Mariana Alves Bezerra, era irmã do meu avô Pedro Alves Bezerra, Pedro André. Casada com José, conhecido por José de Mariana. Depois dos 50 anos nos costados, Mariana começou a ficar sovina e, numa madrugada qualquer José teve uma raiva condenada dela e se danou no mundo. Durante muitos anos não se teve noticia do homem. Ele era artesão, fazia tabaqueiro, um artefato de chifre de boi que colocavam algodão e, com o atrito de um esmeril numa pedra a faísca o acendia e se podia acender cigarros e outras utensílios. Nestes seus artefatos ele colocava uma marca, um sinal, tornando-o diferenciado dos outros e muito conhecido.
Um dia, um varzealegrense passava por uma cidade do Maranhão, Barão de Grajaú, e viu um garoto vendendo uns tabaqueiros com a marca denunciada. Perguntou para o meninote onde se podia encontrar o artesão e o garoto indicou o local.
Encontrou-o numa cabana improvisada com palhas, debaixo de umas palmeiras de coco babaçu. O Zé de Mariana lixando uns chifres para fazer seus artesanatos e uma mulata sentada no chão quebrando amêndoas de coco babaçu, e, um pouco afastado, numa trempe, uma panela preparando o feijão do almoço.
Compadre! Como é que você abandonou sua propriedade, seus bens, sua família para viver nestas condições? José de Mariana respondeu assustado: a única coisa que espero e quero é que você não diga a ninguém que me viu aqui!
Chegando a Várzea-Alegre, não se conteve e contou a família. Dois dos filhos convidaram o padre da cidade e rumaram para o Maranhão à procura do pai. Encontraram o mesmo cenário. O Padre tomou a palavra e, largou conselho, enquanto José nem dava por ela, continuava lixando os chifres e a mulata quebrava os cocos. A certa altura o padre disse para os irmãos: Não tem jeito, uma coisa dessas só pode ser mesmo um feitiço! A mulata se aborreceu com a historia, se aluiu do chão, colocou a mão em cima do "possuído" e lascou: E o feitiço está aqui seu padre!
Os filhos voltaram para Várzea-Alegre e Zé de Mariana tomou rumo ignorado. Não se teve mais noticias. Dele ficou apenas a historia.
Em Várzea-Alegre, quando uma mulher começa com lera, o marido costuma dizer: Olhe, você deixe de moca se não eu faço como Zé de Mariana. Mas, quando perguntavam a Mariana por José ela respondia: José está "rodiando" o mar.
Esta é mais uma historia real, acontecida com familiares de nossa genealogia que está resgatada. Na verdade Jose de Mariana desapareceu e não se teve mais noticias dele. Tudo que está escrito é verdade. O casal se desentendeu e não houve jeito. Não se sabe, ao certo, que fim teve Jose de Mariana, nosso parente. Quem sabe a Enternet localize algum descendente dele. O Enternet rodeia os mares.
ResponderExcluirAbraços.
Interessante a história, sempre ouvia falar em Várzea-Alegre sobre o ditado da sovinagem, mas não sabia o verdadeiro sentido da palavra. Meu pai dizia: meu filho!!!, a mulher depois que deixa de vir a regra ela começa a ficar sovina. a regra a que ele se refere é a menstruação.
ResponderExcluirMorais, ri bastante com a historia mas, às vezes, encontra-se a felicidade longe de casa. Meu pai falava de um tal de Zé Tabaqueiro. Acho que seria esse ai. Mundo pequeno e cheio de lições interessantes. Vou ficar de olho arredor do mar. Já encontrei amigos em lugares distantes e inesperados. Vou te avisar quando encontrar com Zé.
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