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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 20 de fevereiro de 2011

FEIRA DE SONHOS - Xico Bizerra

O matuto acordou de seus sonhos e foi à cidade grande. Seu saco reservado para as boas prendas voltou vazio. Não encontrou sorrisos, amizades, esperança. Poucos lhe deram ouvidos e ninguém tinha as mercadorias que ele queria levar. Voltou pra roça e percebeu a desnecessidade de ter ido à cidade. No seu roçado, pés de alegrias, montes de afagos, plantações de carinhos. E ali ficou até que lhe procuraram para terem suas mercadorias. Ele as deu, assim como as tinha recebido, pela graça divina. E sorriu, alegre e feliz, por poder repartir o que tanto lhe sobrava. Apenas não entendeu por que o que tinha de tanta fartura não encontrou naquele lugar grande, sem sorrisos, sem amizades, sem esperanças. Também não entendeu o que foi fazer lá se já tinha tudo na sua aldeia. Nunca mais voltou à cidade grande e plantou, e regou, e colheu safras de dias felizes, repartindo-os com o povo da cidade grande.


4 comentários:

  1. "A vida em sociedade tem sido a preocupação de muitos estudiosos que entendem as grandes transformações que todo o mundo vem sofrendo, e que ampliam-se com fenômenos sociais que revestem a humanidade de sentimentos de incertezas, temores, e impotência frente aos novos paradigmas que ora se apresentam no contexto social".

    Quanto maior a evolução menos calor humano. Como sempre um belo texto. Parabens.

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  2. "Se o mundo quase se tornou mecanizado, se os seres humanos quase se tornaram insensíveis, o homem está despertando a tempo de perceber que a consistência humana é imbuída de sentimentos, e que precisamos estar atentos a eles, uma vez que todo o progresso tecnológico e científico do século não garantiu ao homem alcançar a felicidade".

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  3. Xico,

    Nada mais desumano, mais cruel, mais deprimente, que a solidão dos grandes centros urbanos. Um amontoado de pessoas, que a vida não lhes proporcionou a oportunidade de cultivar a amizade, a compreensão, a compaixão e o amor. Uma pleiade de brutos numa selva sem equilíbrio, que desconhece completamente o conceito da felicidade plena e da solidariedade humana.

    Abaixo o êxodo rural para resgatarmos a nossa moral.

    Viva o sertão!

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  4. Xico,

    Se texto foi publicado no Cariricaturas.

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