Lula emudeceu. Evita falar sobre os prejuízos e o tráfico de influência em alguns dos maiores negócios realizados pela Petrobras durante o seu governo.
Há inquéritos, prisões e debates no Congresso, mas o ex-presidente da República se mantém calado para o público sobre os bilionários “malfeitos” na sua administração.
Estranhável, porque se trata de um político habituado a sair da cama no meio da madrugada, andar até a cozinha e abrir a geladeira apenas para ter o prazer de fazer um breve e secreto “comício” — cena que ele mesmo já descreveu inúmeras vezes em praças públicas.
Esse silêncio, certamente, não é por recomendação médica: na sexta-feira Lula conversou por quase três horas com a presidente Dilma Rousseff, a sós, num hotel paulistano.
Ex-ministra de Minas e Energia, ex-chefe da Casa Civil e ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, sob Lula, ela fez questão de escrever e divulgar no Palácio do Planalto seu testemunho sobre um dos negócios suspeitos da estatal — a aquisição de uma refinaria ferro-velho em Pasadena (Texas) ao custo de mais de US$ 1 bilhão, com base em documentos “técnica e juridicamente falhos”.
“Tiro no pé” foi o comentário mais frequente sobre o gesto de Dilma no plantel de porta-vozes de Lula. A nota foi interpretada como confirmação do “malfeito”. No Congresso houve quem fizesse leitura diferente: Dilma se preocupou em registrar publicamente os limites da sua atuação, estabelecidos nas ordens que possuía como ministra e representante de Lula no conselho da Petrobras.
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