saber quem era mais forte. Ela venceu, mas a que preço? Ficou um pouco menor.

Dilma teve que exonerar ministros, de mentira, para que eles reassumissem, por um dia, o mandato de deputados. Pediu também exonerações em outros estados e cidades. Assim, a bancada escolheu seu líder que, na ausência de outras qualidades, é apontado como mais governista. No dia seguinte, contudo, a bancada já era outra. Picciani, o filho, liderará um grupo diferente do que o elegeu. A alternativa a ele era realmente lamentável. Hugo Mota é um jovem de 25 anos que tem no currículo ter liderado uma CPI que não deu em nada, apesar de ser sobre o maior escândalo no qual o país está mergulhado. Por que uma pessoa nessa idade quer atrelar sua carreira a alguém como Eduardo Cunha, prestes a virar réu? Mistérios da política que não cabem em equações econômicas: o cálculo do custo-benefício não fecha.

Do ponto de vista da presidente Dilma, essa manobra de exonerar e renomear pessoas para seu governo foi um sinal de desprezo pelo cargo executivo. O que destoa mais é o bate-volta do ministro da Saúde. O ministro não é bom. É notório mais pelos despropósitos que disse do que por suas ações na área. Mesmo assim, é o ministro escolhido pela presidente para conduzir a pasta no mais angustiante momento vivido pela saúde do Brasil. O país está infestado por doenças que lembram pragas. Famílias estão vivendo situações dramáticas, grávidas se sentem sitiadas, fetos são atacados no útero. É uma emergência internacional, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, com o epicentro no Brasil. Mas o ministro é dispensável por um dia para ir ao Congresso dar seu voto no líder de Dilma. Ou ele é relevante, ou ele é apenas peça decorativa nesse tabuleiro de poder.

Mas, voltando ao ponto inicial: e se a presidente Dilma governasse? Com lucidez e olhos no futuro? Ao ir ao Congresso, ela tocou de raspão o futuro quando falou da necessidade da reforma da Previdência para reconciliar o sistema com a dramática mudança demográfica pela qual o país está passando. Ela falou por falar. Quem quer fazer a reforma da Previdência não chama o ministro Miguel Rossetto para organizá-la, pelo simples motivo de que ele é contra e ainda não entendeu o problema. A equipe que ela escolheu sequer tem noção do tamanho da encrenca. O secretário Carlos Gabas disse que o Brasil “ainda tem tempo”. É espantoso que alguém que, por dever de ofício, está diante do explosivo déficit da Previdência pode achar que temos tempo. A presidente fez o inútil gesto de convocar para o Planalto a reunião do Fórum que trata do tema. Ela escalou o time errado. Faz a figuração da reforma.

Em nome do que a presidente Dilma luta diariamente? Para ficar no cargo. E o que ela está fazendo com o cargo? O país mergulhou na pior recessão de que as estatísticas brasileiras dão notícia, em mais de um século de números. O índice de 4% de queda do PIB só apareceu na vida brasileira no governo Collor, mesmo assim não foram dois anos com indicadores em torno de 4% negativos como está acontecendo agora. Dilma ameaça a estabilidade monetária com decisões insensatas que levaram os preços a dois dígitos. Em várias áreas, o que o país colhe é desalento. E se Dilma entendesse? Mas, infelizmente, ela não entenderá.

O que Mirian pretendia? Acusar FHC de ser um bom pai do filho que não gerou? - Por Augusto Nunes.

A ressentida e a vigarista. O texto de Augusto Nunes ajuda a entender por que um homem de caráter e alma sãos é diferente de um sem caráter até mesmo quando ambos cometem erros na vida pessoal que podem ou não se refletir no exercício da vida pública e erros desta que servem àquela.

Duas são as questões mais importantes para os contribuintes brasileiros: 

1- não sustentamos a ex-amante de FHC; que, diferentemente do jeca, FHC não se portou como um PR que liberou a amante jeca a traficâncias e achaques; nem lhe franqueou um cartão corporativo. 

2 – contrastar mais uma vez o caráter das duas figuras que polarizam a política brasileira desde a redemocratização. Jeca entre jecas num tempo que lhes sacia os apetites e premia a mediocridade, Rosemary é simplória sem ser simples. O mau gosto dela não é crime, é somente muito desagradável e um direito que lhe assiste. O problema da nação é a moral que o acompanha. Pois, ainda que Rosemary fosse cheia de finesse e doutorada em Rilke, usasse talher de peixe e frequentasse vernissages (que sempre achei meio jecas), nosso drama seria o mesmo: a nação, exaurida por mediocridades que custam de uma lipoescultura a um petrolão inteiro e respectivos afluentes, pagou e paga todos os gozos. Uma cornucópia aberrante de pilantras que degradam nosso presente, roubam nosso futuro e aprimoram a degenerescência da linhagem de homens e mulheres públicos.

A ressentida e a vigarista.

Semelhante a Mônica Veloso que desaparecia como “a gestante” nas falas vigaristas de Renan Calheiros que não pronunciava o nome da amante sustentada pela Mendes Júnior numa troca de favores, Rosemary Noronha esconde-se, com as bandalheiras de fora, no “ela” do cúmplice PR nas poucas vezes em que se referiu, e vagamente, ao assunto.

E Mirian Dutra, açulada pela súcia, pretendia exatamente o quê? Acusar FHC de ser um bom pai do filho que não gerou? Bem, ele confirmou o bom pai que é do filho que não gerou. Vingar-se do fim do namoro? Ora, Mirian deveria ter sido avisada que essa exposição vexaminosa – para ela – não é a pior coisa que enfrenta alguém que, com décadas de vida pública, é contemporâneo de uma aberração chamada PT e a caça preferida dela – FHC, no máximo, deve estar compadecido da ex-amante. Ter alguma fama ainda que infamante? Pois, saiba Mirian, que o assunto não será ela, mas FHC, é dele que a súcia falará.

Mirian, que Mirian? A essa altura, a pobre mulher já deve estar de volta à vasta solidão habitada pelos fantasmas que o ressentimento nutre. Felizmente, resta a Tomás um pai de caráter e alma sãs. E tomara que o filho queira e possa cuidar da mãe; ela talvez não saiba, mas precisa muito.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A convocação para o grande protesto de 13 de março já está nas ruas. Ou você vai, ou ela fica! - Por Reinaldo Azevedo.


Flamengo e Fluminense jogaram neste domingo em Brasília, no estádio Mané Garrincha. O rubro-negro venceu o tricolor por 2 a 1. Mas houve um quarto gol às portas do estádio e nas arquibancadas: os manifestantes pró-impeachment estavam lá, como já estão em toda parte, em cartazes espalhados pelas cidades, convocando a manifestação do dia 13 de março

A próxima manifestação em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff está marcada para o dia 13 de março. Há três atitudes a tomar:

a: ficar em casa ou fazer qualquer outra coisa, reconhecendo as virtudes superiores desse governo;
b: detestar o governo, considerá-lo criminoso, mas ficar em casa ainda assim, ou fazer qualquer outra coisa, porque, “afinal, ela pode não cair…”;
c: detestar o governo, considerá-lo criminoso e deixa isso muito claro nas ruas.

Bem, só uma escolha aí pode conduzir à mudança — se você está entre os que querem mudar. A repulsa passiva não conduz a lugar nenhum. Em larga medida, está nas mãos dos brasileiros deixar claro que já não confiam em Dilma; que consideram os crimes cometidos pelo seu governo inaceitáveis; que não enxergam na mandatária de turno condições mínimas para unir o país e tirá-lo do atoleiro.


E é preciso fazê-lo nos moldes das manifestações anteriores: com firmeza, com clareza, com alegria, com humor. E, sobretudo, como é regra nas manifestações em favor do impeachment, comportar-se segundo as imposições da civilidade.

A campanha em favor do protesto do dia 13 de março já está nas ruas. Em todo canto, vê-se a inscrição “Esse impeachment é meu”, deixando claro que está, de fato, nas mãos dos brasileiros decidir até quanto Dilma pode ficar no poder. E ela tem de sair não porque não gostamos do seu governo e suas escolhas, mas porque a presidente cometeu crime de responsabilidade.

Lutas políticas, meus caros, são mesmo longas. Se não bastou irmos às ruas três vezes, então iremos uma quarta, uma quinta, uma sexta… Até que Dilma nos dê a chance de, ao menos, recuperar a esperança. E isso só vai acontecer se ela deixar aquela cadeira. Esse é o primeiro passo para sairmos desse atoleiro melancólico.

Bilhete descarado da mulher de João Santana - Por Felipe Moura Brasil.



“Zwi/Bruno

Mando cópia do contrato que firmei com outra empresa como modelo. Acho que o nosso pode ser simplificado, este é muito burocrático, mas vcs que sabem.

Apaguei, por motivos óbvios, o nome da empresa. Não tenho cópia eletrônica, por segurança. Espero notícias. 

Segue também os dados de minha conta com duas opções de caminhos. Euro ou dólar. Vcs escolhem o melhor.

Grata.
Abs
Mônica Santana”.

PARLAMENTARES VÃO QUESTIONAR VOTO DE BARROSO SOBRE IMPEACHMENT. MINISTRO SUSPENDEU ELEIÇÃO DA COMISSÃO E MUDOU RITO APLICADO A COLLOR.

A Câmara deve criar nos próximos dias um grupo de trabalho para analisar o posicionamento do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Três frentes parlamentares oficializaram nesta quinta-feira, 18, o pedido de criação do grupo ao presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em dezembro, Barroso suspendeu o rito definido por Cunha, assim como a votação secreta para a comissão especial que decidiria sobre o tema. Agora, as frentes parlamentares da Agropecuária, da Segurança e a Evangélica querem debater a decisão e levantar subsídios para que a procuradoria da Câmara tente derrubar o voto do ministro.

Segundo o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assina o pedido para a criação do grupo, há evidências de que Barroso não seguiu o rito usado para o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, como disse estar fazendo.

"O grupo vai avaliar como foi tomada a decisão para ver se o ministro conduziu de forma tendenciosa o voto", disse o parlamentar. "No julgamento do Collor, o STF não examinou a constituição da comissão, só o produto dela, e não como a comissão foi constituída", argumentou.

Serraglio cita ainda que as notas taquigráficas da Câmara mostram que, quando a comissão especial foi formada para o impeachment de Collor, o presidente da Câmara na época, Ibsen Pinheiro, havia afirmado que candidatura avulsa seria permitida. "Se naquela época era permitido, só bastava agora o presidente da Câmara aprovar", defendeu. 

"Estamos apenas defendendo as prerrogativas da Câmara. Em até duas semanas tudo deve estar terminado e os resultados serão encaminhados para a procuradoria", finalizou.

Decisão do STF de prender após 2ª instância deve estimular delações - Por GRACILIANO ROCHA


A decisão do Supremo que autoriza prisões a partir da condenação em segunda instância, na semana passada, deverá estimular o surgimento de novos delatores na Operação Lava Jato. O diagnóstico é feito por procuradores e advogados de defesa, um raro caso de concordância entre antagonistas.

Representantes do Ministério Público ouvidos pela Folha dizem que o fim da era dos recursos a perder de vista poderá dar à Lava Jato destino diferente ao de casos como o escândalo do Banestado, que teve quase cem condenações na Justiça do Paraná e, em apenas três casos, a sentença foi executada. A maioria prescreveu quando os recursos eram debatidos no STJ.

"Vai ter de haver uma mudança de atitude de muitos advogados. O STF mostrou que não vai aceitar o abuso recursal, de manobras meramente protelatórias visando que a prescrição livre o réu daquilo que a prova o condena", afirma Vladimir Aras, secretário de cooperação internacional da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Integrante do grupo da PGR que investiga o envolvimento de políticos com foro com o petrolão, Aras diz que réus condenados em duas instâncias dispõem atualmente de três meios para não cumprirem a pena por seus crimes: a prescrição, a fuga e a colaboração premiada.

"Agora, a porta da prescrição foi fechada", diz.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Uma recessão como nunca se viu - POR MÍRIAM LEITÃO

O país está no caminho da pior recessão da nossa história. O resultado oficial do PIB do ano passado ainda não saiu, mas há projeções de queda de 3,9%. No biênio 2015-2016, a economia deve encolher algo entre 7,7% e 8%. Confirmadas as expectativas, será uma recessão como nunca se viu. 

Na última vez que a economia encolheu por dois anos seguidos, em 1930-1931, a retração foi menos pior (-2,1% seguida de -3,3%). A situação é grave. E o que tem proposto o ministro da Fazenda é que as contas do governo continuem com déficit.  

Em uma crise como essa na economia é preciso que haja acordo entre os poderes para saber como enfrentá-la. Governo e Congresso estão em desacordo, brigando por tudo. Nesta quarta-feira, por exemplo, a disputa é em torno da liderança da bancada do PMDB. O Planalto e o presidente da Câmara estão em lados opostos.

No meio dessa recessão, o Congresso tem uma pauta de aumentar gastos. O Planalto, por sua vez, quer elevar impostos. Se os dois conseguirem o que querem, o resultado será que o governo, nesse ambiente recessivo, vai avançar ainda mais sobre o seu, o meu, o nosso bolso.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Mensagens provam que OAS bancou reformas para Lula - Por Rodrigo Rangel.


Lava-Jato localiza diálogos de empreiteiro com seus funcionários sobre as exigências de Lula, o “chefe”, e Marisa, a “madame”, nas reformas do sítio em Atibaia e do tríplex no Guarujá.

Em fevereiro de 2014, as obras do Edifício Solaris, no Guarujá, tinham acabado de ser concluídas. A OAS era a empreiteira responsável. O apartamento 164-A, embora novo em folha, já passava por uma reforma. Ganharia acabamento requintado, equipamentos de lazer, mobília especialmente sob encomenda e um elevador privativo. Pouca gente sabia que o futuro ocupante da cobertura tríplex de frente para o mar seria o ex-presidente Lula. Era tudo feito com absoluta discrição. 

Lula, a esposa, Marisa Letícia, e os filhos visitavam as obras, sugeriam modificações e faziam planos de passar o réveillon contemplando uma das vistas mais belas do litoral paulista. A OAS cuidava do resto. 

Em fevereiro de 2014, a reforma do sítio em Atibaia onde Lula e Marisa descansavam nos fins de semana já estava concluída. O lugar ganhou lago, campo de futebol, tanque de pesca, pedalinhos, mobília nova. Como no tríplex, faltavam apenas os armários da cozinha.

Os planos da família, porém, sofreram uma mudança radical a partir de março daquele ano, quando a Operação Lava-Jato revelou que um grupo de empreiteiras, entre elas a OAS, se juntou a um grupo de políticos do governo, entre eles Lula, para patrocinar o maior escândalo de corrupção da história do país. As ligações e as relações financeiras entre Lula e a OAS precisavam ser apagadas. Como explicar que, de uma hora para outra, o tríplex visitado pela família e decorado pela família não pertencia mais à família? Teria havido apenas uma opção de compra. O mesmo valia para o sítio de Atibaia - reformado ao gosto de Lula, decorado seguindo orientações da ex-primeira-dama e frequentado pela família desde que deixou o Planalto. Em 2014, os Lula da Silva passaram metade de todos os fins de semana do ano no sítio de Atibaia.

Por que Lula e Marisa deram as diretrizes para as reformas no tríplex do Guarujá e no sítio de Atibaia se não são seus donos? Por que a OAS, que tem seu presidente e outros executivos condenados por crimes na Operação Lava-Jato, gastou milhões com Lula? O Ministério Público acredita que está chegando perto das respostas a essas perguntas - a que o próprio Lula se recusou a responder, evadindo-se do depoimento que deveria prestar sobre o assunto na semana passada. Para o MP, Lula se valeu da construtora e de amigos para ocultar patrimônio. Os investigadores da Lava-Jato encontraram evidências concretas disso. Mensagens descobertas no aparelho celular do empreiteiro da OAS Léo Pinheiro, um dos condenados no escândalo de corrupção da Petrobras, detalham como a empresa fez as reformas e mobiliou os imóveis do Guarujá e de Atibaia, seguindo as diretrizes do "chefe" e da "madame" - Lula e Marisa Letícia, segundo os policiais.

Em fevereiro de 2014, Léo Pinheiro era presidente da OAS, responsável pela condução de um império que já teve quase 70.000 trabalhadores, em 21 países, construindo plataformas de petróleo, hidrelétricas, estradas e grandes usinas. Àquela altura, porém, ele estava preocupado com uma empreitada bem mais modesta. A instalação de armários de cozinha em dois locais distintos: Guarujá e Atibaia - a "cozinha do chefe". O assunto, de tão delicado, estava sendo discutido com Paulo Gordilho, outro diretor da empreiteira, que avisa: "O projeto da cozinha do chefe está pronto". E pergunta se pode marcar uma reunião com a "madame". Pinheiro sugere que a reunião aconteça um dia depois e pede ao subordinado que cheque "se o do Guarujá está pronto". Seria bom se estivesse. Gordilho responde que sim. No dia seguinte, o diretor pergunta a Léo Pinheiro se a reunião estava confirmada. "Vamos sair a que horas?", quer saber. "O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será às 14 hs na segunda. Estou vendo, pois vou para Uruguai", responde o presidente da empreiteira.

Para a polícia, os diálogos são autoexplicativos. No início de 2014, a OAS concluiu a construção do edifício Solaris, onde fica o tríplex de Lula, o "chefe". A partir daí, por orientação da "Madame", a ex-primeira-dama Marisa Letícia, a empreiteira iniciou a reforma e a colocação de mobília no apartamento, a exemplo do que já vinha fazendo no sítio de Atibaia. "Fábio", segundo os investigadores, é Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do casal. Em companhia dos pais, ele visitou as obras, participou da discussão dos projetos e, sabe-se agora, era a ponte com a família sempre que Léo Pinheiro e a OAS precisavam resolver detalhes dos serviços. Para não incomodar o "chefe" com assuntos comezinhos, a OAS tratava das minúcias diretamente com Marisa e Lulinha. Léo Pinheiro, o poderoso empreiteiro, fazia questão de ter controle sobre cada etapa da reforma. Quando havia uma mudança no projeto, ele era informado. "A modificação da cozinha que te mandei é optativa. Puxando e ampliando para lateral. Com isto (sic) fica tudo com forro de gesso e não esconde a estrutura do telhado na zona da sala", informa Gordilho. Pela data da mensagem, ele se referia ao projeto do sítio de Atibaia.

Senador preso - POR MERVAL PEREIRA.

Confirmada a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que a reportagem do Globo em Brasília tem razões fortes para bancar, a investigação da Lava-Jato ganhará um fôlego ainda maior diante da gama de relações que o ex-líder do governo petista cultivou em sua trajetória política.

Estranho mesmo vai ser ver um Senador da República comparecendo ao plenário todos os dias portando uma tornozeleira eletrônica e tendo hora para sair do trabalho e voltar para casa. Delcídio não poderá participar de reuniões noturnas, por exemplo, e nem será mais um parlamentar que gere confiança em seus interlocutores, pois pode tê-lo delatado ou estar disposto a fazê-lo em alguma oportunidade.

Houve um caso recente no escândalo da Fifa em que um empresário esportivo fez delação premiada em segredo e passou a gravar suas conversas com os parceiros de crime para abastecer de informações o FBI. Delcídio, que foi vítima de gravação do filho de Nestor Cerveró, agora pode ser vítima de uma desconfiança.

Isso por que o senador também estará respondendo a denúncias graves, feitas pelo menos por um dos que fizeram a delação premiada, o lobista Fernando Baiano, que o acusa de ter recebido propina em negócios da Petrobras. Para atenuar sua pena, uma delação premiada viria a calhar.

A presença de Delcídio no plenário do Senado servirá para piorar ainda mais a imagem do Congresso, que assim atingirá o ápice da desmoralização: terá entre seus pares um senador em prisão domiciliar. Essa situação esdrúxula servirá para apressar a análise do processo para a cassação do senador Delcídio do Amaral, que passará a ser uma incômoda presença.

 Se não acertou em definitivo sua delação premiada, negociada com a Procuradoria-Geral da República, Delcídio terá razões para fazê-lo diante da nova rotina que enfrentará no seu dia a dia de senador em prisão domiciliar. O caso do senador Delcídio é mais uma entre as muitas excentricidades que já ocorreram desde que políticos passaram a ser condenados pelo Supremo Tribunal Federal, coisa que é bastante recente por essas plagas.

No caso do mensalão, houve uma discussão sobre a perda de mandato dos parlamentares condenados.  Com nova composição, o plenário, no caso do senador Ivo Cassol, decidiu que a cassação de mandato deveria ser do plenário, e não automática, como na deliberação anterior.

 Seria preciso também tomar uma decisão com relação ao caso dos mensaleiros condenados a perder seus direitos políticos. Um dos votos que mudaram a jurisprudência anterior, o do ministro Luís Roberto Barroso, ganhou adendo posterior em liminar de sua autoria: todo condenado em regime fechado que tenha de permanecer detido por prazo superior ao que lhe resta de mandato não pode exercer cargo político.

Os cinco ministros que votaram pela cassação automática viam a mesma impossibilidade para os condenados no semiaberto, pois seriam parlamentares que teriam de dormir na cadeia após trabalhar durante o dia como congressistas, uma situação esdrúxula.

Não foi preciso decidir diante de fatos concretos, pois os deputados condenados, como José Genoíno e João Paulo Cunha, renunciaram aos mandatos diante da situação no mínimo estranha em que se encontravam.

O senador Delcídio do Amaral não perdeu o mandato nem tampouco foi condenado, mas está de todo modo em prisão domiciliar, o que configura uma situação do mesmo modo esdrúxula, pois terá hora marcada para estar em casa à noite, e nos fim de semana e feriados não poderá sair para passear. Vai para sua prisão domiciliar, não para a cadeia, mas continuará sendo um senador cumprindo prisão, mesmo que domiciliar.