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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 25 de dezembro de 2011

Padre José de Anchieta, o apostolo do Brasil - Por Fabricio Martins Pinto.

Indicaram-me o livro para ler. Li. Por se tratar de uma iniciativa religiosa, coordenada pelo padre Lourenço Ferronatto, sei que jamais revelariam uma falha da igreja católica nessa obra. Todavia, o ideal seria divulgar um conteúdo mais realista.

Romanticamente, o livro aborda a vinda do jesuíta José de Anchieta para a América Portuguesa a fim de catequizar os indígenas, tal como os tantos outros inacianos. Nessa proposição leviana, parece até boa intenção. Entenda que isso é um crime do ponto de vista antropológico. Subjugaram a cultura das nações indígenas com o infeliz eurocentrismo. Além disso, muitos dos clérigos que vieram para o Brasil Colonial eram enfermos - o tuberculoso Anchieta é exemplo -, sendo isso motivo de morte em massa de gentios.

Há uma passagem no livro que me chamou uma atenção especial. Fala-se da defesa dos indígenas, dizendo que igreja protegia-os da escravidão. Penso que o autor Alexandre Varela esqueceu-se de explicar que, a despeito da escravidão indígena, a igreja, enquanto instituição, apoiava e justificava a escravização do negro. Vale lembrar também que a encenação dos autos de Anchieta era deveras preconceituosa, relacionando por diversas vezes a cultura indígena com os papeis mais indignos de seu enredo.

Limitar-me-ei ao que sei de história. Não entrarei na discussão de outros pontos da obra, como o absurdo mitológico de um homem levitar ou controlar os animais. Não pude deixar de fazer as críticas. Obras assim levam as pessoas a acreditarem no lado idealizado, encobrindo as realidades da nossa história extremamente humana.

2 comentários:

  1. Prezado Fabricio Martins Pinto.

    Trouxe seu comentario para a primeira pagina por considerá-lo oportuno, razoado e importante agregador de valor a postagem.

    Parabens.

    Antonio Morais.

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  2. Fico lisonjeado por ter colocado o comentário na primeira página do blog. Não esperava por isso. Pensei por um momento até que não receberia alguma atenção pelo fato de ter sido um tanto quanto incisivo: desculpe-me pelo pensamento pessimista e precipitado.

    Muito obrigado!

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