É a história que adora uma repetição” (Rebichada, Chico Buarque).
CHICO BUARQUE
Parte III
Por Zé Nilton
Poderia fazer um prolegômeno sociológico sobre a obra de Chico Buarque de Holanda, neste último programa Compositores do Brasil, até para mostrar erudição e conhecimento sobre a vida e obra do renomado compositor brasileiro. Não o farei.
Prefiro viajar no verso da música que ele fez e cantou com os Trapalhões, trilha sonora do filme “Os Saltimbancos Trapalhões”, de 1981, baseado na peça teatral Os Saltimbancos, de Sergio Bardotti, Luis Enríquez Bacalov e Chico Buarque, por sua vez uma adaptação do conto Os Músicos de Bremen dos Irmãos Grimm, e que foi dirigido por J. B. Tanko, sendo considerado pela crítica como o melhor filme do grupo.
Não, Chico de jeito nenhum insinua contradizer a célebre e irônica sacada do velho Marx, respondendo a Hegel, no livro “O 18 Brumário de Luiz Bonaparte”, publicado em 1852, de que os fatos e personagens históricos não se repetem duas vezes sob a mesma forma, a não ser “a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
No entanto, a opressão,a intimidação, a exploração, a intolerância, o desprezo pelo outro, e a atitude humana de não se deixar calar ante um rosário de mesquinharias praticadas em qualquer latitude e sob quaisquer formas de poder, isto se repete, e como se repete!
Deixo a letra de Rebichada como veículo aberto para os que quiserem viajar comigo em busca de uma sociedade de equidade na justiça e na distribuição dos bens materiais e imateriais.
“Não me importa trabalhar pra cachorro
O jumento é meu igual
Morro muito mais que gato no morro
Quando chega o carnaval
Sou eu quem cutuca o galo, viu
Pro galo cocorocar
Mas se pisam no meu calo
Não me calo
Eu tenho que falar
Como falo
Au, au, au, hi-ho, hi-ho
Miau, miau, miau, cocorocó
Essa história é mais velha que a história
Dos tempos de glória do velho barão
Quem não sabe de cor essa história
Refresque a memória e me preste atenção
Não sou eu quem repete essa história
É a história que adora uma repetição
Uma repetição
Sou eu que distraio o galo, de fato
Quando a outra vai chocar
Sou eu quem arruma cama de gato
Ponho o gato pra mijar
Beijo a mão de vira-lata, sim
Chamo burro de doutor
Mas se alguém me desacata
Maltrata meu brio
E meu valor
Largo a pata
Au, au, au, hi-ho, hi-ho
Miau, miau, miau, cocorocó
Essa fábula vem de outro século
Pelo fascículo de um alemão
O irmão do alemão deu prum nego
Que vendeu prum grego
Por meio milhão
Esse grego morreu de embolia
E deixou para a tia
O que tinha na mão
Essa tia casou com um pirata
E afundou com a fragata
Lá no Maranhão
Essa lenda rolou na fazenda
Moeu na moenda
E espalhou no sertão
E eu não nego que roubei dum cego
E inda ponho no prego
Pra comprar meu pão
Não sou eu quem repete essa história
É a história que adora
Uma repetição
Uma repetição”.
Na sequencia do terceiro programa dedicado ao compositor Chico Buarque de Holanda, nascido em 19 de junho de 1944, ouviremos e falaremos de suas músicas produzidas entre 1979 a 1993:
BYE, BYE, BRASIL, de Chico e Roberto Menescal, com Chico Buarque
EU TE AMO, de Chico e Tom Jobim com Chico Buarque
O MEU GURI, de Chico com Chico Buarque
REBICHADA, de Chico e Enriquez – Bardotti com Chico Buarque e os Trapalhões (Dedé, Didi, Mussum e Zacarias)
A HISTÓRIA DE LILY BRAUN, de Chico e Edu Lobo, com Maria Gadu
MIL PERDÕES, de Chico com Chico BuarquePELAS TABELAS, de Chico com Chico Buarque
TANGO DO COVIL, de Chico com Os Muchachos
ANOS DOURADOS, de Chico e Tom Jobim com Chico Buarque e Tom Jobim
TODO SENTIMENTO, de Chico e Cristóvão Bastos, com Chico Buarque
A MAIS BONITA, de Chico com Bebel Gilberto e Chico Buarque
PARA TODOS, de Chico com Chico Buarque
A VIOLEIRA, de Chico e Tom Jobim com Elba Ramalho
Quem ouvir verá.
Informação:
Programa COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri
Todas as quintas-feira de 14 às 15h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio Cultural: CCBN-Cariri
Retransmissão: cratinho.blogspot.com
Valeu Zenilton. Grande Chico.
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