Indicaram-me o livro para ler. Li. Por se tratar de uma iniciativa religiosa, coordenada pelo padre Lourenço Ferronatto, sei que jamais revelariam uma falha da igreja católica nessa obra. Todavia, o ideal seria divulgar um conteúdo mais realista.
Romanticamente, o livro aborda a vinda do jesuíta José de Anchieta para a América Portuguesa a fim de catequizar os indígenas, tal como os tantos outros inacianos. Nessa proposição leviana, parece até boa intenção. Entenda que isso é um crime do ponto de vista antropológico. Subjugaram a cultura das nações indígenas com o infeliz eurocentrismo. Além disso, muitos dos clérigos que vieram para o Brasil Colonial eram enfermos - o tuberculoso Anchieta é exemplo -, sendo isso motivo de morte em massa de gentios.
Há uma passagem no livro que me chamou uma atenção especial. Fala-se da defesa dos indígenas, dizendo que igreja protegia-os da escravidão. Penso que o autor Alexandre Varela esqueceu-se de explicar que, a despeito da escravidão indígena, a igreja, enquanto instituição, apoiava e justificava a escravização do negro. Vale lembrar também que a encenação dos autos de Anchieta era deveras preconceituosa, relacionando por diversas vezes a cultura indígena com os papeis mais indignos de seu enredo.
Limitar-me-ei ao que sei de história. Não entrarei na discussão de outros pontos da obra, como o absurdo mitológico de um homem levitar ou controlar os animais. Não pude deixar de fazer as críticas. Obras assim levam as pessoas a acreditarem no lado idealizado, encobrindo as realidades da nossa história extremamente humana.
Prezado Fabricio Martins Pinto.
ResponderExcluirTrouxe seu comentario para a primeira pagina por considerá-lo oportuno, razoado e importante agregador de valor a postagem.
Parabens.
Antonio Morais.
Fico lisonjeado por ter colocado o comentário na primeira página do blog. Não esperava por isso. Pensei por um momento até que não receberia alguma atenção pelo fato de ter sido um tanto quanto incisivo: desculpe-me pelo pensamento pessimista e precipitado.
ResponderExcluirMuito obrigado!