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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 28 de junho de 2009

Cachorro é quem engancha.

Alexandre Cabeleira era coveiro e nas horas vagas fazia também a função de cambista e decifrador de sonhos. Chegava um viciado em jogo do bicho e perguntava: Alexandre! Essa noite eu sonhei que era Caubi Peixoto, que bicho é bom eu jogar. Só pode ser veado. Pode jogar que é tiro e queda. Outro perguntava: Ontem eu sonhei rodando no carrossel de Zé Júlio, é bom eu jogar em qual bicho Alexandre? Jogue no peru. Porque quem roda é peru. E assim Alexandre era o cambista que mais vendia jogos. Maria Caetano, empregada da casa de Antônio Primo, era uma boa cozinheira e também a melhor catadeira de piolho de Várzea Alegre. Quando estava desocupada também era chegada a uma aguardente e viciada em jogo do bicho. Chegava as vezes a jogar nos vinte e cinco bichos de uma só vez. Uma vez Maria Caetano chegou para Alexandre e falou: Alexandre essa noite eu sonhei qui tinha visto uma muié casada cum o marido dôta muié dento da roça do véi Diceu. É bom eu jogar im qualo bicho? Jogue no touro. Porque se a mulher era casada e tava com outro, o marido dela tava no chifre, se ele tava no chifre, não tem pra onde correr é touro na cabeça. No dia seguinte Maria Caetano encontrou-se com Alexandre e já foi falando aborrecida com ele: Mais Alexandre! Você me enganou. Mandou-me eu jogar no touro, eu joguei meu dinheiro todim e ainda pidi quatro mil réis a Seu Toim Primo, prumode jogar no condenado do touro, quando acabar deu foi o cão do inferno do cachorro. Mais você não disse que tinha sonhado com uma mulher junta com um homem que não era o dela? Justamente. Então só pode ser touro. Mais deu foi cachorro. Esbarre aí! Os dois estavam agarrados? Ora se tava! Num passava nem musquito insabuado. Era assim que nem um cadiado dento dôto. Mas você não me contou essa parte do sonho. Se você tivesse contado, eu tinha mandado você jogar no cachorro. Porque cachorro é quem “Engancha”.
Mundim do Vale.

5 comentários:

  1. Mundim do Vale.

    As historias de Maria Caetana são muitas. E sempre com uma boa dose de humor.

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  2. Mundim, tu me mata de rir... cada dia me apaixono mais por vocês: oh!bichinhos bons... eu adorava Alexandre! era meu vizinho; ele também aplicava injeção. Me mande seu telefone; não estou conseguindo te enviar e-mail. Beijo.

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  3. Pois é Fátima eu tenho alguns causos que envolve seus visinhos e parentes, mas eles serão postados numa ordem lenta para que o blog não seja ocupado apenas comigo. Nós devemos lembrar que o pai da criança é o primo Morais.
    Aquela sua história do ovo pode ser transformada em um causo, mas eu acho que deve ser contada por você mesma.
    Abraço amigo.
    Mundim do vale.

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  4. Epa. Aqui não tem nenhum pai. A criança é filha de todos nós. Fiquem a vontade. Mandem os causos que farei as postagens e se alguma ficar em desagrado ainda podemos modificar a corrigir. Não vamos poupar alegria. João da Formiga é que deixava tudo pra maior precisão. Hahaha. Isto é, no dia em que o Pai dele morreu os irmãos disseram: João vai ser preciso voce dar um pouco do teu dinheiro para fazer o enterro! Ele respondeu: não senhor, voces sabem que esse dinheirinho meu é pra maior pricisão. Procurem outra solução.

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  5. Mundim, rapaz, foi duro escrever aquela historinha: pois como falei, escrevo errado e lento, e ainda com quatro janelas abertas... quando estava quase terminando, acabava o tempo, e tinha que recomeçar. acho que lhe enviei dois e-mail com a mesma historia, apenas alguns detalhes a mais ou a menos, pois estava perdida com tantos e-mail a responder.Me desculpe amigo! Abraço carinhoso e fraterno.

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