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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 2 de novembro de 2014

Luiz Lua Gonzaga - IV - Por Antonio Morais

Região - Quando aconteceu o primeiro encontro com Humberto Teixeira?

Gonzaga - Foi em 1945, no antigo Café Belas Artes, na rua Almirante Barroso, onde hoje é a Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro. Ali eu conheci "o baixinho", " o socadinho" como minhas irmãs costumavam dizer. Realmente Humberto era simpático, mas era socadinho. Pescoço curto mas muito insinuante, muito inteligente. Um intelectual de mão cheia.

Foi um notável bacharel e um inconfundível compositor. Ali mesmo, no Belas Artes, cantei o " pé de serra" para ele. A medida que ia cantando Humberto improvisava uma letra, um tipo de monstro, no dizer do grande compositor. Era uma tentativa em busca da quantidade de silabas por linha. Quando terminei a musica ele terminou o monstro. A seguir pediu para que cantasse a musica para que ele pudesse corrigir o monstro.

Ao concluir, a quantidade de silabas estava certa como ele desejava para fazer a letra posteriormente. Não sabendo, realmente, deste detalhe, ao concluir a apresentação do "pé de serra", perguntei entusiasmado: Está boa, mestre? Tire uma copia para mim. Calma, compadre, calma, compadre. Isto aqui é um monstro - uma letra provisoria. Depois trarei a definitiva.

Era assim que ele costumava fazer. Muitas vezes passei musicas para ele até pelo telefone. Tudo dava certo depois. Estava longe de imaginar que ele também era um musico. A dupla funcionou tão bem que, tempos depois, ele trazia letra e musica dele e eu assinava a parceria por que achava ser um dever indeclinavel e, caso eu assim não o fizesse, seria uma ofensa ao notável compositor.

Era como Humberto costumava dizer: o difícil, entre Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, é saber onde começa o musico e onde termina o poeta.

Assum Preto - Uma bela Interpretação.

Um comentário:

  1. Ainda teremos duas postagem do Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e mais duas com o Jose Clementino. Acompanhe. Voce vai conhecer detalhes da historia do Cantor e dos compositores.

    Assum Preto:

    Tudo em vorta é só beleza
    Sol de Abril e a mata em frô
    Mas Assum Preto, cego dos óio
    Num vendo a luz, ai, canta de dor (bis)
    Tarvez por ignorança
    Ou mardade das pió
    Furaro os óio do Assum Preto
    Pra ele assim, ai, cantá de mió (bis)
    Assum Preto veve sorto
    Mas num pode avuá
    Mil vez a sina de uma gaiola
    Desde que o céu, ai, pudesse oiá (bis)
    Assum Preto, o meu cantar
    É tão triste como o teu
    Também roubaro o meu amor
    Que era a luz, ai, dos óios meus
    Também roubaro o meu amor
    Que era a luz, ai, dos óios meus.

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