Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

388 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Em 1920, chegavam a Várzea-Alegre, vindos de Alagoas, Clementino Romeiro, Antônia e os três filhos, Severino, Maria e Madalena. Trabalhavam na construção de uma barragem que seria, naquela época, o açude Olho D'Água. A família passou a residir no sitio Inharé, precisamente, onde hoje fica a casa de José Bitu e dona Biluca. Nesse período, eram moradores dos Fiúsas do Chico, sendo que plantavam também nas terras de Manuel Leando Bezerra, no alto da serra da Charneca.

Maria, uma das três filhas de Clementino e Antônia, era uma mulher simples. Casou com Bil, migrante da região do Iguatu, em 05 de Novembro de 1922, na igreja matriz de São Raimundo. Nesta mesma data, se casaram 24 casais que moravam na ribeira do Riacho do Machado. Os casamentos foram oficiados pelo padre José Alves de Lima, vigário de Lavras da Mangabeira.

Depois de casados, Maria e Bil continuaram morando no sitio Inharé, onde já residiam os pais de Maria. Da união de Maria e Bil nasceram dois filhos: Necilia e José. Quando Maria estava na sua terceira gravidez, houve um desentendimento entre ela e o marido. O motivo da contenda foi a fato da irmã de Maria, chamada Madalena, que aparentemente tinha problemas de visão, manter um caso amoroso com o Bil. 

Conta-se que o Bil pretendia fugir com Maria e deixar toda confusão para trás, entretanto, Maria, magoada por causa da traição, recusou a posposta do marido, preferindo morar na casa de seus pais.

Com o orgulho ferido por causa do desprezo da mulher, Bil, passou a arquitetar a morte de Maria. Sabendo que Maria levava a comida dos trabalhadores da roça de seu pai, Bil, resolveu surpreendê-la, numa emboscada na beira da estrada. E assim em 11 de Março de 1926, por volta das 10 horas da manha, quando Maria se dirigia com duas companheiras a caminho da roça do pai, levando a comida dos trabalhadores, Bil apareceu de repente, armado de faca, as companheiras fugiram e Bil, então passou a esfaquear a esposa até a morte. Foram três golpes fatais. Bil fugiu e nunca mais foi encontrado.

Maria foi enterrada no cemitério da Saudade em Várzea-Alegre, mas ninguém sabe informar qual é o seu túmulo. Também não se sabe se o crime foi investigado pela policia. Esse crime revoltou toda Várzea-Alegre, causando grande comoção. As pessoas passaram à visita o local do crime e rezar pela alma de Maria. Seu pai Clementino, pôs uma cruz no local exato em que sua filha foi assassinada. As pessoas passaram a visitar o local para pagar promessas e agradecer graças alcançadas, segundo elas, com a intercessão de Maria.

No dia 20 de Janeiro de 1957, 31 anos depois da morte de Maria, foi construída uma capela no local do crime, quem mandou construir a capela foi José Alves de Oliveira. O vigário da época Padre José Otávio de Andrade benzeu a capela e celebrou uma missa na intenção da falecida.

São incontáveis os números de doentes que vão até a capela agradecer a cura conseguida através da intercessão de Maria. Porém, quem mais visita a capela são as mulheres sofredoras que veem em Maria uma protetora das aflitas e desesperadas.


3 comentários:

  1. Décadas depois em Santana do Cariri fato igual ocorreu com a menina Benigna. A igreja local teve o devido cuidado, e, hoje já foi beatificada pelo Vaticano. Maria de Varzea-Alegre não se sabe nem onde estão os seus restos mortais.

    Certamente a igreja, o padre e a comunidade católica tinham outras prioridades.

    ResponderExcluir
  2. Antonio Morais, Várzea Alegre tem algumas dívidas com o passado. Esse caso de Maria de Bil é um exemplo claro da falta de um conceito histórico mais apurado das autoridades locais.
    Ultimamente, observa-se uma frequência maior de populares que visitam a capelinha erguida no local onde a vítima em referênciafoi atacada e morreu. Mas, parece ser um movimento espontâneo dos devotos atraídos pelo bela visão do lugar, onde próximo foi construída uma estátua do Cristo. Pelo visto, a igreja tem incentivado pouco esse processo.

    ResponderExcluir
  3. Antonio Morais, Várzea Alegre tem algumas dívidas com o passado. Esse caso de Maria de Bil é um exemplo claro da falta de um conceito histórico mais apurado das autoridades locais.
    Ultimamente, observa-se uma frequência maior de populares que visitam a capelinha erguida no local onde a vítima em referência foi atacada e morreu. Mas, parece ser um movimento espontâneo dos devotos, atraídos pelo bela visão do lugar, onde próximo foi construída uma estátua do Cristo Redentor. Pelo visto, a igreja tem acompanhado pouco esse processo.

    ResponderExcluir