No momento, pelo menos, o governo parece estar à matroca.
Enquanto Dilma ainda não se recuperou do choque causado pela mais recente pesquisa Datafolha, que reduziu drasticamente sua aprovação, segue a vida no Congresso sob o comando pouco amigável do PMDB.
Para onde olhe Dilma enxerga problemas.
Somente ontem, o PMDB lhe impingiu duas claras derrotas. Ajudou a aprovar na Câmara dos Deputados o chamado Orçamento impositivo, que obriga o governo a pagar as emendas individuais dos parlamentares ao Orçamento da União.
De sua parte, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, entregou o comando da Comissão Especial da reforma política ao seu colega Rodrigo Maia (DEM-RJ), adversário do governo. Um pau mandado de Eduardo responderá pela relatoria da Comissão.
Quer mais?
O próximo líder da bancada do PMDB na Câmara será um deputado que fez campanha para eleger Aécio Neves (PSDB-MG) presidente da República.
O PT divulgou resolução aprovada por seu Diretório Nacional no último fim de semana que cobra coerência entre o discurso adotado por Dilma durante a campanha eleitoral e a prática adotada nos primeiros dias do seu segundo governo.
O PT diz apoiar o diálogo entre governo e movimentos sociais com o objetivo de "impedir" que o ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy recaia sobre direitos trabalhistas.
As Medidas Provisórias 664 e 665, que fazem parte do ajuste fiscal, criam novas regras que restringem o acesso dos trabalhadores a direitos como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença.
Se o PT se rebela e pressiona para derrubar vários pontos do ajuste fiscal, por que seus aliados no Congresso sustentarão sozinhos o desgaste de aprovar o que o governo lhes pediu?
Nem mortos, meus caros.
O PMDB avisa que é sensível à reclamação das centrais sindicais. E que fecha com o PT no propósito de revisar as medidas do ajuste. No horizonte, nuvens carregadas. Trovões e raios.
À Dilma só resta um caminho – nem dois, nem três, um apenas: vir a público dizer com todas as letras que o ajuste será para valer. E será do jeito que o ministro da Fazenda encaminhou ao Congresso com seu prévio consentimento.
A não ser que ela esteja disposta a trocar a equipe econômica do governo.
O estrago provocado pelo ajuste fiscal na imagem de Dilma já foi feito, e nada haverá de saná-lo.
O ajuste decorre de quatro anos de desajustes, principalmente o último, para que Dilma se reelegesse.
Certamente, Dilma não imaginou que pagaria um preço elevado por ter mentido tanto durante a campanha. Isso é uma prova do amadurecimento dos brasileiros.
Antes, eles eram enganados, enganados e enganados. Agora são enganados e em seguida reagem. Menos mal.
Dilma está perdidona. Não sabe direito o que fazer. Acuada, sempre se socorre de duas entidades: Lula, seu inventor, e João Santana, seu marqueteiro.
Um dia não dá certo e a casa cai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário