Lula está no mato de Atibaia sem cachorro. Agora, o tal sítio está sob investigação num inquérito específico, mas noto que ainda se evita falar que Lula é um investigado. E é o caso de se perguntar por que tanto cuidado. Que eu saiba, ele não ganhou a inimputabilidade de presente do Espírito Santo.
Vamos lá… Voltando do Carnaval, do balacobaco, do ziriguidum, do telecoleto… dos outros! Uau! Consegui passar quatro dias sem ouvir um único samba-enredo, nem um miserável “Olha aí, minha gente, alô Comunidade de Não-Sei-Onde”, acompanhado daquele inevitável desfile de folclorização da pobreza pra deslumbrar intelectual do miolo mole e estrangeiros interessados no nosso remelexo… Também não vi os bloquinhos de São Paulo emporcalhando a cidade, inundando-a de lixo e xixi. “Ah, que coisa mais enfezada…” Eu não!
Quem me conhece sabe que sou irresistivelmente atraído pela felicidade. Só não suporto sujeira, fedor de mijo, música ruim e bêbado chato falando chatices… Não é um pecado, certo? Vamos adiante. Quem não relaxou no Carnaval foi Lula. Não, caros! Tecnicamente, ele ainda não é um investigado. Mas a sua reputação está pior do que a Rua da Consolação depois da passagem do bloco dos sujinhos.
Vamos pôr os pingos nos is. O juiz Sergio Moro nem autorizou nem desautorizou a Polícia Federal a abrir inquérito novo sobre o sítio de Atibaia. E a razão é simples. Não é ele quem faz isso. Como deixou claro no despacho em que tratou do assunto, isso é matéria afeita à Polícia Federal, que tem autonomia para abrir um novo inquérito desde que o Ministério Público Federal concorde.
Então vamos ver. Agora, o tal sítio está sob investigação num inquérito específico, mas noto que ainda se evita falar que Lula é um investigado. E é o caso de perguntar por que tanto cuidado. Que eu saiba, ele não ganhou a inimputabilidade de presente do Espírito Santo.
E quando é que se decide abrir um novo inquérito? Ora, quando há objeto e suspeito próprios, isto é, quando estes não estão devidamente contemplados em inquéritos já existentes. Assim, parece evidente que a Polícia Federal esbarrou em alguma coisa que não tem como ser apurada nas outras frentes de investigação. E elas estão relacionadas àquela propriedade vistosa que Nilo Batista, advogado de Lula, chama um “puxadinho”, deixando evidente que os petistas, definitivamente, perderam qualquer senso de modéstia.
Que Lula não tem como se explicar, isso já parece evidente. Ou já teria se explicado. Quando seus amigos tentaram, o resultado foi desastroso. Vejam o caso de Gilberto Carvalho, o segundo homem mais poderoso do PT e faz-tudo do lulismo. Em entrevista à Folha, este gênio da raça tentou demonstrar que a reforma do sítio pode, sim, ter sido um presente de empreiteiras para Lula, mas que não haveria nada de mau nisso.
Carvalho só não explica por que, para presentear o chefão petista, as empresas fariam benfeitorias na suposta propriedade de sócios do filho do hoje ex-presidente — mas ainda presidente quando se operou parte da reforma.
Lula sabe que está no mato de Atibaia sem cachorro. Explicações, quando chegam tarde demais, já não fazem efeito. Se a lei vai ou não puni-lo, isso é o que vamos ver. A população já deu seu veredicto. E, para formar seu juízo, usou o absurdo silêncio de Lula.
O falastrão falou em 2005 que o pior da mentira era você ter que contar sempre uma nova mentira para justificar a anterior. Não há mentira no momento que Lula conte que convença mais ninguém.
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