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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Santa de Inhumas – por Armando Lopes Rafael


Inhumas é um povoado de Santana do Cariri, localizado a 2 km do centro da cidade. Lá ocorre um fenômeno da religiosidade popular, muito comum no hinterland nordestino. A memória de uma jovem, de nome Benigna, é alvo de veneração pelo povo simples de Inhumas.

Curioso em conhecer esta história ouvi de um habitante daquela localidade que Inhumas foi palco, há quase 70 anos, de uma tragédia. A adolescente Benigna Cardoso, nascida naquele povoado em 15 de outubro de 1928, levava uma vida igual às demais mocinhas da zona rural naqueles recuados tempos. Fazia as tarefas de casa e era encarregada, também, do abastecimento de água da família que a criava, pois era órfã.

Para tanto se deslocava, todos os dias, até um riacho distante da sua casa e trazia num pote de barro a água necessária ao consumo do dia. Sua formosura atraiu a atenção de um jovem de sua idade, Raul Alves de Oliveira, também residente em Inhumas. Mas Benigna nunca alimentou a expectativa do namoro pretendido por Raul.

No dia 24 de outubro de 1941, nove dias após completar treze anos de idade, Benigna iniciou cedo seus afazeres domésticos. Depois colocou o pesado pote na cabeça e, enfrentando o sol causticante, tomou o caminho da fonte de água. Antes de atingir o local, numa curva da estrada, apareceu de repente Raul que lhe fez propostas amorosas recusadas de forma categórica por Benigna. Tresloucado, Raul sacou de uma faca que trazia e golpeou por três vezes o corpo franzino da mocinha. Um dos golpes quase decepou a cabeça de Benigna, tamanha a fúria que dominava o homicida.

O fato chocou a todos. Depois da morte da jovem começaram as romarias ao local onde ela foi assassinada. Até hoje, muitas pessoas da redondeza de Inhumas fazem promessas rogativas à alma de Benigna. Até pessoas ilustres nascidas em Santana do Cariri – muitas residentes em outras regiões do Brasil – recorrem à intercessão da jovenzinha para obter graças.

Um modesto marco, encimado por uma pequena cruz, recebe muitos ex-votos dessas graças alcançadas. O povo de Inhumas se refere à Benigna como “A santa mártir”. Seria bom que a Prefeitura de Santana do Cariri mandasse construir no local uma capela ampla para abrigar os que ali vão rezar, acender velas e deixarem ex-votos pelas graças alcançadas por intercessão de Benigna Cardoso.

Escrito e postado por Armando Lopes Rafael

2 comentários:

  1. Prezado Armando.

    Essa trite historia parece e se assemelha muito com a historia de Maria em Varzea-Alegre. Maria chegou a se casar com um moço conhecido por Bil de cujo casamento nasceram treis filhos. Maria tinha uma irmã deficiente visual que morava junto da familia e o marido a engravidou. Maria resolveu deixar o marido. E o marido revoltado assassinou a esposa. No local do crime foi construida uma capela que o seu conterraneo Padre Jose Otavio de Andrade a inaugurou em 1953 com a celabração de uma missa. A capela é bem cuidada e visitada por centenas de pessoas para as quais Maria é tida como Santa. Quem interessar conhecer a historia de Maria pergunte ao GOOGLE: Maria, uma martir - Blog do Sanharol. Parabens Armando por resgatar para posteridade a historia de Benigna, a Santa de Inhumas.

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  2. Sou devoto e já fui no seu túmulo.só não conheço o novo santuário feito todo de pedra, mas assisti o DVD da inauguração, parabéns, por lembrar da mártir daesperança de Santana do Cariri, emocionante demais esta História.

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