Dilma demonstrou, de novo, por que tem de deixar a Presidência. A presidente pôs a corda no pescoço. O PT lhe impôs a tarefa da defesa pública de Lula, que se mostra, até agora, indefensável, e ela repetiu o texto que lhe deram
A governanta não tem jeito. Na sexta, na minha coluna na Folha, observei que havia em certos nichos de opinião uma estranha equação que poderia ser assim resumida “Pega Lula, salva Dilma”. O próprio PT percebia isso e cobrava da dita-cuja que saísse em defesa do antecessor. No mesma sexta, escrevi aqui um post com este título: “Conselheiros de Lula querem Dilma em tarefa suicida: defendendo o companheiro”. E lá foi Dilma meter a cabeça na guilhotina.
No sábado, um dia depois de os dois se encontrem em São Paulo, disse a presidente numa solenidade no Rio: “Acho que ele [Lula] está sendo objeto de uma grande injustiça. Eu respeito muito a história do presidente Lula e tenho certeza que este processo será superado, porque acredito que o país, a América Latina e o mundo precisam de uma liderança com as características do presidente Lula”. Que se registre: ela falou tudo isso durante visita à Favela Zeppelin, no bairro de Santa Cruz, na zona Oeste do Rio, no Dia Nacional de Combate ao Aedes aegypti. É… O mundo precisa de Lula, não é mesmo?
Dilma pôs a corda no pescoço. O PT lhe impôs a defesa pública do que se mostra, até agora, indefensável, e ela repetiu o texto que lhe deram. Injustiça? Praticada por quem? Pela Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça? A presidente nem se deu o trabalho de defender Lula — e nem seria possível, já que, até agora, nem ele próprio consegue fazer isso. O que Dilma estava pedindo, na prática, é que ele não seja investigado; o que ela quer, então, é que o coloquem acima da lei.
Para certos setores que insistem em dissociar a governanta do seu criador, a fala foi bastante instrutiva. O PT está deixando claro que não existe a menor chance de Dilma se salvar caso Lula caia em desgraça. O partido não lhe deixou alternativa que não o ridículo.
Alguém que tivesse a autonomia moral e política necessária para governar um país jamais cederia à pressão. Mas Dilma não tem.
E é por isso que é forçoso que deixe aquela cadeira. E logo!
Pra ser do PT precisa ser genuíno. Passar no teste. Precisa ser preso e no caminho do xadrez levantar o punho como fez Dom Pedro no grito do Ipiranga, embora seja um José Dirceu. E, os que estão fora apoiarem a bandidagem. Não sei até quando isso vai dar certo. Até quando o povo vai aplaudir. O bolso está começando a sentir.
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