Tenho pensado bastante, nestes dias de pandemônio causado por um vírus covarde, que já devia ter pegado o beco.
Mas, não, ele continua atacando à traição, tal qual um celerado em filmes de mocinho e bandido, nos tempos do Velho Oeste.
Os nossos devaneios, alvíssaras, estão liberados para que nos lembremos dos nossos parentes e amigos vivos e dos que já se foram.
Continuo andando torto no meu lado esquerdo, pelo peso das perdas que carrego no coração. Sem um Drumond, o que seria de nós, simples rábulas da escrita?
Ainda resisto à idéia de que existam no mundo, pessoas sem um único e escasso amigo. Convém, sempre, lembrar que amizade é matéria de salvação.
Infelizmente, a atual situação virótica não nos permite contato mais próximo e fraterno com as pessoas queridas.
Por infelicidade, buscamos os hospitais. E, por felicidade, ainda os encontramos, mesmo que nos limites do atendimento.
Digressionando no silêncio do porão, me fixo num pensamento que traz receita de felicidade. “Para ser feliz, é preciso ignorar a existência”.
Confesso, que a minha porção de massa cinzenta ficou chacoalhada com esse aforismo curto e grosso.
Como ignorar a existência pestilenta que nos rodeia, e conseguir, ainda, obter doses generosas de felicidade?
Fora do isolamento, estamos debaixo de um fogo cruzado, que faz a faixa de Gaza parecer lugar de repouso.
Temos um governo que se enrola todo, mesmo sem ter oposição. Não existe oposição, à vera, quando esta reúne políticos de tristes figuras.
É melhor dar uma parada nos boxes e redimensionar as estratégias do pensamento.
Nelson Piquet, tricampeão de Fórmula Um, disse que Galvão Bueno não entende porra nenhuma de automobilismo. Ói, bichim, ainda vai?
Ah! Ia me esquecendo de falar sobre solidão e saudade, palavras recorrentes nesse clima de desânimo.
A solidão é prima-irmã da saudade. As duas machucam muito o coração da gente.
Prezado Wilton - Sua crônica é de uma feitura admirável. Completa, não carece de nenhum reparo por mais exigente que seja o leitor.
ResponderExcluirQuanto a essa calamidade devo dizer que já vivi o tempo suficiente para ver um presidente da republica debochar do sentimento de tristeza do povo e um povo que se junta perto do palácio para ver um presidente responder : E daí, eu sou Messias, mas não faço milagres e esse povo ficar rindo, soltar risadas. Os dois se merecem : Presidente e povo.