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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 7 de fevereiro de 2016

A Diplomacia do Cel Filemon - Por A. Morais

No inicio da década de 1960 do século passado, um Delegado da Fazenda Estadual, em Crato, começou a promover um arrocho fiscal na ância de arrecadar mais recursos. Um dia, alguns comerciantes foram à casa do Seu Filé e deram conhecimento e queixas do comportamento abusivo do delegado.

Seu Filé, com a calma que lhe era peculiar, combinou com os comerciantes para no outro dia, por volta das nove horas da manha, fazerem uma visita ao delegado. No outro dia, no horário marcado, quando seu Filé saiu à calçada estavam a sua espera uns 30 comerciantes. Seu Filé tomou à dianteira, apoiado na sua bengala, no que foi seguido pelos demais. Quando chegou à recepção falou educadamente: Eu gostaria de falar com o Dr. Fulano de tal. A recepcionista subiu ao primeiro andar para transmitir a mensagem, retornando em seguida com o convite para subir. Então o Cel. Filemon disse: peça para ele vir me atender aqui porque eu estou com uma representação de 30 pessoas e não vai caber a todos no gabinete. A portadora subiu e retornou com outro recado: ele disse que se o senhor quisesse falar com ele fosse lá, ele não vem lhe atender aqui. O Coronel se retirou deixando um recado: “diga pra ele que Filemon Teles esteve aqui, desejava falar com ele, como não pode me atender, terá até as duas horas da tarde para ir embora do Crato. Seu Filé se retirou com os amigos e a recepcionista foi levar a mensagem para o delegado.

O homem se irritou e começou a brotar: como pode, ainda tem a coragem de me ameaçar, insultar, me dar tempo para ir embora! Quem pensa que é? O Coletor, Antônio Feitosa de Souza, perguntou o que houve! Um tal de Filemon Teles deixou um recado que tenho até duas horas da tarde para ficar no Crato. Onde já se ouviu falar uma coisa dessas? Antônio Feitosa ponderou: e você ainda não comprou a passagem? Vá embora, não espere. E, assim foi feito. O delegado chispou do Crato.

Oito dias mais tarde, chegou o novo delegado e foi visitar o Cel. Filemon. Ao encontrá-lo cumprimentou e falou: Estou vindo assumir a Delegacia da Fazenda do Crato, vi lhe fazer uma visita de cortesia. Seu Filé com toda diplomacia emendou: Faça seu trabalho direitinho, não persiga ninguém, cobre o que é devido ao estado: “Era isso que eu queria dizer ao outro, mas ele não quis me ouvir”!

4 comentários:

  1. As vezes, as pessoas complicam as coisas. Custava ouvir o Coranel? O que havia demais na conversa? Já que não houvera pressão, e apenas o devido respeito pelo homem criterioso, honrado e de moral ilibada.

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  2. Morais, gostei da diplomacia. Velhos tempos e bons políticos.
    Você sabia que o Coronel Filemon quando foi deputado assumiu o Governo do Estado? Por poucos dias mas assumiu!

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  3. Maria da Gloria.

    O Cel Filemon foi o presidente da Assembleia Legislativa e na ausencia do governador e do vice assumiu o governo por algumas vezes. O Coronel Filemon Teles honrou o Crato e o cariri, na sua epoca não se transportava dinheiro em cueca, a politica era uma coisa seria, não era possivel encontrar canalhas no meio. Hoje está completo como diz o matuto de riba a baixo. Obrigado pela visita.

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  4. Morais, você tem toda razão: o Coronel Filemon foi Presidente da Assembléia Legislativa.
    É muito bom ler o que você escreve sobre os políticos cearenses e do Cariri.

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