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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Dom João - Por Antônio Morais

Outro dia o escritor Carlos Rafael fez uma postagem no Cariricult nominando centenas de personalidades do Crato que marcaram o seu tempo pela graça, humor e alegria.

Na nominata do Carlos e dos comentaristas não lembro de ter encontrado João Aires de Aquino, o saudoso Dom João. Dom João era proprietário de um Bar muito frequentado em Crato. Os seus fregueses acorriam ao local menos pela cerveja gelada e pelos tira gostos e mais pelas lorotas e proezas do proprietário.

Um dia, Dom João comprou um carro de passeio e na primeira volta que foi fazer, pras bandas do Juazeiro, quando retornava fez uma manobra arriscada e foi abalroado por um ônibus.

No outro dia só se assuntava a historia do acidente. O carro acabou e Dom João foi parar na UTI do Hospital São Francisco. A cidade comovida com o acidente, população rezando pela recuperação e depois de 15 dias o paciente foi transferido da UTI para um quarto e passou a receber visitas dos amigos.

O poeta Zé Landim, depois de uma boa prosa, se despediu do amigo e deixou num guardanapo de papel em cima da mesa da quartinha da água de beber a presente sextilha:

O João Aires de Aquino
Um solteirão bem traquino
Que fala de todo mundo
Num acidente de veículos
Quebrou o par de testículos
E as quatro pregas do fundo.

4 comentários:

  1. Essa brincadeira do Jose Landim lhe rendeu uma boa e duradoura intriga. Só o tempo foi capaz de desfaze-la.

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  2. Seu Morais não era pra ser "de menos" o resultado do trabalho do poeta José Landim, eu diria que ele é a continuação do trabalho de Gregorio de Mattos, o "Boca do Inferno", lá do período colonial!

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  3. Morais:
    invejável sua prodigiosa memória para guardar causos interessantes...

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  4. Ahhh, só pra relembrar um pouco da poesia satírica do Gregório de Matos, deixo esse poema dele no qual debocha das reuniões das bruxas e dos rituais em que se acreditavam que fizessem na época:
    "Dormi co diabo à destra e fazei-lhe o rebolado
    porque o mestre do pecado também quer a puta mestra
    e se na torpe palestra tiveres algum desar,
    não tendes que reparar, que o diabo quando embreca
    nunca dá a beijar a boca e no cu o heis de beijar." Gregório de Matos, vulgo "O Boca do Inferno". O José Landim com seus versos me fizeram lembrar desse nosso poeta da colônia... rsrsrsrsrs

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