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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um velho pedindo esmola - Por Antonio Morais.


José André  do Sanharol.

Tenho muito orgulho da singeleza e humildade que caracterizaram a vida do meu pai. Veja essa estória dele.

Na década de 60 do seculo passado um produto difícil de se encontrar no mercado era o café. As sacas que chegavam a Várzea-Alegre eram contrabandeadas, escondidas nas mercearias e pouca gente podia adquirir. Naquela época também não existiam as embalagens de hoje, sacos e sacolas plásticas. Os produtos eram colocados em pacotes feitos com papel de embrulho, fácil de estragar.

José André comprou dois quilos de café cru na mercearia de Luiz Cavalcante e quando passava na Rua dos Lobos, em frente à casa do Chico de Umbelino, o pacote se desfez e, foi caroço de café pra todo lado.

Desanimado, ia saindo quando o Chico gritou: compadre José André pegue este saco e vamos juntar o café, quando chegar em casa você manda separar as impurezas e quando torrar a temperatura mata qualquer espécie entranha que porventura exista.

Dito e feito, nesse dia, o serviço nosso foi catar caroço por caroço, um por um. O meu pai nasceu e viveu no sitio Sanharol a um km da sede do município, hoje, um bairro da cidade. Oito dias depois resolveu ir novamente à cidade e, para não devolver o saco vazio apanhou no armazém uns 10 quilos de fava para levar, como gratificação, para o Chico de Umbelino, que era seu compadre.

Quando José André chegou à porta da casa, bateu palmas, a mulher perguntou da cozinha quem é lá? Um menino botou a cabeça no corredor e, viu José André com o saco no ombro e disse: mãe, é um velho pedindo esmola! A comadre saiu com uma xícara de fava para doá-lo. Foi gargalhada pra todo lado.

4 comentários:

  1. Seu ZÉ André embora não tendo conhecido,sei que foi um homem muito sábio,um desses cidadaos que merecem ser reverenciado.Já ouvi outras histórias bem interessantes dele e algumas gosto de contar.

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  2. È amiga Bernardina.

    Se desejar saber mais, vá a casa de Dona Antonia e a escute um pouco. Obrigado pela visita e continue acessando.

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  3. Eu vou além: "se desejar saber mais, vá a qualquer casa do sanharol e pergunte algo ao seu respeito". Todos que o conheceram têm algo de bom a dizer ao seu respeito. Eu sou um deles.

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  4. Com o tempo as coisas mudam. Ontem, eu comprei um quilo de fava por 27,00. Dar para comprar três quilos de café. Hoje também não temos mais o humor, a criatividade e a elegria de José André.

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