HISTÓRIAS DE TRANCOSO - Dedico a Antônio Morais e a Mundin do Vale
Era uma vez... Uma cidade chamada Várzea Alegre, que sempre se destacou no cenário cultural pela sua oralidade, ou seja, pela capacidade que o seu povo tem de contar histórias pitorescas e circunstanciais através das gerações. Com o aparecimento do contato virtual essa capacidade artística tornou-se mais descritiva e literária oferecendo às pessoas uma informação mais rápida e universalizada. Que maravilha...
Era uma vez... Um saudoso motorista de caminhão de verve humorística, chamado Zé Felipe, que divulgou as nossas histórias pelo Brasil afora e que se tornou o nosso representante maior nessa prática rotineira da nossa gente. Com o advento da imprensa, fomos representados, em 1933, por Pedro Tenente, o qual ditou dois livros abordando temas orais e que ainda hoje os utilizamos em nossas pesquisas históricas. Quanta ousadia...
Era uma vez... Uma infinidade de ferramentas eletrônicas, que fizeram surgir vários nomes, os quais transformaram a nossa tradição oral em prática virtual. Desses, podemos citar representando os demais, o Escritor e Historiador Antônio Alves de Morais e o Poeta e Contador de Casos Mundin do Vale. Duas figuras impolutas...
Era uma vez... Uma menininha que teve paralisia infantil e que, em hipótese alguma, podia se locomover. Então, uma fada rainha falou, que se ela se submetesse a uma cirurgia ortopédica e começasse a andar de bicicleta poderia reabilitar-se e ter uma vida saudável. E assim ela o fez aos doze anos de idade. E é eternamente feliz...
Era uma vez... Um menino com medo do escuro, que o seu pai, para encorajá-lo, mandava-lhe ao roçado, já à noite, levar os animais de montaria para o pasto. Certa vez, ele viu um padre sem cabeça carregando uma lamparina em uma das mãos...
Era uma vez... Uma moça imigrante, que casou com um rapaz de outra terra, a qual teve dois filhos. Na terceira gravidez, desentendeu-se com o marido por causa da irmã, que mantinha um caso amoroso com ele. Em 1926, Maria é assassinada por Bil, que foge para longe. O assassino aparece às Sextas-Feiras, Treze, em forma de lobisomem e a mártir faz milagres protegendo as mulheres sofredoras...
Era uma vez... Uma história chamada de trancoso ou do tempo da carochinha. Seus ditos eram retirados de histórias populares, fantasiosas, mentirosas e de assombrações, que habitavam o imaginário popular e que foram repassadas, através das gerações, por nossas bisavós, avós, mães e babás. O homem, mais dedicado ao trabalho fora do lar, era menos influente...
Era uma vez... Um escritor português, nascido e vivido no século XVI, chamado Gonçalo Fernandes Trancoso, que ao escrever Contos e Histórias de Proveito e Exemplo, deu ao mundo um desejo irresistível de valorizar o cotidiano e o simples. Foi contemporâneo de Cervantes, Montaigne, Shakespeare, Erasmo e Camões e era conhecido como um zeloso moralista e um religioso praticante. Teve por base a cultura popular, inseriu o conto português na grande corrente européia e foi possuidor de um estilo agradável marcado pela tradição oral. Que nem nós...
Porém, desta vez... Comparar Mundin do Vale e Antônio Morais ao genial Gonçalo Fernandes Trancoso é um fato real, pois os três são possuidores da mesma versatilidade. A capacidade de extrair pérolas do nosso cotidiano, transformando-as em estruturas virtuais instantâneas, foi o ponto decisivo para o surgimento dessa verdadeira analogia. Quanta alegria...
E, desta vez... A História não é de Trancoso.
Dr. Sávio Pinheiro.
Dr. Savio.
ResponderExcluirParabens.
Este seu texto agente lê e lê novamente e não se cansa de lê. Agradeço a referencia a mim e ao Mundim do Vale visto que o Mundim viajou a Jati e não deu mais noticias fato que levou o João Pedro a achar que a onça do Raimundo Alves pode ter passado por lá.
Bem o seu texto enobrece o Blog com tamanha grandeza que não sei descrever. Dependendo do desempenho dos poetas posso até me encorajar a escrever alguma coisa em verso.
Muito obrigado e um forte abraço.
Um mote para os poetas, pesquisadores, historiadores, letristas, escritores e leitores desta página:
ResponderExcluirDe Trancoso a Raimundin
Todo fuxico é real
Eu nasci numa cidade
Crendo em assombração,
Em História de Dragão
E nos ritos da maldade.
Porém, com sagacidade
Construí um ideal.
Acreditei no Mobral
E nos versos de Bidin
De Trancoso a Raimundin
Todo fuxico é real
Um texto maravihoso sobre o costume da nossa gente de contar histórias. Adoro as histórias de "trancoso" do blog do Sanharol, especialmente as contadas por Mundin, Morais, e do próprio Zé Savio.
ResponderExcluirAbraços
Sávio você tem feito para contar e transmitir as histórias de trancoso, parecia que vi minha mãe ou meu pai contando esses coisas que pra mim eram assustadoras, depois meu irmão e eu queríamos dormir na mesma rede.
ResponderExcluirAcho que alguém tem que repassar mais isto, pois são lembranças valiosas.
Um forte abraço
Íris Pereira
Dr. savio.
ResponderExcluirO seu texto é tão belo que resolvi me expor. Me atrevi a fazer um verso.
Ei-lo:
Desde os tempos de menino
Quando eu era bem traquino
Já conhecia este mote
O povo diz e não erra
O fuxico em nossa terra
Era com Frazo do Garrote
Mas, a coisa mudou em fim
E pra não causar nenhum mal
De Trancoso a Raimundim
Todo fuxico é real.
É, Sávio, realmente a História não é de Trancoso, verdade pura. Como bem disse Morais: a gente lê, se emociona e não se cansa ao ler novamente. Vc foi muito feliz ao fazer as referências e mais feliz ainda em dedicar a Mundim e Morais.Parabéns, poeta cordelista doutor!!!!!!!!!
ResponderExcluirEra uma vez um menino magro e pálido, que chegara na cidade, vindo de um sitio. Estudou com as dificuldades da época, mas conseguiu o canudo de medicina.
ResponderExcluirJá formado teve uma simpatia pela
política, mas viu que não era aquilo que queria.
O que aquele garoto queria mesmo
era escrever e salvar gente.
Hoje aquele antigo Zé Poivinha
se transformou em: Escritor, poeta,
historiador e contador de causos.
Dr. Sávio.
Obrigado pela dedicatória e parabéns pela Sexta de Texto, que já tem um conteúdo tão importante
Para Várzea Alegre que já podia ser chamada de baláio.
Abraço.
Mundim do jatí.
Sávio,
ResponderExcluirSão tantas as histórias de trancoso que a gente esquece as verídicas.
Veja essa: era uma vez um menino que foi castigado pelo pai porque deixou de cumprir uma taarefa para brincar de "BIGURRILHO" com a tia....kkkkkkkkkkkkkkkk
Dr. Sávio,
ResponderExcluirseu texto está demais e para não perder o desafio lá vai:
Contei história de dia
Com medo de assombração
De dia era pura alegria
De noite era danação
Aticei muito a saudade
Lá de minha cidade
E nunca cheguei ao final
Do que se diz num jornal
Mas posso dizer assim
De Trancoso a Raimundin
Todo fuxico é real
Abraço,
Claude
minha avó contava história
ResponderExcluirdo seu tempo de criança
e eu guardo na lembrança
não me sai da memória
e isso não é vanglória
pois e escrevo e é natural
mas ouvir é mais legal
eu digo sem achar ruim
de trancoso a Raimundim
todo fuxico é real.
são muitos bons os textos que você escreve pra essa sexta, precisamos nos encontrar novamente pra por os assuntos em dias abraços
Amigo Morais,
ResponderExcluirA sua competência e dedicação a esta página recria a nossa história. Os nossos descendentes saberão reconhecer em você esta valiosa contribuição.
Um abraço.
Flávio Cavalcante,
ResponderExcluirVocê é muito importante na nossa história contemporânea de "contação de causos". É um pioneiro. Se Trancoso vivesse em nossos dias estaria desempregado diante de tantos valores.
Íris,
ResponderExcluirA transmissão oral de histórias mirabolantes produzia um contato mais direto e prazeroso entre as pessoas, daí serem mais humanos. Não podemos esquecer essa tradição tão importante para a nossa humanização. Agradeço o comentário.
Fafá Bitu,
ResponderExcluirTentei fazer como Trancoso fazia. Incrementar ficção e realidade. Você está nessa história, que me tranportou ao passado, como exemplo individual de persistência e coragem.
Raimundinho,
ResponderExcluirVocê enobrece o cancioneiro atual de Várzea Alegre com a sua facilidade em transpor o oral para o virtual. Mas, apesar da tecnologia, não podemos perder a prática fuxicativa local.
Saudações.
Tia Fidera,
ResponderExcluirNo bigorrilho aprendi a não desobedecer mais ao meu pai. Foi um ensinamento da vida real. Um grande abraço.
Claude,
ResponderExcluirDemais é você, que ataca em prosa e verso. Agradeço o desafio.
Um mote para Mundin do Vale:
Do erudito ao popular
Claude mostra o seu talento.
Israel,
ResponderExcluirPrecisamos nos encontrar. Cadê você? Gostei do poema.
Um abraço.
Dr.Savio,cheguei tarde mais ainda da tempo para enviar meu versinho.
ResponderExcluirQuando li sexta de texto
Comecei ficar vermelho
Fui consultar o espelho
Fazendo o meu pretexto
Mas quando li o contexto
Uma crônica especial
Vi que eu não tinha sal
Pra botar meu temperim
De Trancosoa Raimudim
Todo fuxico é real
Dr.Sávio,quantas crianças chuparam o dedo polegar ouvindo estórias de Trancoso,foi aí aonde surgiu a Ortodontia.Passar por debaixo do arco-iris pra mudar de sexo.Eita se fosse hoje a fila era grande...Rolim
ResponderExcluirRolim,
ResponderExcluirO lucro das histórias de Trancoso, além dos ortodontistas, beneficiavam também os pediatras, pois as diarréia apareciam com esse costume maluco. Um abraço.
Luiz Lisboa,
ResponderExcluirVocê chegou no Sexta de Textos e chegou pra ficar. Vi você nas fotos da Magnólia e conheço as suas histórias. Foi um prazer ler a sua poesia. Um abraço.
Amigo Luiz Lisboa
ResponderExcluirLi a sua esplanação
Vi que é um homem de ação
E não é pessoa à toa.
Não tem medo da patroa,
Já que és marido leal.
Porém, em véspera de natal
Há histórias de Salin
De Trancoso a Raimudin
Todo fuxico é real.
Dr. Sávio.
ResponderExcluirPor conta de comunicação estou
atrazado com o sanharol.
Na outra semana eu mando alguma coisa do mote da poetisa da Serra Verde.
Minha avó sempre contava
Naquele jeito bondoso
As histórias de Trancoso
Que eu muito apreciava.
Quando ela terminava
Preparava um ritual
Partindo um bolo real
Que o rei mandou pra mim.
DE TRANCOSO A RAIMUNDIM
TODO FUXICO É REAL.
Eu falo de Lampião
E falo de cangaceiro,
De Antônio Conselheiro
E Padim Ciço Romão.
Falo de Frei Damião
Sem precisar de aval,
Falo também de Cabral
No país tupininquim.
DE TRANCOSO A RAIMUNDIM
TODO FUXICO É REAL.
Fuxico é coisa vulgar
Quando ele é mentiroso,
Cheja a ser crime culposo
Se quem falou, não provar.
Eu só faço pentear
Se ele não for imoral,
É mais do que natural
Pentear só, tanto assim.
DE TRANCOSO A RAIMUNDIM
TODO FUXICO É REAL.
Mais fuxico mesmo é no Chico, pergunte a Magnólia!
Aqui eu tenho uma certa dificuldade de comunicação.
Abraço.
Do Vale.
Senti-me muito honrada em fazer parte da incrementação ficção/realidade. E muito feliz de ter feito vc voltar ao passado através da menininha que até os 18 anos só andava de bicicleta e caminhava com muita dificuldade. Sinto orgulho da coragem que tive para enfrentar aquela barra toda. Obrigada por ser personagem da sua história de Trancoso. Parabéns, poeta!
ResponderExcluirMagnólia, o Mundin do Vale tentou insinuar algo entre você, o Chico e o Fuxico. Você necesita se explicar, embaixadora. Agradeço o comentário.
ResponderExcluirUm abraço.
Embaixadora Magnólia, quem é seu ajudante? Abraço,
ResponderExcluirFafá
Magnólia, vamos fazer um protesto porque seu ajudante lhe abandonou, topa? Quer dizer que o fuxico do xico é com Morais? kkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirCausos pitirescos e verdadeiros de Várzea Alegre.
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