O PSDB precisa se benzer. Na definição de um integrante da cúpula da legenda, “os tucanos já não chupam picolé com receio de engasgar com o palito.” Na penúltima urucubaca que se abateu sobre o ninho, um processo que corria contra o ex-governador paranaense Beto Richa no STJ foi transferido para Sergio Moro. Avalia-se que o juiz da Lava Jato será implacável com Richa. É o primeiro tucano que lhe cai sobre a mesa. E a impressão dos colegas do encrencado é a de que Moro aproveitará a oportunidade para demonstrar que não é seletivo.
As investigações contra Richa desceram para a 13ª Vara Federal de Curitiba porque ele perdeu o foro especial do STJ ao abdicar do governo paranaense para disputar uma cadeira no Senado. Apura-se a suspeita de que a Odebrecht transferiu R$ 2,5 milhões do seu departamento de propina para uma caixa eleitoral clandestina de Richa na campanha de 2014. Fez isso em troca de favorecimento na concorrência para a duplicação de uma rodovia estadual. A empreiteira levou o contrato. Mas a obra não saiu do projeto.
Richa nega o malfeito. E se esforça para fugir de Moro. Em recurso ao STJ, ele sustenta que seu processo deve ser apreciado pela Justiça Eleitoral. O último tucano premiado com esse truque foi Geraldo Alckmin, cujo processo desceu do STJ para a Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Mas o refresco durou pouco, pois o Ministério Público estadual transformou o repasse de R$ 10,3 milhões da Odebrecht para Alckmin num inquérito sobre improbidade administrativa.
A virada da maré também começou a levar processos contra Aécio Neves do aconchego do Supremo para a incógnita da primeira instância em Minas Gerais. O movimento empurra Aécio para fora da urna de 2018. Noutra evidência de que já não é automática a blindagem que vinha como milagre, a água de Eduardo Azeredo, que virou vinho durante 15 anos, está na bica de virar vinagre. Ex-presidente da legenda, o protagonista do chamado mensalão mineiro do PSDB está a um passo da cadeia.
A conduto do Moro se pauta por não ser condescendente com ninguém. Aplica a justiça para todos de maneira igualitária.
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