Trabalho dedicado ao memorialista varzealegrense Antônio Morais
• Criação da Freguesia: Lei 1.076, de 30 de dezembro de 1863, desmembrada da de Lavras;
• Invocação: São Raimundo Nonato;
• 1º vigário: Pe. Benedito de Sousa Rego
Ver: Itaytera, v. 15, p. 148.
(do livro: Os municípios cearenses e seus distritos. R. GIRÃO. Fortaleza: SUDEC, 1983)
Capela de São Caetano - Povoado de Naraniú - Várzea Alegre
• Construção: 2a. metade do séc. XVIII - em torno de 1755;
• Até 1813, a capela pertenceu à matriz de Icó;
• De 1813 a 1863, pertenceu à Paróquia de São Vicente Férrer (Lavras);
• A partir de 1863, passou a pertencer à Paróquia de Várzea Alegre.
Capela de São Raimundo Nonato - Várzea Alegre
• Construção: por volta de 1853;
• Foi elevada à categoria de Matriz em 1863, quando foi criada a Freguesia de Várzea Alegre;
• Até esse ano (1863), pertencia à Paróquia de Lavras.
(In: Joaryvar MACEDO. Patrimônios de Capelas. Itaytera, v. 15. Crato: ICC, 1971. pp. 147 - 149)
PARÓQUIA DE VÁRZEA ALEGRE
(dados colhidos na Paróquia )
Em relação a documentação bibliográfica existem 2 livros editados ( O Pe. Mota ficou de me enviar ). Existem 2 livros de tombo em perfeito estado. O primeiro teve início no dia 25 de julho de 1894, com a Carta Pastoral de Dom Joaquim José Vieira. Segundo Pe. José Mota Mendes esse livro de nº 1, já foi apresentado num Congresso de Historiadores que aconteceu em Goiânia, a pedido de J. de Figueiredo Filho. A Paróquia de Várzea Alegre é Sede da Forania e no dia 02 de Agosto de 1997 foi elevada a categoria de Santuário até o final do Século, em comemoração a chegada do Novo Milênio. Ainda comentando sobre o livro de tombo, antes não existia tombo, mas por determinação de Dom Manuel, Bispo auxiliar de Fortaleza e titular de TEBAS, foi lançado o livro de tombo, na Paróquia o livro de tombo nº 1 foi desse período, pois antes não tinha.
FREGUESIA DE VÁRZEA ALEGRE – PORQUE SÃO RAIMUNDO É PADROEIRO
Diz a tradição que a devoção foi transmitida de Tereza Maria de Jesus, primeira esposa de Papai Raimundo, com ele casada em 1788.
Dona Tereza possuía, num quarto de orações, em sua casa, uma pequena imagem de São Raimundo Nonato e a todos falava de sua vontade de construir uma capela para o seu santo.
Lamentavelmente, não viu Dona Tereza concretizado seu sonho. No dia em que nasceu seu primeiro neto, feliz do evento, tomou a criança em seus braços e gritou de alegria: “ Viva São Raimundo Nonato” e tombou sem vida. Porém não morreu com Tereza Maria de Jesus o desejo de se erigir a sonhada capela.
O certo é que, em 1852, surgiu em Várzea Alegre um padre recém-ordenado da Cidade de Assaré, Pe. José Pontes Pereira e sem ter onde exercer sua missão sacerdotal, estava o jovem à mercê do que lhe pudesse surgir. Foi quando o Major Joaquim Alves Bezerra o contratou para celebrar, em Várzea Alegre as Missas de Natal, Ano Novo e Dia de Reis. O convite foi aceito pelo Padre Pontes, as Missas foram rezadas, com grande comparecimento de fiéis.
Agradando-se do lugar e vendo a religiosidade do povo o Pe. José Pontes Pereira falou à todos de um possível acordo: Se lhe dessem uma casa para morar, comprometia-se a edificar a tão sonhada capela de São Raimundo.
Imediatamente o Pe. José Pontes solicitou ao Bispo Diocesano, em Recife-Pernambuco ( no Ceará ainda não existia bispado) a licença eclesiástica para a edificação de capela recebendo seu padroeiro São Raimundo Nonato. O Bispo não tardou em conceder a licença mas com uma obrigação: tinha que ser doado ao Santo área em que fosse edificada sua Igreja e se tornasse seu patrimônio: ( duzentas braças em quadra ).
Assim, em 1854, foram iniciados os trabalhos da construção da capela. Em decorrência de operários hábeis e da situação financeira, os trabalhos tiveram que parar algum tempo e a obra só ficou concluída em 1855.
No dia 02 de Fevereiro de 1856, o Pe. Manoel Caetano realizou a benção da capela de São Raimundo Nonato. Fiel à sua palavra, ficou o Pe. José Pontes, na qualidade de Capelão, dando-nos sua assistência espiritual até 11 de maio de 1862, quando faleceu vítima de “cólera morbus”. Conta-se que nesse tempo quase todo o interior foi acometido desse mal. E o Pe. José Pontes Pereira se oferecera, do púlpito, em holocausto: “ Fazei de mim, senhor, a última vítima, nesta terra, deste terrível mal e poupai esta humilde e sofrida gente”. Seu túmulo isolado dos demais, é reverenciado pelo povo do lugar onde hoje se ergue a capela de Santo Antonio. Foi ele o consolidador de nossa devoção a São Raimundo Nonato.
A freguesia de Várzea Alegre, no entanto, só foi criada pela Lei Nº 1.076, de 30 de novembro de 1863, emanada de Dom Antonio Santos, Primeiro Bispo do Ceará. Foi assim, desmembrada da de Lavras e sob a invocação de São Raimundo Nonato. Foi seu primeiro titular o Pe. Benedito de Souza Rego, natural de Arneiroz, nomeado por provisão de 30 de Dezembro de 1863, permanecendo de início de 1864 até Fevereiro de 1875.
NOVA MATRIZ E SEUS VIGÁRIOS:
Conforme relato do Padre José Ferreira no Livro de Tombo, Nº 1, o mesmo foi transferido de Tauá para Várzea Alegre, por determinação de Dom Quintino, Bispo do Crato, com a tarefa de salvar a Igreja Matriz, que encontrava-se prestes a ruir. Após avaliação detalhada da atuação, foi decidido com o povo e a aprovação de Dom Quintino a demolição do referido templo. Passando a ser Matriz provisória, a Capela de Santo Antonio.
O povo entusiasmado, em dois partidos: Sanharol e Cajazeiras, após a missa conventual (dominical ) tendo à frente, o Padre Ferreira, carregava as pedras e tijolos. Segundo a tradição, pontos contava o partido que mais material encostasse, ao fim sendo vencedor, o Sanharol. Os trabalhos iam sendo realizados a contento, até 1932, quando se abateu uma grande seca e desanimado o Padre Ferreira foi embora, em junho deste ano, ficando paralisada a construção, até a chegada do Padre José Otávio de Andrade, uma vez que o Padre Monteiro não demonstrou nenhum interesse pela construção. Com o Padre Otávio, a nossa Matriz que já se encontrava no pé direito, foi retomando os serviços.
A benção solene a Matriz foi presidida por Dom Francisco de Assis Pires, a 06 de Janeiro de 1939, auxiliado pelos padres: José Otávio de Andrade, Juvenal Colares Maia, Francisco Montenegro, Raimundo Monteiro Dias, Frei Teobaldo e vários seminaristas.
OBS: A Imagem de São Raimundo, que se encontra na torre foi construída pelo Sr. Zé de Toinho, e a do altar-mor foi adquirida no paroquiato de Padre Otávio, substituindo a de Santo Ambrósio, até então venerada como sendo São Raimundo.
A Imagem de São Raimundo, que se encontra na Casa de Saúde, foi dada pelo Padre Otávio a D. Zefa do Sanharol que depois a doou ao seu neto Dr. Pedro Sátiro para ser o Patrono da Casa de Saúde.
EXERCERAM O MINISTÉRIO PASTORAL, EM VÁRZEA ALEGRE, OS SEGUINTES SACERDOTES:
1. Pe. BENEDITO DE SOUZA REGO – Posse em início de 1864 até Fevereiro de 1875;
2. Pe. VICENTE PONTES PEREIRA – Posse em Fevereiro de 1875, permanecendo até 1878;
3. Pe. JOSÉ ALVES BEZERRA – Posse em 30 de abril de 1878, permanecendo até 31 de maio de 1883;
4. Pe. MANOEL RODRIGUES DE LIMA – De junho de 1883 a 16 de janeiro de 1885;
5. Pe. JOAQUIM MANOEL SAMPAIO – De Fevereiro de 1885 a janeiro de 1904;
6. Pe. JOSÉ GONÇALVES FERREIRA – De Fevereiro de 1904 a 03 de novembro de 1917;
7. Pe. JOSÉ ALVES DE LIMA – De 1918 a janeiro de 1923;
8. Pe. RAIMUNDO MONTEIRO DIAS – De 20 de janeiro de 1923 a Janeiro de 1928;
9. Pe. JOSÉ FERREIRA LOBO – De 1928 a 1932;
10. Pe. EMÍDIO LEMOS – Vigário ECÔNOMO – De 14 de junho a Dezembro de 1932;
11. Pe. RAIMUNDO MONTEIRO DIAS – De dezembro de 1932 a março de 1935;
12. Pe. JOSÉ OTÁVIO DE ANDRADE – De 1935 a 25 de março de 1969 – Breve relato da vida de Padre Otávio: Nasceu a 25 de maio de 1896, em Bebedouro ( hoje Aiuaba ) – Ce.
Ingressou no Seminário de Fortaleza a 29 de Maio de 1913;
Deixou os estudos em 08 de Dezembro de 1917;
Casou-se aos 25 de maio de 1918;
1ª Viuvez aos 26 de Janeiro de 1926;
2ª Núpcias aos 02 de Outubro de 1927;
2ª Viuvez aos 26 de setembro de 1928;
Retornou ao Seminário de Crato em 11 de julho de 1929;
Ordenação Sacerdotal em Crato aos 30 de Dezembro de 1934;
Chegou a Várzea Alegre aos 24 de Março de 1935, para auxiliar o Vigário Pe. Raimundo Monteiro Dias;
Vigário Ecônomo de julho de 1935 a 15 de Janeiro de 1936;
Provisão de Vigário de 15 de Janeiro de 1937;
Renúncia – 25 de maio de 1969;
Falecimento, em Recife aos 09 de Dezembro de 1972;
Sepultamento, em Várzea Alegre aos 10 de Dezembro de 1972.
13. Pe. JOSÉ MOTA MENDES – De 25 de Março de 1969 até hoje.
Durante este período do paroquiato de Padre Mota, mais precisamente aos 15 minutos do dia 15 de abril de 1977, a torre da Matriz desabou devido às pesadas chuvas, destruindo parte da nave central. Logo, contando com a ajuda de toda comunidade, a valiosa colaboração dos católicos alemães, com o apoio de Dom Vicente Matos, Bispo Diocesano, iniciou os trabalhos de reconstrução que durou quase um ano. Sendo a nova Matriz reconstruída, entregue ao povo de Deus, no dia 11 de junho de 1978. A cerimônia foi presidida por Dom Vicente Matos e com a participação de 20 Sacerdotes e uma multidão de fiéis.
DESTAQUES:
Dois Padres merecem destaque: o Pe. José Gonçalves Ferreira, fundou uma Escola e a primeira Banda de Música Várzea Alegre (ambas não existem mais); Pe. José Pontes Pereira, se ofereceu ao Senhor, dando sua própria vida pela vida dos outros. Com o alastramento do Cólera Morbus, o Pe. José Pontes, solicitou a Deus em público que se voltasse para ele todo o mal para livrar a vida daquela sofrida gente, e ninguém mais morreu, somente ele. Isso foi repassado pelo Pe. José Mota Mendes – Vigário atual, segundo ele isso aconteceu realmente e o povo de Várzea Alegre tem uma veneração especial por este sacerdote, sempre visitam seu túmulo e pedem sua intercessão.
O templo mais antigo existente na freguesia é o de São Caetano, localizado no distrito de Naraniú, já existia antes da criação da Paróquia, é do século XVIII ( sem documento ), relato do Padre José Mota Mendes.
DESTAQUES:
Merecem destaque os Pe. José Gonçalves Ferreira, fundadou de uma Escola e da primeira Banda de Música desta Cidade; Pe. José Pontes Pereira, que se ofereceu ao Senhor, dando sua própria vida pela vida dos outros. Com o alastramento do Cólera Morbus, solicitou a Deus em público que se voltasse para ele todo o mal para livrar a vida daquela gente sofrida, e ninguém mais morreu com a doença na Cidade de Várzea Alegre.
O Varzealegrense vai ficar lhe devendo pelas informações constantes nesta sua postagem. Eu estarei fazendo duas postagens nos próximos dias e lhe peço para que junte as demais no arquivo que nossa paroquia tem na Diocese de Crato. Não passam de resumo do que você apresentou na sua postagens com pouca coisa a acrescentar. Poucos detalhes a mais. A informação que o Padre Otavio fez a doação da Imagem a Zefa do Sanharol não é procedente. A imagem passou por varias mãos benfazejas. De Tereza Maria de Jesus para seu filho José Raimundo do Sanharol, deste para sua filha Isabel de Morais Rego e desta para sua filha Josefa do Sanharol que quando o seu neto, Dr. Pedro Satiro começou a construir a casa de saude ela foi até ele e disse : Pedro eu não tenho bens materiais mas aqui está São Raimundo para abençoar sua obra. Ficarei grato por sua atenção. Abraços.
ResponderExcluirMorais, graças a sua determinação e conhecimento é que temos acesso a Histórias tao importantes como esta. a história da imagem ninguém melhor do que um neto de Madrinha Zefa para esclarecer e eu assino em baixo.
ResponderExcluirSeu primo,
Giovani
Prezado Primo Geovane - Antes de escrever a trajetória de São Raimundo, que sabia ser esta, de Tereza Maria de Jesus, Josè Raimundo do Sanharol, Isabel de Sanharol e Josefa do Sanharol eu ouvir o Dr. Pedro Satiro. Ele me disse que recebeu a visita de madrinha Zefa conduzindo a imagem envolta em uma toalha, e, se deu essa declaração nobre : Pedro, eu não tenho bens materiais, mas aqui está São Raimundo para abençoar tua obra. Foi prazeroso ver seu depoimento, seu testemunho. Grande Abraço.
ResponderExcluirGeovane Costa - Quem conhece a historia da religiosidade de Várzea-Alegre sabe que os maiores traumas para comunidade católica local aconteceram entre 1917 e 1921. O suicídio do Padre Jose Gonçalves em 1917 e a venda do patrimônio de São Raimundo pelo Padre José Alves de Lima em 1921. O segundo caso fez surgir os primeiros focos de protestante do município com as famílias Camilo e Aniceto da Vacaria e a Souza de Varzinha.
ResponderExcluirQueria saber quando foi fundada a paróquia de São Raimundo nonato
ResponderExcluirQueria saber de um acidente que ocorreu na reforma da igreja com um dos pedreiros?
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