Essa o meu primo Mundim do Vale talvez não a conheça. De repente um zum zum zum se espalhou do Roçado de Dentro para o Sanharol. De boca em boca a historia se disseminou: Chagas de Antônio do Sapo estava de morada no cabaré.
Não era possível, um bisneto de papai Raimundo na fusaca? Uma ofensa a tradição da família nascida nos mais puros e sublimes ensinamentos dos princípios cristãos. Mas, quem teria coragem de contar para o pai dele. Ninguém se atrevia dar a noticia cabeluda. Podia haver um piri paco, um mal súbito.
Aquilo era uma coisa nunca vista, uma grande desonra para o lugar de muita fé e muitas beatas. Perdeu-se o controle da historia, chegou ao conhecimento de Frazo do Garrote e, o sigilo foi quebrado.
Um dia, Antônio do Sapo seguia para a feira semanal e, quando passava pela casa da Formiga foi abordada por Laura: Antônio de tia Uninha, eu quero saber se você ainda não está sabendo que o Chagas está quase de morada no cabaré? Passa o dia todo jogando xibiu com as quengas. Não perde pra nenhuma delas, ganha de tudim.
Antônio do Sapo retornou para casa e mandou chamar o Chagas para uma conversa seria, afinal de contas, cabaré e jogar xibiu não são coisas para homem, especialmente do Roçado de Dentro ou do Sanharol.
O que me chamou atenção nessa historio foi à conservação do sigilo por Frazo do Garrote, pois da Várzea-Alegre, Sanharol, Inharé, Gibão, Serrote, Canto e Boa Vista, Frazo era considerado o reporte das más e boas notícias. Tinha também em nossa comunidade o Cidadão Zé de Ana que gostava de tecer alguns fuxicos, mas com menos intensidade. Morais, esse fato de ser viciado em cabaré é melhor permanecer no sigilo, pois em nossa comunidade existiam muitos que freqüentavam por detrás dos panos, dando uma de santinho, mas não livrava dos comentários oriundos de Frazo do Garrote.
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