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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 23 de agosto de 2015

Reza atrapalhada - Por Antonio Morais

Moravam no sitio Formiga, entre a sede do municipio e o Roçado Dentro, local onde a cada 13 de Dezembro reuniam-se centenas de fieis e devotos de Santa Luzia para venerá-la.

Gente de todas as localidades compareciam para pagar promessas e ex-votos. Dos filhos da família, em numero de 12, tanto as moças quanto os rapazes eram de finíssima hospitalidade e de tanto escolherem pretendentes a altura, não se casaram, ficaram todos na prateleira.

A união reinava naquela casa, um cuidava do outro como quem cuidava de um filho que não tivera. Quando atingiram a idade de 50 e 60 anos, firmaram maior fervor na sua religiosidade. Todo dia, à noitinha, se reuniam, na sala da casa e, rezavam o terço, coisa bastante difícil nos dias atuais.

Na introdução cantavam " A nós descei e Queremos Deus", e a seguir Josefa, a irmã mais velha, ia tirando a reza enquanto os demais respondiam.

Na sala, existia uma pequena mesa onde, em cima, se colocava um santuário com as imagens e embaixo um cachorro costumava fazer o seu merecido descanso.

Um belo dia, de repente, surgiu uma catinga desagradável e se deu essa tragedia:

Josefa disse:

Ave Maria cheia de graças,
O Senhor é convosco.
Bendita sois vós,
Chico ponha pra fora esse cachorro,
Que está bufando fedorento,
Entre as mulheres,
Bendito fruto do vosso ventre.....

Imediatamente foi atendida. O cachorro foi retirado da sala, mesmo sem se ter tanta certeza que ele era o responsável pela contaminação gasosa.

Havia uma desconfiança, pois no almoço fora servido um baião de dois com fava, farofa com cebola, batata doce e toucinho torrado.

Demorou pouco e a catinga de bufa dominou novamente o ambiente, e desta feita, o cachorro já não poderia receber a culpa, faltaram com respeito a Santa Luzia. Foi, então  que Zefa encarou o irmão dizendo:  Chico crie vergonha e vá cagar no terreiro.

Troca do Santo - Por Antonio Morais

Um camelô de Juazeiro do Norte vendeu um Santo Antônio a um religioso do Crato afirmando que era São Benedito. 

O ingênio devoto levou o quadro para benzer na igreja e descobriu a fraude. Desconfiado, o homem desembrulhou a moldura e pediu :

Padre, benza aqui este São Benedito.

São Benedito? Não, meu filho, este aqui é Santo Antônio, de fato ambos trajam marrom e carregam o Menino Jesus nos braços. A diferença é que Santo Antônio é branco e São Benedito é preto! 

Disse o sacerdote.

Injuriado, o romeiro voltou ao local da compra exigindo o dinheiro de volta. A desculpa do camelô não poderia ter sido mais original : 

O padre está enganado. Depois que Michael Jackson fez desbotamento de pele a moda pegou e até São Benedito aderiu. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O aleijadinho!

De repente, o leão salta da jaula, e vai para cima do público. Dentes rugidos à mostra. Bate o pavor. As pessoas começaram a correr. Caos total.

Um aleijadinho, de cadeiras de rodas, se esforçava para sair dali. Alguns, ao verem o pobre deficiente, gritavam para acudir:

- Olha o aleijadinho! Olha o aleijadinho!

O aleijadinho manobrava desesperadamente sua cadeira... e o bichão chegando.

- Olha o aleijadinho! Olha o aleijadinho!

E o aleijado, sem poder aguentar gritou:

Bando de fela da puta...! DEIXEM O LEÃO ESCOLHER SOZINHO!

Soparia do Perreira - Por Antonio Morais


Na década de 60 do século passado, na rua Major Joaquim Alves, em Várzea-Alegre ficava a "Soparia do Pereira". Nos finais de semana, dias de festas no Recreio Social era dia e noite aberta. Terminados os bailes todos acorriam  ao local  para se servir de  canja de galinha com macarrão.

A higiene  não era  a primeira qualificação do ambiente e eram  constantes as reclamações dos frequentadores. Um belo dia, José Pereira, o proprietário e garçom  chegou para mulher e disse: Maria, estão reclamando  que a sopa está com gosto de baigon!  Ela deu uma tremenda rabissaca e respondeu: Tem quem agrade a esse povo não. Ontem mesmo estavam reclamando que estava com gosto de barata.  

domingo, 16 de agosto de 2015

Vira o motor - Viva! - Por Antonio Morais

Foto de Francisco Correia Lima, Dr. Hamilton.

No inicio da década de 1950, sem a redentora energia de Paulo Afonso, os comícios eram programados para encerrar, o mais tardar, às 10h da noite, horário que coincidia com o desligamento dos geradores que iluminavam a cidade. Em decorrência dessa precariedade, cada partido conduzia um gerador a diesel para atender a publicidade volante e à iluminação da área do comício.

Em um desses comícios, a cidade já às escuras e a aglomeração a ouvir o seu líder, sob o entusiasmo do animador, que intercalava a fala do orador com expressões: Viva o Doutor - Viva.

Eis que falta energia. Dr. Hamilton, ante a turba delirante, pede que “vire o motor” ao que o povão responde: Viva. Após insistir por mais de três vezes, que virasse o motor, diz em grito retumbante, resoluto e sem delonga: Magote de fio de umas éguas, eu estou mandando é virar o motor, e não viva o doutor. Hamilton Correia Lima foi prefeito de Varzea-Alegre de 1949 a 1950 e de 1954 a 1958.

sábado, 15 de agosto de 2015

Medalha Papai Raimundo - Por Antonio Morais


Pedro de Joaquim Piau, agraciado com distinção e louvor.

Li e vir com bastante atenção a lista de agraciados com a Medalha Papai Raimundo, deste ano. Da mesma forma vi alguns comentários em desfavor do agraciamento ao deputado José Guimarães. Ora, quando o município optou pelo PT na ultima  eleição teve como resultante ser, hoje em dia, uma cidade estagnada, sem projetos, sem planejamento e, o pior, com um esfacelamento de suas lideranças nunca visto antes. Portanto  o deputado tem méritos, merece ser agraciado.

Quanto ao Papai Raimundo, pelo que conheço de sua historia e de seus filhos Major Joaquim Alves, Major Ildefonso e José Raimundo do Sanharol, não merece ser  achincalhado. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Praça Bi-centenário - Por Antonio Morais


Ontem, Laércio de Vasconcelos Junior fez uma postagem na sua pagina de grandeza impar. Publicou uma foto da Praça Bi-Centenário e perguntou se alguém se lembrava.

Tanto lembro como sinto muitas saudades da velha praça, do seu zoológico, pois quando estive no Crato pela primeira vez no inicio dos anos 60, lá com os meus  oito anos, a conheci. Foi ali que vi o primeiro jacaré, um porco espinho e outros animais silvestres. 

O meu saudosismo me leva a  afirmar que  a praça de então era bem mais  bela  do que hoje em dia.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

HARAS SANHAROL É DESTAQUE NA EXPOCRATO.


       Equipe haras Sanharol.Tratadores : Iranildo , Felipe e Zé Li.Pequenos criadores : Ítalo e João Pedro.

                Equipe Haras Sanharol : Dr Eldinho , Ítalo , Dr Menezes , João Pedro e Ze Li.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O PIB do Brasil da Maria Joana - Por Antonio Morais

Maria Joana subiu no tamanco
Procurou um banco
Arrumou dinheiro
Fez um empréstimo, montou um negócio
Conseguiu um sócio e se mandou pro Juazeiro
Comprou a vista e vendeu fiado
Foi rombo pra todo lado
O povo desapareceu
E quando chegou o fiscal do banco
Maria preto no branco disse que a loja cresceu

Ó seu fiscal, como o senhor mermo tá veno
Minha loja vai de vento em polpa
Seno assim libere logo a outra parte do dinheiro
Mar dona Maria o negócio aqui tá mais desmantelado do que galope de vaca
A senhora inda vem dizer que um negoço desse cresceu mulher
Cresceu sim
Cresceu? Só se foi...

Pra dentro que nem pedra de amolar
Pra fora que nem milho no estalo
Pra cima que nem fumaça
Pra baixo que nem rabo de cavalo

Flavio Leandro e Genival Lacerda.


domingo, 2 de agosto de 2015

Você sabe a diferença entre a festa de São Raimundo e a festa de Agosto? - Por Antonio Morais.

Em Junho, deste ano, o padre Adalmiran Vasconcelos, vigário da paroquia de Farias Brito, fechou  a capela de Santo Antônio em Cariutaba, distrito daquele município, e, não realizou  os festejos religiosos alusivos ao santo porque vereadores, prefeito, e lideranças politicas estavam transformando a festa religiosa em social para tirar proveito politico. O Padre Adalmiran - foto está de parabéns  em não permitir.


Na década de 20 do seculo passado, Padre Lima vendeu o patrimônio de São Raimundo, em Várzea-Alegre. O povo se revoltou e Manuel Antônio, do sitio Varzinha, deixou um conselho através de versos que dizia:

É certo que nesta terra
Protestante ainda não tem
Por causa desses abusos
Aparecem mais de cem
Se o orgulho aumentar
E,alguém quiser virar
Chame que viro também.

Naqueles velhos tempos as famílias Gino, Camilo e Aniceto do sitio vacaria  fundaram o que  se considerou "o primeiro foco de protestantes de nossa terra".



Voltando a pergunta inicial, na minha singela opinião, a diferença está, no fato da igreja local, por vaidades, das décadas de 60 do seculo passado em diante, ter andado de braços com o poder politico, seja ele quem tenha sido. 

Quantas vezes vi, no altar de São Raimundo, cadeiras especiais, reservadas para o deputado fulano de tal? E, o pior, no outro ano o deputado já era outro. Quem colhe, colhe o que planta. Hoje a festa de São Raimundo limita-se as imediações minimas da igreja, com idosas e idosos ao redor do altar, enquanto, há pouco mais de 100 metros, a Festa de Agosto, patrocinada pelo poder politico, com recursos públicos, com o consentimento e aplauso da igreja desbanca São Raimundo. Aliás, São Raimundo já fora desbancado há alguns anos, quando o governador do Estado  se hospedou em sua casa, na casa paroquial, neste  dia não houve salva na madrugada, para não perturbar o sono do amigo.

Antigamente o ponto alto  da festa era a banda tocando dobrados, a ladainha vinda do coro da igreja e a elevação do Santíssimo Sacramento. Hoje, ninguém duvida, a bola da vez é "Os aviões do Forró".

Definitivamente, Várzea-Alegre é a terra do contraste. A "Festa de Agosto", patrocinada com recursos públicos, portanto gratuita, há divisões de espaço. Lugar para primeira classe, segunda, e por fim, a classe que elege e não se importa de ficar no curral.