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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

183 anos do fuzilamento de Pinto Madeira, o “Mártir da Monarquia” – por Armando Lopes Rafael

(Especial para o Blog Antônio Morais)

    Na última terça feira, 28 de novembro, completaram-se 183 anos do injusto fuzilamento de Joaquim Pinto Madeira, fato ocorrido no mesmo dia e mês de 1834.

      Na véspera da sua morte, levaram o caudilho para o oratório, onde ele se confessou com o padre José Joaquim de Oliveira Bastos, tendo recebido em seguida a comunhão. Pinto Madeira sempre se declarou católico convicto. Na igreja-matriz de Crato, no livro de Assentos dos Irmãos do Santíssimo Sacramento, foi anotada a admissão dele naquela Irmandade,  em abril de 1816, quando Madeira contava 33 anos de idade.

      Consta nos registros históricos, que às 08:00 horas da manhã, saiu o cortejo da cadeia pública de Crato, em direção ao Alto do Barro Vermelho (a poucos metros onde hoje se localiza a igrejinha de São Francisco) conduzindo Pinto Madeira para ser enforcado.

    Os inimigos de Pinto Madeira,  “Mainha (José Francisco Pereira Maia), à frente, este Mainha que fora a  “alma de toda essa tragédia, como comandante geral das tropas, à frente desta, marchava após o juiz de paz, Antônio Vicente de Moura ,e o Capitão Antônio Ferreira Lima, funcionando neste aparatoso ato como substituto do juiz de direito interino, José Vitoriano Maciel, que lhe passara o exercício.
    “Pinto Madeira, “que nunca se acobardou, portando-se sempre com altivez”, suplica:
    – Poupe-me a ignomínia de ser enforcado! Prefiro o fuzilamento.

    “O ato do enforcamento seria uma afronta aos seus brios, dizia... Passado pelas armas era um privilégio a que tinha direito como oficial superior que julgava ainda ser, embora sua patente de há muito houvesse sido cassada.

   “Há divergências de opinião. Discutem, com veemência, os executores. Por alguns instantes ficam indecisos ante o desejo expresso do condenado. Mainha, como que em público querendo reparar a sua infâmia, mas em verdade, no íntimo, vangloriando-se com a desgraça do inimigo da véspera, propende para a vontade última de Pinto Madeira. E vence”.

  “Sentaram o réu numa cadeira presa a uma das traves da forca. O Comandante Maia ofereceu-lhe um lenço para cobrir o rosto. Pinto Madeira recusou-o, desdenhoso, com estas simples palavras:
   – Eu também tenho.

   O cabo tirou-lhe um de seda de ramagem, dos que chamamos de Alcobaça, do bolso da jaqueta, com que lhe tapou a cara”.  

     Com a ordem de – Fogo! A descarga ecoou, prostrando-o. Suas últimas palavras foram de fé, que sempre o guiou, embora com seus erros.
    – Valha-me o Santíssimo Sacramento!

    O soldado da tropa de linha, Gonçalo Roldão, deu-lhe o tiro de misericórdia”
    Morreu virilmente Pinto Madeira. Durante anos a fio, fez-lhe promessas o rude povo dos sertões, considerando-o um mártir, isto é, um santo”.

Fontes Consultadas:
BARROSO, Gustavo. História Secreta do Brasil, volume II. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 1937 – páginas  137–163 
FIGUEIREDO FILHO, José de. História do Cariri–Volume III. Edição da Faculdade de Filosofia do Crato, 1966. p.43
PINHEIRO, Irineu. Joaquim Pinto Madeira. Fortaleza: Imprensa Oficial do Ceará,  
1946. P.7
SOUSA, Eusébio de. Artigo: “Não tem apelo nem agravo...”. Publicado na Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza. Edição  XLIII ( 1929) editada em conjunto com a edição  XLIV (1930).  págs.  313-317
 Texto e Postagem de Armando Lopes Rafael

    

Um comentário:

  1. Quem fuzilou Pinto Madeira jamais imaginou o mal que estava causando ao Brasil.

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