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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 16 de março de 2011

“Stabat Mater” – postado por Armando Lopes Rafael



Estamos na Quaresma, tempo de penitência e oração...
Nesta quadra do ano é oportuno lembrar o frei Jacopone de Todi, figura lendária na história da literatura franciscana. Antes de ser frade, Jacopone de Todi foi escrivão, advogado, procurador legal, poeta importante, nobre, vaidoso e muito rico.
Converteu-se em 1268 e passou a ser um grande penitente, tendo entrado na Ordem franciscana em 1278. Sua conversão foi atribuída à descoberta de que sua mulher Vanna, tinha sido uma penitente. Muito bonita, Vanna era usada por Jacopone para exibir sua riqueza em festas e bailes, onde, como contam alguns, ia forçada, mas dançava animadamente. Um dia, o chão afundou com os pulos e o ritmo das danças e, entre os feridos, só Vanna morreu.
Foi então que Jacopone descobriu que ela estava usando cilícios embaixo das roupas ricas. No convento Jacopone compôs um longa poesia, Stabat Mater (Estava a Mãe), escrito em Latim e traduzido para dezenas de idiomas. Este poema foi musicado por muitos compositores, como Antonio Vivaldi, Rossini, Dvořák e Pergolesi, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Marc-Antoine Charpentier, Joseph Haydn, Emanuele d'Astorga, Charles Villiers Stanford, Charles Gounod, Krzysztof Penderecki, Francis Poulenc, Karol Szymanowski, Alessandro Scarlatti (1724), Domenico Scarlatti (1715), Pedro de Escobar, František Tůma, Arvo Pärt, Josef Rheinberger, Giuseppe Verdi, Zoltán Kodály, Trond Kverno (1991), Salvador Brotons (2000), Hristo Tsanoff, Bruno Coulais (2005), Anorexia Nervosa (banda de rock black metal), e mais recentemente Karl Jenkins.


Abaixo, excertos do poema Stabat Mater, de Frei Jacopone de Todi – século XIII

Estava a Mãe dolorosa
Junto à Cruz, lacrimosa
Da qual pendia o seu Filho
...
Banhada em pranto amoroso,
Neste transe doloroso,
A dor lhe rasgava o peito.
...

Estava triste e sofria
Porque ela mesma via
As dores do filho amado.
...

Quem não chora, vendo isto,
Contemplando a Mãe de Cristo
Em tão grande sofrimento?
...

Dai-me, ó Mãe, fonte de amor,
Que eu sinta a força da dor,
Para que eu chore contigo.
...

Fazei arder meu coração
Do Cristo Deus na paixão,
Para que eu sofra com Ele.
...
Quero contigo chorar
E a cruz compartilhar,
Por toda a minha vida.
...
Por Maria, amparado,
Que eu não seja condenado
No dia da minha morte.
...
Ó Cristo, que eu tenha a sorte,
No dia da minha morte
Ser levado por Maria.
...

E no dia em que eu morrer,
Fazei com que eu possa ter
A glória do Paraíso. Amem.

(Fontes de pesquisas: Livro "As Sete Dores de Nossa Senhora", editado pelos Arautos do Evangelho, 2011 e Wikipédia)

3 comentários:

  1. Armando,

    Achei esta postagem o máximo pelo sentimento que provoca. Você poderia postá-la no Cariricaturas?

    Abraço,

    Claude

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  2. Parabens Armando, uma excelente postagem.

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