As obras dos PAC 1 e 2 continuam empacadas, boa parte delas só existe no papel. Ainda assim, sem qualquer constrangimento, nem mesmo um leve rubor, a presidente Dilma Rousseff anunciou que lançará o PAC 3 em agosto, dois meses antes da eleição. Cumprindo à risca o cardápio dos marqueteiros de sua campanha, insiste na troça.
Depois de derrapar nos trilhos do trem-bala – prometido para antes da Copa 2014, quando ela foi alçada à categoria de “mãe do PAC” pelo ex Lula -, a presidente reincidiu na prática ilusionista. Desta vez com a promessa de incluir o contorno ferroviário de São José do Rio Preto no próximo PAC.
Lançado por Lula em 2007, com o nobre propósito de acelerar investimentos na escassa e sucateada infraestrutura nacional, o PAC mais atrasou do que avançou. Obras como o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro ou a transposição do Rio São Francisco, previstas para quatro anos atrás, que o digam. Foram lançadas para as calendas.
Três anos mais tarde, o PAC mostrou a sua verdadeira vocação: ser o principal instrumento de campanha para a candidata que Lula inventou. Em março de 2010, quando o calendário eleitoral definiu o lançamento do PAC 2, apenas 11,3% do PAC original tinham sido executados; 54% estavam só no papel ou nem nele. Até Lula teve vergonha. “Eu não estou contente com o que fizemos até agora e acho que nenhum de vocês está contente”, disse o ex à época.
A reclamação de Lula foi só mais do mesmo: jogo de cena. Estava ruim e ruim continuou.
De acordo com levantamento do site Contas Abertas, publicado sexta-feira, dia 4, das 50 mil obras e empreendimentos do PAC 2, apenas 12% foram concluídas ou estão em operação. Mais da metade, 53,3%, não abandonou o papel. Pior. A maioria das obras estacionadas são as de que as pessoas mais necessitam: creches e unidades de saúde.
Tudo em torno do PAC parece ficção. Embora a dotação orçamentária de 2013 tenha sido de R$ 67 bilhões, foram desembolsados R$ 44,7 bilhões, mais da metade, R$ 25 bilhões, restos a pagar do ano anterior. Ou seja, em um ano, os recursos aplicados nas obras do PAC somaram menos da metade dos US$ 18 bilhões enterrados em Abreu e Lima (PE), negócio feito entre Lula e então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que até hoje não refina uma só gota de óleo.
Ao que parece, Dilma não se apoquenta com os resultados pífios do programa selado como de sua maternidade. Se uma obra não sai do lugar, promete-se outra e outra. Lança-se o PAC 3, quem sabe o PAC 4 ou quantos for preciso.
No palanque, vale tudo, faz-se o diabo, como a própria presidente antecipou. Resta saber até quando os eleitores vão crer nas histórias de carochinha que essa mãe conta.
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