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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 8 de maio de 2010

Roza Guede - Por Jose Helder França

Minha fia Roza Guede
Toda sumana mi pede
Pá i pá rua comigo
Ela tem muita vontade
Di cunhecê a cidade
Mais porém acho um pirigo

Acho um pirigo é verdade
Pruque aqui na cidade
A coisa é bem deferente
Num si vê mais o respeito
Num tem nomoro dereito
O povo ta indecente

Rozinha sempre diz: pai
Quando é qui o sinhô vai
Mi leva pá vê a rua
Mais eu não tenho corage
Quando mialembro dos traje
Dessas moça quaje nua

Eu sei qui Roza é dereita
I qui essas coiza num aceita
Mais pode o diabo atentá
É mió fica nos mato
Qué que vem vê cá no Crato
É mió fica pur lá

Eu sempre digo: minha fia
Vou lhe leva quarqué dia
Só pá tu vê Cuma é
Na rua, nada tem nome
É muié virando homi
Homi virando muié

É um disparate, Rozinha
Home de carça curtinha
É o que se vê na avinida
E as muié o contrario
Uma ta moda inventáro
Tudo de carça cumprida

Perdêro a morá de tudo
Tem uns tá de cabeludo
Qué o pió qui eu acho
Uns rapaz bem parecido
Cuns cabelos tão cumprido
Qui dá mode fazer cacho.

As modas qui eles canta
São tão horrive qui ispanta
Purisso num ai inverno
Basta Rozinha qui eu diga
Qui inventáro uma cantiga
Qui manda tudo pru infermo

Derda os mais véi as criança
Todo mundo cai na dança
Isquizita cuma quê
Ficam querendo dá sarto
Sibalançando cum os quarto
É um ta de iê-iê-iê

Me dixe Mané Germano
Qui é musga de americano
Qui tão querendo imitá
E qui o pió inda vem
É ôtas dança qui tem
Pras banda da capitá

Nada disso acho bunito
E nos guverno acridito
Num pode mais fica assim
Tem qui havê argum jeito
Mode vortá o respeito
Pá tudo isso te fim

Rozinha não se iluda
Qui quarqué dia isso muda
E quando mudá de fato
E num tive mais pirigo
Eu levo vancê cumigo
Pá passiá lá no Crato

Jose Helder França

3 comentários:

  1. Neste poema, o Jose Helder França mostra a Rozinha menor, inocente, começando e descobrir a vida, curiosa para saber as coisas da cidade.

    Na proxima semana estarei postando outro poema, tambem do Jose Helder França, dividido em tres partes, com a Roza Guede na maioridade, indenpendente, livre e, vindo para o Crato, uma bela historia, bem humorada que só a imaginação fertil de Dedé de Zeba podia criar. Muito engraçado acompanhe a historia de Roza Guede no Crato. Voce vai ri, revendo um Crato da saudade e das boas lembranças, e, conhecido de todos e uns personagens merecedores de nossa admiração e reconhecimento. Acompanhe no Blog do Sanharol : Roza Guede está no Crato.

    Abraços.

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  2. O poeta Dedé, é o pai da primeira dama do Crato, Sa. Mônica Arararipe.
    O poeta Patativa dizia em versos que Dedé estava no seu mesmo nível.
    Grande Dedé.

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  3. Neste poema o Jose Helder França apresenta Roza Guede na menor idade, inocente e curiosa para conhecer as coisas da cidade.

    Na proxima semana portarei o poema da Roza Guede de maioridade, independente, no Crato, na festa da Exposição, casando e batizando.

    Muito engraçado a historia. Leva-nos ao tempo de personagens ricos da historia do Crato. Resgata centanas de personagens e de lugares famosos. Roza Guede tá no Crato é uma historia bem humorada que leva os leitores ao riso. Voce não pode deixar de ver.
    Abraços.

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