Está o TOM a me pedir um texto que resgate a historia dos adjuntos de apanha de arroz em Várzea-Alegre, e, em especial do Sanharol. Antes porem, eu quero escrever algo que traga alguns dados a respeito do tema. Nas decadas de 40, 50, 60 e 70 a principal atividade de nossa terra era a cultura do arroz, fato que levou a torna-la conhecida mundo a fora como terra do arroz. Nos anos bons de inverno, na época da colheita, a ribeira era transformada em verdadeiras festas. O numero de trabalhadores de cada adjunto era proporcional a produção, e, as diárias não tinham custos, no máximo, eram trocadas de uns para outros adjuntos. O arroz era colhido cacho por cacho fechado na mão num molho denominado moqueca. No fim o dia o arroz era juntado num monte denominado de Pote. Havia quase que um desafio entre as partes: os trabalhadores lutavam e tudo faziam para comer a comida toda, fato conhecido a época por "armar a arapuca". Já o dono do adjunto tudo fazia para não permitir tal desfeita. Não há registro que tenham armado a arapuca em adjuntos no Sanharol. Depois do jantar era servido uma sobremesa, uma comida típica conhecida por arroz doce, uma mistura de arroz, rapadura, midubim, leite, erva doce, cravo etc. Vi camarada comer três pratos fundos desta mistura de sobremesa. Depois da sobremesa a alegria tomava conta de todos: Jogavam maneiro pau e cantavam toadas, cortavam tesoura e faziam outras estripulias. Os adjuntos eram marcados de modo que não coincidissem com outros, para facilitar a presença de todos. Prezado Tom, em poucos dias conto a historia do adjunto de Zé André do Sanharol. Ele conseguiu reunir 120 homens na roça apanhando arroz, entre eles o padre, o prefeito, o promotor e o juiz da cidade. Também estavam presentes a Banda de musica e a banda cabaçal a alegrar os presentes nas extremidades do roçado.
Prezado Tom.
ResponderExcluirUm dia Zezinho Costa do Umari perguntou para Antonio do Sanharol: Antonio, é verdade que voces fazem uns adjuntos e estroem comida, os trabalhadores jogam pedaços de queijo uns nos outros? Pai Vei respondeu: É verdade. Zezinho Csta disse: é por isso que são todos pobres, nenhum tem nada. E Pai Vei arrematou: mas se morrer no dia do adjunto, morre com o buchim cheio, já estorando.
Urra! Eu sou do tempo dos adjuntos de arroz, nas Bravas. Lá era mais humilde, não tinha bandas de música não.
ResponderExcluirEita, Morais,
ResponderExcluirTu mexeu com lembrança antiga. Me lembrei da Serra Verde dos tempos bons. Tinha essas coisas todas e só me lembro das faquinhas amoladas brilhando ao sol, cortando cada cacho dourado de arroz, lá no baixio.
Lembro também do arroz novo torrado e cozido nesses finais de colheita... Hoje parece que ninguém mais quer trabalhar assim... e dessa forma as pessoas também perderam a alegria que se tinha nesse tempo.
Me lembrei agora do pão de arroz com midubim que degustei no Sanharol. Delícia das delícias.
Abraço,
Claude
Eita, eu me lembro também dessa grande e saudosa FESTA na roça. LÁ no nosso sítio CHICO, sempre havia adjuntos..era uma animação sem tamanho..matavam porcos, galinhas, capotes, perus...etc..Juntavam-se cozinheiras e faziam diversos pratos cada qual o mais gostoso.Agricultores dos sitios vizinhos, se uniam num clima de solidariedade pra apanhar o ARROZ uns dos outros. Um dia em cada roça .No final do dia muitos montes de cachos de arroz amarelinhos arrumados pelas roças e as palhas caidas...E naqueles rostos suados,a alegria estampada por ver a "SAFRA" e pelo trabalho realizado. QUANTA RECORDAÇÃO...!!!
ResponderExcluirIsabel
ResponderExcluirEu era pequena mais lembro muito no nosso Sítio Chico, desses adjuntos, lembro dos panelões de arroz doce, do arroz feito os montinhos em cima da palha pisada pelos apanhadores, não lembro o nome que se dava aqueles montinhos de arroz, mas tinha um nome rsrsr.
Moraes,
ResponderExcluireu lembro (de me contarem, pq não presenciei a passagem) que em um desses adjuntos enquanto a banda tocava alguem chegou prá "ti josé" (acho que foi antonio andré dos grossos, não tenho certeza) e o questionou: "cumpade zé, prá que essa besteira? essa banda tocando. só faz atrapaiá os zómi no trabaio. e alem do mais, são cinco pessoas impaiadas que poderiam tá trabaiando...
e ti josé tocando na cabeça de uma das crianças que acompanhava a apresentação da banda teria respondido: "cumpadi, tá vendo esse mininu aqui? daqui a vinte anos ele vai se alebrar do dia de hoje e contá a história pros fie....
infelizmente não lembro dos verdadeiros personagens da história...mas no sanharó com certeza a turma mais vivida sabe, pq essa passagem ficou marcada e ainda hoje e contada, tanto pelo "mininu" que ele tocou na cabeça como por várias outras pessoas que presenciaram o acontecido