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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 20 de março de 2013

Um jantar extravagante - Por Antonio Morais

No inicio da década de 1960, o senhor Antonio Budú morava no Sanharol numa pequena casa do meu pai Jose André. Antonio era muito trabalhador e, a tardezinha apanhava a soca-soca e partia a procura de uma caça qualquer para fazer o mistura no dia seguinte.

Naquele dia perdera a viagem, não apareceu a sua frente nenhum cordoniz, juriti ou marreca na Lagoa do Ronca. Quando já chegava a casa, um preá saiu correndo e ele observou: é você mesmo meu chapa. Mirou, puxou o gatilho e o animalzinho ficou ciscando. Chegando a casa sapecou o bicho no fogo e começou a tratá-lo sob o olhar de reprovação da mulher: Como é que se come um bicho cheio de cabelo e fedorento desses? Dizia dona Jacira. Na tardinha do outro dia, depois de torrado com toucinho, a inhaca desapareceu e Antonio o degustou com um apetite de leão. Depois da meia noite o Antonio começou a passar mal. Com uma gastura condenada, vomitava e cagava sem freio, emendado.

A mulher apavorada foi pedir socorro ao meu pai que arriou um cavalo e foi à cidade, em plena madrugada, a procura de um medico. Chegando a Várzea-Alegre foi o maior trabalho para acordar o Dr. Jose Calores e maior ainda foi o consumo de saliva para convencê-lo a ir ao Sanharol, àquelas horas, receitar Antonio.
Chegando ao Sanharol o Dr. Jose Colares tirou a pressão do paciente e sabendo que nada de mais se passava perguntou a mulher que chorosa já se considerava viúva: O que ele jantou? - Angu com preá, respondeu a mulher solicita.

Minha senhora faltou pouco! Jacira replicou apavorada: pra ele morrer Doutor? Não minha senhora, seu marido está bem, está apenas afadigado. Faltou pouco: pra ele comer merda! Foi isso que quis dizer.

Um comentário:

  1. Meu prezado amigo Antonio Budu.

    A sorte é que aquela epoca não existia Ibama, né Veio. Não escapava, nada: rolinha, Bemtivi, marreca, galinha dagua, teú, preá, jurity, cordoniz etc.

    Abraços Antonio onde voce estiver.

    A. Morais

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