442 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Nos anos de 1956 e 1957, nós morávamos no sítio Vazante vizinhos a madrinha Mimosa, que era a madrasta do meu pai Pedro Piau.

Todas as vezes que ela queria visitar parentes nos sítios, eu era escalado para lhe fazer companhia. Eu ia contrariado mas tinha que ir.

Naquele tempo o algodão era transportado do sítio para a cidade, por tropeiros, que conduziam os sacos em lombo de animais, naquelas estradas estreitas e quase fechadas por galhos de juremas e unha de gatos.

Na passagem dos animais ficavam alguns capuchos de algodão, enganchados nas galhas dos matos. Mas, diz aí, que madrinha Mimosa cismou de aproveitar aquele sub-produto do algodão. E o pior, é que era eu que tinha de catar as plumas espetando meus dedos nos espinhos.

A princípio eu não queria concordar com aquela ideia, mas depois eu me lembrei que poderia ser castigado. mesmo assim eu fiz corpo mole, mas a minha avó torta na sua experiência, notou a minha falta de interesse e me fez uma promessa:

Meu fi. Cate o algodão todim que vou fiar e adispois eu prometo que vou fazer uma rede pra você.

Acreditando naquela promessa, eu aumentei a produção, chegando a catar até quatro quilos em cada viajem.

Madrinha Mimosa morreu e eu não ganhei a minha tifanga.

Será que ela não cumpriu a promessa porque queria fazer pra mim era a Rede Globo?

Mundim doVale.