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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 17 de fevereiro de 2013

BRASÍLIA BRANCA - Por Mundim do Vale.


Os Mamonas Assassinas, ficaram famosos com a Brasília Amarela. E eu fiquei falido com a Brasília Branca.
No ano de 1977, eu fui na Fundação Cearense para fazer um orçamento de pinturas em postos distribuidores de combustível. Quando passei pelo pátio, avistei um brasília exposta ao sol e a chuva. Tratei do orçamento com o Doutor Célio Cirino Gurgel e depois falei:
- Celinho. Me venda aquela brasília que está lá no pátio.
Raimundinho. Aquela brasília não serve pra você não. Ela não presta não.
- Tem nada não. eu também não presto e nem sou habilitado.
Ele concordou em me vender, nós acertamos o preço e no dia seguinte eu vendi um bojão de gás de reserva e fui buscar o carro.
Quando a Fátima soube que eu tinha vendido o bujão para comprar o carro, ficou zangada e falou até em separação. Com muita habilidade eu falei que o carro tinha as suas utilidades e ela terminou aceitando.
A brasília ficou na garagem, que era uma área da casa, por mais de  trinta dias sem rodar. Depois eu arranjei um dinheiro,e enchi o tanque para um  passeio com a família em Pacajus – Ceará. Logo que nós saímos da área urbana eu avistei no início da BR 116, uma placa com os dizeres; “ CONSERVE A DIREITA “ Eu entendi que para conservar a direita, eu teria que trafegar na esquerda para não estragar a direita.
Os caros passavam pelo um lado e pelo outro quase batendo no meu. Até que uma camionete carregada de castanhas bateu de frente. Na chibatada o meu carro ficou com a frente para Fortaleza e a traseira para Pacajus. Eu assumi o prejuízo e o cidadão ficou com o meu cartão para ser resolvido depois em Fortaleza.
Como a brasília não engatava a marcha ré, eu resolvi voltar para Fortaleza porque já estava anoitecendo.
A volta só não foi mais tranquila porque tinha um carro com muita velocidade pedindo passagem, mas o meu carro tava vazando óleo e gasolina, eu não dei a passagem com medo de um choque e a   brasília   explodir. O cara insistia e eu botava toda a velocidade, até que Fátima falou:
- Nanum. Deixa esse cara passar, porque vai terminar havendo um acidente. Eu fastei o carro para o acostamento, diminuindo a velocidade e olhei para ver que carro tão veloz era aquele:
- Diz aí que era um trator de esteiras.
Cheguei em casa botei o carro na garagem  e falei para Fátima:
Ele vai ficar parado até quando eu vender.
Coloquei um anúncio no jornal por seis dias e ninguém ligou, renovei o anúncio e nada.
Um dia eu fui chegando em casa e tinha dois caras na grade, eu fiquei calado e escutei quando um deles disse:
- Nós perdemos a viagem.
Um dia passava um garoto com uma bicicleta velha e eu perguntei:
- Ei cara. Quer trocar a tua bicicleta nessa brasília?
- Tu é doido. É? Nessa bicicleta eu ainda levando trinta E essa brasília ninguém quer nem de graça.
A grade que era fechado com cadeados, eu deixei escancarada para ver se passava um filho de Deus para furtar a brasília, mas nem isso aconteceu.
Meu vizinho da direita tinha uma sucata na Av. José Bastos e eu resolvi falar com ele:
- Enoque. Leve essa brasília para sua sucata, ela não vai lhe custar nada.
- Raimundinho. Eu posso até levar, mas é se você pagar  o reboque!
Eu concordei e no dia seguinte o reboque veio. Quando ele saiu com o carro eu falei aliviado:
- Graças a Deus. Acabou-se meu pesadelo.
Fátima que estava do meu lado falou:
- Ainda não ! Você vai ter que mandar trocar o piso da área, que essa mancha  preta ninguém consegue tirar.

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