Quatro e meia da manhã
Só escutava o canto da rã
Estava nós num buraco
Um barulho de cachOeira
O carro enchendo pela traseira
Todos nós só o melaco
E o carro submerso
Só uma coisa eu peço
Quero encontrar meu cartão
No meio do sofrimento
Chico dizia: meus documentos
Busca lá meu irmão
O Nonato a mergulhar
E nada de encontrar
Num sofrimento cruel
Naquela água barrenta
Mergulhava entupia a venta
Até voltar com o papel
Na estrada eu pedia carona
No meio da quela zona
Ninguém queria parar
No centro do abandono
Minutos depois de T.Otoni
Lá agente foi ficar
Foi grande o desespero
Hoje digo que sou Mineiro
Pois foi lá que tivi sorte
No meio da quele escuro
Na quebrada tanto barulho
Cheguei até ver a morte
Hoje conto e dou risada
Mas você que já caiU na estrada
Sabe como é grande a tristeza
De alguém que vai passear
Vê tudo aquilo afogar
E fica na incerteza
Na hora não entendi nada
Será que uma falha na estrada
Faz nossas férias naufragar
Eu vou segui meu caminho
Se vocês não forem vou sozinho
Daqui não posso voltar
Estou indo pro Sanharol
Pois já morreu minha vó
Mas minha mãe mora lá
Não vou ficar mais aqui
Estou indo pro Cariri
Vocês devem me acompanhar
O carro fica com o seguro
Vamos pensar no futuro
Tomando lá no calçadão
É por a terra melhor do mundo
Berço de Papai Raimundo
Que bate o meu coração
Luiz.
ResponderExcluirUm belo relato em versos.