LEITE COM GOSTO DE CHUVA
Dedico ao Dr. Hermicésar
Inácio e Raimundo. Dois homens íntegros e de personalidades fortes. O primeiro, funcionário público temporário e comerciante. O outro, vendedor de leite, na informalidade, e agricultor. Ambos, senhores de pura ascendência e de prole dedicada. Atores sociais importantes no cenário sócio-cultural da cidade.
Os protagonistas pertenciam a um mesmo Clube de Serviços e viviam sempre discutindo os problemas da comunidade local e tentando solucioná-los através de campanhas publicitárias, de visitas domiciliares ou através da imprensa, divulgando ou reinvidicando algum donativo para famílias carentes.
O Inacinho, como era chamado o primeiro cidadão, tinha um filho que era uma peste. Traquino, danado, desobediente, impulsivo e malino. Mexia com idosos, adultos e crianças de ambos os sexos. Os professores sofriam com os seus hábitos intempestivos, não sabendo como contorná-los e o seu pai, com certa frequência, tinha que intervir, diplomaticamente, para descascar alguns pepinos.
Paralelamente, o Raimundo também tinha um filho, com o mesmo nome seu, que possuía todos os adjetivos do filho do Inacinho, somando-se mais três quilogramas de ruindade. Peço aqui ao leitor, educadamente, para fazer a conta. Um fedelho gordinho e sem freio.
Corria, na cidade, um boato, que tanto o filho do Inacinho como o do Raimundo possuíam a fama de sabotar o trabalho dos pais na pauta de suas brincadeiras. As más línguas argumentavam que o Raimundo Filho colocava água no leite, que o seu pai vendia; e que o Lannuci, o outro pestinha, urinava dentro do copo do pluviômetro, que o seu pai media.
Certa vez, o senhor Raimundo Leandro, durante um sesão do Clube de Serviço, assume a presidência do mesmo em substituição ao titular do cargo, que teve de ausentar-se por problemas de saúde. Como estava em época invernosa, o novo dirigente, para mostrar serviço, resolve abordar a temática dos índices pluviométricos regionais, os quais quando comparados aos da municipalidade se tornavam inconpatíveis com a realidade.
Discussões à parte, o Presidente em Exercício daquela entidade resolve, por força do cargo e das circunstâncias, abordar o sincero e honesto Inacinho: - É verdade, o boato que corre na cidade, que você bota água no pluviômetro, com o objetivo de aumentar o tamanho da chuva da sua cidade, só para fazer inveja ao povo do Cedro?
O baixinho e invocado Inacinho, diante daquelas palavras mais que ofensivas para ele, responde-lhe em tom forte e contundente, sem se intimidar: BOTO, MAS NÃO VENDO!
Dr. Savio.
ResponderExcluirMuito boa a historia do Inacinho e do Raimundo Leandro. Duas personalidades prestimosas que gozaram da admiração e estima de nossa gente. Parabens pelo resgate.
Várzea-Alegre é cheio de humoristas. Apesar de conhecer a história, mas relembrar um fato acontecido entre dois ilustres cidadãos do bem faz bem ao coração. Dr Sávio peço-lhe que conte se souber a de Inacinho do terno que ele tomou emprestado e foi participar de um jurado. Se não souber com certeza Morais sabe.
ResponderExcluirMorais,
ResponderExcluirEsses dois cidadãos eram membros de um mesmo clube de serviços e eram muito amigos, mas deu água...
Um abraço.
João Bitu,
ResponderExcluirQue bom... você de volta!
Investigarei a sua história.
Um abraço.