O coronel Dirceu de Carvalho Pimpim, emprestava dinheiro a juros E comprava algodão na folha. Certa vez ele estava com o seu neto e secretário Antônio Ulísses, quando verificou no livro dos fiados, que algumas pessoas não estavam honrando o prazo. Mostrou para o neto e falou:
Antônio eu vou precisar tomar uma providência com esses fiados. Tenho que arranjar um cobrador para tentar resgatar essas contas.
O neto muito atencioso falou:
Papai Dirceu quer que eu arrume um?
Não por enquanto eu quero manter segredo, porque tenho que arranjar uma pessoa educada para não constranger meus fregueses.
Antônio Ulísses concordou, mas no mesmo dia descuidou-se e comentou o assunto na rua.
No dia seguinte quando o coronel chegou no escritório, Antônio de Irineu já estava a sua espera. Sem nem dá bom dia Antônio foi logo falando:
Coroné! Eu vim aqui falar cum o Sinhor, pruque sei qui o Sinhor vai pricisar dum cobrador.
E quem foi que lhe disse que eu vou precisar?
Antônio Ulísses piscou o olho para o candidato para que ele não falasse de onde ouviu a conversa. Antônio de Irineu mais confuso do que caligrafia de médico gaguejou:
Num foi ninguém qui disse não. É pruque eu sei qui o Sinhor impresta dinheiro e cuma a Rajalegue tem muito veaco, eu achei qui o Sinhor pudia pricisar.
E porque você acha que tem qualificação para ocupar o ofício de cobrador?
É pruque eu cunheço a discuipa de quem deve. Eu sou o vivente qui já foi mais cobrado dento de Rajalegue.
E todas as vezes que foi cobrado, você pagou suas contas?
Não Sinhor mais num dêxa de ter sido uma boa isperiença né?
Antônio. Preste atenção. Se experiência tivesse algum valor, o marchante Antônio Pagé era pra ser cirurgião.
Mundim do Vale.
Prezado Mundim do Vale.
ResponderExcluirVeja como é importante ter experiencia. A de Antonio Pajé não serviu, mas a do Coronel Dirceu serviu para dar uma justa disculpa ao proponente a emprego de cobrador. Uma boa historia.
Raimundinho e suas histórias cheias de humor e sabedoria popular...
ResponderExcluirO coronel Dirceu conhecia as artimanhas humanas.
Ah, achei o título ótimo.
Abraços de
stela
Mundim,
ResponderExcluirSaudades de Antônio Pajé, Seu Dirceu e Antônio Ulisses. O seu texto retrata muito bem como é difícil guardar um segredo.
Um abraço!
Magnólia,
ResponderExcluirTrecho do livro "Rápidos Traços sobre Fatos e Coisas" (Editores Ramos e Pouchain - 1933), de Pedro Tenente, primeiro escritor a publicar em Várzea Alegre:
"Corre por aí afóra neste velho rincão cearense nota contra os filhos de Várzea Alegre, que são taxados de ..., fuxiqueiros e..."
Naquele tempo, o povo já falava desse assunto, pode um negócio desse?
As historias de Tio Antonio Ulisses com Papai Dirceu sao maravilhosas. E contadas por Mundin e torna ainda mais interessantes...abracos...
ResponderExcluirDr. Savio.
ResponderExcluirA maior decepção que o Frazo do garrote teve na vida foi ir a casa de João do Sapo as duas horas da madrugada contar um fuxico e João do Sapo já sabia. Ze Lim tinha ido uma hora antes contar. João do Sapo, Frazo do Garrote e Ze Lim eram primos de Pedro Tenente. A conversa do livro tem rumo.
Morais,
ResponderExcluirEstá historicamente comprovado que nós estamos geneticamente aptos a fazer comentários de outrem. A herança é real e irrestrita. Pra não dizer maldita!
Em tempo: Orlando Paraim, o professor que me proporcionou a aula da suadade, em 1981, dizia:
"Se não existisse, no ser humano, a capacidade de criar e aumentar as histórias não existiria a ARTE."
Boa desculpa!
É verdade Dr. Savio.
ResponderExcluirA historia é mais ou menos assim: Um toma chegada do outro e diz: olhe, eu não tenho nada com isso, nem queria te dizer, mas.....