Em litígio com cúpula do PMDB nacional, o deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos obteve nesta quarta-feira uma liminar que suspende a dissolução do diretório do partido no seu Estado. Foi concedida pelo juiz Cleber de Andrade Pinto, da 16ª Vara Cível de Brasília. A novidade trava articulação de Romero Jucá (RR), presidente do PMDB federal, para retirar do grupo de Jarbas o controle do partido em Pernambuco, entregando-o ao senador Fernando Bezerra, egresso do PSB.
Fundador do PMDB, Jarbas disse ao blog que está “profundamente indignado” com o esforço de Jucá para desalojar seu grupo. Atribui a desavença ao fato de ter votado a favor da denúncia em que a Procuradoria acusou Temer de corrupção. Apoia também a aprovação da admissibilidade da segunda denúncia, que acusa o presidente de formação de organização criminosa e obstrução à Justiça.
“Ajudei a fundar esse partido”, disse Jarbas. “Até aqui, sempre respeitaram as minhas divergências. Agora, surge essa decisão de intervir e dissolver o diretório de Pernambuco. Junto com todas as lideranças do partido no Estado, vou lutar na Justiça. Levaremos o caso às últimas consequências.” O advogado de Jarbas é Sepúlveda Pertence, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.
Hoje, o PMDB pernambucano é presidido por Raul Henry. Ex-deputado federal, muito ligado a Jarbas, Henry é o atual vice-governador de Pernambuco. Elegeu-se na chapa encabeçada por Paulo Câmara, do PSB, justamente o partido com o qual Fernando Bezerra se desentendeu antes de migrar, ha um mês, para o PMDB. Trouxe junto consigo o filho, atual ministro de Minas e Energia Fernando Bezerra Coelho Filho.
Jarbas resumiu o seu drama político: “Fui surpreendido com a iniciativa de Jucá, que colocou Fernando Bezerra no PMDB para comandá-lo em Pernambuco. Somos aliados do governador Paulo Câmara. Raul Henry, que preside o PMDB pernambucano, é o vice. E Fernando, depois de entrar no PMDB, declarou publicamente —junto com Jucá— que montará um palanque próprio. Não é nossa intenção mudar de direção política. Isso não se faz. Vamos brigar.”
Para 2018, os planos de Jarbas passam pela renovação da aliança com o PSB pernambucano. Ele pretende compor a chapa como candidato ao Senado. O correligionário Raul Henry deseja trocar a atual posição de vice-governanador por uma candidatura à Câmara. Não passa pela cabeça de Jarbas deixar o PMDB, legenda que integra desde 1966, quando nasceu, com o nome de MDB.
A movimentação de Jucá não desagradou apenas ao dissidente Jarbas. Irritou também o aliado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Maia negociava a migração dos Bezerra do PSB para o DEM. Em combinação com o Planalto, Jucá atravessou-lhe o caminho, melando o entendimento. Desde então, as relações de Maia com o governo ganharam um toque glacial.
Não é justo o que fazem com o deputado Jarbas, mas essa ele vai perder.
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